Capítulo 125 - Crepúsculo de Sangue - Parte 10
Tormentas de fogo cruzavam os céus e iam além dele, se dissipando na atmosfera daquele plano. Assim como raios carmesins atingiam sem parar aquele dragão que parecia uma montanha com asas.
Cabrum!
Um colossal raio carmesim atingiu Tiamat, mas ele sequer sentiu. Inspirou fundo e assoprou uma tormenta de fogo que foi direto para a terra, afundando várias ilhas naquelas redondezas, derretendo o gelo e também aquecendo o mar a temperaturas elevadíssimas, matando qualquer espécie de peixe naquele mar.
Coen parecia se divertir com aquilo, afinal, o perigo da morte era algo que errantes particularmente amavam. Não havia sensação mais prazerosa do que colocar a própria vida em risco.
Depois de apertar o cabo de suas alabardas ele as lançou, mas Tiamat abriu a boca, cuspindo novamente aquela tormenta de fogo que engoliu por completo as alabardas de Coen, que teve que fazer um mergulho acentuado para desviar da colossal tormenta atrás dele.
“Parece que terei que elevar o nível dos meus ataques, certo, isso vai servir!”
Como um raio, o Wyvern deu meia volta e foi em direção a Tiamat. Coen cerrou o punho direito e se preparou para dar um soco. Ao lado dele foi conjurado um gigantesco braço vermelho feito de raios.
Embora Tiamat fosse maior e mais forte, Coen era supeior em velocidade. Antes de Tiamat disparar outra tormenta, Coen foi para debaixo da fera e a socou na mandíbula.
Cabrum!
O colossal Tiamat sentiu aquele golpe e perdeu os sentidos por um instante, mas logo se recompôs, cuspindo uma tormenta bem maior que as anteriores.
Era isso que Coen estava esperando.
Ele partiu em direção a tormenta e esticou o braço direito sentindo aquele calor infernal se aproximar dele. As runas de seu braço brilharam em um alvo brilhante e toda tormenta de Tiamat foi sugada.
Nem o próprio dragão acreditou naquilo.
Coen foi para frente do dragão e ergueu o braço em direção ao rosto da fera.
— Estou devolvendo tudo pra você seu pedaço de lixo!
Um círculo mágico carmesim apareceu frente ao braço de Coen e a tormenta antes sugada foi devolvida para o dragão em um golpe direto que cruzou parte do céu das ilhas do extremo Norte.
Quando o poder cessou foi a vez de Coen ficar incrédulo com que estava vendo. Tiamat não havia sofrido um único arranhão.
Coen fez seu Wyvern voar para longe e abriu um portal logo a frente, mas ele se concentrou para fazer um portal ainda maior, grande o suficiente para que o dragão passasse e ele passou.
Eles estavam sob o céu da grande capital dos Elfos Negros. Era um céu escuro, que mesmo durante o dia a escuridão imperava. As estruturas lá em baixo eram belas construções arquitetônicas de beleza imensurável.
Todas suas construções tinham uma simbiose perfeita com a natureza, dando aquele lugar um toque único que jamais poderia ser replicado por nenhuma outra raça de Elfo.
Seus habitantes de pele negra, acinzentada, levemente roxa ou até mesmo rosada, olhavam para o céu, vendo um colossal dragão e um homem que parecia um dos seus em cima de um Wyvern de raios carmesim.
Inspirando, Tiamat lançou uma devastadora tormenta sobre aquela cidade, incinerando tudo que teve o azar de ser tocado por suas chamas.
Coen abriu um sorriso de canto e começou a alçar voo baixo, com Tiamat enfurecido atrás dele cuspindo uma poderosa tormenta afim de acertar seu alvo.
Homens, mulheres, crianças, animais, construções, monumentos, tudo era incinerado sem o menor pudor. Não demorou para que eles partissem em direção as guarnições estacionárias que não tiveram a mínima chance de defesa.
Mesmo para Elfos habilidosos no uso de magia nenhum deles foi páreo, e Coen não parou por aí, fez Tiamat segui-lo por horas até quase aniquilar por completo o exército dos Elfos Negros.
“Certo! Continue me seguindo lagartixa!”
Erguendo o braço direito, Coen fez outro portal, saindo diretamente no céu dos Elfos da floresta. Coen estava indo em direção ao palácio, então como um raio ele desapareceu.
Tiamat o procurou com os olhos, e sem saber onde estava o dragão cuspiu fogo para qualquer lugar aglomerado, incinerando tudo pelo caminho.
