Índice de Capítulo

    Palavras do autor: Primeiramente gostaria de me desculpar pela demora ao publicar os capítulos. Infelizmente havia acontecido uma infernalidade e eu tinha acabado de perder meu e-mail, onde estavam presentes meus capítulos e contas. Mas felizmente consegui recupera-lo. Espero que aproveitem cada capitulo lançado.

    Obrigado.

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    Ken se forçou a levantar do confortante pelo de Fenrir para iniciar seus dias de treinamento. Mas como seu corpo ainda não estava em completo estado, decidiu fazer uma outra abordagem.

    O objetivo era claro, ganhar experiência e aumentar sua proficiência nas artes marciais.

    Com o raio branco, Ken começou a rebobinar todos os treinamentos, duelos e lutas que teve desde o momento em que acordou na toca do inferno, como se fossem vídeos gravados e armazenados dentro do seu subconsciente.

    O objetivo é adquirir ainda mais experiência ao enfrentar alguém que utiliza uma espada, por isso também rebobinou os treinamentos dos jovens quando usavam espadas, dos movimentos dos instrutores, principalmente ao manejo das lâminas e suas trajetórias.

    Ele processava tudo isso e simulava como seria enfrentá-los com seu nível atual no seu mundo mental. Lutando, atacando e se defendendo, utilizando todo conhecimento que possuía.

    Não apenas isso, Ken foi ainda mais longe e começou a recapitular todas as técnicas de artes marciais que já era proficiente, como Kickboxing, Karatê e judô. Mas Ken forçou seu sistema nervoso ao extremo para relembrar de memórias que normalmente seriam esquecidas, como artes marciais que apenas aprendeu ligeiramente ou viu em um programa de tv, como krav maga, Taekwondo e outros.

    Ele processou e processou, dia após dias até que tudo ficasse preso  permanentemente em sua cabeça. Dias após dias Ken forçava seu cérebro a permanecer neste mundo mental ao ponto de fumo de sair pela boca e sangue escorrer pelo nariz de tanto fritar o cérebro. Mas não se importava porque depois de um longo descanso, o pecado da preguiça o curaria.

    Para se alimentar, Ken pegava insetos do tamanho da palma de sua mão ou maior que rastejavam por ali, e bebia da água que caía do teto que acumulava em um pequeno buraco no chão.

    Em relação ao Fenrir, parecia que uma criatura como ela não precisava de se alimentar por causa da sua abundante quantidade de mana. Ken também estava curioso de como Fenrir havia parado neste lugar e o porquê de estar preso. Mas Fenrir se negava a contar qualquer coisa, então Ken decidiu não insistir.

    Sem que percebesse, três meses e alguns dias já haviam se passado. Neste tempo seu corpo já estava meramente recuperado, mas desde que pudesse ficar em pé já era o suficiente.

    Ken não perdeu tempo e começou a executar tudo que aprendeu em seu mundo mental para o real. Não era suficiente o que visualizou na sua mente, era preciso também acostumar seu corpo com cada movimento e técnica, para que pudesse executá-los de forma tão fácil quanto é respirar.

    Ken também começou a aprender a manejar correntes, amarrando-as em seus braços como braceletes e esticá-los e movimentá-los como se fossem chicotes. E como Ken esperava, o emblema não brilhava ou lhe dava dores como da vez em que o príncipe o jogou uma espada, ou quando usou uma espada para esfaquear o lobo que matou Bertolt e sua esposa, ou até quando usou um graveto para afugentar um cachorro selvagem.

    E então Ken criou uma hipótese. O emblema-amaldiçoado não proibia necessariamente o portador de pegar uma arma, mas sim no momento em que você o considerava uma arma capaz de ferir alguém ou como um meio de autodefesa.

    No momento em que Julius lhe jogou a espada não havia problema, mas no momento em que percebeu que a lâmina era capaz de cortar alguém, o emblema foi ativado. Ou quando manuseava uma faca à vontade para cortar plantas medicinais, mas que passou a ser proibida no momento em que esfaqueou o enorme lobo com ela.

    Estas eram as condições para o emblema ser ativado. Mas então, porque o emblema não é ativado quando Ken utilizava as correntes como uma arma ou quando a usava para se defender? A resposta era muito simples mas também bastante incompreensível.

    Era porque Ken, não, seu subconsciente não considerava a corrente como uma arma ou como um meio de autodefesa. E ken percebeu isso desde o momento em que segurou uma corrente.

    Aquela estranha sensação familiar de aprisionamento, como uma amarra que prendia sua alma, um desconforto que o perseguia como um criminoso hediondo fugindo de seus crimes. Sim, Ken não conseguia ver as correntes como uma arma, mas sim mais como uma algema.

    Ken não sabia o porquê, mas era isto o que ele sentia.

    Seja o que fosse, mesmo que fosse desconfortável, Ken manejava as correntes a ponto delas parecerem terem vida própria, aprimorando assim sua proficiência com as correntes.

