Capítulo 11: Um velho espadachim incomum
“Você eventualmente morrerá se tentar aprender esta técnica.”
“!?”
Ken ficou chocado depois de ouvir as palavras do velho, mas ele continuou.
“Dei uma breve olhada neste livro, ela diz que esta técnica aumenta muito as suas funções cerebrais, mas infelizmente isso vem com um alto risco. Mesmo que no futuro você não morra, poderá ficar paralisado pelo resto da sua vida. Por isso eu o aconselho a não tentar aprendê-lo.”
O velho deu o seu conselho e esperava por uma resposta de Ken. Mas ao contrário das suas espectativas, Ken pegou o livro sem hesitação.
Mas antes que Ken pudesse tirar o livro das mãos do velho, apertou o livro entre os dedos para impedir que Ken o pegasse e falou, com uma voz fria.
Afinal, pegar o livro de suas mãos significava que Ken não desistiria de aprender a técnica, como se não levasse as palavras do velho a sério.
“Você acha que eu estou brincando? Mesmo que você não morra, poderá ficar paralisado pelo resto da sua vida. Posso parecer velho, mas…”
“Eu sei que o que estás dizendo é verdade.”
Embora não demonstrasse na cara, o velho pareceu ficar chocado com as palavras de Ken.
“…Então porque mesmo assim você ainda quer aprendê-lo?”
Perguntou o velho, que parecia confuso com o comportamento de Ken.
‘Porque hein?…’
Ken ficou pensativo por um momento depois de ouvir as palavras do velho espadachim. Ele sabia que a técnica do raio branco era uma técnica com enormes riscos, embora Bertolt o tenha alertado, Ken sabia que poderia ser ainda pior do que Bertolt pensava, e depois de ouvir do velho, estava ainda mais claro que poderia até mesmo levar à morte.
‘Mas porque será que mesmo assim ainda quero aprender a técnica do raio branco, mesmo que houvesse riscos enormes?’
Será que era para se vingar do príncipe? Será que era para provar aos outros que poderia ser forte, mesmo possuindo o emblema amaldiçoado? Será que era para impressionar a Eliza, aquela que ele admirava? Será que era reconquistar a confiança que os antigos amigos tinham com ele? Ou será que era para ele mesmo?
‘Eu também não sei.’
Mas não importa o quanto pensasse, Ken não conseguia obter uma resposta definitiva, e não queria dar uma resposta vazia para o velho, que o encarava com aqueles profundos olhos dourados.
Depois de um tempo de contemplação, Ken decidiu responder.
“…Eu também não sei”
“…Não sabe?”
A voz do velho pareciam pregos que perfuravam a cabeça de Ken. Não se sabe se era um peso na consciência ou se a voz do velho realmente carregava pregos, mas era certo que ele parecia muito insatisfeito com a resposta de Ken.
“Você está dizendo que está disposto a morrer, mesmo não sabendo o porquê?”
‘…O que é que se passa com este velho?’
Ken não sabia o porquê da insistência do velho de querer saber uma resposta, mas sabia que não o deixaria em paz se não obtivesse uma resposta satisfatória.
Ken não sabia o porquê, mas por algum motivo o velho o lembrava de sua avô, que também era uma pessoa bastante persistente.
Ken fechou os olhos e pensou profundamente. Mas assim que abriu os olhos, olhou diretamente para os olhos do velho e respondeu.
“Sim, estou disposto.”
“O quê? Você está maluco?”
“Sim, talvez seja, mas é assim que eu me sinto, mesmo que eu corra o risco de morrer ao aprender esta técnica, ainda assim o farei, porque é assim que eu me sinto. Agora, você pode soltar este livro?”
‘? Os olhos dele…’
O velho percebeu que os olhos de Ken pareciam mais pesados que antes, eram olhos de alguém destinado, firmes, que não vacilavam enquanto olhavam para ele.
‘Como pode uma criança ter este tipo de olhar? E ele não parece estar mentindo. Mas que criança interessante.’
