Capítulo 52 — Irmãos
Azrael caminhava lentamente em direção ao grupo, limpando a poeira de sua roupa com um gesto casual, como se o impacto anterior fosse um pouco mais que um incômodo. Seus olhos, frios, fixaram-se em Ex. Por um instante, ele hesitou, mas sua expressão mudou ao sentir a aura pesada e demoníaca que emanava de seu irmão.
O choque entre o poder divino de Azrael e o poder infernal de Ex criou uma tensão opressiva no ar. Era como se o próprio espaço ao redor deles estivesse à beira de um colapso.
“Pensei que você tinha acertado com força suficiente, irmão”, disse Ex, sua voz imbuída de sarcasmo.
Ex, o irmão gêmeo de Azrael, demonstrou um sorriso frio. Apesar de serem gêmeos, havia algo visceralmente diferente entre os dois. Azrael emanava uma aura divina que intimidava até os mais fortes, enquanto Ex era envolto em uma escuridão densa e sufocante, como um abismo infinito.
“Irmão?” Azrael riu, sua voz baixa e ameaçadora. “Eu não reconheço um ser inferior como meu irmão. Talvez você precise de mais alguns milênios de prática para merecer tal título.”
Antes que Azrael pudesse reagir, um pequeno círculo mágico se formou atrás dele. Um lançamento de terra surgiu de repente, atingindo-o em seu ponto cego e lançando-o para longe como se fosse nada mais que um boneco de pano.
“Hahaha! Ainda caindo nos mesmos truques, Az? Parece que nada mudou”, provocou Ex, com um sorriso cruel estampado no rosto.
Os poucos que observavam trocaram olhares tensos. Havia um ar de incredulidade, mas também de satisfação amarga. Apesar de sua força, Azrael ainda sucumbiu às armadilhas de seu irmão.
“Vamos, Azrael,” Ex disse, sua voz agora transmitindo desprezo cortante. “Mostre a todos o que você pode fazer. Estamos esperando.”
Em um instante, Azrael reapareceu atrás de Ex. Com velocidade impressionante, ele girou o corpo, enviando seu calcanhar direto contra a cabeça do irmão. Mas Ex já esperava o movimento. Bloqueando o ataque com o braço, ele desviou sem esforço, como se estivesse lidando com um oponente previsível.
Aproveitando a posição de Azrael, Ex agarrou sua perna e o jogou violentamente contra o chão. O impacto ecoou como um trovão pelo campo, mas ele não deu a Azrael tempo para se recuperar. Um círculo mágico negro surgiu na palma de sua mão, disparando uma lâmina de vento diretamente contra o rosto de Azrael. O golpe cortou sua pele, deixando uma marca que não parecia destinada a ferir seriamente — não ainda.
Azrael parecia mais lento, seus movimentos antes impecáveis agora são vacilantes. Observando de longe, Eriel sentia uma inquietação crescente. Algo estava errado.
“Vamos, maninho,” provocou Ex, com um tom quase entediado. “Por quanto tempo você vai prolongar essa brincadeira? Estou ficando impaciente.”
Ex agarrou Azrael pelo pescoço, girando seu corpo com força e arremessando-o ao chão mais uma vez. Enquanto Azrael tentava se levantar, uma torrente de socos rápidos caiu sobre ele como uma tempestade. Vários círculos mágicos se formaram ao redor, disparando projetos elementais que explodiram contra o corpo ferido de Azrael.
Mesmo com os ferimentos, Azrael levantou-se. Sangue escorria de cortes profundos, e sua respiração era pesada. Mas o que chamava atenção era o brilho mortal em seus olhos. Havia ali algo inumano, uma fúria que parecia transcender até sua própria divindade.
“Brincadeira, você diz?” Azrael rosnou, sua voz baixa e ameaçadora. “Certo… Você está certo. Acabou.”
Alice, que assistia de longe, murmurou com inquietação. “Mesmo em sua forma normal, Azrael nunca usa todo o seu poder. Seu corpo simplesmente não suportaria. Mas agora… parece que algo mudou.”
Azrael deixou Amaterasu desaparecer de sua mão, um gesto que atraiu olhares de surpresa. Em seu lugar, ele segurou a espada negra que parecia pulsar com uma energia sombria. Ele bateu a lâmina contra o chão, transformando-a em um arco negro. Sem hesitar, você disparou uma série de flechas de mana na direção de Ex.
Ex desviou com agilidade quase insultante, mas Azrael não parou. Transformando o arco em um lançamento, ele avançou com golpes rápidos e precisos, sua técnica atingindo uma perfeição assustadora.
