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    Aconteceu após as garotas terminarem o cartão da guilda. Seguimos até a sala de teleporte principal. Normalmente, não era possível utilizar teleporte na cidade, uma regra conhecida por todos, mas com a permissão do líder e criador da guilda, não foi realmente um problema.

    Fomos enviados para um planeta próximo de Aetheria, já que o local de nossa missão estava sofrendo com a maldição. Antes de entrarmos no planeta, usei minha autoridade como cavaleiro e criei uma barreira para proteger Eriel da infecção, mas o mesmo não aconteceu com Samael e Jofiel, já que ambas conseguiram repelir a maldição.

    Ao chegarmos no planeta, o clima era tenso e o ambiente parecia caótico. Várias pessoas estiveram em situações precárias e pude ver alguns corpos no chão, provavelmente aqueles que já sucumbiram à maldição.

    O líder da guilda nos passou a descrição da princesa das fadas, mas não sua localização, então teríamos que procurá-la por conta própria.

    “Isso é realmente necessário?”, perguntou Eriel enquanto observava as pessoas no chão agonizando devido ao vírus criado pela maldição.

    “Eriel, não se preocupe com essas almas. Eles desejam a morte por pecarem e agirem como…” Jofiel olhou em minha direção, buscando ajuda.

    “Enquanto o povo sofre, os nobres do planeta estão se divertindo em suas casas, mas esses mesmos nobres trouxeram desgraça ao seu povo. Eriel, você acha justo isso acontecer?”

    Desculpe-me, Jofiel, mas não posso apaziguar os pensamentos de Eriel, pensei…

    “Claro que não. Então qual o motivo dos nobres não estarem recebendo o mesmo tratamento?”

    Com um leve sorriso, respondeu: “Você se lembra da história de Sodoma?”

    Foi uma das poucas vezes em que o Deus Supremo interferiu no planeta Terra, ou melhor, interferiu com a humanidade.

    Uma das poucas vezes em que o Deus Supremo interferiu no planeta Terra, ou melhor, interferiu com a humanidade. Com um aceno, Eriel confirmou que conheceu a história.

    “O mesmo aconteceu neste planeta. Pecadores que buscavam apenas a luxúria. Bem, eles cometeram atos hediondos aqui, por isso estão sendo julgados. Você pode pensar que é desigual ver essas almas pobres sofrendo enquanto os nobres se divertem, mas não deveria se preocupar.”

    Eriel não entendeu minhas palavras, então prosseguiu.

    “Quem está causando as mortes é o primeiro cavaleiro, Zenith. Ela está levando aqueles que cometeram o menor pecado. A maldição de Zenith é a mais branda entre as quatro, sendo ela a primeira a aparecer, levando aqueles que não cometeram pecados graves, ou que cometeram pecados leves.”

    Eriel agora parecia entender. Para os nobres e pessoas no poder, as próximas maldições estão direcionadas a eles.

    “Exatamente. Essas pessoas não esperarão no planeta quando o segundo cavaleiro chegar, trazendo consigo a guerra”, completou Jofiel.

    “Guerra, Fome e Morte. Essas maldições são ainda mais cruéis, por isso Zenith é enviado primeiro.”

    Após Zenith terminar seu trabalho, a Guerra, Nain, estará vindo para assumir o seu lugar, trazendo guerra e destruição para aqueles que ainda vivem. Quando Nain terminar sua missão, será a minha vez. Infectarei plantas e animais, destruindo plantações e todos os tipos de alimentos. Mas a ‘Fome’ não significa apenas falta de comida; tudo o que incita a ganância dos homens será destruído. Riqueza, poder, luxúria, nada terá valor quando for a minha vez.

    Por último, Naara. A pior entre os cavaleiros. Mesmo a Guerra não tem autoridade para matar diretamente, mas Naara sim. Ela virá como o último cavaleiro e destruirá o restante da vida no planeta, olhando tudo ao nada e restando apenas nas lembranças daqueles que ouviram falar de Aetheria.

    “Não se preocupe muito com isso, Eriel. Na verdade, você não estará no planeta quando o segundo cavaleiro chegar.”

    Vendo que a situação estava se tornando estranha com um clima melancólico, decidi mudar de assunto para não continuar a conversa atual.

    “De qualquer forma, temos que encontrar a princesa o mais rápido possível. Estamos ficando sem tempo.”

    Até mesmo quando eu estava na Terra, a maldição de Zenith já tinha se ativado em Aetheria. Por isso, tenho quase certeza de que ela logo trocará de lugar com Nain. Precisamos sair do planeta antes que isso aconteça. No momento em que Zenith trocar de lugar com o cavaleiro da guerra, sua maldição chegará ao fim, levando a maioria dos infectados pela maldição junto com ela.

    Caminhamos por várias horas, passando por diversos vilarejos onde as pessoas estavam em estado precário. A atmosfera era pesada e pesada, impregnada com o cheiro da morte iminente. Os rostos das pessoas refletiam desespero e sofrimento, enquanto seus corpos magros e debilitados lutavam para se manterem de pé. O ar ali parecia carregado de desespero e agonia.

    “O ar aqui é estranho”, acompanhou Jofiel em tom desanimado. Mesmo para alguém como Jofiel, que havia testemunhado vários fins trágicos, a visão daquele planeta condenado era difícil de suportar. Observar todos esses indivíduos perecendo sem que pudessem fazer nada era uma sensação estranha e angustiante.

