Capítulo 148 - Boa Noite, minha esposa (1)
Boa Noite, minha esposa (1)
“Parece estar bem preparado. Mas é uma pena pelas flores vermelhas… ainda há muitas flores de lavanda na Praça Bellouet, e eu teria mandado entregar algumas aqui se eu soubesse.”
Elena divagou sobre as primeiras palavras que lhe vieram à mente enquanto pisava nas pétalas vermelhas espalhadas por toda a sala. Ela não queria que Carlisle soubesse que ela estava nervosa. Carlisle se afundou em um sofá luxuoso com uma expressão indiferente e respondeu em voz baixa.
“Era lavanda decorando o Praça Bellouet? Eu não sabia disso.”
Ela não podia acreditar que ele não percebeu completamente esse detalhe importante. O roxo não era uma cor de casamento.
“As lavandas estavam em toda parte, você não notou? O que você estava olhando no local—?”
Elena fez uma pausa. Uma cena flutuou na frente de sua mente, o momento em que os olhos azuis de Carlisle repousaram sobre ela.
‘Ele deve estar brincando …’
Os olhos vermelhos de Elena brilharam de espanto.
“Você não sabia o que eu estava olhando.”
“Eu…”
“Se você estiver curiosa, posso lhe dizer?”
Elena não precisava que ele lhe dissesse. Sua resposta provável seria que as decorações do casamento eram imemoráveis e ele só olhava para Elena. O rosto dela enrubesceu de vergonha com o pensamento.
“Ah, não importa. São apenas flores da cerimônia de casamento.”
Elena apressou-se a responder antes que Carlisle pudesse dizer mais alguma coisa. Ele notou sua súbita timidez, e um sorriso repuxou no canto da boca.
“Quanto tempo você vai ficar aí?”
“Ah…”
De repente, ela percebeu que havia ficado de pé junto à porta e lembrou-se de que este casamento era um caminho que ela escolheu de sua livre vontade. Ela relaxou a tensão em seus ombros e, com um olhar determinado, foi para o interior. A imensidão desses poucos passos foi impressionante.
Kkigeu—
Ela fechou a porta, e logo ela estava totalmente dentro da sala. Após inspirar profundamente, Elena se virou o mais calmamente possível e se aproximou da outra extremidade do sofá onde Carlisle estava sentado. Ele a observou sem falar, depois pegou a garrafa de vinho tinto que estava sobre a mesa.
“Quer uma bebida?”
“… Estou bem.”
Ela ponderou brevemente, mas então pensou que não seria uma boa ideia neste momento. Carlisle serviu-se de um copo e tomou um gole sem fazer nenhum outro comentário. Elena não pôde deixar de notar o quanto ele parecia atraente ao fazer isso, e continuou lançando olhares furtivos para ele. Carlisle, alheio ao seu interesse, esvaziou seu copo e depois falou novamente.
“Por favor, não fique nervosa. Quando percebo isso… fico com pensamentos.”
“…!”
Ele parecia ter notado a tensão que torcia a mente de Elena, apesar de seu aspecto calmo. Sem uma resposta particular para lhe dar, ela sentou-se e ouviu enquanto ele continuava com uma voz suave.
“Tente esconder o máximo possível de agora em diante, mesmo nesta sala. Se eu sentir uma abertura, vou querer penetrá-la.”
As palavras que soavam como um aviso poderiam ser interpretadas de muitas maneiras.
‘Uma abertura…’
A condição em seu contrato dizia que eles não dormiriam juntos até que ela se tornasse a imperatriz. Era quase insensato esperar que um homem e uma mulher ficassem juntos e que nada acontecesse entre eles.
Só porque Elena era inexperiente sobre romance, não significava que ela fosse ignorante. Eventualmente, chegaria o momento em que ela teria que se deitar com Carlisle. Mas isso não poderia acontecer agora. Antes de Carlisle se tornar imperador, ela seria sua arma, e não sua mulher.
Eventualmente, a estranha sensação que percorria seu corpo diminuiu e ela foi capaz de se lembrar do que tinha que fazer.
“Você está dizendo que não pode manter nosso contrato?”
Elena falou com ele claramente, porém Carlisle balançou sua cabeça.
“É claro que não. Eu não teria concordado com o contrato de outra forma. Eu só quis dizer… não dificulte as coisas pra mim.”
Dificultar? Por quê? Elena olhou atentamente para Carlisle, e ela mostrou um sorriso acanhado.
“Às vezes o nervosismo aos olhos de outra pessoa parece ansiedade. E com a ansiedade vem o desejo de realizá-lo.”
Elena levantou sua voz em protesto.
“O nervosismo e a ansiedade são coisas completamente diferentes!”
“Eu sei. Mas não faça uma expressão tão descontente como a que você faz agora. Se o fizer, isso me dará vontade de provocar você. E então poderá chegar ao ponto em que não possa ser parado…”
Por que era tão complicado? Elena ficou menos convencida quanto mais ela olhava para ele, mas seus olhos estavam cheios de um olhar faminto.
“Já que estou cumprindo fielmente nosso contrato, não se esqueça da outra parte do nosso acordo.”
“…!”
Seu contrato dizia que só dormiriam juntos depois que Elena se tornasse imperatriz, mas, inversamente, quando ela se tornasse imperatriz, eles o fariam. Carlisle estava claramente tentando chegar a esse ponto agora. Elena fez uma pausa antes de responder.
“… Eu sei.”