Elfos da floresta estavam bem menos preparados para um ataque como aquele, então suas baixas seriam bem maiores.
Coen estava dentro do palácio.
Os guardas corriam para fora tentando agir contra aquela fera bestial que botava fogo na cidade, mas eles pararam assim que avistaram Coen na entrada segurando uma espada de raios carmesim.
Os guardas, ainda inexperientes, tentaram avançar, mas foram massacrados num piscar de olhos, emporcalhando de sangue o chão de mármore branco.
Com um chute, Coen arrebentou as portas da sala do trono e caminhou lentamente pela sala onde estavam toda alta corte dos Elfos da floresta e suas principais mentes pensantes.
Sem piedade alguma, Coen se moveu em zigue-zague e em segundos decapitou, mutilou e estraçalhou todos eles, deixando somente o rei que estava sentado em seu trono.
— V-Você! — disse o rei apontando o indicador para Coen — U-Um errante! Celae está envolvida nisso, não está?
A passos lentos, Coen subiu as escadas e se aproximou do trono.
— Celae? Tem semanas que não a vejo. Ela não me mandou aqui, fui eu quem quis vir por livre e espontânea vontade.
Enquanto isso, lá fora, eram ouvidos os gritos de desespero e os rugidos do dragão que fazia as paredes tremerem.
— P-Porque está fazendo isso?
Coen deu de ombros.
— Estou só neutralizando as maiores ameaças no momento, isso não é nada pessoal. — Coen ficou frente ao rei — Não se preocupe, os Elfos negros também já eram. Os vampiros se juntarão a vocês em breve assim como os humanos.
— Seu maldito!
O rei tentou se mover, mas Coen era mais rápido, atravessando a garganta do rei com sua espada de raios.
Coen olhou para o lado e viu a irmã mais nova de Celae com os olhos arregalados.
Ela deu dois passos para trás, mas suas pernas bambearam e ela caiu no chão apavorada, encarando o carrasco de seu pai se aproximar com uma espada em mãos.
Coen se agachou e a encarou no fundo dos olhos. Os olhos dele foram o suficiente para fazê-la mijar nas calças e gritar. Erguendo a mão, Coen afagou os cabelos dela.
— Parabéns! Parece que você agora é a rainha de todo esse monte de entulhos. Boa sorte pra tentar reerguer esse reino de merda!
Coen abriu um portal e desapareceu.
Ashel, a empregada, estava vendo tudo em um canto. Assim que Coen foi embora ela correu até a garota a abraçando.
Em cima do prédio que costumava ficar com Volfizz e Bledha, Coen abriu um sorriso orgulhoso. Ele havia conseguido desestabilizar grandes forças, provavelmente causando a eles danos irreversíveis.
Faltava um lugar pra ir, a base dos errantes.
Coen conjurou novamente seu Wyvern e chamou a atenção de Tiamat, sumindo com a fera em um portal.
As construções queimavam e viravam poeira, e dentre as dezenas de vítimas daquele atentado estavam as crianças que haviam ajudado Celae semanas atrás.
Os tremores ininterruptos da superfície fizeram o teto onde estavam desabar. Os mais velhos até tentaram ajudar os mais novos se enfiando em becos e esconderijos, mas os danos da superfície eram sérios demais.
Nenhuma delas sobreviveu.
A única coisa que ficou intacta, foi um desenho que uma das crianças fez de Celae junto a todas elas. Um desenho que mais pareciam rabiscos, mas que tinham significado enorme.
Parte de uma construção de madeira que pegava fogo cedeu. A madeira se fragmentou enquanto rolava escombro a baixo, até que alcançou o desenho.
Aquela minúscula lasca de madeira que mais parecia um pedaço quente de carvão, foi o suficiente para queimar o desenho e transformar em cinzas as únicas memórias felizes de crianças que aguardavam ansiosos a volta de sua mãe postiça, um reencontro que jamais aconteceu.
Outra cidade era destruída pelo dragão Tiamat. Mais afastado da multidão se encontrava um acampamento com os errantes. Havia tanto corpo e sangue que se tornava impossível caminhar naquele lugar. Coen pisou na cabeça de um garoto morto e se aproximou de dois velhos que logo foram degolados.
No canto, um pai abraçava o corpo sem vida do filho.
— Meu garoto… — disse ele mal enxergando o filho por causa das lágrimas dos olhos — O que fizeram com você?…
— Ei, velho, vocês não estavam atrás de mim? Aqui estou! — disse abrindo os braços.
