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    Quando finalmente chegou ao chão, Eriel sentiu que algo havia mudado profundamente em Azrael. Sua aura, antes controlada, tornou-se quase tangível, como uma onda de poder bruto que parecia sufocar o ambiente. Não era apenas presença; era domínio absoluto.

    O campo de batalha silenciou. Tanto demônios quanto os caídos pararam para observar a figura imponente de Azrael. Os demônios, sem sequer pensar, se ajoelharam diante dele. Não era respeito. Era medo puro, estampado nos rostos de todos os seus aliados.

    “Eriel, abaixe-se!” gritou Alice.

    Instintivamente, Eriel obedeceu. Azrael começou a concentrar uma quantidade massiva de mana em sua lâmina negra. A energia densa era sufocante, deixando claro que o ataque que viria a seguir não distinguia aliados de inimigos.

    Com um único movimento de espada, Azrael liberou um golpe devastador. Uma onda de energia atravessou o campo, destruindo tudo em seu caminho. Caídos foram lançados violentamente para trás, enquanto Samael e Belial, posicionados na linha de frente, conjuraram barreiras para proteger os aliados. Eles escolheram não se defender apenas para garantir que outros sobreviveriam.

    Quando a poeira finalmente baixou, o impacto do ataque de Azrael foi visível: um grande vazio havia sido criado no campo de batalha, como se o próprio solo tivesse sido apagado pela força do golpe.

    Os cavaleiros de Azrael, ainda se recuperando de seus próprios ferimentos, seguiram em sua direção, mas não para se juntarem a ele. Havia algo errado. Naara foi a primeira a mostrar sua intenção assassina, a foice em mãos vibrando com energia. Zenith preparou flechas enquanto observava Azrael com um olhar sério, algo raro de se ver na arqueira.

    “Azrael, pare agora!” rugiu Nain. Ele avançou contra seu líder, mas foi recebido por um golpe direto na mandíbula, tão rápido que ninguém viu a lâmina se mover.

    Zenith, sem hesitar, disparou flechas encantadas contra Azrael. Ele pegou com as mãos nuas, esmagando-as com um olhar de desdém antes de avançar para enfrentar Naara.

    A batalha entre Naara e Azrael foi intensa, com trocas rápidas de golpes que desafiaram até mesmo os olhos mais treinados. Mas não durou muito. Quando Azrael se cansou, ele a derrubou com um único movimento calculado, deixando-a caída ao chão, exausta e derrotada.

    “Eriel, saia daqui! Azrael perdeu o controle!” falou Belial, enquanto conjurava outra barreira protetora.

    Antes que Eriel pudesse reagir, Samael apareceu em sua frente e a pegou nos braços.

    “Droga! Agora só podemos esperar. Tenho certeza de que ‘Ele’ já deve ter notado…” murmurou Samael, visivelmente preocupado.

    Eriel observou a transformação de Azrael. Seus cabelos começaram a escurecer, tomando um tom negro profundo, como a noite sem estrelas. Suas roupas se transmutaram em um longo sobretudo negro, marcado por uma balança dourada nas costas — um símbolo que emanava autoridade e julgamento.

    Azrael avançou na direção de Malak-Tawus. A cada passo, o chão tremia e o ar ao redor parecia ser drenado de mana, como se o próprio ambiente estivesse cedendo o seu poder.

    “Então, esse é o poder do Anjo da Morte”, comentou Malak, sua voz transmitiu de admiração e medo enquanto observava a aproximação do inimigo.

    “Vamos, verme,” disse Azrael, sua voz profunda e ressoante. “Mostre-me o que tem. Mostre-me seu poder, ou pereça como os outros.”

    Antes que ele pudesse avançar, uma figura surgiu ao lado de Samael e Eriel. Uma mulher de beleza etérea, quase divina, apareceu, observando Azrael com interesse. Sua presença irradiava uma força peculiar, como se fosse uma fusão de luz e escuridão.

    “Meu novo mestre parece irritado… Devo intervir? Acho que sim, já que Samael não pode.”

    “Leviatã?” exclamou Samael, surpresa ao ver a recém-chegada.

    “Olá, minha querida. Ou devo dizer… há quanto tempo?” respondeu Leviatã, sorrindo de forma enigmática.

    Eriel reconheceu o nome imediatamente. Leviatã era uma lenda viva, o primeiro híbrido entre anjo e demônio. Nascida da união proibida entre um anjo caído e um demônio primordial, ela carregava o título de Pecado da Inveja, herdado após a morte de seu pai. Seu poder era incomparável, rivalizando até mesmo com os arcanjos.