    E claro que Ken não se contentava apenas com treinamentos, ele foi mais ousado e agora estava tentando criar e desenvolver uma nova técnica, não uma simples técnica de artes marciais, mas sim uma técnica mais complexa e enigmática, que seria capaz de desafiar qualquer lógica existente. E Ken teve esta ideia após visitar o mundo das almas e quase ter-se transformado em uma.

    Mas para isso era necessário aprender mais sobre a energia vital, que é encontrada em todo ser vivo, e a energia da morte, que obteve de uma forma inusitada.

    Vida e morte, dois conceitos completamente opostas mas que mesmo assim fazem parte de qualquer ser vivente. Mas embora Ken não pudesse circular estas energias dentro de si por conta da restrição do emblema, não seria problema se fosse com os raios.

    E foi assim que mais cinco meses haviam se passado.

    §§§§

    Em uma sua carne estava sendo arrancada por fanáticos adoradores de demônios, e em outra estava sendo alvejado e cuspido pelos crentes religiosos.

    “Haa… ha…”

    Em seguida, correndo freneticamente em uma floresta escura como breu, o som das folhas sendo pisadas ecoavam e o cantar dos grilos ecoavam sinistramente. 

    *Boom!*

    Uma explosão emergiu por trás empurrando brutalmente seu corpo contra uma enorme pedra.

    “Ugh!?”

    Todos seus ossos foram quebrados e sangue escorria como a cachoeira de sua boca. Quando ele finalmente pode se recompor e olhar para cima, duas pessoas o encaravam de cima, mas depois se entreolharam.

    “Afasta-te, sua criatura repugnante adoradora de demônios. Ele virá connosco.”

    “Ha…pobres criaturas que se prendem a este mundo. Ele é nosso.”

    De um lado, um homem vestido com uma armadura dourada e branca com um semblante religioso, e do, um homem magro vestindo um robe vermelho e o rosto tapado com um capuz zombava do outro.

    Ambos se olhavam intensamente enquanto cobiçavam quem ficava com a presa.

    “Haa…haa…”

    O homem que foi jogado contra uma pedra respirava pesadamente. Embora os dois homens lutassem por ele, ele não queria seguir nenhum deles, porque sabia o que lhe esperava.

    Do lado demoníaco, ele era idolatrado, torturado e então sacrificado, do lado da igreja, seria desprezado, torturado e depois crucificado. Os dois lados apenas buscavam realizar suas próprias ambições, sem se preocupar com a pessoa que seria usada como lixo.

    E ele sabia disso por causa das memórias que teve em seus sonhos. O medo e o desespero tomavam tremendamente conta dele, obrigando-o a tomar uma decisão desesperada.

    Com um pedaço de graveto com a ponta afiada ao lado, ele o pegou.

    *Tzzzz*

     No mesmo instante o emblema em sua mão começou a brilhar e a soltar faíscas, que queimaram dolorosamente sua mão, o que chamou a atenção dos dois homens que lutavam por ele.

    “Pfft, o que ele está fazendo?”

    “Por acaso ele quer nos bater com um graveto? Infelizmente nem com isso ele pode, Kahaha.”

    Ignorando as palavras de zombaria dos dois, o homem apontou a ponta do graveto em seu pescoço ignorando a dor tremenda das faíscas que queimavam seu braço.

    “… Chegará o dia em que vocês irão pagar por tudo.”

    Murmurando suas últimas palavras que pronunciavam maldições, o homem, hesitantemente e com as mãos tremendo, ganhou coragem e cravou o graveto em seu pescoço. 

    *Tshuck.*

    “Uck!…”

    “!?”

    “!”

    Só então os dois homens haviam finalmente se apercebido de seu verdadeiro objetivo, mas já era tarde demais para fazerem alguma coisa, porque logo em seguida ele puxou o graveto. Sangue fresco escorria de seu pescoço como cachoeira, acelerando assim sua morte.

    Sua visão começou a embaçar e sua vida a esvaziar. Até dar o seu último suspiro.

    §§§§

    “Ha!…”

    Ken acordou abruptamente depois do estranho sonho que acabava de obter.

    “Haa… haa…”

    Ele respirava freneticamente como se estivesse acabado de sair de um afogamento. Com o suor escorrendo de seu rosto, sua mão pressionava com cuidado seu pescoço, como se estivesse verificando algo. 

    “Ha… era apenas um sonho.”

    Com um suspiro, Ken começou a acalmar sua mente e aos poucos foi se recompondo. Era claro para ele que o que acabava de presenciar não era um simples sonho, mas sim uma das memórias dos antigos portadores que por vezes apareciam em forma de sonhos. 

    Mas estas memórias começaram a aparecer com ainda mais frequência e pareciam cada vez mais reais depois de voltar do mundo das almas, como se fossem dele em primeiro lugar.

    Olheiras negras estavam se formando ao redor de seus olhos, mostrando sua completa falta de sono.

    – Outro pesadelo?

