Capítulo 25
— Você sabe… que não estou nas melhores condições. — comentou Slezzy.
— Tá brincando? — O Tenente riu. — Depois de todos os policias com a maior das experiências que estão afastados ou desabilitados… você é um dos únicos confiáveis que me restaram.
Slezzy desviou seu olhar do Tenente, que o confrontou mais uma vez:
— Ouça bem! Esse era o seu maior sonho há pouco de um mês atrás e você vai desistir agora? Justo na droga do momento em que todos aqueles insetos… que manifestam contra as instituições militares desta cidade a cada hora, cegos perante as maldades dos criminosos, mais dependem dos verdadeiros heróis!? Que lutam para defendê-los todos os dias?
— Talvez… você tenha razão… — Slezzy aumentava o tom de sua voz a cada palavra emitida. — Talvez… eu estivesse cego naquela época. Mas, depois de todo o tempo que passei treinando na FMA… depois de tudo que presenciei no grande assalto, consegui amadurecer um conceito que pouco me importava! Tenente Jan, eu finalmente enxerguei que um passo em falso cometido nessas ruas, pode deixar toda a família que me resta sem qualquer perspectiva de vida nos próximos anos!
O Tenente pegou no ombro de Slezzy:
— Se todos pensassem assim, quem nos defenderia todos os dias?
Jan retirou sua mão e se distanciou, dizendo:
— Nos últimos três anos, a cidade vem sendo consumida pelo maior crescimento exponencial de todos os crimes possíveis. Foi quando o Corvo e o Barão, líderes de diferentes máfias, começaram a ganhar nome em todos os jornais e televisões; mesmo já praticando tudo aquilo desde cedo. Eles censuram esse tipo de coisa, tentando construir na mídia uma cidade fantasiosa! Por outro lado, pelo menos não nos prejudicam! Aliás, depois da operação surpresa no último mês, que resultou na morte do Barão, pensei que conteríamos por um tempo… uma mínima porcentagem dos crimes diários, mas não foi bem assim na prática.
— Como por exemplo, o grande assalto…
— Não apenas isso! Segundo o setor de inteligência, responsável também pelas câmeras de segurança implantadas secretamente nas regiões mais perigosas da cidade, tivemos imagens do possível filho do Barão. Estamos chamando-o de Barão II. Parece que ele assumiu os negócios do pai, não deixando que os mesmos sucumbissem nas mãos de outro bandido qualquer. Também temos imagens que flagraram uma possível parceria entre a Sociedade Nobre e Asa Negra. E essa ideia se reforça a partir do momento… em que a autópsia dos assaltantes que morreram no grande assalto se divergiam entre membros das duas máfias.
— Então, as máfias estão se ajudando…!?
— Exato. Apesar de que… essa ideia nunca foi tão aplicada na prática, devido aos desejos egoístas e infinitos de todos os mafiosos.
Após aquela longa conversa, o Tenente começou a observar Sanches, que ainda estava deitado na cama; com um certo receio.
— Eu preciso ir, Tenente — Slezzy iniciou pequenos passos para fora daquela varanda.
— Espere!
Slezzy interrompeu seus passos e se virou para escutar as últimas palavras de Jan.
— Pense bem sobre a minha proposta! Pra isso, vou te afastar por uma semana do NCC. Fique em casa e reflita da maneira que achar melhor sobre a sua próxima decisão. Mas por favor… não acabe como o Agente Sanches, com o seu talento desperdiçado. Diferente dele, você ao menos tem alguma escolha! Não pense que tudo acabou no momento em que você foi reprovado no maldito treinamento!
Slezzy saiu da varanda e retornou para o interior do quarto, após escutar aquelas palavras, sem responder o Tenente; partindo dali em seguida.
*
No caminho para casa; Slezzy passeava lentamente, ainda pensando sobre tudo aquilo. Em todas as palavras do Tenente.
— Hum… parece que o Tenente plantou uma sementinha no seu cérebro! — comentou Haram, caminhando ao seu lado, assumindo sua forma física por alguns segundos para cutucar as costas de Slezzy, com um dos seus dedos, provocando-o.
— O que aconteceu… nesse tal treinamento? — perguntou Hiram.
— Foi uma espécie de teste para uma possível entrada na FMA; durante todo o mês passado, todas as manhãs e tardes, com diferentes tipos de treinamentos.
— E… como você foi… reprovado? — Hiram estava sedento por respostas.
— Na verdade, eu obtive a maior pontuação de todas. Mas por algum motivo, isso não valeu de nada no final.
— O que?
— Pois é. As duas crianças com a menor pontuação foram selecionadas pelo Capitão. No fim, saí de lá ao menos com alguma experiência.
— Sendo assim… espero que não a desperdice! — comentou Haram.
Slezzy interrompeu seus passos, abaixando sua cabeça e olhando fixamente para o chão desta vez.
Após alguns instantes, Slezzy ergueu-se retamente; sorrindo, continuando com o seu trajeto.
Os Irmãos Sam estranharam aquilo, mas decidiram apenas acompanhá-lo, sem mais perguntas.
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