O velho, tendo desistido, pigarrou e decidiu soltar o livro.
“Ahem, que seja, se você está tentando morrer, é da tua conta.”
Ken parecia surpreso pelo velho ter desistido assim do nada, mas decidiu não ligar muito.
“Como pode uma criança não estar com medo da morte? Este mundo é realmente vasto, não é mesmo?”
“Medo?…”
‘Eu…não parecia ter medo?’
Ken ficou em contemplação com as palavras que acabara de ouvir do velho espadachim, e então, de repente, sua mente ficou em branco, como se uma luz oscilante tivesse descido sobre seus olhos.
“Por acaso você não sabe o que é medo…Hm?”
O velho, percebendo a reação não natural de Ken, tentou chamá-lo, estalando o dedo na sua frente.
“Ei, garoto, o que aconteceu?”
Ken estava em pé, seus olhos pretos pareciam desfocados, como se estivesse dormindo, mas com olhos abertos.
“O que aconteceu com…!?”
Foi então que o velho se apercebeu de uma coisa, e quando descobriu, não conseguiu esconder o seu espanto.
“Não me diga!…”
§§§§
Depois de um tempo, Ken finalmente abriu os olhos.
“Hu…Hm?”
Foi quando se apercebeu que estava em pé, enquanto segurando o manual do raio branco nas mãos.
Embora saiba que havia apagado de repente, ainda se encontrava na mesma posição que de antes.
“…O que diabos acabou de acontecer?”
“Você entrou em um estado de contemplação.”
“?”
Embora Ken pudesse ouvir a voz do velho, não o via a lugar algum, então olhou para cima de onde vinha a voz. E lá estava ele, deitado em um dos troncos da árvore.
‘O que este velho está fazendo ali em cima?…’
Ken se absteve de perguntar o que estava pensando, então perguntou o que mais importava.
“…Contemplação?”
“Hm…como posso dizer em palavras miúdas? Quando uma pessoa sobre humana como nós encontra a resposta para uma dúvida que o vem assolando durante muito tempo, como técnicas de esgrima ou mana, ele entra em um estado de contemplação. Seu foco fica tão extremo que ele instintivamente ignora tudo ao redor, concentrando-se apenas na resposta que acabou de encontrar no seu subconsciente.”
‘Ou seja…é como aquelas paradas de artistas marciais do morim, não é mesmo?’
Pensou Ken.
“E então, você obteve a sua resposta?”
“…”
Diante da pergunta do velho, Ken ficou em silêncio por um momento, mas logo em seguida sentou no chão com as pernas cruzadas.
“Sim, acho que finalmente consegui o que queria, e tudo graças a você, velho.”
“Hm? Graças a mim?”
Perguntou o velho em dúvida.
“Sim, se não fosse pelo velho, eu não teria percebido.”
“…O que você não teria percebido?”
“De que eu tinha medo.”
“…”
Mesmo que Ken tivesse decidido em aprender a técnica do raio branco, seria mentira dizer que não tinha receio das consequências que poderiam vir do raio branco, caso não o dominasse completamente.
Este medo era barreira o que o impedia de aprender a técnica, e talvez seja por isso que Bertolt tenha ficado do jeito que está, sem ser mais capaz de praticar artes marciais devidamente.
“Mas depois da conversa que tive com o velho, este medo que eu vinha tendo desapareceu. Então, obrigado.”
“Hm…”
O velho ficou pensativo.
‘Então ele realmente encontrou a resposta hein? Quem diria, alcançar o estado de contemplação em tenra idade, que garoto monstruoso.’
O velho tinha um olhar de admiração enquanto olhava para o Ken, mas esse olhar de admiração logo se transformou em ambição.
‘Devo torná-lo meu discípulo?’
A ambição estava brilhando nos olhos do velho, pensando em tornar Ken em seu discípulo.
‘Ha…Pensarei nisso mais tarde’
O velho então pulou da árvore, pousando bem ao lado de Ken.
