Capítulo 61 - O mal que espreita no escuro

Assim que a Aldeia foi formalmente fundada e reconhecida pela Estela de Elsisn, seu status de Aldeia foi atualizado automaticamente.

As revisões foram mínimas, mas demonstraram que ele de fato havia dado seu primeiro passo como Lorde. O que foi intrigante foi aquele 1 ponto em Segurança, Exército Militar e Territorial. O denominador comum era o Executor do Tártaro.

Ele não sabia o valor máximo dos diferentes índices como Segurança e Administração, mas tinha a sensação de que 100 deveria ser o limite teórico inatingível. Atingir este valor seria admitir que seu reino tinha segurança perfeita, um exército invencível e assim por diante… Um reino só poderia aspirar a atingir este valor.

O outro ponto engraçado que o fez estremecer foi o Bem-estar do Povo e seu valor de 60. Sendo apenas 4 incluindo o bisão, que surpreendentemente foi contado como um habitante, só havia uma maneira de explicar essa pontuação…

Ikaris deu a Ellie um olhar cansado enquanto ela estremecia como uma lebre assustada, olhando para o céu crepuscular que escurecia rapidamente com uma apreensão avassaladora. Em total contraste, Tesão e Malia estavam totalmente relaxados.

Quanto ao Executor do Tártaro, ele ficou parado como uma gárgula, seu peito nem mesmo arfou para respirar. Era impossível dizer o que essa coisa estava pensando. Ela pensava?

O menino então transmitiu a informação acima a Magnus, que elogiou com franca admiração,

“Seu sistema é realmente útil. Não acredito que a Estela de Elsisn se adaptou tão facilmente à sua habilidade. Isso só prova que ainda não sabemos muito sobre esses artefatos e os santos que os criaram.”

“Os Santos?” Ikaris levantou uma sobrancelha confusa. “Existem outros tipos de Estelas além das criadas por Elsisn.”

Magnus riu.

“Elsisn inventou as Estelas para ajudar na luta contra os Glenrings, mas outros Cavaleiros se inspiraram nelas. Algumas famílias e clãs descendentes desses Cavaleiros até conseguiram criar algo parecido, mas ninguém sabe exatamente como fazem. As Estelas prometidas anualmente aos melhores alunos pelas Academias da Sombra do Tártaro sem dúvida têm seus próprios métodos de aquisição e com base na história das Terras em Guerra deveriam ser as Estelas de Faulch.”

“Você realmente vai ter que me dizer quem são todos esses santos e o que eles conseguiram para ganhar seu título, em vez de jogar seus nomes em mim sempre que você quiser.” O adolescente resmungou com um olhar irritado.

“Não se preocupe, teremos muito tempo para recuperar o atraso assim que estivermos seguros.” O Vampiro o lembrou com toda a seriedade, não mais brincou. “O tempo está se esgotando!” 

Ikaris voltou à realidade e imediatamente começou a trabalhar. O sol estava prestes a desaparecer e ele resolveu passar a noite com o estômago vazio, apesar da fome que o atormentava. Se fosse preciso, ele comeria um dos Morangos Coração guardados no anel de rubi, mesmo que desse vontade de vomitar.

Ele estendeu a mão novamente para a Estela e acessou a lista de edifícios básicos de construção. Ele selecionou o único edifício disponível: a Casa do Lorde.

Assim que ele selecionou a opção, ele sentiu que só precisava decidir conscientemente sobre sua localização.

“Mova-se. Vou colocar a Casa do Lorde.” Ikaris gritou.

Ellie piscou confusa, mas Malia entendeu imediatamente e pegou a mão da jovem para sair da linha de visão de Ikaris. Tesão, que pastava alegremente, ignorou sua ordem e foi somente quando o Executor do Tártaro pressionou seu pesado cutelo contra o pescoço da besta que o bisão finalmente se dignou a se mexer.

‘Pelo menos este Executor do Tártaro é obediente.’ Ikaris ficou encantado ao ver a ação rápida do monstro humanoide. ‘Pena que eles só são leais à Casa Morgunis…’

Com seu campo de visão claro, o menino visualizou a posição da Casa do Senhor e alinhou-a em frente ao Portal de Teletransporte, porta voltada para ele. A estela em suas mãos emitiu um pulso breve e invisível e uma casa de campo idêntica àquela em que Malia e Grallu residiam em Karragin apareceu do nada na frente deles.

