Capítulo 97 — Aposta
Não demorou muito para reunir meus companheiros para a guerra iminente, sabendo que tínhamos apenas uma chance. Nosso oponente era um deus caído, e essa batalha estava destinada ao fracasso.
Quando o teleporte foi ativado, me deparei com uma cena inesperada. O imenso exército estava estrategicamente posicionado, como se já soubessem que iríamos desembarcar no planeta.
“Parece que não será uma luta fácil”, comentou Naara, observando o vasto exército inimigo. Com um leve suspiro, examinei meus aliados, composto por Naara, Nain, Zenith, Eriel e Samael. Estávamos prestes a enfrentar um conflito significativo, onde o menor erro poderia ser fatal.
“Não será como a brincadeira da última vez”, eu disse, referindo-me aos anjos caídos que enfrentamos no passado. Todos pareciam determinados, inclusive Samael, disposta a lutar, se necessário.
Ao observar uma última vez o exército inimigo, suspirei desanimado ao reconhecer a identidade do nosso adversário. No meio do grande contingente de almas mortas, destacava-se um gigantesco cão infernal envolto em chamas. Suas três cabeças olhavam em direções diferentes, causando apreensão nos inimigos.
“Nunca pensei que lutaríamos, meu amigo”, murmurei com tristeza. Não podia equivocar-me; meu inimigo era o deus que se unira à Aliança, nada menos que Hades, o deus dos mortos.
“Você vai enfrentar o Hades, está tudo bem? Se me pedir, posso cuidar disso”, ofereceu Samael.
“Obrigado, mas está tudo bem”, respondi sem demora. “Nain, Zenith, Eriel. A missão de vocês é o Exército de Mortos”, designei, atribuindo a eles a responsabilidade de lidar com o enorme exército.
“Parece interessante. Sempre quis lutar contra zumbis”, disse Nain, animado com a perspectiva da batalha.
“Eles devem ter um cheiro horrível”, comentou Zenith, demonstrando menos entusiasmo.
Eriel permaneceu em silêncio, aceitando seu papel e demonstrando prontidão.
Embora os números fossem assustadores, eram apenas almas do Tártaro, não tão poderosas quanto em vida. Contudo, alguns dentre eles podiam manifestar uma força surpreendente.
“Se eles vão cuidar do Exército, o bichinho de estimação é meu, certo?” questionou Naara com um sorriso.
“Eu vou lidar com Hades. Samael, poderia ficar de olho nos cavaleiros e em Eriel. Se algo acontecer, você intervém. Tudo bem?”
“Quem você pensa que eu sou? Bom, como é um pedido do meu querido discípulo, estarei disposta a lutar se necessário.”
Talvez Samael considerasse lidar com o exército de mortos e o cão infernal Cerberus uma tarefa pouco desafiadora.
Com meu sinal, todos se prepararam para suas tarefas. Correndo em direção ao exército, um por um, vários mortos começaram a cair enquanto Zenith abria caminho. Nain foi o primeiro a escolher um local afastado e a posicionar-se estrategicamente para usar sua habilidade. Eriel foi a segunda, seguida por Zenith, que permaneceu para trás.
Naara e eu continuamos avançando, derrubando o máximo possível de inimigos. Não demorou muito até alcançarmos Cerberus. O calor próximo ao cão infernal era intenso, mas suportável. Ao perceber nossa presença, o imponente animal nos observou, abrindo caminho e permitindo nossa passagem, como se tivesse recebido ordens para isso.
“Vai, eu vou adestrar esse cachorrinho”, disse Naara, preparando-se para sua luta.
Continuei avançando até o que parecia ser uma grande área vazia no final do exército inimigo. Lá, em seu trono negro imponente, estava ele, aguardando minha chegada.
Hades, o deus dos mortos, estava assentado em uma imponente cadeira negra, erguida sobre um pedestal elevado. A atmosfera ao seu redor era densa e sombria, como se a própria escuridão emanasse de sua presença. Vestia uma armadura obscura que reluzia de maneira sinistra, cobrindo uma figura imponente e majestosa.