Após recuar por um instante, Azrael respirou fundo. Com um movimento firme, ele abriu seu espaço dimensional, guardando suas armas. Agora, os dois irmãos estavam frente a frente. O campo ao redor parecia parado no tempo, como se o mundo prendesse a respiração diante do confronto iminente.
Azrael, ferido, mas mortalmente focado, exalava a presença de um guerreiro implacável. Ex, por outro lado, permanece calma, mas sua aura carregava um peso indescritível, como se fosse uma manifestação do próprio caos.
Sem aviso, Azrael avançou. Seus golpes foram rápidos e ferozes, um turbilhão de ataques que pareciam engolir Ex. Por alguns momentos, Ex foi forçado a recuar, mas logo encontrou uma abertura. Com um golpe devastador, ele retaliou, mandando Azrael ao chão novamente.
Os dois irmãos se ergueram, ambos marcados pela batalha. Seus corpos exalavam uma mistura de força e exaustão, mas nenhum deles demonstrava intenção de recuperar. A verdadeira luta entre Azrael e Ex estava apenas começando.
No início, a luta parecia equilibrada. Azrael manteve sua agilidade e precisão mortal, enquanto Ex, mais confiante, demonstrou habilidade em neutralizar os ataques do irmão. Golpes foram deferidos em sequência, cada um mais brutal e devastador que o anterior. Mas, apesar do esforço, nenhum dos dois conseguiu dominar o outro completamente.
A multidão, ao redor, estava em frenesi. Gritos e aplausos ecoavam, uma sinfonia de vozes vibrando com cada movimento dos combatentes. Contudo, o clima de motivação escondia uma tensão crescente no ar, uma sensação de que algo maior e mais perigoso estava por vir.
Após uma troca violenta de golpes, Azrael e Ex se afastaram, ambos ofegantes. A destruição ao redor era evidente: crateras marcavam o chão, pedras despedaçadas e árvores reduzidas a cinzas. No entanto, havia algo mais alarmante no ar.
“Estão acumulando mana”, disse Leviatã em um tom baixo, fazendo os observadores ao redor perceberem a densidade absurda de energia ao redor dos irmãos.
Azrael deu início à próxima fase do combate. Concentrou sua mana em uma esfera de fogo abrasador, enquanto Ex canalizou sua energia para as pernas, aumentando significativamente sua velocidade. Azrael avançou primeiro, lançando a esfera em direção ao irmão. Ex, no entanto, desviou com facilidade sobrenatural, revidando com rajadas de vento que empurraram Azrael violentamente contra o chão.
Sem hesitar, Azrael conjurou uma parede de pedra como defesa. Ex, em resposta, saltou sobre a barreira com uma habilidade surpreendente e, canalizando mana em seu punho, desferiu um golpe esmagador que despedaçou a estrutura. Aproveitando a abertura, lançou uma esfera de eletricidade diretamente contra Azrael, atingindo-o em cheio.
Apesar do impacto, Azrael não cedeu. Com uma rapidez impressionante, projetou uma barreira de gelo, criando uma jaula em torno de si que o isolou dos ataques de Ex. Mas Ex não pretendia recuar. Conjurando uma espada de vento em suas mãos, ele atacou a barreira incessantemente. Cada golpe fez o gelo rachar, enfraquecendo-o um pouco mais.
Azrael sabia que deveria agir. Reunindo toda sua mana em uma única esfera de fogo colossal, lançou-a contra Ex. O ataque acertou-o em cheio, arremessando-o ao chão. Aproveitando o momento, Azrael avançou, sua expressão fria é determinada.
Mas Ex não era tão fácil de quebrar. Levantando-se rapidamente, conjurou uma parede de água para amortecer o avanço de Azrael. Em seguida, canalizou o restante de sua energia em um feitiço devastador de raios e luz, disparando-o contra Azrael. O ataque o atingiu novamente, jogando-o ao chão.
A batalha continuou em um ciclo de ataques brutais e defesas estratégicas, cada movimento carregado de uma força descomunal. A multidão assiste com olhos arregalados, incapaz de desviar o olhar. A luta transcendeu o mero confronto físico; era um duelo de vontades, de forças que desafiavam os próprios limites do mundo.
Enquanto isso, Alice assistia à luta com apreensão, o medo evidente em seus olhos. “Cuidado, Ex! Não se arrisque demais!” Ela disse, mas sua voz foi abafada pelo caos da batalha.
Samael, por outro lado, observava com fascínio. “Eles são monstros… mas essa é, sem dúvida, uma luta mais interessante”, comentou, arrancando um aceno de concordância de Belial.
Naara e Leviatã se mantiveram em silêncio, seus olhos fixos em cada movimento. Havia algo de hipnótico na brutalidade e na maestria demonstrada por ambos os lados.
