Capítulo 7: Artes marciais
De noite, quando as luas brilhavam intensamente no céu.
Em uma estrada feita por um caminho de terra seca e aos arredores dela cercada por uma vegetação.
Uma carruagem andava por esta entrada, sendo puxada por um cavalo.
Na carruagem, um candeeiro iluminava o seu caminho. Mas quanto mais andavam, o cavalo parou abruptamente e entrou em pânico.
“Calma! Calma! O que foi rapaz?”
Diz o cocheiro da casa dos 40 anos que acalmou o seu cavalo. Ele tinha um corpo enorme, era careca, e estava vestido com roupas simples de cor marrom.
Quando ele olhou atentamente para a estrada, viu o corpo de uma pessoa deitado no meio da estrada.
“O que é isso?”
Diz ele com curiosidade.
O senhor desceu da sua carruagem, se aproximou do corpo e iluminou com seu candeeiro.
A pessoa parecia um jovem de 16 anos, ele tinha um aspecto horrível, suas roupas estavam sujas e em farrapo, e a região do seu olho esquerdo parecia queimada.
A pessoa deitada ali no chão era Ken, parecendo desmaiado.
“Este cara parece horrível. O que será que aconteceu com ele?”
Disse ele enquanto olhava para o desmaiado Ken.
§§§§
Ken estava abrindo lentamente seus olhos, e a primeira coisa que viu foi um teto não familiar.
Um teto feito de madeira.
“Onde…estou?.”
Ken levantou a parte superior do seu corpo e olhou ao redor.
Ao contrário da mansão, onde seu quarto era enorme, com inúmeros móveis, um teto de gesso, todo quarto iluminado por luzes de artefatos mágicos.
Em sua visão estava um pequeno quarto levemente escuro, iluminado por um pequeno candeeiro na banca ao lado da cama. Os únicos móveis eram a pequena cama onde Ken se encontrava, uma pequena mesa de madeira com uma cadeira e a banca que sustentava o candeeiro. Todo o quarto era de madeira.
“Hm?”
Ken de repente notou uma sensação estranha na área do olho esquerdo, então moveu a mão e tocou a região.
Algo macio estava por volta do seu rosto, cobrindo a área do olho esquerdo. Um esparadrapo.
“…Não dói. Não, além disso, é confortável.”
Aquela dor flamejante que ele estava sentindo antes não se encontrava mais, ao invés disso, o esparadrapo trazia uma sensação confortável.
‘Quem foi que fez isso? Não, como foi que eu vim parar aqui?’
Ken se lembrava de ter corrido sem parar, o resto era história, ele simplesmente apagou.
Para suprimir as dúvidas, Ken levantou-se da cama e caminhou até a porta. Abrindo a porta, encontrou um pequeno corredor de madeira com um espaçamento de um metro, com uma porta à sua frente e uma porta a dois passos à sua direita.
Na sua esquerda encontrava-se uma escadaria que levava para o andar de baixo, sem pensar muito, Ken começou a descer pela escada.
Depois de descer, Ken olhou pela direita. Em uma pequena sala, um casal estava presente.
Um homem de meia idade, grande e careca, sentado na mesa, e uma mulher de meia idade que estava servindo a mesa com comida.
“Hm? Oh! Parece que você finalmente acordou.”
Disse o senhor sentado na mesa de jantar.
“Ah…sim, olá.”
Ken respondeu sem jeito enquanto olhava para eles.
“venha para cá e senta connosco, o jantar está quase pronto.”
“…Certo.”
Mesmo que estivesse confuso, Ken não conseguiu recusar o pedido do senhor, e então sentou-se à mesa de jantar.
§§§§
Em uma pequena sala, três pessoas estavam sentadas ao redor de uma mesa redonda.
Estas pessoas são Ken e o casal que o salvaram na estrada.
O nome do senhor é Bertolt e da senhora Hannah.
Por cima da mesa não tinha muita coisa, apenas um punhado de peixe, salada e um cesto cheio de pão para acompanhar.
Enquanto comiam, Ken descobriu que havia dormido durante dois dias desde que o encontraram.
‘Acho que faz sentido, dado que consegui percorrer toda aquela floresta e chegar até uma estrada. Mas…como foi que eu consegui chegar até aqui?’
Isto foi o que o incomodava. A floresta ao redor da mansão onde eles se encontravam era incrivelmente vasta, embora não soubesse seu tamanho total, não era algo que ele poderia percorrer apenas correndo, ainda mais na sua condição atual.
‘Poderia ser aquele poder de novo?’
Era a única solução plausível, no momento em que Ken selou o portal, um poder havia tomado conta dele.
‘…’
Mas estes pensamentos o fizeram lembrar do que aconteceu na mansão naquela hora da noite.