Seu rosto, em parte oculto pelas sombras, revelava traços severos e impassíveis. Olhos negros, profundos e penetrantes, pareciam observar a alma de qualquer ser que ousasse enfrentá-lo. Uma coroa sombria adornava sua cabeça, indicando seu domínio sobre os reinos subterrâneos.
Hades segurava em sua mão direita um cetro adornado com símbolos da morte. O brilho de joias e detalhes em sua armadura contrastava com o ambiente sombrio, criando uma imagem que inspirava temor e respeito.
Ao redor do deus dos mortos, almas errantes flutuavam, como se estivessem à mercê de sua vontade. Seu semblante refletia autoridade incontestável sobre os reinos infernais, e a energia sombria que o envolvia destacava sua ligação inegável com a morte e o além.
Enfrentar Hades não seria apenas uma batalha física, mas um confronto contra as forças obscuras que ele controlava.
“Então você chegou, meu amigo”, disse ele com a voz imponente. “Estava me perguntando quem seria… Bom, na verdade, já tinha uma ideia de quem seria meu oponente.”
Hades levantou-se de seu trono e caminhou lentamente em minha direção.
“Hades, não precisamos lutar. Junte-se a mim”, propus, gerando um leve sorriso em seu rígido rosto.
“Não é uma má ideia.”
“Então–”
Ele interrompeu. “Sabe? Quando falei com meu sobrinho, eu disse que no momento em que você me pedisse para ficar ao seu lado, eu aceitaria”, porém, a pausa que ele fez deixou claro que não seria tão fácil. “Então fizemos um trato. Se você me vencer em uma luta, vou segui-lo por toda a eternidade como um companheiro, mas não vou fornecer qualquer informação sobre a aliança.”
“E se eu perder?”, perguntei esperando o pior.
“Então, continuarei na aliança, mas como uma ameaça para todo o reino demoníaco.”
Ele parecia realmente preocupado. “Não se preocupe, meu amigo. Não tenho intenção de perder. Lutaremos lado a lado em um futuro não muito distante.”
Em algumas horas, um eclipse ocorreria, deixando-me muito mais forte. Por isso, decidimos que a luta seria hoje. Tenho que aproveitar essa vantagem, já que normalmente não poderia vencê-lo.
“Antes de lutar, proponho um jogo, que tal?”, fiquei em silêncio, o que ele entendeu como curiosidade. “Vamos assistir seus aliados. Se um deles morrer, você vai selar uma habilidade que eu escolher, mas se meu exército for derrotado, eu selarei uma habilidade de sua escolha.”
Parecia que ele queria tornar a luta o mais equilibrada possível para o meu lado, me dando uma vantagem como essa.
“Então, para cada vitória do meu lado, você vai selar uma habilidade… Parece realmente tentador, mas você tem um exército e eu apenas alguns poucos companheiros.”
“Claro que eu não deixaria você em desvantagem. Dividirei o exército, para tornar a luta mais fácil. Cada vitória será válida.”
Hades então explicou como moveria seu exército para que cada soldado ir para uma área. Nain, Zenith e Eriel lutariam contra o exército. Quando Zenith matasse um certo número de inimigos, o exército que ela estava enfrentando desapareceria, e ela poderia ajudar os companheiros.
Não sabia ao certo se seria uma vantagem ou não, mas estava disposto a aceitar, já que confiava em meus companheiros.
“Adicionarei algumas regras”, disse Hades. “Você não pode interferir, não importa o que aconteça, e se Samael interferir, o número de inimigos aumentará em dez vezes.”
“Então adicionarei uma regra. Você só pode enviar no máximo cinco mil inimigos para cada membro.”
Com isso em mente, Hades criou um novo trono, onde eu me sentei. Com sua magia, a imagem do campo de batalha foi transmitida para podermos assistir tudo.
“Vamos começar o jogo.”
***
Nain.
Avancei com destreza, minha grande espada de duas mãos brilhando sob o sol poente enquanto mergulhava no meio do exército inimigo. Cada passo que eu dava era marcado pelo eco metálico do aço contra o solo, um som que ressoava como uma ameaça para os mortos-vivos que se aproximavam. Meus olhos, varriam o campo de batalha com uma intensidade selvagem, buscando o próximo alvo para minha ira.
