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    — Os chifres! — berrou o alquimista. — Os chifres estão criando a barreira! Tentem quebrá-los!

    Zypher ergueu os olhos, arqueando as sobrancelhas. Somente após o perito falar ele notou ondas envolverem os chifres da besta.

    “Essa cauda já tá causando estresse!” pensou Moris, sendo sacudido pelo dragão.

    Enfiando as garras através dos músculos da cauda, o Titã da ira estendeu sua manopla usando energia, fazendo suas garras atravessarem a grossa cauda da besta. Moris, lentamente, colocou os próprios dedos mais adentro da cauda do dragão, a ponto de fazer a besta agonizar. O Titã começou a pôr força para cima, batendo suas asas e lutando contra a força física da besta.

    Os agentes na cabeça do dragão quase caíram, graças à besta ter se tornado turbulenta devido aos danos que Moris estava causando gradativamente. Eles buscaram se apoiar e procuraram o motivo dos gritos agonizantes do dragão, mas logo viram Moris tentando arrancar a cauda da besta.

    Devido à dor repentina, o dragão mexeu sua cabeça rapidamente, desequilibrando o alquimista e o jogando para fora. Canvill olhou para Zypher, que entendeu o recado. O segundo assistente saltou para salvar seu colega.

    — Lord Moris! — gritou Zypher. — Quebre os chifres! Eu sei como matar ele!

    Num movimento desesperado, o dragão iniciou a conjuração de outra esfera de energia. Maior do que todas as que ele conjurou antes, com mais energia, emitindo radiação.

    Rice, o conjurador de Moris, preparou um feitiço circular octógono contra o dragão. Dezenas de bolas de fogo entraram na boca da besta, chegando na garganta e explodindo na região. O feitiço atrasou momentaneamente o dragão.

    Gritando na mesma intensidade que aplicava força, os músculos de Moris atrofiaram-se enquanto tentava arrancar a cauda do dragão. Simultaneamente, Zypher banhava sua espada com o máximo de energia possível, se posicionando perfeitamente contra o mago.

    “Não posso decepcionar o milorde agora…” pensou Zypher.

    — Rice! Para atrás do dragão! Agora! — ordenou Canvill.

    — Não! — exclamou Rice. — Ele está preparando outra fissão! Não deixarei chegar até vocês!

    Rice conjurou mais de vinte círculos de energia, formando uma barreira na direção que Canvill e o alquimista estavam. Ao mesmo tempo que protegia, Rice tentava aplicar efeitos de fraqueza no dragão através de suas bolas de fogo, tentando fazer com que a besta não realizasse seu feitiço final.

    “Não posso permitir que isso chegue longe com essa radiação…”

    O conjurador olhou para as próprias mãos, que estavam queimando pela radiação.

    “Ele com certeza explodirá em uma fissão nuclear. Se isso realmente acontecer, a região inteira ficará inabitável no futuro. Sem contar que todos os vilarejos e pequenas cidades da região serão destruídos, talvez afete até a região de Fulmenbour…”

    Um futuro de talvez, é um futuro totalmente incerto. Se você acha que deve fazer isso no momento, então faça. Mesmo que vá custar sua vida. — Um antigo discurso de Moris banhou as memórias de Rice.

    Rice grunhiu de dor por arrependimento. No fim, Moris sempre estava certo. Por mais infantil que ele pudesse ser.

    — Liberação máxima, prisão de barreiras! — conjurou Rice, formando um domo com centenas de metros.

    — Rice! — exclamou Canvill, batendo nas barreiras translúcidas do conjurador.

    O alquimista agarrou Canvill pela cintura e jogou os dois para o chão.

    Enquanto Moris, finalmente, após tanta força aplicada e resistência do dragão, conseguiu arrancar a cauda de puro músculo da besta. Segurando a parte arrancada, mesmo com dificuldade pelo tamanho, o Titã girou com a cauda no ar feito um furacão.

    Utilizando a ponta afiada, semelhante a uma espada, Moris a lançou contra os chifres do dragão, quebrando-os sem dificuldades. Descartando a cauda em seguida, o Titã avançou na direção das barreiras.

