Índice de Capítulo

     Melancolia Funya-Funya

    Yumi sentia-se muito funya-funya.1

    Mas o que era “funya-funya”?

    Yumi realmente não sabia ao certo, mas era assim que se sentia, então “funya-funya” simplesmente foi o nome que lhe veio à mente.

    Por estar muito funya-funya, ela nem queria se levantar. Então mantinha-se deitada de bruços, no beliche de baixo, em seu quarto, na pensão dos soldados voluntários.

    De vez em quando, ela rolava. Mas por conta desse sentimento, até mesmo virar-se era uma tarefa árdua.

    Na verdade, ela já estava apertada e precisava fazer xixi. Sabia que uma ida ao banheiro seria inevitável. Na verdade, viu-se obrigada a fazê-lo. Isso era algo do qual ela não tinha dúvidas, mas a sensação causada pelo sentimento funya-funya exauria toda a sua motivação.

    — Yumi. — Shihori a chamou, gritando.

    Yumi queria responder. Mas sentia-se tão funya-funya que até mesmo levantar a voz exigia considerável esforço.

    No final, ela apenas disse:

     — … Hmm?

    — … Está com fome? — Shihori perguntou.

    — Nnnn…

    Yumi se pergunta sobre isso. Ela pensou. Yumi não acha que ela não está com fome. Se Yumi fosse comer, ela provavelmente poderia comer muito, sabe? Ela simplesmente não quer comer. Bem, se Yumi não comer, Yumi fica bem se não comer, eu acho.2

    — … Nnnn. — Ela disse.

    — Você precisa comer. — Advertiu Shihori. — Ficar sem comer faz mal à saúde, eu acho…

    — Nnnn…

    — Yumi?

    — Mmm?

    — Você está ouvindo?

    — Mmm…

    Isso não é bom, Yumi pensou a respeito de si mesma enquanto era consumida pelo funya-funya. Yumi precisa dar a ela uma resposta adequada. Yumi sabe disso, mas ela simplesmente não pode fazer isso.

    Yumi não está fazendo isso para mexer com ela. Yumi simplesmente não tem energia. Não é apenas o corpo dela, sabe. Os sentimentos de Yumi também são funya-funya.

    — … Dá um tempo. — Shihori murmurou, numa voz bem delicada. Era uma vozinha bem suave, quase como se ela não quisesse que Yumi a ouvisse.

    De qualquer forma, Shihori estava definitivamente irritada. Parecia zangada, especialmente por conta de seu tom de voz. Foi a primeira vez que Shihori falou dessa forma. Pelo menos Yumi nunca a viu agir assim antes.

    Yumi rolou na intenção de olhar para Shihori, que estava sentada na cama ao lado dela. Shihori mantinha-se de cabeça baixa, olhando para o chão.

    — … Desculpe. — Disse Yumi.

    Ouvindo o pedido de desculpas, Shihori balançou a cabeça para frente e para trás. — … Não… eu que deveria me desculpar.

    — Mas você não tem nada pelo que se desculpar, Shihori. — Disse Yumi.

    — Mas…

    — Shihori, você não fez nada de errado.

    — Isso não é verdade.

    — Você não fez.

    — Eu não posso dizer… eu concordo.

    — Oh, sim? — Yumi perguntou.

    Shihori hesitou. 

    — … E então… o que a gente faz agora?

    — Hmm…

    Yumi tentou pensar, mas ela não conseguia direito. Seus pensamentos constantemente paravam.

    Ainda assim, ela continuou tentando. Yumi pensava desesperadamente, pelo menos para os seus padrões.3 Ela tentou encontrar as palavras.

    — Ei, Shihori.

    — Sim?

    — Yumi, ela não é boa com esse tipo de coisa. — Disse Yumi. — Como você chama isso…? Coisas difíceis, coisas dolorosas, ela realmente odeia. Todo mundo odeia.

    — … Sim.

    — Bem, ouça, este é apenas um exemplo, mas imagine que choveu muito — Ela continuou.

    — Tudo bem — Shihori, lentamente, respondeu.

    — Então, está chovendo muito forte, e você não pode andar lá fora, então você tem que ficar dentro de casa, sabe. Bem, a questão da chuva é que, mesmo se você pedir para parar, ela não vai .

    — Sim. — Disse Shihori.

    — Então, tipo, o que você faria? — Perguntou Yumi. — É só que, sabe… em momentos como este, não tem muito o que fazer, entende?

    — Sem alternativas… — Murmurou Shihori. — É o que você acha?

    — Hmm, bem, você pode dizer que não poderíamos evitar que as coisas acabassem assim e, agora que aconteceu, não tem muito o que fazer. Isso é o que Yumi quis dizer. Tudo parece ser uma mentira, no entanto. Yumi nunca pensou que as coisas acabariam assim, sabe.

    — Sim… eu também não. — Shihori disse tristemente.

    — Por que Yumi não pensou nisso? — Yumi perguntou. — Não é nada estranho que tenha acontecido, sabe. Yumi deveria saber disso.

    Esta não foi a primeira vez que aconteceu. Foi a segunda.

    Mas, ainda assim, não imaginou que poderiam perder mais um companheiro.

    Que Moguzo morreria.

    — Yumi é tão estúpida. — Yumi estava deitada de bruços. Todo o seu corpo parecia muito funya-funya, além de indescritivelmente pesado. — 

    Yumi, ela é muito estúpida, sabe. Yumi é muito estúpida, então deve ser por isso que as coisas acabaram desse jeito.4

    Shihori não disse nada.

    Yumi sentia-se gradativamente mais cansada. Ainda assim, estava certa de que não conseguiria adormecer. Tentou deitar de costas. Seu corpo parecia ainda mais funya-funya do que antes, além de estranhamente pesado.

    Ela queria ficar ali, bem quietinha. Manteve firme a ideia de não realizar quaisquer movimentos por um bom tempo.

    1. Só eu quem amo a Yumi, mas acho que o autor forçou muito na personalidade dela?[]
    2. Ela pensando em 3° pessoa me confunde muito na hora de revisar isso…[]
    3. No original era  “Pelo menos para os padrões de Yumi.” Aqui está um bom exemplo onde eu não sei se é narrador ou pensamento interno dela…[]
    4. Outra se sabotando… Além de se sabotar, sabota a minha revisão…[]

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota