Capítulo 39 - Olhos de Sangue
2 de Janeiro de 19xx
Ao som do canto dos pássaros e do murmúrio do vento entre as folhas, uma mulher seguia pela trilha, submersa na floresta. A luz do sol, filtrada pelo dossel das árvores, desenhava no solo um mapa natural de folhas secas, que a orientava. Seus pés nus amoleciam a terra úmida a cada passo.
A mulher alcançou uma clareira, que se revelava como um portal para um mundo distinto. No seu centro, destacava-se um santuário, uma estrutura de pedra sombria que brotava do solo. As suas paredes, revestidas de musgo e líquenes, remetiam à passagem do tempo e ao poder perene da natureza. A pesada porta de madeira, adornada com símbolos ancestrais, estava semiaberta, como um convite para que ela adentrasse.
Com um gesto de reverência, a mulher afastou uma mecha de cabelo que lhe caíra sobre o rosto e entrou no santuário. A madeira, desgastada pelo tempo e pelas orações de inúmeras gerações, rangia sob os pés dela. As únicas fontes de luz eram pequenas janelas em forma de cruz, que projetavam feixes de luz sobre as paredes empoeiradas. Um silêncio profundo reinava no local, interrompido apenas pelo som do crepitar das chamas em um braseiro quase extinto.
No centro do salão, um altar de pedra cinza jazia sob uma camada fina de poeira. Velas consumidas e cinzas dispersas indicavam que rituais vinham sendo praticados ali por séculos. Sobre o altar, um vasto espelho negro capturava a imagem da mulher. Ela tinha as vestes que eram uma mistura de preto e prata, como se tivesse sido confeccionadas a partir da própria essência da noite estrelada. Seus cabelos dourados caíam como uma gota de ouro derretido, e seu olhar ardente e carmesim, se perdiam em sua obscuridade.
Nos nichos das paredes, estatuetas de madeira representavam as três divindades de um culto ancestral.
— A presença dela aqui é uma afronta à nossa paz!
— Nós a condenamos à morte como a bruxa que ela é!
— Famílias destruídas, crianças órfãs, tudo culpa daquela desgraçada! Ela pagará pelo caos que criou com a vida dela no fogo!
— Os campos estão inférteis, o gado está definhando. Tudo por causa dessa coisa amaldiçoada! A morte dela é muito pouco!
— Vimos as plantações apodrecerem e os rios secarem. Que o fogo incinere ela e sua maldição!
O coro de vozes zumbia em seus ouvidos como um enxame de abelhas furiosas. Falsas acusações soaram como um sino fúnebre, condenando-a à fogueira. A multidão, cega pela ignorância e pelo medo, lançou-a como bode expiatório de todos os seus infortúnios. Ela, porém, sabia da verdade. Sabia que era inocente, que era a vítima, e não a vilã. Mas a verdade, muitas vezes, era a primeira a ser sacrificada.
Um bebezinho dormia profundamente nos seus braços, alheio ao julgamento e ao destino que estava prestes a acontecer. Colocou-o sobre o altar e o cobriu com panos de linho branco.
— O ódio gera mais ódio. Se a condenação é minha, que seja um gesto de paz para você, meu pequeno.
Seus olhos amoleciam, e um leve sorriso delineava seus lábios. Ao inclinar-se, depositou um beijo na testa da criança, firmado em um voto silencioso de amor eterno. Uma única lágrima fugiu, traçando um caminho pelo seu rosto até cair sobre o tecido suave que aconchegava o bebê.
— Pois mesmo quando o mundo parecer perdido e as incertezas se multiplicarem, lembre-se de que temos o mesmo sangue, uma linhagem que nos une por inteiro. — Sua voz, embora fraca, carregava a força de um oceano.
O povo, até então hospitaleiro, transformou-se numa turba aterrorizada e enfurecida, exigindo justiça com um fervor que nunca abrandou.
— É como se todos estivessem tomando o caminho errado, enganados por coisas que não são reais.
Os sons dos gritos ressoavam como trovões numa tempestade, escondendo a realidade por detrás de um ruído estridente de desconfiança.
