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    Na visão de Eriel, Azrael estava distante, sua figura cercada por uma aura bagunçada e descontrolada, algo que ela nunca havia presenciado antes.

    “Azrael vai aparecer…”, murmurou, sua voz carregada de incerteza.

    “Eh? Como assim?” Samael a pegou nos braços, saltando rapidamente para longe dos caídos. Belial a seguia de perto, seu rosto refletindo ceticismo.

    “Tive uma visão da batalha,” explicou Eriel, tentando organizar os pensamentos. “Azrael estava presente, mas… algo estava estranho.”

    Os caídos tentaram persegui-los, mas Samael era veloz e conseguiu despistá-los momentaneamente. Sua intenção era clara: unir-se às forças aliadas antes que a situação fugisse completamente do controle.

    “Quando ele chegou…” continuou Eriel, sua voz tingida de angústia, “todos se ajoelharam. E então, os cavaleiros… eles avançaram contra Azrael para atacá-lo.”

    Ela não sabia ao certo se aquilo era uma realidade distorcida ou uma visão verdadeira do futuro. Mas, em seu íntimo, tinha certeza de que aquilo iria acontecer.

    “Belial…”

    “Eu sei, eu sei,” respondeu ele, a perplexidade visível em sua expressão. “Temos um grande problema.”

    “Isso pode significar que…”

    “Ele vai perder o controle. Precisamos avisar os cavaleiros imediatamente.”

    Samael franziu a testa, suas palavras carregadas de preocupação. “Se ele perder o controle, temo que não será fácil trazê-lo de volta.”

    Belial assentiu, seu tom grave. “Sei disso… Precisaremos de ajuda.”

    Samael hesitou por um momento antes de questionar: “Então ele vai aparecer como prometido?”

    Belial bufou, um sorriso amargo em seus lábios. “Duvido. Azrael é a última pessoa que ele gostaria de ajudar.”


    Enquanto Belial e Samael discutiam estratégias, o tempo passava rapidamente. Após vinte minutos, o semblante familiar de Alice surgiu no horizonte, acompanhada por vários cavaleiros. Atrás dela, o exército parecia ainda maior do que antes — Alice havia reunido reforços em um período incrivelmente curto.

    Com todos reunidos, a posição deles foi rapidamente descoberta pelos inimigos. Não era necessário esconder-se; estavam diante de um grande castelo, prontos para enfrentar a investida.

    Os inimigos apareceram como uma onda negra no horizonte, dezenas de milhares de anjos caídos marchando sem hesitação em direção ao confronto.

    “Avançar!” O grito de Belial ecoou pelo campo, e as tropas aliadas avançaram como um só corpo.

    Os arqueiros dispararam suas flechas, mirando os pontos vitais dos inimigos. Embora flechas comuns fossem inúteis contra anjos caídos, aquelas eram criações de Zenith, aprimoradas com magia para perfurar até as defesas mais robustas. Os arqueiros, todos treinados no território de Zenith, manejavam-nas com precisão mortal.

    Enquanto o exército principal travava o embate, Zenith, Nain, Naara e Alice concentraram-se em enfrentar diretamente Malak-Tawus, o líder inimigo.

    Ele foi encontrado no campo de batalha, rindo e se divertindo enquanto massacrava os demônios aliados. Ao perceber a aproximação do grupo, seus olhos brilharam com excitação.

    “Voltou para uma segunda luta?” disse ele, fixando o olhar em Eriel. “E trouxe amiguinhos? Ótimo! O espetáculo seria monótono sem os atores principais.”

    Sem esperar resposta, ele avançou com uma velocidade impressionante, mirando Nain. O golpe foi direto e devastador, mas Nain não se moveu nem um centímetro. Com um movimento firme, ele ergueu sua enorme espada e desferiu um golpe poderoso.

    Malak-Tawus desviou para trás no último instante, evitando um golpe fatal. Mas o movimento foi previsto: Naara já o aguardava, surgindo como uma sombra. Com um giro preciso de sua foice, ela perfurou o braço direito de Malak-Tawus.

    Ele vacilou, o ferimento interrompendo sua movimentação por um breve instante. Zenith aproveitou a oportunidade, disparando uma série de flechas que atingiram seus braços e pernas, limitando seus movimentos.

    Nain e Naara atacaram em perfeita sincronia, alternando golpes devastadores que obrigavam Malak-Tawus a recuar. O sangue começou a escorrer de seu corpo, um sinal de esperança para os aliados.

    Com um corte vertical que parecia ser o golpe final, Naara avançou para decapitar o líder caído. Mas, em um movimento impossível, Malak-Tawus parou a lâmina com a mão nua.

    Seu rosto ferido se contorceu em um sorriso perturbador enquanto seus olhos brilhavam com uma energia sombria. Antes que qualquer um pudesse reagir, todos os ferimentos em seu corpo começaram a se regenerar, desaparecendo completamente em questão de segundos.

    “Vocês acham que podem me derrotar?” Zombou ele, rindo com escárnio. “Eu sou a tempestade que nenhum de vocês pode conter.”

    A luta estava longe de terminar, e a tensão no ar era quase sufocante. Cada aliado sabia que o verdadeiro desafio acabara de começar.

    Eriel avançou com o poder do Lorde do Tempo, movendo-se com precisão para cortar o braço de Malak-Tawus, que segurava a lâmina de Naara. A abertura permitiu que Naara recuasse, mas, para horror de todos, o braço do inimigo se regenerou quase instantaneamente.

    “Uma luta bem chata,” zombou Malak, um sorriso cruel brincando em seus lábios.