    “…”

    Ken olhou para o lado, Fenrir estava deitado como sempre em seu trono enquanto Ken continuava sentado em sua cauda. Embora Fenrir o tivesse feito uma pergunta, seu tom de voz estava desprovido de qualquer preocupação ou interesse, por isso Ken apenas voltou a olhar para frente e não respondeu.

    Foi neste momento que Fenrir abriu ligeiramente seus olhos, revelando sua íris dourada, que olhavam para o Ken pelo canto de seus olhos.

    Sua aparência degradada que estava diferente do seu eu habitual por alguma razão incomodava Fenrir.

    – Tch.

    Estalando a língua em frustração, Fenrir falou.

    – Sabes, posso não entender a sua situação, posso não saber do que você tem medo. Mas se você continuar negando persistentemente a sua nova  realidade, apenas irá se quebrar por dentro.

    “… O quê?”

    Ken ficou surpreso pelo repentino conselho de Fenrir, o que rapidamente o fez virar e olhar para ele. Mas Fenrir simplesmente voltou a fechar os olhos. Isto era ele dizendo, ‘não me interrompa’.

    “…”

    Por causa disto Ken decidiu não interrompelo, mas não era como se não pudesse entender o que Fenrir queria dizer. Ele estava se referindo às memórias dos antigos portadores.

    Embora o homem do mundo das almas não tivesse dito diretamente, era para Ken ter se aprofundado ainda mais nas memórias dos antigos portadores e torná- las como se fossem suas.

    Mas Ken tinha medo.

    Não o medo dos terríveis acontecimentos que as memórias carregavam, mas o medo de perder algo importante caso aceitasse tais memórias como suas, que eram os sentimentos e as memórias que passou com as pessoas que ele considerava mais importantes.

    Sua avó, sua irmãzinha, o Sr. Bertolt e a Sra. Hannah.

    Ken se recusava a abrigar as memórias dos antigos portadores para que suas memórias não fossem empurradas pela correnteza. Neste momento sua mente era como uma barragem que impedia persistentemente a passagem da água de um rio. Mas não importava o quanto tentasse impedir, sua barragem estava começando a se rachar e criar furos para passagem da água.

    Se Ken deixasse as coisas assim, continuando a se recusar a aceitar a correnteza, um dano maior o aguardava.

    Neste momento, Ken se viu preso à sua consciência, tudo estava escuro. Seu coração estava amarrado por longos fios finos, que seguiam um caminho se conectando em outro lugar.

    Naquele lugar, estavam sua avó, sua irmã, o sr. Beertolt e a sr. Hannah. Se no momento em que Ken liberar a barragem que segurava as memórias, estes fios finos poderiam ser facilmente cortados.

    “… O que eu faço, pessoal?”

    Ken se encontrava preso em um dilema.

    §§§§

    Um mês e quinze dias depois.

    Depois de mais um longo período de descanso, Fenrir abriu seus olhos e olhou ao redor, encarando as mesmas cenas do seu cotidiano. A mesma pequena e escura câmara de pedras onde mantém sido confinado, os mesmos esqueletos humanos amontoados e espalhados ao redor, tochas que iluminavam com um fogo azulado, e…

    Fenrir olhou na direção da sua cauda, mas especificamente, para a pessoa que estava sentado perto dela.

    ‘Ele ainda está nisso?’

    Um jovem humano, Ken, estava sentado no chão de pernas cruzadas e de costas para ele. Um mês e alguns dias já haviam se passado desde que Ken havia parado de treinar e estava simplesmente se concentrando em sua meditação.

    Parecia ser algo sério já que durante alguns dias estava sempre com o rosto distorcido e suando muito, parecendo que estava sofrendo por alguma enfermidade. Mas com o passar do tempo, ele parecia estar conseguindo superar esta enfermidade, já que suas expressões faciais distorcidas foram gradualmente se acalmando. Mas isto era algo que Fenrir já estava aborrecido de ver.

    ‘Hm?’

    Mas desta vez, Fenrir estava começando a notar alguma coisa de diferente, o que chamou sua atenção. Apesar de estar de costas, Ken parecia exalar uma pressão dominante, o que era diferente do seu eu atual.

    ‘Será impressão minha?…’

    Fenrir pensou em dúvida, mas foi neste momento que Ken virou a cabeça e olhou para Fenrir, como se tivesse notado que estava sendo observado.

    ‘!!!?’

    Quando seus olhos se encontraram, Fenrir sentiu seus pelos se arrepiarem. Os olhos de Ken exalavam uma intensa e anormal sede de sangue, o que fez Fenrir quase que instintivamente mover a pata e atacar Ken naquele exato momento.

    – …

    Mas ele não era uma besta divina atoa que não conseguia controlar suas emoções, mas isto era o quão sério era o olhar de Ken, a ponto de fazer uma besta divina ficar alerta.

    Ken sempre teve um olhar ameaçador, mas desta vez parecia diferente.

    ‘O que diabos aconteceu com ele?’

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