Capítulo 40: Fenrir, a Besta divina. (parte 2)
Em uma pequena e escura sala construída com estruturas de madeira, um homem sentado em uma cadeira escrevia em um caderno por cima de uma mesa.
A vela acendida ao seu lado que transmitia um pouco de sua luz facilitava sua visão.
O homem, com óculos redondos sobre seus olhos, descansou um pouco sua mão que ficou tensa depois de escrever por um longo tempo com um lápis feito de palito de carvão. Sobre a palma de sua mão, a marca do emblema-amaldiçoado estava presente.
[1523º portador do emblema-amaldiçoado. 1.000 anos depois da guerra do milénio.]
Depois de descansar a mão cansada, ele voltou para sua escrita.
[Meu nome é Carlos Valentine. Depois de completar 15 anos de idade, comecei a receber memórias de minhas vidas passadas. A maioria delas eram demasiadas dolorosas e horripilantes para que uma criança pudesse suportar. Memórias em que estava sendo torturado e usado como sacrifício por cultistas demoníacos e uma religião. Não sei se realmente são memórias passadas ou memórias herdadas de outras pessoas. Mas se tenho certeza de uma coisa é que todos eles possuíam o mesmo tipo de emblema que o meu.]
[Então tenho escondido que possuía este emblema desde cedo, porque existem pessoas caçando aqueles que o possuíam. O culto demoníaco e a igreja. Então, a todo custo, não devo deixar ninguém saber sobre ela. Mesmo que, infelizmente, tenha que sacrificar minha família no processo.]
[Desde então eu venho descobrindo mais sobre este emblema. As doze casas que eles formavam de alguma forma lembravam as casas das siglas dos emblemas do zodíaco. Com isto em mente, iniciei uma investigação de larga escala e acabei descobrindo segredos que estavam escondidos do mundo.]
[Nenhuma verdade poderia ser escondida para sempre, não importa o quão perfeita fosse a mentira. Foi o que aprendi. Investigando os relatos e diversos acontecimentos, acabei descobrindo que o emblema foi criado pelos deuses e bestas-divinas.]
[O emblema-amaldiçoado impede a evolução de seu portador. Ela não apenas impede o portador de usar uma arma, criar um núcleo de mana, de usar magia ou de criar um contrato com um espírito. Ela também fornece diversas tragédias na vida do portador. No meu caso, sou incapacitado de gerar um herdeiro. Outros nasciam cegos, alguns nasciam com deficiências físicas e muitas outras tragédias. Muitos nasceram como escravos ou uma vida cheia de azar ao ponto de fazer a pessoa procurar a morte. Eu sempre quis ter um filho, mas graças a este emblema isto tornou-se impossível para mim.]
[Por isso estava decidido a me libertar deste emblema. Mas mesmo depois de muitas investigações, visitando magos de alta classe e até magos de magia negra, tudo acabou chegando em apenas uma solução. Os únicos que poderiam liberar este emblema, são os mesmos que o criaram.]
[Neste ponto eu soube. Morrerei sem ter a chance de gerar um herdeiro. Mas espero que minhas investigações de alguma forma possam ajudar o eu do futuro, ou, o futuro portador a conseguir se livrar deste emblema.]
[Se você se encontrar com um dos 12 portadores do emblema do zodíaco. Você deve de alguma forma, não importa o método, convencê-lo a liberar o seu selo. Mas caso ele se negue…]
[A única solução seria convencêlo a força. O que infelizmente é impossível para alguém com o emblema-amaldiçoado.]
[Desejo tudo de sorte para os futuros portadores.]
{Carlos Valentine.}
§§§§
As memórias dos antigos portadores do emblema amaldiçoado vagavam complicadamente nas memórias de Ken como um monte de fios emaranhados, elas se misturavam tornando assim difícil saber suas verdadeiras origens e como orientá-los.
Mas depois de conseguir desemaranhar alguns fios e conectá-los, a memória de um dos portadores se tornou mais nítida para Ken.
Ele era um grande estudioso e o primeiro portador a descobrir sobre o selo do emblema e de sua terrível maldição. Sua descoberta sobre este fato tornou-se um ponto de fuga para os futuros portadores, dando-lhes uma razão para lutarem contra a maldição que os afligia. E a razão pela qual os portadores criaram o raio branco e procuraram os fragmentos dos pecados capitais foi para que pudessem enfrentar os portadores dos emblemas do zodíaco.
E acontece que um deles estava bem na sua frente.
“…”
Ken estava sem palavras depois de ver a enorme besta na sua frente. Mas ela não era apenas uma besta, mas sim uma das 6 bestas divinas.
