Capítulo 72
— Eu… não consigo acreditar… — dizia Slezzy.
Sua face depreciada e corpo desabilitado, cedia a oportunidade perfeita para um ataque fatal de Salvador, porém, o homem não mais mascarado preferiu realizar um pequeno discurso, acompanhado de um tom demoníaco:
— Claro… É realmente impactante a sensação de que um dos seus maiores inimigos… sempre esteve por debaixo dos seus próprios panos…
Slezzy conseguiu se reerguer, mesmo com dificuldades, ficando frente a frente para com Salvador, que prosseguiu com sua fala:
— Um conselho… Slezzy… O NCC deveria ter contratado um técnico… digamos que… mais habilidoso…!? — Salvador riu. Slezzy se surpreendia a cada segundo. — Como você acha que consegui todas aquelas informações privilegiadas!? O endereço de sua casa… as fotos de sua pequena família… O seu nome…
A surpresa de Slezzy se transformava em extrema fúria, à medida que Salvador prosseguia com seu discurso:
— Haviam resetado o seu computador, mas não por completo! Ah, também não vamos descartar o pouco do meu conhecimento de software, não é!? — A face de Salvador continuava séria, apesar do assunto tão impactante. — Após o resgate da versão anterior, tudo ficou mais fácil! Com os arquivos de todo o seu trabalho… de todos aqueles meses, além… é claro, do restante das outras informações de não apenas do NCC, mas de outras instituições! Tudo isso… graças a ela…
Salvador apontou para os três pedaços de sua máscara quebrada, espalhados ao longo do gramado a sua direita.
— Aquilo sempre me camuflou… do resto dos outros… Sempre me diferenciou dos outros mafiosos…! Aquela máscara… me deu uma identidade a ser seguida… Um novo ideal!
Os olhos de Salvador estavam brilhantes. Mas nem mesmo Slezzy percebeu tal fator, devido aos fios de cabelos e as luzes solares que caíam sobre os mesmos.
— Sanches sempre teve razão… — comentou Slezzy.
— Hum!?
— Você está louco, Salvador! Afinal, qual é o seu verdadeiro nome?
O barulho dos tiros em torno de toda aquela área ficava cada vez maior, porém cada vez menos frequente.
Juntamente ao barulho, Salvador deu uma risada, respondendo o jovem logo depois:
— Ainda há muitos mistérios por aí, Slezzy. Muitos deles, que você não faz a mínima ideia do que podem ser… nem mesmo um dos mais antigos mentoreados do Mundo dos Demônios. Segredos profundamente entrelaçados… nas raízes dos seres humanos, que se viessem à tona, poderiam causar uma grande guerra. Mas, prometo que um de nós… ao sair daqui vivo… poderá finalmente alcançar todas essas explicações…
Salvador tornou a ser rodeado por uma energia escura em sua envoltura. Slezzy o encarou; e também conjurou seu poder em torno de si.
Ambos, cercados por seus respectivos raios, não mexiam quaisquer um de seus músculos para tais manipulações de Arché Superior.
Salvador prosseguiu:
— Hoje, um novo ciclo se encerrará… e um novo começará… E assim como Adam Cagliari… você também terá o seu devido fim.
“Ele teve acesso até mesmo a esse tipo de informação!…?”
— Como…
— Eu disse que ainda há muitos mistérios. Sabe o que mais!? Tive o prazer de conhecer Adam em seus últimos dias de vida! Sou uma das poucas pessoas que sabe o real motivo de toda a causa de sua morte… toda a razão de sua vida… inclusive… a razão de você ter sido resgatado… no meio daquela praça… naquele dia… repleto de fome e morte…
Slezzy manipulou uma energia muito mais poderosa em torno de si; ele havia transformado todo o ódio contínuo pelas palavras de Salvador em suas últimas forças para aquela batalha final.
— Você não achou mesmo que… Adam Cagliari… te adotou por mera pena… ou pelo simples fato de realizar uma boa ação, não achou!?
Slezzy berrou arduamente em resposta àquela provocação.
O jovem não cessou sua gritaria e conjurou toda aquela manipulação em direção à Salvador, convertendo toda aquela fonte de Arché Superior, em uma sequência de disparos de raios.
Foi a primeira vez que o jovem realizou tal feito de maneira tão exemplar.
Os Irmãos Sam, lado a lado de Slezzy, se impressionaram.
*
Do lado de fora do colégio, em barricadas militares e improvisadas, os agentes de diferentes instituições militares, que procuravam limpar a área do restante dos franco-atiradores inimigos que cercavam o colégio, conseguiram visualizar uma grande luz, vinda do fundo daquela área estudantil, provocada pelo enorme poder de Slezzy.
Toda aquela cena despertou a atenção de centenas de pessoas ao redor.
Próximo de uma das barricadas improvisadas, na esquina de uma das ruas que davam acesso à área estudantil, o Capitão Roy segurava um grande fuzil em suas mãos enquanto observava aquele grande acontecimento. Ao seu lado, estavam Jean e Helena, que também se surpreenderam com tal feito.
— Nós… precisamos chegar até lá… — comentou o Capitão, disfarçando seu tom de preocupação.
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