    “Esse maldito não morre?” Naara rosnou, apertando a empunhadura de sua foice, enquanto Zenith observava, intrigada.

    “E olha que nem começamos a lutar com magia,” provocou Malak, seus olhos brilhando com malícia.

    “Maldito seja,” murmurou Naara, tentando conter sua frustração.

    Nain suspirou, mantendo a calma. “Precisamos economizar mana. Azrael está chegando, e vamos precisar de tudo quando ele aparecer.”

    Malak arqueou as sobrancelhas, surpreso. “Oh? Azrael está vindo? Isso só fica melhor. Muito bem, faremos como desejam: sem mana.”

    Antes que pudessem reagir, círculos mágicos surgiram ao redor deles, e rajadas de fogo varreram o campo em uma explosão devastadora.

    “Brincadeirinha,” zombou Malak, enquanto as chamas desapareciam.

    “Imaginei…” respondeu Nain com um sorriso tenso. “Zenith, o sinal!”

    Ao ouvir a ordem, Zenith disparou uma flecha ao céu. A explosão luminosa que se seguiu iluminou o campo de batalha, sinalizando o ataque coordenado.

    Do alto, os arqueiros aliados, escondidos até então, lançaram uma chuva de flechas encantadas. Pedras gigantes foram arremessadas em direção às tropas inimigas, esmagando anjos caídos e ceifando milhares de vidas em instantes.

    Malak-Tawus observou a cena com desdém. “Parece que a brincadeira durou tempo demais… Está na hora de acabar.”

    De repente, sua aura se intensificou, elevando-se a um nível aterrorizante. Ele desapareceu em um piscar de olhos, reaparecendo nas costas de Naara, a maior ameaça do grupo.

    O primeiro golpe foi brutal, rasgando a carne de Naara. Cortes sucessivos jorraram sangue, e ela caiu ao chão antes que pudesse reagir.

    Zenith foi o próximo alvo. Ela tentou preparar outra flecha, mas Malak foi mais rápido. Um golpe certeiro atravessou seu peito, derrubando-a.

    Em seguida, Nain. O gigante tentou desferir um golpe em seu oponente, mas Malak desviou com facilidade, cortando-o profundamente. Um a um, os cavaleiros caíram diante da velocidade e força esmagadoras do inimigo.

    Quando todos estavam ao chão, Malak voltou-se para Eriel, um sorriso frio em seu rosto.

    “E você? A princesinha do Azrael,” zombou, sua voz carregada de desprezo. “Não se engane, nós da Aliança sabemos quem você é. A reencarnação da princesa dos demônios. Pensei em me divertir mais com você, mas… acho que a brincadeira acabou. Que pena.”

    Antes que pudesse reagir, Eriel sentiu uma lâmina atravessando seu peito. O impacto foi devastador. Em um instante, seu braço foi decepado e um corte profundo destruiu seu olho direito. Ela não teve tempo para ativar o Lorde do Tempo.

    “Isso é um adeus…” murmurou Malak, agarrando-a pelo pescoço.

    Com um movimento brutal, ele a lançou para o alto. O ar fugiu de seus pulmões enquanto ela subia. A visão de Samael e Belial correndo desesperados para alcançá-la foi a última imagem que registrou antes de começar a cair.

    Ultrapassando facilmente três mil metros, Eriel sentiu sua consciência se esvaindo. Quando percebeu uma enorme magia de fogo vindo em sua direção, soube que aquele era seu fim. Sem forças para se mover, fechou os olhos, aceitando o inevitável.

    O som da magia atingindo o alvo foi ensurdecedor. Contudo, em vez de dor, ela sentiu algo diferente: uma aura quente e aconchegante envolvendo seu corpo.

    É isso… a morte? Pensou, estranhamente em paz.

    Quando sua força começou a retornar lentamente, ela abriu os olhos com dificuldade. Um sorriso tênue apareceu em seu rosto ao ver quem a segurava: Azrael.

    Seus olhos vermelhos brilhavam intensamente, carregados de preocupação, enquanto sua aura crescia exponencialmente.

    “Levi, deixo Eriel com você,” disse Azrael, sua voz séria, embora trêmula. “Não acho que consigo me controlar por muito mais tempo.”

    Ao lado dele estava uma mulher desconhecida, cuja presença irradiava majestade. Parecia um anjo primordial, bela e enigmática. Com uma expressão calma, ela lançou magia de cura sobre Eriel.

    “Levi? Bom, tudo bem,” respondeu à mulher, aceitando Eriel em seus braços.

    A dor de Eriel começou a desaparecer, e mesmo seu braço perdido estava de volta, como se nunca tivesse sido decepado.

    Azrael desceu ao chão como um trovão, o impacto de sua aterrissagem criou uma pequena cratera no campo de batalha. A guerra pareceu congelar por um instante, enquanto todos — aliados e inimigos — sentiam o peso de sua aura furiosa.

    Os olhos de Azrael percorreram o campo, pousando nos cavaleiros caídos. Naara, com esforço, foi a primeira a se levantar, seguida por Nain, que encarava Azrael com uma mistura de alívio e surpresa.

    Os cavaleiros assumiram posições defensivas, mas o restante observava em completo silêncio, tomado pelo medo e pela dúvida. A chegada daquele que era conhecido como o demônio mais forte parecia mudar o rumo de tudo.

    Então, Azrael sorriu.

    “Finalmente…” murmurou, sua voz carregada de emoção reprimida. “Quantos anos se passaram? Não importa. Vamos brincar.”

    O campo de batalha tremeu com suas palavras, e todos souberam que o verdadeiro confronto estava apenas começando.

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