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    — Jovem mestre! — gritou Bastien, rasgando a garganta. O movimento de Liam foi tão ágil e veloz que nem os mais rápido dos desviantes (o próprio Bastien) foi capaz de acompanhar.

    — Theo! — Selina sobrepôs o desespero de Bastien, tal que já era imenso.

    Por sua vez, Jack e Aidna se preocuparam com outra coisa. Óbvio, não ignorando o sumiço de Theo com o tal djinn.

    A plataforma que estavam não era mais um lugar seguro. Tinha dois buracos abertos em cada extremidade, levando apenas contra um abismo que eles não tinham ciência. Para piorar, a estrutura estava balançando sem parar devido aos tremores causados por Liam e o djinn.

    Por sua vez, dois lutavam enquanto caíam no abismo. Liam não tinha a capacidade de voar, por isso permitiu se guiar pelo próprio djinn; sempre buscando se aproximar.

    “A energia dele… Está cem vezes mais refinada do que antes. Que alteração drástica foi essa?”

    “Essa característica de Genium não foi de todo o mal…” pensou Liam.

    Apenas ao entrar em contato com o djinn, ainda acima do piso, Liam entendeu como refinar toda a energia subitamente. Utilizou da habilidade Genium para fazer isso acontecer. Diferente de Theo, que restringia sua característica apenas para a área de exatas, Liam usou em combate.

    Além de refinar, Liam também condensou a energia. Agora, acima de estar com uma reserva de energia imensa, Liam também deixou a energia do corpo de Theo tão maleável quanto água em um frasco.

    “Que pena não conseguir enxergar a magnitude de todo o seu ser…”

    Envolvendo o braço com o atributo vento, Liam repousou a mão no plexo solar do djinn e o impulsionou ferozmente contra o chão. Durou alguns segundos para o som ecoar por todo o cenário.

    Ao enxergar o chão, Liam usou o vento para amortecer a queda e pousar numa pedra.

    O general olhou para o próprio corpo, abrindo e fechando suas mãos. Era pequeno, mas, mesmo assim, estava próximo ao que era acostumado em sua vida passada. Os desviantes tem uma média de altura bastante elevada, talvez o mais baixo que Theo conhecesse tinha um metro e oitenta.

    ‘Então, você é quem estamos atrás…’ disse o djinn, se recuperando do impacto. ‘Liam Mason, certo? Deixe-me apresentar: Sou Nihaya, um djinn da raça Marid.’

    Liam permaneceu em silêncio, apenas observando o djinn.

    — O que caralhos você queria me contar? — questionou Liam, quebrando o silêncio.

    ‘Você é um dos três.’

    — Dos três? — Liam elevou uma sobrancelha.

    ‘Desde que entraram no território de vossa alteza, identificamos três espíritos poderosos. O homem da ira, cujo distraímos com o dragão…’

    “O Titã Moris… Aquela outra presença assustadora era um dragão? Interessante.” ponderou Liam.

    ‘O homem do mar, cujo tentamos distrair com nossos répteis mas… falhamos. E por último, você. O homem escondido que não dava as caras de forma alguma. Pelo menos, agora tenho essa chance.’

    Liam saltou da pedra para o chão, encarando o djinn olho a olho.

    — Por quê? Por que o rapaz era uma ameaça para vocês?

    ‘O garoto não tem poder algum, mas tem potencial. Djinns não são apenas seres superiores, estamos além disso, somos espirituais. E, acredite em mim; sua presença abala a estrutura do plano mortal. Você deveria estar morto, não é?’

    — Teria sido bem melhor. Bom, mas que ruim para você, geniozinho de merda.

    Um sorriso falso, ao mesmo tempo que era confiante, trazia insegurança para seu inimigo. Seus olhos cerrados para forçar a expressão deixaram vazar apenas uma quantia rasa de energia dourada.