Os olhos do pai exalavam ódio.
— Seu demônio maldito, eu vou te mat-
Crash!
Coen atravessou o peito dele com uma alabarda de raios carmesim. O homem golfou sangue e tombou para o lado já sem vida.
— É uma pena que alguns de vocês escaparam, mas foram poucos. Isso é meio irônico, não é? Eu, o primeiro errante, agora me tornei um dos únicos. Bem, vocês nunca mais devem conseguir se reerguer. É o que merecem por tentar me enfrentar.
Coen abriu um portal, entrou nele e chamou novamente a atenção do dragão, indo parar direto no deserto escaldante do oriente.
Todos os preparativos estavam prontos. Assim que passou pelo portal o dragão viu que estava sob um círculo mágico que tinha tamanho o suficiente para cobrir um pequeno país. Coen fez um pequeno portal e desapareceu, deixando Tiamat confuso naquele lugar.
Correntes de mana saíram da areia e enrolaram sobre o corpo colossal do dragão. Ele caiu rolando na areia e tentou se mover, mas eram correntes demais para que ele pudesse fazer alguma coisa.
Tiamat atingiu a areia com sua tormenta escaldante a transformando em vidro, mas mesmo isso foi inútil. Pouco a pouco ele afundava na areia como se a mesma fosse areia movediça.
A torre que estava a quilômetros de distância dali brilhou intensamente e várias runas apareceram no topo, fazendo toda torre tremer.
Segundos depois o tremor cessou e uma poeira quilométrica subiu aos céus.
Tiamat estava selado.
Righ Zhao veio correndo ao longe, indo em direção a Coen que estava exausto.
— Funcionou! Senhor Coen, funcionou!
— É — disse Coen deitando na areia — Agora só falta uma coisa.
Coen apoiou as mãos no joelho e se ergueu, abrindo outro portal.
— Righ Zhao, você fez um ótimo trabalho.
— O-Obrigado senhor…
Crash!
Uma lâmina carmesim atravessou o peito de Zhao, que encarou Coen sem entender nada.
— S-Senhor… por… que?
Coen retirou a lâmina e Zhao tentou tocar Coen enquanto seus passos vacilavam. Coen o encarou com desprezo e desviou de Zhao, deixando-o cair na areia.
Os outros magos olharam aquilo assustados e começaram a correr, mas não adiantou muito.
Coen ceifou todos eles em segundos.
Depois do trabalho feito, Coen abriu outro portal e saiu dentro de um castelo nobre. No cômodo, as principais figuras da aliança dos humanos confraternizavam em um jantar.
Ver Coen sair no meio da sala foi um choque e tanto.
Coen subiu em cima da mesa e abriu os braços.
— Então aqui estão vocês, príncipes, princesas, banqueiros e as pessoas mais importantes da aliança. Pensei que depois da queda de Runipon vocês pegariam leve no luxo, mas pra que? É só aumentar os impostos e aqueles que não puderem pagar serão mortos. É assim que vocês fazem, não é?
— Quem é você? — perguntou um nobre de bochechas rechonchudas. — É um Elfo Negro, não é? Saiba que é uma afronta sua vir até uma festa como ess-
Zium!
O nobre foi degolado e o pessoal entrou em pânico.
— Demorou alguns anos pra que vocês se tornassem nobres, e acredito que no estado atual que esse continente vai ficar, levará séculos para se organizarem. É tempo o suficiente pra mim.
— O-O que quer dizer com isso?
Coen não disse mais nada.
Partiu para cima dos nobres e matou todos sem exceção. Homens, mulheres, crianças, velhos, várias linhagens foram apagadas naquele momento.
Depois do trabalho feito, ele fez outro portal, saindo em um pico onde estava Volfizz e Bledha.
Os dois encaravam um gigantesco acampamento que sua visão mal conseguia ver a total extensão, e ainda havia mais pessoas para chegar.
— Senhor Coen! — Bledha correu até ele e lhe deu um abraço. — O senhor está bem!
— Por enquanto sim…
Ele se sentou em uma pedra.
— Está tudo pronto, todo continente está desestabilizado. Tudo que resta são os humanos que estão acampados aqui e os Vampiros no castelo.
Volfizz assentiu.
— Então vai demorar para as notícias se espalharem.
— Creio que sim, pode levar semanas. E quanto ao ataque, quando vai acontecer?
— Amanhã ao anoitecer.
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