— E com certeza essas pessoas continuarão perdidas nessas mentiras.
O vento uivava entre as árvores, ressoando os clamores da multidão. Contudo, ela percebia uma voz distinta, mais terna e ancestral, a voz da natureza que a concebera. A terra, água, ar, todos eles testemunhavam sua inocência. Ela tinha a certeza de que a verdade emergiria, tal como a primavera desabrocha após o inverno severo.
— Não posso deixar de imaginar o que o futuro reserva para você. Mas acredito que será forte, não apenas no corpo, mas também no coração.
Os Olhos de Sangue eram um legado raro, transmitido como uma marca de maldição ou bênção. Nos globos rubros de Mikael fervilhava uma chama cor de carmesim, capaz de lhe conceder mais do que uma simples visão e de fazer com que o tempo se curvasse à sua frente ao insinuar possibilidades antes mesmo de estas se concretizarem.
“Por um minuto…”
O rugido do Mephisto irrompeu pelo ar em ondas de som bruto, nascidas da garganta de um corpo moldado para destruir. Ergueu-se no espaço um punho denso de músculos e ossos, pesado demais para a lógica, mas rápido demais para a razão.
O silvo agudo do golpe rasgou os ares ao desabar sobre Mikael que, por momentos, teve a sensação de que tudo à sua volta estava prestes a desmoronar-se sobre si.
Ele, porém, mostrou-se imperturbável. No seu rosto, uma neutralidade desconcertante. Os seus olhos de um vermelho intenso acompanharam a investida com atenção calibrada.
A um passo do impacto, deslocou o corpo para o lado, deixando o punho passar rente ao torso.
O ar comprimido pela passagem do golpe estalou em ondas violentas, que lhe açoitavam os cabelos e faziam abanar as roupas.
O pátio estremeceu com a força da rajada e, com ela, partiram-se pedras, voaram mesas e derrubaram-se estruturas, tudo sem que nada tivesse tocado o chão, mas impondo-se a fúria no espaço.
“… esse poder ficará ativo.”
Mikael levantou a perna em arco, e todo o seu corpo vibrou na mesma frequência da energia negativa que o rodeava. As ondas avermelhadas escaparam da pele como brasas sopradas pelo vento.
Quando o golpe desceu, incidiu sobre a espinha da criatura, fendendo ossos, músculos e ar como algo impossível de conter.
O choque fez-se ouvir num estrondo retumbante e um clarão rubro, acompanhado do estampido seco da carne comprimida contra o chão.
A besta foi lançada ao longe, levada pela força do ataque. Rodopiou no ar, espalhando poeira e fragmentos de pedra desprendidos das bordas rachadas do calçamento.
Ao tocar na relva, rolou desordenadamente, cavando um sulco desigual até ser detida pelo seu próprio peso. A superfície da terra abriu-se à sua passagem ao esmagar folhas, pétalas e galhos, num único traço de devastação.
Saiu-lhe da garganta um rugido e um lamento cheios de raiva impotente. Tentou firmar as garras no solo, mas os músculos continuavam à mercê da lembrança do golpe. Apesar disso, os seus curtos e irregulares suspiros indicavam que a luta estava longe de terminar.
O fluxo na mente de Mikael não se acomodava em linhas retas ou se fixava em certezas. Era um turbilhão de imagens e desfechos que se sobrepunham em camadas pulsantes diante dos olhos. As hipóteses de sucesso eram múltiplas, dividindo-se em várias opções que se sucediam em momentos efêmeros — o momento oportuno, a falha evitada, o contra-ataque vigoroso, a brecha ínfima que poderia ser aproveitada.
A cada fração de segundo, lhe eram apresentados uma sucessão de destinos breves, todos à espera de serem escolhidos.
Ele observava a criatura e antecipava os seus próximos passos, desde o modo como os ombros se inclinavam, a forma como os joelhos se curvavam e a força bruta que se deslocava em direção ao solo.
O tempo dilatava-se neste intervalo, convertendo a observação das ações em algo quase sensível ao toque, tornando até a respiração do inimigo um indício da sua intenção de atacar.