    No campo, chamas negras e relâmpagos envolveram Azrael, crescendo em intensidade a cada segundo. O solo ao redor se rachava, e o ar parecia pesado demais para respirar.

    “Isso é algo que eu, Azrael, não posso perdoar. Como agradecimentos por me libertar, vou te mandar direto para o purgatório. Pode começar a rezar… quem sabe seu deus tenha misericórdia”, disse Azrael com uma calma aterrorizante.

    Malak riu, mas seu sorriso era tenso. “Farei isso. Vamos ver quem é mais digno.”

    Azrael atraiu sua espada negra, Tsukuyomi, e proferiu em voz firme:
    “Desperte, Senhora da Escuridão. Conceda-me o poder de extinguir meus inimigos e moldar meu destino.”

    Sua voz ecoou como trovões pelo campo de batalha. A lâmina negra emitiu uma explosão de energia, transformando-se em uma arma ainda mais letal. A espada começou a brilhar com uma luz antinatural, absorvendo toda a mão ao redor. O ambiente escureceu ainda mais, e uma aura opressiva tomou conta do campo de batalha.

    Eriel, ainda nos braços de Samael, não podia desviar os olhos. Aquilo não era apenas poder. Era destruição personificada. O verdadeiro Azrael estava diante deles, e nada parecia capaz de detê-lo.

    “Desesperado… Amaterasu!”

    A espada dourada surgiu instantaneamente, vinda de um espaço dimensional desconhecido. Agora, empunhando as duas espadas — a negra e a dourada —, Azrael emanava uma aura divina tão poderosa que parecia impossível qualquer adversário se manter diante dele.

    Os inimigos, ao presenciarem o verdadeiro poder do Anjo da Morte, começaram a tremer de medo. Haviam subestimado Azrael e estavam pagando caro por isso.

    Enquanto isso, Leviatã observava com um sorriso satisfeito no rosto. De repente, um grito de dor ecoou pelo campo de batalha, e um dos adversários caiu, atingido por um golpe tão rápido que ninguém viu.

    Azrael voltou-se para os outros inimigos, que tremiam de pavor diante dele.
    “Vocês podem fugir ou se render agora. A escolha é de vocês”, ele declarou com uma voz grave e sombria.

    Os líderes inimigos, percebendo que não tinham chance contra tamanha força, optaram por se render. Azrael, mais uma vez, havia demonstrado seu poder avassalador.

    Sem perder tempo, ele avançou contra Malak, iniciando uma troca feroz de golpes. O som de metal colidindo preenchia o ar, e a intensidade do combate era tamanha que era difícil acompanhar com os olhos. Os dois estavam em pé de igualdade em velocidade e habilidade, mas Azrael logo executou sua técnica divina: Mil Cortes.

    O confronto se intensificou, até que ambos pararam por um momento. Estavam gravemente feridos, mas Malak parecia estar em pior estado. Contudo, Azrael surpreendeu a todos ao curar completamente suas próprias feridas.

    Quando Malak tentou ativar sua habilidade de regeneração, nada aconteceu. Ele ficou chocado.
    “Então essa é sua habilidade?” Malak disse, perplexo.

    “Não é nada impossível”, respondeu Azrael com um sorriso frio. “Você cometeu um erro ao me fazer de inimigo. Para mim, você não passa de uma distração.”

    Malak, ainda tentando entender a situação, olhou para Samael e propôs uma aliança.
    “Se você quer acabar com Samael, junte-se à Aliança. Com sua força, não apenas Samael cairá, mas até mesmo o Deus Supremo.”

    Azrael não se deu ao trabalho de esconder sua arrogância. Sua aura mudou mais uma vez, desta vez irradiando um brilho dourado divino.

    “Não me entenda mal, verme. Mesmo sem sua ajuda, não existe inimigo forte.”, disse Azrael com desprezo.

    Malak preparou seu próximo ataque, concentrando toda a mana em uma pequena esfera de fogo que cresceu rapidamente. Samael observou, apreensiva, mas suspirou ao perceber que, apesar de destrutiva, a magia de Malak não seria suficiente para derrotá-lo.

    Quando a esfera de fogo foi lançada, Azrael simplesmente estendeu sua mão esquerda. O impacto foi colossal, criando uma onda de choque que derrubou todos os presentes no campo de batalha.

    Mas Azrael apareceu inabalado, como se nada tivesse acontecido. Suas roupas estavam intactas, e não havia sinal de dano em seu corpo.

    “Fufufufu… Hahahahaha! De todas as magias possíveis, você escolheu lançar fogo contra mim?”