Com movimentos ágeis e precisos, brandi minha espada, cortando através das fileiras dos mortos-vivos como um falcão atravessando o ar. Cada golpe era uma dança mortal, um intricado balé de lâmina e carne que terminava com o colapso de mais um inimigo aos meus pés. Cada adversário derrotado era uma pequena vitória, um passo mais perto de meu objetivo final.
Enquanto avançava, canalizei minhas habilidades mágicas, invocando esferas de energia sombria que explodiam entre as fileiras inimigas, dispersando grupos inteiros de mortos-vivos em pedaços. O ar ao meu redor parecia vibrar com a energia mágica, uma aura sombria que pulsava em sintonia com a minha própria determinação.
Os soldados do exército inimigo avançavam implacavelmente, suas garras e espadas brandindo em um frenesi de violência. No entanto, eu estava um passo à frente, antecipando seus movimentos e contra-atacando com uma agilidade impressionante. Cada movimento era calculado, cada golpe desferido com uma precisão mortal que deixava meus inimigos sem chance de defesa.
A batalha era feroz e implacável, mas eu estava determinado a prevalecer. Com minha espada em mãos e minhas habilidades mágicas à disposição, enfrentava o exército inimigo com uma coragem e determinação inabaláveis. E, com cada golpe desferido e cada feitiço conjurado, me aproximava cada vez mais da vitória.
Com o calor das chamas envolvendo o campo de batalha, avancei destemido, minha espada cortando o ar com uma velocidade impressionante. Cada golpe desferido era um raio de esperança em meio à escuridão da guerra, uma demonstração de minha determinação em enfrentar qualquer obstáculo que surgisse em meu caminho.
Enquanto os mortos-vivos avançavam implacavelmente, eu os enfrentava com uma ferocidade indomável. Minha magia de fogo dançava ao meu redor, envolvendo cada adversário em um abraço de chamas ardentes. O calor intenso que emanava das chamas era como uma ferida aberta, consumindo os inimigos de dentro para fora.
No entanto, apesar de meus esforços, os mortos-vivos pareciam inesgotáveis. Por cada um que eu derrotava, parecia surgir dois em seu lugar. A sensação de estar encurralado era avassaladora, mas eu recusava-me a desistir. Minha determinação era inabalável, e eu estava determinado a lutar até o último suspiro.
Com um grito de guerra, redobrei meus esforços, desferindo golpe após golpe contra os inimigos que se aproximavam. Cada movimento era calculado e preciso, uma dança mortal entre a vida e a morte.
Enquanto a batalha rugia ao meu redor, eu permanecia firme, meu espírito inquebrável diante da adversidade. Apesar do cansaço que começava a se infiltrar em meus ossos, eu continuei lutando, cada vez mais determinado a prevalecer contra todas as probabilidades.
E, no calor da batalha, eu sabia que não estava sozinho. Meus companheiros lutavam ao meu lado, sua presença uma fonte de força e coragem em meio ao caos da guerra. Com sua ajuda, eu sabia que poderíamos superar qualquer desafio que enfrentássemos.
Com um último esforço, reuni toda a minha energia e concentração, canalizando minha magia de fogo para um último ataque devastador. Com um grito de fúria, lancei uma torrente de chamas em direção aos inimigos, consumindo tudo em seu caminho.
E, no final, quando o campo de batalha finalmente se acalmou, eu permaneci de pé, meu corpo coberto de feridas e minha respiração pesada. Mas, apesar de tudo, eu sabia que havia prevalecido.
“Que merda.”, rugi incrédulo. Diante dos meus olhos, os mortos levantaram com seus corpos ainda em chamas. Alguns viraram cinzas com o meu poder, mas os poucos que restaram eram os mais fortes.
Em meio a mais de mil soldados, eu estava sentindo minhas forças deixando meu corpo.
“Envelhecer é realmente…”, parei minha frase enquanto canalizava minha magia. “Guerra”, eu ativei minha maldição, lançando uma onda de mana em direção aos inimigos. Agora, eles estavam atacando uns aos outros sem conseguir distinguir quem era o inimigo e quem era aliado.
“Hehe, vamos ver quem consegue me pegar.”, eu disse, avançando mais uma vez em direção ao grande exército pronto para começar a segunda parte da brincadeira.
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