“Agora.”
Com a abertura momentânea, Mikael deslizou para a escuridão, fundindo-se com as sombras como se fizesse parte delas. Uma pulsação quase tátil emanava do movimento, alterando o próprio ar. Ele não apenas desaparecia da vista, mas também da percepção, tornando-se uma ausência que confundia até mesmo a lógica.
De repente, surgira sobre o Mephisto e caíra logo após. A força do impacto de seus pés contra a barriga da criatura foi devastadora, a ponto de afundá-lo profundamente no solo. O som da colisão reverberou como o estalar de um trovão abafado, enquanto a terra rachava e cedia ao redor do corpo monstruoso.
A energia negativa em seu interior começou a reagir, sob a forma de redemoinhos invisíveis que pulsavam com intensidade crescente, quando Mikael estendeu o braço.
A mão dele se moldou, os dedos se esticaram e endureceram, revestidos por um brilho iridescente. Era como se a energia tivesse se solidificado, transformando o braço em uma arma viva.
Mikael apontou para a carne escamosa da criatura, e a luz oscilou ao redor como uma promessa de destruição iminente.
— Bang!
O espaço, uma dimensão que se estendia infinitamente em qualquer direção, deu lugar à presença imponente de Mikael com um único movimento.
A técnica golpe mirava diretamente a cabeça da criatura, mas o Mephisto reagiu no último instante, torcendo o corpo grotescamente. O feixe acertou o ombro esquerdo, ainda assim com força suficiente para fazê-lo explodir em um borrão de sangue escuro e fumaça.
Seu corpo se dobrou sob o impacto, músculos se romperam, tendões se esticaram além do limite e seus ossos se fraturaram, tudo carregado pela energia negativa.
Uma distorção no ar ao redor foi criada pela pressão do golpe, como ondas de calor subindo de uma superfície fervente.
“Por pouco!”
Mesmo que seus olhos servissem como portais para um domínio infinito onde ele poderia exercer as forças que moldavam a essência de seus poderes, continuava sendo um desafio formidável. O poder absoluto que surgia dentro dele corria o risco de engolfá-lo, semelhante a um mar tempestuoso à beira de romper seus limites.
Do outro lado, apesar de toda extensão do braço do Mephisto ter sido destruída completamente, tentáculos irromperam do ferimento, contorcendo-se e retorcendo-se como serpentes antes de se unirem em uma mão improvisada, pronta para agarrá-lo.
Mikael estendeu o braço e uma onda de energia bruta pulsou da palma. Ela se chocou contra os tentáculos, repelindo-os com um respingo repugnante, permitindo que ele escapasse.
“Vai ser um problema gastar esses olhos aqui. Tenho que acabá-lo antes do tempo limite.”
Ele abria caminho entre as fileiras de videiras enquanto avançava. A brisa da noite trazia o cheiro da terra úmida, mas o som pesado da respiração do Mephisto logo atrás tornava impossível ignorar a ameaça iminente.
Um golpe rápido do Mephisto desceu como um martelo. A criatura atacou com força descomunal, e Mikael teve apenas tempo de erguer o antebraço para bloquear.
O impacto ressoou com um baque seco, como o som de madeira rachando, e percorreu seu corpo, estremecendo-o.
As fissuras na terra se espalharam como ondas sob suas botas, e o chão tremeu como se estivesse vivo. Com a pressão esmagadora, suas pernas começaram a ceder, mas ele se manteve de pé.
Ele aproveitou a fração de segundo que ganhou, girou o corpo e atacou com a palma aberta, deslizando a mão como uma lâmina até atingir o torso grotesco do inimigo. Imediatamente após o contato, uma onda de energia explodiu de seus dedos, branca e quente, um clarão tão intenso que transformou a noite em dia momentaneamente.
O Mephisto foi lançado para trás, girando no ar antes de atingir o chão. A colisão cavou um sulco profundo na terra, expondo raízes quebradas e pedras chamuscadas, com a vegetação ao redor carbonizada pelo calor residual.
Mikael se endireitou. Seu peito subia e descia enquanto sua aura carmesim pulsava ao redor, crepitando como fios elétricos expostos.