    Azrael riu de forma debochada. Finalmente, Eriel compreendeu a razão de Samael não estar preocupado. Amaterasu, a espada divina, anulava qualquer magia de fogo.

    “Amaterasu anula qualquer tipo de magia de fogo. Acredite, se tivesse me atacado com uma espada, você teria causado mais dano”, concluiu Azrael com um sorriso.

    Como deusa do sol, Amaterasu não seria derrotado por uma simples chama. Era exatamente isso que Azrael queria demonstrar.

    “Não… não é possível…” murmurou Malak, atordoado.

    “Deixe-me mostrar o que é a verdadeira magia de fogo”, disse Azrael, com um tom desdenhoso.

    Ele estendeu a mão e conjurou uma barreira que envolvia apenas ele e Malak. A barreira pulsava com uma energia opressiva, separando-os do resto do campo de batalha. Então, com um movimento deliberado, ele invocou sua magia:

    {Supernova}

    O brilho da magia foi tão intenso que cegou Eriel momentaneamente. Um estrondo ensurdecedor ecoou, e a pressão da explosão gerou rachaduras na barreira criada pelo próprio Azrael. Quando a luz se dissipou, o corpo de Azrael foi queimado, mas sua expressão permaneceu triunfante.

    Azrael olhou para Malak, que caiu no chão, respirando com dificuldade. Era evidente que o ataque havia causado um dano letal. Apesar disso, um sorriso eufórico surgiu no rosto de Azrael.

    Com calma, ele usou sua magia de cura, restaurando o corpo ferido de Malak.

    “Então, acabou?” Disse Azrael, em um tom quase casual.

    Azraek voltou sua atenção para Samael. Ele parecia prestes a finalizar Malak, mas hesitou no momento decisivo.

    “Está vendendo, Anjo Caído? Mesmo com meu poder limitado, não será como da última vez. Terei minha vingança”, declarou Azrael com uma firmeza que fez o ar ao redor parecer mais pesado.

    Samael o encarou sem medo. “Então você ainda deseja lutar?”

    “Lutar?” Azrael riu, mas sua risada carregava um tom ameaçador. “Não me entenda mal. Não será uma luta.”

    Antes que Samael pudesse reagir, Azrael avançou, movendo-se como uma tempestade em direção a ela. No entanto, ele foi interrompido.

    “Ele finalmente chegou”, alguém murmurou.

    De repente, Azrael foi atingido por um soco devastador que o arremessou para longe, colidindo com força contra as montanhas próximas.

    Eriel sentiu o campo de batalha mudando. Um portal havia sido aberto e dele saiu o responsável pelo ataque. Todos os olhares se voltaram para o novo indivíduo, e um silêncio tomou conta do lugar.

    Então, Eriel notou algo surpreendente: lágrimas escorriam pelo rosto de Alice.

    O recém-chegado não exalava uma aura poderosa, tampouco havia vestígios de mana emanando dele. Ainda assim, sua presença era magnética. Havia algo nele que obrigava a todos a olhá-lo com admiração.

    Seus olhos vermelhos varreram o campo antes de se fixarem brevemente em Eriel. Ele caminhou lentamente, seus cabelos longos balançando ao vento.

    Sorrindo levemente, ele acenou para Alice, que correu ao seu encontro e o abraçou com força.

    “Ex!” disse Alice, emocionada.

    “É bom te ver novamente, Alice. Você parece muito bem”, respondeu ele, com sua voz suave e serena, mas carregado de um peso inexplicável, como se estivesse acostumado a carregar grandes fardos.

    Eriel ficou em silêncio, observando. O ser diante deles não era alguém comum. Ele sabia disso. Era o mesmo que ela havia encontrado no passado, em um mundo separado do domínio do Deus Supremo.

    “Já faz um tempo desde nossa última conversa”, disse Ex, agora parando diante de Eriel. Sua voz era tranquila, mas havia algo inconfundível nela.

    Eriel mal conseguiu reagir quando Ex desviou o olhar, agora fixando-se nas montanhas ao longe. A tensão voltou a aumentar quando todos sentiram a presença de Azrael se aproximando novamente. Sua aura estava ainda mais intensa, e o clima parecia eletrificado.

    Ex não se moveu, mas sua expressão mudou significativamente. Ele virou-se para Alice e falou com gentileza: “Irmã, chegou a hora de cumprir minha promessa.”

    Virando-se para Eriel, Ex disse. “Observe bem, Eriel. Essa será uma luta entre verdadeiros demônios com o sangue da primeira Lilith.”

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