De repente, algo mudou. Os olhos de Azrael, antes negros como a noite, recuperaram seu brilho habitual, um vermelho carmesim deslumbrante. Era um detalhe sutil, mas não passou despercebido por Eriel, que observava atentamente.
No entanto, os outros estavam absortos demais no espetáculo para notar a diferença. Azrael agora se move com uma graça mortal, atacando com precisão cirúrgica. Ex, por outro lado, começou a demonstrar sinais de cansaço, como se lutasse contra algo além do próprio irmão.
E então, Zoe interrompeu os pensamentos de Eriel. “Eriel, você pode me ouvir?”
Eriel piscou, tirada de seu transe. “Há algo errado?” pensou, respondendo à voz.
“Entre no seu mundo interno”, pediu Zoe.
Sem hesitação, Eriel obedeceu. Seu mundo interno era um lugar sereno, repleto de rosas-vermelhas e uma imponente árvore no centro. Uma mesa decorada com sobremesas e chá estava postada, e Azrael e Zoe estavam ali, esperando por ele.
Azrael sorriu ao vê-la chegar, acenando com a cabeça. “Que bom que você veio, Eriel,” disse ele, sua voz calma. “Zoe e eu estávamos conversando sobre a luta.”
Eriel franziu o cenho, confuso. “Azrael… você está aqui?”
Foi então que a revelação caiu sobre ele como um peso esmagador. A figura que estava lutando com Ex… não era Azrael.
“O que está acontecendo?” Disse Eriel, sua voz treme com a sensação de algo terrivelmente errado.
Azrael demonstrou satisfação enquanto respondia, deixando claro que havia recuperado sua consciência apenas alguns momentos antes. No entanto, decidiu continuar a luta contra o Ex, achando interessante observar até onde o irmão poderia chegar.
A explicação gerou confusão em Eriel. Ela não conseguia entender como Azrael poderia estar presente no mundo interno enquanto lutava com Ex, uma vez que seu corpo precisaria de sua consciência para continuar funcionando.
Zoe, percebendo a dúvida de Eriel, decidiu responder:
“Você não está errada,” disse ela, sua voz calma, mas firme. “No entanto, Azrael é experiente o suficiente para dividir sua consciência. Ele consegue permanecer no mundo interno enquanto continua focado na batalha, como se estivesse em dois lugares ao mesmo tempo.”
A explicação parecia desafiar toda lógica, mas Eriel decidiu não contestar. O brilho nos olhos de Zoe indicava que havia mais ali do que ela estava disposta a revelar.
Azrael continuou, sua voz confiada à autoridade:
“Quero que você entre na luta com os cavaleiros. Só você saberá a verdade quando ela começar a se revelar, mas logo todos perceberão. Acho que Samael e Belial já têm suas suspeitas.”
As palavras de Azrael deixaram Eriel intrigada. Ela franziu o cenho e perguntou:
“O que você quer dizer com ‘apenas eu vou saber a verdade’? O que exatamente devo fazer nessa luta?”
Azrael apenas sorriu enigmaticamente. “Você entenderá quando for a hora. Por agora, apenas lute ao lado deles. Será uma grande ajuda.”
Eriel sentiu o peso das palavras de Azrael. Algo grande estava por vir, e ela teria um papel fundamental a desempenhar, embora ainda não tenha entendido qual. Determinada a fazer sua parte, ela concordou e voltou ao mundo real.
Ao abrir os olhos, Eriel se deparou com o campo de batalha devastado. Crateras fumegantes e pedaços de terreno destruídos foram testemunhas da intensidade do confronto entre Azrael e Ex. Ambos estavam parados no centro do caos, ofegantes.
Azrael cortou o silêncio com uma declaração fria:
“Ainda não está bom… Você é fraco.”
Ex, com o rosto marcado pela exaustão, retrucou:
“Criar o portal consumiu muita da minha energia. Mas isso não importa.”
Azrael lançou um olhar severo para os cavaleiros que estavam afastados. “Vocês, juntem-se ao seu companheiro para lutar.”
Os quatro cavaleiros se entreolharam, confusos. Apesar de não entenderem plenamente os motivos de Azrael, eles obedeceram, preparando-se para o que estava por vir. Zenith, Naim e Naara ficaram estranhamente animados, pois acreditavam que, agora, havia uma chance real de vitória.
“Reencarnação do Dragão do Tempo”, chamou Azrael, voltando seu olhar para Eriel. “Me enfrente também.”
Eriel respirou fundo. Ela sentiu o peso de cada olhar sobre si, mas não hesitou. Caminhou em direção a Azrael, determinada.
No campo devastado, todos os combatentes estavam prontos. A tensão no ar era quase palpável. Os ventos carregavam o cheiro de destruição, enquanto os céus nublados refletiam a gravidade daquele momento.
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