“A pessoa que o está ensinado deve ser sortudo em ter um discípulo como você.”
Disse o velho.
“Agradeço o elogio, mas na verdade, sou eu quem está agradecido por encontrar alguém como ele, eu o devo muito, sabe? Sem ele, eu não saberia o que fazer na vida.”
Disse Ken enquanto sorria sem jeito. Depois fechou os olhos e começou a se concentrar.
“…Estou vendo.”
Depois de deixar estas palavras, o velho começou a ir embora, deixando Ken concentrado em sua meditação.
“Velho, posso saber o seu nome?”
O velho parou de andar, ficando de costas para Ken.
“Meu nome?”
“Sim, quero saber o nome do ancião que me ajudou a acalmar minha mente.”
“Ancião hein?…”
O velho sorriu por ser chamado de ancião, depois de ser várias vezes chamado de velho.
“Leon é o meu nome, e você jovem pirralho?”
“Me chamo Ken.”
“Ken hein? Então estou indo”
Depois de se apresentarem, o velho foi embora, e Ken continuou a se concentrar.
Enquanto andava na floresta, a imagem de Ken olhando seriamente para seus olhos e a imagem de Ken sorrindo a pouco tempo apareceu em sua mente.
‘Então ele pode fazer estas duas expressões, hein?’
“Hohoho, Que garoto realmente interessante.”
§§§§
“Haa…”
Ken afastou os pensamentos negativos que o assolavam. Logo depois fechou os olhos e começou a praticar.
‘O raio branco é uma técnica delicada, é preciso estar completamente concentrado se eu quiser fazer algum progresso.’
Sentado com as pernas cruzadas, Ken acalmou sua mente, todas as emoções turbulentas que enraizaram na sua mente começaram a desaparecer.
O vento soprava, levando consigo todas as distrações que o cercavam. Ken controlou seu ki interno.
Ele delicadamente moveu seu ki até os meridianos do cérebro, o que era um trabalho realmente difícil. Dois meses atrás, Ken teria considerado impossível realizar este fenômeno, mas agora já estava tão acostumado que estes pensamentos não existiam mais.
Quando o ki chegou no cérebro, era hora de tentar aumentar os neurônios, o que era uma tarefa ainda mais complicada, tentar encontrar as células necessárias e aumentar o seu processamento.
‘Um pouco mais….’
O tempo foi passando.
‘Um pouco mais…’
O medo já não estava mais presente em Ken, apenas a vontade inabalável de aprender a técnica a todo custo estavam presentes dentro dele.
“Mais um pouco…”
Mas depois de um determinado tempo.
‘!?’
Ken sentiu como se um raio tivesse caído na sua mente. Ele abriu os olhos.
Um brilho branco começou a transparecer das pupilas de seus olhos, com raios de cor branca ciscando neles.
“Wou…”
Ken ficou admirado. O ambiente circundante na sua visão parecia estranhamente lento depois de abrir os olhos.
Uma mosca passou bem na sua frente, mas diferente do normal, em que ela teria passado rapidamente deixando apenas um zumbido. Neste momento ela parecia incrivelmente mais lenta, como se estivesse em câmera lenta. Não só isso…
‘…Que bizarro.’
Cada detalhe da aparência bizarra da pequena mosca podia ser vista, com suas asas finas e transparentes, abdômen gordo e seus milhares de olhos compostos.
Ken moveu sua mão para tentar pegar a mosca, embora tudo pareça estar em camèra lenta, sua velocidade parece ter aumentado apenas um pouco. Como o raio branco estimulava as atividades dos neurônios, seus movimentos físicos foram meramente aprimorados.
Foi quando aconteceu.
“Ugh!?…AHHHHH!…”
Ken sentiu uma picada repentina na cabeça, mas logo depois uma tremenda dor tomou conta de sua cabeça, como se o tivessem martelado diretamente na cabeça.
Ken caiu no chão e desmaiou.
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