Por enquanto, ela tinha um período de tolerância. Quando Carlisle se tornasse imperador e a sobrevivência da família Blaise fosse assegurada, então um futuro completamente diferente do último se desdobraria. Ela ainda não tinha certeza de como seria a relação deles quando isso acontecesse. Salvar sua família era sua maior prioridade atualmente, de modo que ela poderia pensar sobre o resto mais tarde.
‘Eu não terei tempo para olhar para ninguém mais até lá.’
Até agora seu plano tinha se desenrolado sem problemas, mas sua felicidade no presente não significava que ela já tinha esquecido a dor do passado. Os anos como cavaleira foram longos e duros, e agora ela era apenas uma princesa. Havia ainda muitos montes para atravessar antes que ela pudesse se tornar imperatriz.
Carlisle colocou o copo de vinho de volta na mesa.
“Certo. Se você mantiver sua promessa…”
Carlisle levantou-se lentamente de seu assento, depois pegou a espada decorativa pendurada em uma parede.
Srrung-
Carlisle passou rapidamente a lâmina sobre sua palma.
Tug,tug, tug.
O sangue começou a jorrar pela mão e Elena saltou de seu assento com um grito atordoado.
“Caril!”
No entanto, a expressão de Carlisle permaneceu calma. Ela estava prestes a perguntar o que ele estava fazendo, mas depois de um momento tornou-se claro.
Tug, tug—
Carlisle permitiu que o sangue escorresse de sua palma para a cama. Havia uma velha tradição entre as famílias imperiais de colocar lençóis brancos na cama para a noite de núpcias. A superstição dizia que se os lençóis manchados de sangue fossem queimados no dia seguinte, a noiva daria à luz uma criança saudável.
Elena ficou sem palavras. Ela olhou para Carlisle com uma expressão confusa em seu rosto, e ele sorriu primeiro.
“Você não precisa dizer nada.”
Elena queria protestar. Não havia razão para ele fazer isto. Era apenas uma formalidade, e não era como se um casamento pudesse ser anulado pela ausência de sangue virgem. E mesmo que tivesse que haver sangue, deveria ter sido o sangue de Elena.
A sua reclamação chegou a sua garganta, mas ela não conseguia dizer nada. Ele realmente se preocupava com ela.
“… Meu débito continua aumentando.”
Ela tinha sentimentos mistos sobre ele de novo. Ela havia se comprometido repetidamente a não ser cegada por ele até que a segurança de sua família estivesse garantida, mas ela sentiu que Carlisle estava lentamente conquistando seu lugar.
Carlisle estudou a expressão conflituosa de Elena e deu outro sorriso esquisito.
“Fico feliz em saber que você se sente mais endividada.”
Ele parecia estranhamente feliz nessa situação. Elena correu para Carlisle e tirou um lenço, depois o envolveu em sua mão.
“Tratarei melhor amanhã.”
Ela fez um olhar preocupado para a ferida de Carlisle sem que ela sequer perceber
“Não olhe para mim assim.”
“… O quê?”
“Como se você estivesse preocupada. Eu vou querer me machucar mais.” 1
Os olhos de Elena se arregalaram.
“Você… você quer que eu fique preocupada com você?”
“É mais como se eu quisesse sua atenção.”
“Então você não terá com que se preocupar.”
Ela respondeu calmamente, e ele olhou com curiosidade para ela. Um sorriso cintilou em seu rosto.
“Você não sabe que minha maior preocupação é Caril?”
Os olhos azuis de Carlisle iluminaram-se com as palavras dela. Sua boca tremia como se não soubesse como reagir a ela.
“Isso me soa bem aos ouvidos.”
“Antes de ser sua esposa contratual, sou uma guarda-costas responsável por sua segurança.”
O sorriso de Carlisle desapareceu.
“Eu não queria ter ouvido isso…”
“… O quê?”
“Você deve estar cansada, então vá dormir.”
Elena congelou com a sugestão de Carlisle. Ela dormiria neste quarto, naturalmente, mas onde e como eles dormiriam ainda não tinha sido decidido.
‘O que vamos fazer? Eu não sei se deveria dormir no sofá…’
Enquanto os pensamentos de Elena corriam em sua cabeça, Carlisle se afastava em direção ao sofá e se deitava sem uma palavra. O sofá era longo o suficiente para acomodar várias pessoas, mas suas pernas estavam um pouco para fora por causa de sua altura. Elena se recompôs rapidamente e falou.
“Vou dormir no sofá. Você é muito alto, e seria inconveniente para você dormir lá.”
“Você dorme ali, e eu durmo aqui. Isso não é negociável.”
Carlisle levantou o braço para tapar os olhos como se não permitisse mais discussões.
Ela ficou no lugar e debateu consigo mesma por um momento, mas no final ela decidiu que não seria capaz de forçar Carlisle a se levantar. Ela olhou para a cama, que era muito grande para uma única pessoa, e depois se forçou a falar.
“Certo. Então eu me lavarei primeiro.”
“… Tanto faz.”
Ela teve que tirar sua maquiagem e vestir uma camisola antes de ir para a cama, em seguida, apressou-se para ir ao banheiro.
Depois de alguns minutos, o som da água ecoou por todo o quarto. Carlisle, que estava deitado de costas no sofá, puxou a gravata de seu pescoço.
“… Acho que não consigo viver até me tornar Imperador.”

Tradução: Nevasca
Revisão: Sa-chan
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- *Nevasca: masoquista esse menino.[↩]
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