Avançou em direção à escuridão, como um borrão escarlate. A luz pálida da lua se fixava nele, cúmplice, conspirando para iluminar seu caminho. A energia em seu punho pulsava, intensificando-se a cada passo, rumo ao desferimento de um soco devastador.
O Mephisto, porém, não era tão previsível. Ele demonstrou uma agilidade antinatural ao se inclinar para o lado no último momento, sendo rápido o suficiente para evitar o golpe fatal.
O punho de Mikael encontrou o chão pesadamente, abrindo um buraco no terreno. Surgida com a explosão de impacto, a cratera lançou detritos e terra para o alto.
Ouviu-se o som do golpe como o estrondo de um trovão, e o tremor que se seguiu sacudiu as videiras ao redor.
Desestabilizado pela força do próprio ataque, Mikael tropeçou ligeiramente, sentindo o peso esmagador da energia que percorria seu corpo. Ele cerrou os dentes, endireitando-se novamente, os punhos cerrados, a aura ao redor queimando como fogo líquido.
“Ele ainda está se adaptando. Não é só uma questão de instinto. Ele está processando os padrões do combate, ajustando a postura, calibrando a força. Não é algo natural, é quase… sistêmico.”
Um sentiu o suor escorreu pela têmpora, não pela exaustão, mas pela inquietação que vinha se formando.
“Essa coisa não é só força. É um sistema vivo, uma adaptação contínua. Como uma máquina biológica que analisa e responde. Se eu não aumentar o nível, ele vai me alcançar.”
Tentáculos pesadelentos emergiram da nuvem de poeira levantada pela esquiva de Mephisto. Lisas e negras como obsidiana, chicoteavam como vinhas maléficas, enroscando-se no braço esquerdo de Mikael com um aperto que causava náuseas.
— Tudo bem, grandão. Vamos ver se você consegue acompanhar isso.
Os Olhos de Sangue, orbes de herança, resplandeciam com um brilho frio em contraste com a raiva fervente que o consumia. A antecipação, uma premonição arrepiante, pulsava por ele.
Firmou os calcanhares no solo perturbado, resistindo ao ataque.
Mikael não era naturalmente forte, mas era um canal de poder bruto e não adulterado que utilizava a energia negativa que passava por ele, uma barganha faustiana por uma força imensa.
Seus músculos operavam muito além da capacidade normal, energizados pela força negativa. Esse poder extraordinário aprimorou seu sistema muscular, diminuindo a resistência interna das fibras e permitindo movimentos com o mínimo de atrito.
A intensidade de suas ações fraturou o solo, que não pôde suportar o torque rotacional da explosão de energia súbita. Combinando a rotação de seu corpo com a violência do ataque do Mephisto, as forças unidas lançaram a criatura numa trajetória balística.
Ele deslizou pelo ar como um dardo, impulsionado pela manobra conjunta de Mikael e sua força ampliada. Sua rota o conduziu para a segurança das árvores restantes, agrupadas sob um pedaço de céu banhado pela luz da lua.
O agente observou, com energia negativa crepitando ao redor de seu braço, se chocando contra o tronco robusto de um bordo, emitindo um som surdo. O impacto gerou ondas de choque ao redor, como um terremoto em escala reduzida. Folhas caíram das árvores, como uma chuva de confetes, celebrando o encontro.
“Isso tem que funcionar.”
Por cima do seu dedo indicador direito, um clarão branco anunciava a sua técnica, que rodopiava muito mais depressa do que qualquer coisa que o pudesse ter seguido e assumia a forma de uma esfera com carga positiva:
「 Ponto de Convergência 」
A energia vibrava como o cerne do cosmos. Mikael direcionou essa força para a ponta de seu dedo, concentrando-a em um nódulo brilhante. A luz era ofuscante, como uma estrela, condensando uma energia imensa em um espaço minúsculo.
Ao liberar essa força no centro, a energia positiva iniciou uma reação em cadeia, uma implosão controlada que distorceu o espaço ao redor. Como um vórtice insaciável, ela sugou tudo em seu caminho, desde partículas subatômicas até a matéria, formando um ponto de singularidade.