    Lentamente, em questão temporal, Moris e Zypher trocaram de papel. Ao mesmo tempo que Zypher preparava seu ataque, Moris passou lado a lado com o agente, esboçando desespero mesmo por trás da armadura anímica.

    Zypher atacou sem hesitar ao notar que o campo eletromagnético cedeu. Com um deslize limpo, ele avançou contra o mago em uma estocada perfeita.

    — Ignição, primeira configuração… Corte limpo!

    — Rice! — exclamou Moris.

    Os dois trocaram olhares uma última vez.

    Zypher apunhalou perfeitamente no núcleo do mago, em uma região abaixo do coração. Subitamente, após a morte entrelaçada do dragão e do mago, a fissão nuclear explodiu.

    — Que inconveniente… — Foram as últimas palavras de Rice, antes de um clarão tomar a região.

    Um estrondo atravessou além das barreiras conjuradas, mas, contendo a explosão apenas naquele local. Gradualmente após o término da explosão, as barreiras foram desfeitas. Ainda após a morte do conjurador, a configuração do determinado feitiço é quebrado apenas quando concluir seu objetivo de invocação: no caso das barreiras, conter a explosão.

    O corpo do dragão finalmente caiu no chão. Por pouco não esmagou Canvill e o alquimista, eles estavam, por sorte, um pouco de lado. Isso evitou uma morte frustrante para eles.

    O Titã da ira criou uma ventania com um bater violento de suas asas, dissipando minimamente a nuvem de poeira levantada pela explosão. No local onde Rice estava, não havia sobrado nada além de destroços.

    Moris virou o rosto de perfil, olhando para a cabeça do dragão. Sua visão ficou turva.

    Zypher, frustrado após notar que a presença de Rice desapareceu — o que confirmava sua morte —, retirou a espada do corpo do mago. O agente andou até a ponta do nariz do dragão e, ao ver o Titã, o seu líder, fervendo de ódio, uma lágrima desceu em seu rosto limpo.

    Se movendo, em quase um teleporte instantâneo, Moris Ziziel apareceu repentinamente na frente do corpo, ainda erguido, do mago. O Titã aproveitou os últimos instantes de sua ressonância anímica e pôs a mão no rosto do mago, pressionando brutalmente para trás e arrancando o crânio fora com força bruta.

    Segurando meus cabelos ressecados do crânio arrancando, Moris voou até Canvill e o alquimista no chão, seguido por Zypher que se reuniu segundos depois. Em frente a seus agentes, erguendo o braço para frente, o Titã da ira pressionou a cabeça decapitada com as últimas forças de sua transformação.

    Ele esmagou o crânio do mago, apenas por frustração.

    Moris era o mais forte ali. Ele poderia ter lidado com tudo sozinho, assim como um Titã. Mas seu comportamento inconveniente trouxe a morte de alguém que ele deveria proteger: alguém mais fraco que si.

    Aquilo pesou no frágil e, para os desviantes, ainda jovem coração do Titã da ira.

    Sua armadura de anjo caído foi sendo desfeita aos poucos, se tornando em uma névoa de energia que retornou para o corpo do Titã.

    O grupo ficou em silêncio.

    Pelo menos até o alquimista criar coragem para falar. Sendo o único “intrometido” ali no meio, ele não sabia o peso que Rice tinha para os outros três. Não restou nada além de ter empatia pela morte de alguém. Mas, não é como se aquilo tivesse o afetado.

    — O que faremos agora? Temos que seguir, certo? — disse o alquimista e perito, tentando encorajar.

    Mas todos ali já sabiam disso.

    — É. — Moris retrucou, sua voz boba estava séria e pesada. — Estou sentindo a energia do Javier, ele deve ter deixado um sinalizador para mim. Com certeza todos sentiram minha presença com a ressonância…

    — Será que o grupo que se separou de nós está bem? — questionou Zypher.

    — Eles estão. Tenho certeza. Há muitos responsáveis, inclusive o Isak. Por ora, temos que encontrar Javier e reagrupar. Com nós dois juntos, acharemos o grupo três com mais facilidade.

    — Entendi… — resmungou Canvill. — Para onde a energia do Sir Javier está guiando?

    Moris, agora sem sua ressonância anímica, olhou para o leste, onde um rastro de energia azul-marinho rasgava a atmosfera.

    — Para o leste.

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