Um sentimento de repulsa surgiu dentro dele. Sem saber, Ken fechou o punho com força até que as unhas cravaram na sua pele e franziu levemente a testa.
“Como está a comida?”
“!?”
Foi quando Ken se lembrou de que não estava sozinho, quando seus pensamentos foram interrompidos pela voz da senhora da casa, perguntando o que achava da pergunta.
“…Sim, e-está bom.”
Sabendo se eles notaram ou não sua mudança súbita de expressões, Ken respondeu sem jeito.
Eles o salvaram quando desmaiou, cuidaram de suas feridas e ainda o deixaram ficar por dois dias, então Ken não queria ser desrespeitoso com as pessoas que o salvaram.
“Como está o seu olho? Ainda sente alguma dor?”
Perguntou Bertolt, apontando para o olho de Ken.
“Não… realmente não dói.”
‘O que dói é outra coisa…’
Mesmo Ken dizendo que não era nada, não conseguia tirar a expressão rígida no rosto.
Bertolt captou cada expressão no rosto de Ken. Ele parecia estar em conflitos com as suas próprias emoções. Depois de pensar muito, Bertolt decidiu e falou
“Você quer passar um tempo conosco?”
“!? O quê!?”
Respondeu Ken, surpreso pela oferta repentina, mas Bertolt continuou.
“Parece que você tem muito em que pensar, e também não me parece que tenhas para onde ir, estou correto?”
“Bem…”
Ken não queria admitir, mas Bertolt estava certo. Depois do que aconteceu naquela noite na mansão, Ken não teve coragem de voltar, ainda mais, ele nem sabia onde se encontrava o lugar. Também não podia sair por aí explorar um mundo desconhecido.
Mas Kenn não terminou sua frase porque não queria se aproveitar do casal que cuidaram dele, eles o acolheram e o ajudaram, pedir mais seria rude.
E mesmo que eles o tenham ajudado, eles ainda eram estranhos para Ken. Ele não queria que a mesma situação com o príncipe se repetisse
Mas então Bertolt cortou os conflitos de Ken mais uma vez.
“Sua cara diz tudo garoto, você não precisa se preocupar conosco, nós estamos ajudando você porque foi escolha nossa, você pode passar alguns dias aqui até decidir o que realmente queres fazer. O que achas querida?”
“Por mim tudo bem, além do mais já está de noite e não seria correto deixar um menino da sua idade andar por aí assim, então pelo menos passe mais uma noite aqui, hm?”
Hannah falou com uma voz gentil
Ken se sentia estranho pelo casal que o recebiam sem desconforto. De repente Ken se lembrou de sua casa, ao contrário desta casa, seus pais sempre o tratavam como se fosse um estranho e finalmente o expulsaram quando completou 18 anos. Mas este casal estranhamente o pediam para ficar, foi realmente estranho.
Então Ken abriu a boca e decidiu.
“…Certo, eu ficarei.”
“Certo! Agora que tudo foi decidido, vamos comer!”
O trio então continuou a comer até a hora em que cada um foi dormir.
§§§§
No dia seguinte.
De manhã cedo, Ken acordou no quarto que lhe foi entregue pelo casal. Sem pensar muito, levantou-se e preparou-se antes de deixar o quarto.
Chegando no andar de baixo Ken não encontrou o casal, então presumiu que ainda estavam dormindo pelo horário em que acordou. Foi quando ouviu um som de passos fortes e respiração pesada.
“Ah! Uf…”
Era um som familiar para Ken, era o som de alguém treinando, e vinha da traseira da casa.
‘Alguém está treinando?’
Para esclarecer as dúvidas, Ken se dirigiu para a porta que levava para a traseira da casa e abriu.
Não muito longe estava o senhor da casa, sem camisola enquanto dava socos no ar com uma postura de combate.
Ele tinha um físico enorme dado o seu tamanho, mas sem sua camisa, seu verdadeiro físico foi revelado, com enormes e equilibrados músculos.
Sempre que ele dava um soco parecia que o próprio ar se dissipava com a pressão de seu punho. Seu trabalho de pés também não era normal, ele dava passos para frente, para o lado, frente, trás com uma velocidade que vai além de uma pessoa comum.
Ken ficou maravilhado pelos movimentos de Bertolt que iam além da sua compreensão, nenhum humano normal poderia executar tais movimentos, então Ken só teve um palpite.
“Seria ele um usuário de mana?”
Esta seria a única razão, mas como Ken não possuía mana não podia dizer o que realmente era, então apenas ficou parado observando os movimentos de Bertolt.
Foi quando Bertolt notou a presença de Ken.
“?…Oh, você acordou?”
Quando notou Ken, Bertolt parou seu treinamento e começou a repousar.
“…Senhor, você é um usuário de mana?”
Não aguentando a curiosidade, Ken perguntou.
“Mana? Bem…algo parecido.”