Elas sozinhas tinham poder suficiente para destruir um país.
‘…Isto é estranho.’
Mas havia algo que não fazia sentido para Ken. Depois de receber as memórias dos portadores anteriores, Ken passou a saber muito sobre eles. Bestas-divinas não deveriam estar no mundo material, porque elas transcendem depois de se tornaram bestas-divinas. Abandonado assim seus corpos físicos e se tornando espíritos.
As bestas, criaturas poderosas, se dividem em três grandes grupos que são: Bestas animais, espirituais, e divinas, chegando a transcendência.
E no mundo existem apenas 6 bestas que poderiam ser consideradas divinas, que são aquelas que portam as siglas do zodíaco.
Mas a besta-divina que estava na sua frente por alguma razão estava na sua forma material. Ela possuía um corpo, então não poderia ser considerada divina.
Mas considerando seu enorme tamanho e pela sigla do zodíaco presente no meio da sua testa, não havia dúvidas de que poderia ser uma besta divina.
Vagando novamente seu olhar, Ken notou algo estranho.
‘O que é aquilo?’
O olhar de Ken então foi atraído por algo. Haviam alguns tubos presos no corpo de Fenrir que subia até o teto sem fim, eles eram tão finos que não seria possível ver se não concentrasse seu olhar. E também uma de suas patas traseiras parecia estar presa com uma enorme corrente, presa em uma parede.
Com estas novas descobertas, um plano foi rapidamente elaborado pelo Ken. Seus lábios então se ergueram em um sorriso.
Fenrir, a besta divina, vendo aquela pequena reação do rosto de Ken, não conseguiu evitar de ficar confuso.
– Hm? Você está sorrindo? Achei que normalmente os humanos borrariam as-.
“Você precisa de mim, certo?”
Ken perguntou ousadamente interrompendo sua fala.
– …?
Suas palavras pareciam ter surpreendido Fenrir, então ele perguntou em dúvida?
– O que você quer dizer, humano?
A besta começou a mostrar hostilidade contra o Ken, seu olhar parecendo que o perfumaria. Mas Ken não se deixou intimidar por aquele olhar feroz. Ele mordeu seu lábio inferior para suportar sua incrível pressão.
‘…Se ele perguntou, então estou no caminho certo.’
Depois de muitas observações, Ken chegou a uma conclusão.
Se a besta quisesse matá-lo então provavelmente já estaria morto há muito tempo. Levando em conta o estado do seu corpo atual, significa que já havia se passado um longo tempo desde que estava inconsciente, dando assim a oportunidade para o fragmento da preguiça curar seu corpo.
Além do mais, esta era uma queda que ninguém poderia ter sobrevivido. O lobo sozinho já parecia um prédio de quatro andares, e o teto da câmera que parecia não ter fim chegava até a enorme fenda.
Normalmente seu corpo teria se tornado uma poça de sangue depois da queda. Se isso não aconteceu, apenas significa que a besta de alguma forma havia abrandado sua queda, o impedindo de morrer imediatamente.
A dúvida para isso era, porquê? Porque a besta o impediu de morrer? Misericórdia? Pena? Não. Sem dúvidas a besta precisava dele para alguma coisa. Nada neste mundo vem de graça, principalmente das boas vontades.
A próxima questão seria saber o que a besta iria querer de alguém como ele. Seria para escolher um guardião espiritual? Era uma hipótese.
Mas um portador do emblema-amaldiçoado não poderia fazer um contrato com um espírito. Então ser um guardião espiritual, mesmo que fosse o plano de Fenrir, estava fora de questão.
Mas mesmo assim Ken ainda precisava dele, tinha que de alguma forma convencê-lo a liberá-lo de seu selo. Mas a reação ao descobrir que Ken possuía o emblema-amaldiçoado poderia ser perigosa, correndo até o risco de ser morto por ele.
Por isso Ken forçou sua mente a pensar rapidamente em uma solução. Sua sobrevivência dependia do que disser na besta na sua frente, por isso ele teve que agir com confiança.
Em meio a uma chance de sobreviver, Ken pensou em uma escapatória e jogou com ela, um plano meticuloso estava em ação. Ele forçou a controlar suas emoções e reações e tentou parecer o mais indiferente possível.
– Não vais me responder, humano?
Fenrir parecia impaciente pelo silêncio de Ken, obrigando-o a abrir a boca e falar.
“Foi exatamente o que eu disse, você está sendo mantido preso aqui e precisas de mim, por esta razão você não me mataste até agora, ou estou enganado?”