「 Singularidade 」
O Ponto de Convergência não era apenas uma demonstração de poder, era também um canal para a harmonia destrutiva da Singularidade.
Um vórtice giratório de energia negativa pulsava com um brilho sobrenatural, atuando como um farol que desafiava as fronteiras do espaço, onde as energias positiva e negativa se encontravam e se condensavam com tamanha força que distorciam tudo à sua volta.
O ar vibrou em resposta, carregado de energia caótica. O vórtice tornou-se uma anomalia cósmica, um ímã que atraía tudo ao seu alcance. Seixos ricochetearam no chão, folhas se soltaram de seus galhos e até mesmo a luz da lua se dobrou e foi distorcida ao girar em direção ao redemoinho.
Mesmo o temível Mephisto, com tentáculos que penetravam profundamente no solo, não pôde resistir à força da técnica, já que suas tentativas desesperadas de resistir se mostraram inúteis, como tentar resistir à força gravitacional de um buraco negro.
Assim como a luz não consegue escapar do abismo cósmico, qualquer substância que se aproximasse demais era comprimida em um plano vazio que existia na concentração espacial.
Quando Mephisto foi finalmente absorvido, a esfera compressora retraiu-se até desaparecer da vista, deixando o inimigo vulnerável à derrota; a fonte a ser superada.
O que antes era um adversário irritante agora não passava de uma lembrança fumegante.
O tempo do Olhos de Sangue, em três segundos, atingiu seu limite, sendo desativado.
— Não vai o matar, mas garantirá que ele nunca mais volte.
Ele se dirigiu para a saída da Prairie Berry Winery. Uma vista para a cidade revelou uma visão horrível – um enxame de Mephistos inundando as ruas de Hill City à distância.
— Essas coisas estão…
Vrr
Seu celular, apesar do tumulto que enfrentou, ainda parecia estar funcionando quando vibrou em seu bolso. Pegou e percebeu que era alguém da agência que estava ligando.
— Mikael, é a vice-líder, espero que esteja bem. Estive analisando os relatórios recentes sobre a distribuição de Mephistos em Hill City e não pude deixar de notar que essa manifestação tem apresentado uma demanda considerável nas últimas 24 horas. Estou aqui para garantir que todos os departamentos recebam o suporte necessário. Você está precisando de reforços?
— E aí! Primeiramente, agradeço pela preocupação. Na verdade, estamos indo muito bem por aqui, e a equipe está conseguindo lidar com a carga de trabalho.
— Temos alguns dados estatísticos recentes que mostram um aumento nas atividades dos Mephistos na região. O número atual deles em Hill City é de cento e trinta e dois, o que representa um aumento de quinze porcento desde a meia-noite.
— Sério? Eu senti uma agitação, mas ainda estou na linha.
Mikael observou um agrupamento de Mephistos reunido à distância com uma mistura de surpresa e sarcasmo.
— É fundamental considerar a possibilidade de que a crescente incidência de Mephistos possa sobrecarregar suas operações no futuro. Estou aqui para garantir que você tenha todos os recursos necessários para manter a segurança em Hill City.
— Olha, sem falsa modéstia, estamos fazendo um trabalho incrível. Não precisamos de ajuda. Eles tem a mim.
Os comentários de Mikael eram incisivos e sua atitude mostrava o quanto ele era teimoso.
Embora a vice-líder tenha sugerido que era necessário ter cautela, ele estava ansioso para demonstrar que sua equipe era mais do que capaz de lidar com a situação.
— Mikael, antes que você tome uma decisão precipitada, gostaria de enfatizar os números preocupantes que temos em mãos. São mais de cem. É minha responsabilidade garantir a segurança de todos. A situação é grave, e os dados indicam que estamos enfren…
— A bateria tá acabando.
Ele afastou lentamente o celular do ouvido enquanto ela continuava a falar, dando mostras de sua impaciência crescente. Desligou o celular e encerrou a conexão.
— Isso vai ser descontado no meu salário — disse, jogando-o para longe. —, mas não importa.
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