    Eriel, que caminhava ao meu lado, mantinha os olhos baixos, incapaz de enfrentar diretamente o sofrimento à sua volta. Suas mãos tremiam levemente, revelando a mistura de compaixão e impotência que ela sentia. Eu sabia que precisava mostrar um pouco da realidade para ela, fazê-la entender a urgência da nossa missão e a gravidade da situação.

    “Essa é a triste realidade deste lugar, Eriel”, falou suavemente, colocando uma mão reconfortante em seu ombro. “Essas pessoas estão sofrendo e morrendo devido à maldição que assola este planeta. Nós, como membros da Guilda, temos o dever encontrar a princesa e mantê-la a salvo. Apenas isso…”

    Eriel ergueu os olhos para mim, com uma mistura de tristeza e espiritualidade em seu olhar. Ela finalmente compreendia a importância de nossa missão e o impacto que esperava ter na vida daqueles que sofriam.

    “Vamos encontrá-la, Erie”, disse Jofiel com voz firme. “Vamos fazer o que for preciso para trazer justiça e alívio a essas pessoas. Elas merecem uma chance de recomeçar, Um julgamento digno está esperando essas pessoas na vida após a morte.”

    Assentimos em concordância, renovando nossa experiência em encontrar a princesa das fadas e enfrentar os desafios que estavam por vir. Caminhamos juntos, atravessando os vilarejos devastados.

    Andamos por horas e horas, mas sem resultados, um dia inteiro foi o suficiente para procurar pelas vilas próximas onde a princesa foi vista pela última vez, mas não vimos sinais de uma pessoa que não foi pega pela maldição.

    Com pouco mais de uma hora até o sol se por, nós conversamos que seria mais prudente encontrar um local distante das pessoas para passar a noite. Enquanto estavam ocupados preparando tudo para deixar a vila, meus olhos avistaram uma figura feminina deslumbrante, a mais de quarenta metros de distância.

    A medida que meus olhos se fixavam nela, notei que sua beleza era hipnotizante. Mesmo com distância, pude discernir com clareza os detalhes de seu rosto. Seus olhos verdes, brilhantes e cativantes, transmitiam uma mistura intrigante de cansaço e mistério. Eles podem carregar histórias e experiências que só poderiam ser desvendadas por quem se dispusesse a se aproximar.

    Seu rosto jovem, apesar dos traços levemente cansados, exibia uma inteligência inabalável. Parecia ser o reflexo de uma alma resiliente que enfrentava desafios e superou obstáculos ao longo da vida. Uma aura de mistério pairava ao seu redor, como se existisse muito mais do que parecia.

    Os cabelos curtos em um tom verde-amarelado adicionam um toque de excentricidade à sua aparência. Era como se ela se recusasse a se encaixar nos padrões e buscasse uma forma única de expressão.

    Suas roupas, apesar do desgaste visível, não diminuíam sua presença marcante, apenas adicionavam um ar de proteção e autossuficiência.

    Um leve sorriso se formou em meu rosto ao observá-la, e Samael, percebendo minha expressão, direcionou seu olhar para a jovem e sorriu consigo mesma.

    “Samael, não estou vendo errado, estou?” perguntei, buscando confirmar minhas suspeitas.

    “Acredito que não”, respondeu Samael, seus olhos curiosos fixados na garota de olhos verdes.

    Com uma rápida movimentação, me aproximei da mulher de olhos cativantes e, com um sorriso suave, disse: “Como tem passado, Luna Caelum?”

    O rosto de Luna enrijeceu enquanto me observava com surpresa, mas logo seu semblante se iluminou e ela pulou em meus braços de maneira animada, fazendo-nos girar um pouco para manter o equilíbrio.

    “Azrael, Az! Há quanto tempo, meu amigo!” exclamou Luna, sua voz transbordando alegria e nostalgia.

    Nunca imaginei que Luna fosse a princesa que estávamos procurando, mas quando a segurei, pude sentir a suave e sagrada magia que a envolvia, protegendo-a da maldição que assolava o planeta.

    “Espera, espera um pouco. Você me chamou de Caelum? Como você sabe?” indagou Luna, sua curiosidade evidente em seus olhos brilhantes.

    Mesmo animada com nosso reencontro, Luna pareceu recolher seus pensamentos rapidamente, buscando compreender a situação.

    “Fácil. Azrael veio até o planeta em busca de uma Caelum capaz de resistir à maldição”, explicou Samael, enquanto me observava colocar Luna suavemente no chão.

    “Então você descobriu? Bom, não era como se eu estivesse escondendo.” Luna sorriu, reconhecendo que sua linhagem não era um segredo tão bem guardado.

    Ela estava certa. Nunca havia perguntado sobre sua ascendência, mas se soubesse que Luna era a princesa das fadas, teria poupado bastante trabalho e incertezas.

    “Esse não parece ser o lugar certo para conversas…”, comentou Luna, seus olhos perscrutando o entorno, onde as ruínas e a desolação dominavam. “Vai anoitecer logo. Vamos até a minha casa, um refúgio seguro, para que, possamos conversar com mais tranquilidade e privacidade.”

    Aceitando sua sugestão, seguimos em direção à morada de Luna.

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