– …
A besta parecia sem palavras, o que era um ato positivo para Ken. Mas logo Fenrir ficou com uma carranca.
– Como um mero humano ousa!…
*Treme.*
Irritando pelas palavras de Ken, Fenrir se levantou. A pressão que Emanava de seu corpo fez com que toda a câmera que era do tamanho de um campo de futebol se não maior começasse a tremer como se um terremoto de grande magnitude tivesse surgido.
“Ugh!?…”
Ken franziu a testa por causa do desconforto.
Os ossos que cravaram e perfuraram seu corpo também começaram a tremer, ferindo gravemente o seu interior. Mas Ken forçou-se a suportar a dor.
*Treme.*
A câmera continuava a tremer, fazendo pedaços de pedra caírem no chão, e poeiras de terra caíram como uma cortina sobre o rosto de Ken.
“…”
Mas a expressão de Ken permaneceu inalterada, firme e sem se deixar abalar. Seu coração que batia freneticamente por causa da incrível pressão de Fenrir foi gradualmente se acalmando.
–…
Fenrir, vendo aqueles olhos firmes que não vacilavam mesmo na sua presença monstruosa, de alguma forma pareceu acalmá-lo. Os tremores então que sacudiam a câmera subterrânea foram gradualmente diminuindo até parar.
Um alívio então tomou conta de Ken, porque os ossos que o perfuravam também pararam de tremer quando a besta se acalmou. Mas mais uma vez ele não deixou seu alívio transparecer no seu rosto. Um pequeno deslize e sua negociação poderia ir por água abaixo.
A besta então resolveu deitar-se novamente em seu trono. Mas naquele instante ele havia feito um movimento incomum.
‘? Eu vi errado?’
Ken achou tê-lo visto cambalear antes de deitar, e também ele pareceu franzir o olho com dor.
Mas então Fenrir voltou a olhar para ele e falou.
– Não sei se o que você tem é excesso de confiança ou se você é simplesmente louco, mas vou fingir que fui enganado. Então, o que te faz pensar que eu preciso de você?
Diante da pergunta da besta, Ken respondeu com confiança.
“…Porque você me salvou da morte, ou estou errado?”
– … O que você quer dizer?
“Estou dizendo que é impossível eu ter sobrevivido a uma queda destas sem ajuda externa, e o único que poderia me ajudar é você. aquelas tuas palavras de antes, ‘já vi inúmeros corpos caírem na minha frente, mas todos naturalmente acabavam morrendo’, foi apenas para disfarçar o fato de teres me salvo. Estou certo?”
– Huhuhu. Interesse argumento. Mas isto é tudo o que ele é, um simples argumento.
“Então você nega que me salvou?”
– …
Como a besta não negou, foi o suficiente para responder a sua pergunta.
“…Bem me pareceu, uma besta mística como você não mentiria.”
– Cuidado com a boca, humano. Mais uma insolência e vou matar você.
“Mas eu sei que você não o fará, porque como seu disse, você precisa de mim.”
Cada palavra de Ken estava refletida de confiança. Fenrir não sabia de onde vinha a confiança dele, mas por alguma razão o deixava animado. Um mero humano que poderia morrer com apenas um sopro o estava desafiando com suas palavras. Isto era, tipo, a primeira vez desde a sua existência?
– Kukuku, que interessante. Certo, então me diga. O que você ganharia me ajudando?
“…”
‘O que eu ganharia?…’
Diante desta pergunta, Ken se encontrava pensando com bastante calma. Mas sabia que não importava o quanto pensasse, havia apenas uma resposta para esta situação. Agora que havia obtido o interesse de Fenrir, decidiu que era hora de arriscar. Se sua resposta poderia causar sua ruína ou salvação para ele mesmo, apenas dependeria do raciocínio da Besta.
Então Ken abriu sua boca e falou.
“…Porque eu preciso que você libere o seu selo.”
– Selo? O que você quer dizer?…-!?
Ken levantou lentamente seu braço e mostrou a palma de sua mão Para Fenrir. Neste momento, foi como se Fenrir tivesse visto um fantasma. Todo o seu enorme corpo tremendo.
“Você sabe o que quero dize-…”
*BRUSH!*
Mas antes que Ken tivesse a chance de terminar a sua frase, uma enorme sombra o cobriu. A sombra pertencente à enorme pata de Ferir que parecia do tamanho de um autocarro de repente apareceu em sua visão e caiu sobre seu corpo.
“Kuack!?”
Todo o corpo de Ken afundou na montanha de esqueletos até o chão. Os esqueletos em seu torno voaram por todos os lados por causa do impacto.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.