Embora Bertolt tenha sido pego de surpresa pela pergunta repentina de Ken, ele respondeu.
“Parecido?”
“Bem…como devo explicar…”
Depois de pensar muito, Bertolt fez uma pergunta.
“Você sabe o que é a mana, certo?”
“Sim, mana é a energia que circula pelo mundo.”
“Exato, e todo mundo utiliza desta mana para canalizar em seus corpos, que são o que chamamos de núcleos de mana. Agora, você sabe como cada um canaliza sua mana?”
“…”
Ken ficou em silêncio não sabendo da resposta.
“Então deixe-me explicar. Os magos canalizam a mana em seus corações, os espadachins, guerreiros ou cavaleiros canalizam no centro da barriga. Também existem os artistas marciais.”
“Artistas marciais?”
“Sim, os artistas marciais canalizam sua mana na região do abdômen. Você sabe explicar porque cada um tem um núcleo de mana em locais diferentes?”
Diante da pergunta de Bertolt, Ken balançou a cabeça.
“Para que os magos possam utilizar magia, é necessário que o núcleo de energia esteja em seus corações, enquanto os espadachins para que possam utilizar a aura, é necessário que o núcleo de mana esteja localizado no centro do peito. Porquê disso eu não sei, então não pergunte. Agora, quanto aos artistas marciais…”
Os artistas marciais armazenam a mana no abdômen para que possam utilizar o ki. Eles utilizam o ki para fortalecer o corpo através dos meridianos ou pontos de acupuntura. Deste modo exercendo uma tremenda habilidade física natural.
“Entendo…”
Disse Ken, enquanto esfregava o queixo.
“Sim, mas o número de artistas marciais começou a cair drasticamente, eles deixaram de ser valorizados.”
“Hm? E por que isso?”
Ken perguntou em dúvida.
“Bem, isto não é óbvio? Em uma luta de alguém que depende apenas de força física contra alguém que utiliza energia nas espadas, quem você acha que tem a vantagem?”
“…”
Ken não respondeu, mas o silêncio em si já foi uma resposta.
“Exatamente, eles perdem completamente contra a aura. Também existem vários outros motivos.”
A vantagem do ki é que ela fortalece os ossos, a carne e a pele do usuário consoante o treinamento e a quantidade de mana que a pessoa possui, mas isto já deixou de ser uma vantagem.
Embora os magos sejam conhecidos por terem o físico mais fraco, eles conseguem superar isto fortalecendo seus corpos com magia.
Os usuários de aura vão ganhando mais força física consoante a quantidade de mana e treinamento, embora não sejam comparados aos artistas marciais, eles superam isso aumentando suas forças físicas e defesa cobrindo seus corpos com aura.
Por estas várias razões os usuários de artes marciais foram decaindo com o passar do tempo.
“Entendo…”
“Sim, infelizmente eu sou um usuário de artes marciais, então eu posso apenas…”
“Senhor, você pode me ensinar artes marciais?”
“…O que-!?”
Bertolt quase engasgou com o pedido de Ken, olhando para ele quase incrédulo.
“Artes marciais? você não ouviu o que eu acabei de dizer?”
“Sim, eu ouvi, por isso tenho certeza disto.”
“…Garoto, ouça bem o que lhe vou dizer. Quando uma pessoa cria um núcleo de mana, ou ele é um guerreiro, um mago, ou um artista marcial. No momento em que você criar um núcleo de mana, já não poderá criar um outro tipo de núcleo. Portanto pense bem, a não ser que você não tenha nenhum talento para ser um guerreiro ou um mago, o ensinarei com prazer. Mas, se não for esse o caso, aconselho que não estragues o seu futuro.”
Bertolt foi firme com as suas palavras. Assim como ele disse, no momento em que você cria o seu núcleo de mana em um local específico, sua profissão já foi firmada. Ou és um guerreiro, um mago ou um artista marcial.
“…Obrigado pela preocupação, mas, eu já me decidi.”
Respondeu Ken com firmeza.
“Hm…”
Bertolt olhou para o rosto de Ken, captando a vontade inabalável em seus olhos.
Ken não disse apenas por falar, foi o resultado de muito pensar e avaliar os resultados. Ken não podia utilizar magia. Embora aquilo que aconteceu na floresta supostamente seja magia, não era algo que ele pudesse controlar.
E também não podia segurar uma arma, o que já foi comprovado. Então a única coisa que lhe restava era aprimorar suas próprias habilidades físicas, e ele poderia fazer isso aprendendo artes marciais. Era a melhor escolha que ele considerou no momento.
Até que ele soubesse como utilizar aquele poder misterioso mais uma vez, seguir o caminho das artes marciais por enquanto não parecia ruim. A questão agora é saber se seria possível.
“Huff…certo, primeiro tire a camisa.”
“…O quê?”
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