Ellie ficou de queixo caído e o bisão mugiu alto para expressar sua incompreensão. Em contraste, Malia admirou a cabana com emoção, com lágrimas nos olhos.

“Ainda sem porta…” Ikaris resmungou ao perceber que isso não era uma peculiaridade arquitetônica de Grallu e Malia. “Mas ainda é impressionante.”

“Magia da Criação”. Magnus explicou. “Em um nível insano.”

O céu escureceu mais um ponto e o grupo notou que o sol já havia se posto pela metade no horizonte. Eles finalmente sentiram uma sensação de urgência.

“Rápido! Traga todos os suprimentos para dentro, eu cuido das runas!” Ikaris ordenou em tom urgente.

Ele rapidamente abriu seu livreto e depois de memorizar as runas, ele as gravou em cada parede da cabana com a ponta afiada de sua espada. Felizmente era madeira de má qualidade. Se fosse de pedra ou aço, teria sido muito mais pesado.

Todas as runas listadas no livreto tinham sua própria função, mas seus efeitos eram semelhantes. O papel delas era impedir que o Mal das Terras em Guerra entrasse.

Ikaris havia escolhido a primeira combinação sugerida, uma estranha superposição de V’s orientados em diferentes direções. Um V normal e um V invertido se sobrepunham, formando uma espécie de X com um losango no meio. Ele adicionou os outros V’s e logo toda a runa parecia muito diferente.

Depois de gravá-la uma vez, sua enorme Força Espiritual mostrou seu valor, pois ele não teve dificuldade em duplicar a inscrição, o que não foi muito difícil em primeiro lugar. Ele terminou de inscrever as Runas na cabana de palha ao mesmo tempo em que seus companheiros terminaram de arrumar as caixas lá dentro.

Isso também coincidiu com o pôr do sol no horizonte. Por uma fração de segundo eles foram banhados pela luz suave da lua e das estrelas, então de repente toda a luz desapareceu como se uma nuvem negra tivesse acabado de passar sobre eles.

A temperatura de repente caiu vários graus e as pupilas de Ikaris se estreitaram. Os outros não podiam ver, mas com sua visão aguçada ele percebeu que o desaparecimento da lua e das estrelas não foi acidental. Algo sinistro estava se aproximando deles em um ritmo rápido.

“Todo mundo na cabana! Agora!”

“MUUU!”

O búfalo berrou arrogantemente, mas estranhamente foi o primeiro a correr para dentro, antes mesmo de Ellie, a Covarde. Ellie entrou na cabana em segundo lugar, seguida por Malia, Ikaris e o Executor do Tártaro. Eles foram imediatamente amontoados como sardinhas por dentro.

Nesse momento, o menino percebeu que havia esquecido de gravar a inscrição em um lugar crucial: A porta!

Como não havia porta, ele naturalmente se esqueceu de gravar a inscrição na entrada.

‘Apresse-se seu idiota!’ Magnus gritou em sua cabeça. ‘Se morrermos aqui por um erro como este, prometo assombrá-lo até sua próxima vida!’

“Cale-se!” Ikaris latiu, assustando as duas mulheres e o bisão.

Ele correu para a entrada e esculpiu a inscrição com a ponta de sua espada o mais rápido que pôde. Assim que terminou de esculpir o símbolo, algo invisível se chocou contra alguma barreira invisível à sua frente.

Ikaris estremeceu e cambaleou para trás, balançando sua espada de medo. Paralisado de medo, ele e seus companheiros observaram uma massa rodopiante de escuridão tamborilar contra a entrada da cabana.

Um grito de gelar o sangue ecoou do lado de fora, obrigando-os a cobrir os ouvidos, e as tábuas de madeira que formavam a cabana de palha começaram a ranger ameaçadoramente.

“Puta que pariu!¹ Eles são Espectros Demoníacos! Espectros Demoníacos de Faulch!” Magnus xingou como um louco quando percebeu com o que eles estavam lidando. “Agora entendo porque tão poucos Lordes conseguem prosperar aqui. Não acredito que a Sombra do Tártaro  conseguiu manter esse segredo por tanto tempo!”

“E Espectros Demoníacos significa…”

De repente, uma mão esquelética saiu da massa de escuridão, cruzando facilmente o limite invisível definido pelas runas.

“Mortos-vivos!”

1. ele xingou dizendo “inferno sangrento” entao adaptei para o BR[↩]