    — Eu deveria estar morto… — Liam apareceu rapidamente a par com o djinn, colocando a mão no rosto de seu inimigo. — Já você… estará em alguns segundos.

    Para a surpresa de Liam, no instante em que ia esmagar o djinn contra o chão, este conseguiu desviar. O general arregalou os olhos enquanto destruía o chão com a pressão de sua própria mão.

    — Oh… Você conseguiu desviar. Talvez eu esteja lerdo neste corpo.

    Nihaya recuou os olhos.

    ‘Está buscando defeito neste corpo?’

    — Por quê? Eu não posso? Mesmo que esse moleque tenha nascido sem uma alma, o cérebro dele afetou a minha alma.

    ‘Como assim? Aquele “garoto” seria a representação desse corpo?’

    — Não estava claro, a princípio? — retrucou de uma forma ignorante. — Não sei como, mas… esse corpo conseguiu me reprimir. Criou a personalidade que deveria representar esse ser.

    ‘O garoto nasceu sem vida, porém, assim que sua alma assumiu o controle ele teve a capacidade de desenvolver uma própria mentalidade.’

    — Ainda com as minhas características. Ele sou eu, ao mesmo tempo que não sou ele…

    Liam olhou diretamente para os olhos de Nihaya.

    — O que te interessou em mim?

    O djinn relaxou os ombros, embora ainda estivesse em guarda.

    ‘Você contraria o destino. Liam Mason deveria morrer, sua alma seria apagada de todos os planos e cairia para o abismo. No entanto, você mudou essa rota. Você reencarnou e está alterando o destino desse mundo.’

    — Grau quatro… — murmurou Liam.

    ‘O que disse?’

    — Acho que já posso ser considerado de grau quatro, pelos padrões de Vagus. Você com essa baboseira de destino, vai ser o meu primeiro feito nesse mundo.

    Liam correu contra Nihaya, usando o atributo anemo para diminuir a distância. Impulsionando os próprios movimentos, o general estava tão imprevisível quanto o próprio vento. 

    Entre chutes e socos, o djinn conseguiu desviar por pouco.

    “Ignorante… Que pena, vou ter que matar.” pensou Nihaya.

    Usando os vetores a seu favor, Liam criou um vórtice de vento que desequilibrou Nihaya. Com uma rápida investida, o general acertou um soco no plexo solar do djinn.

    Liam lamentou irritado, afinal, por Selina ter pegado sua espada para defender a si, ele estava desarmado agora. O general queria, genuinamente, testar uma configuração da ignição.

    Usando lâminas de energia, Nihaya tentou perfurar Liam de todas direções, contudo, foi em vão. O general desfez todos os feitiços e encantamentos do djinn facilmente.

    — Estou meramente decepcionado. Cresci, nessa vida, com histórias grandiosas dos djinns; são seres avançados, além da compreensão humana, desviantes que se tornaram um só com a energia. Os mais poderosos. Mas, vendo um de vocês, agora posso dizer que só sabem usar feitiços avançados de forma natural.

    ‘Nos dias atuais, nem seus desviantes mais poderosos devem saber o mínimo de materialização.’

    — O Jack sabe, e ele ainda é fraco se comparado aos grau oito e superior. Materialização é apenas criar um feitiço encantado usando um encantamento de barreira, podendo expandir o alvo das técnicas.

    Por entre seus dedos, Liam deixou escapar éter puro. Não atributo elementar ou qualquer outra energia, apenas o éter puro, manchando a atmosfera feita de mana.

    Quase se teleportando para atrás de Nihaya, Liam agarrou no capuz do djinn e desferiu uma joelhada nas costas, fazendo-o cuspir sangue.

    “A substância que ele deixou vazar é somente uma distração?” analisou o djinn, ao mesmo tempo que reforçava seu corpo com energia, se envolvendo com uma armadura que reduzia os danos de Liam.

    O tempo aparentava estar lento. O campo de visão de Nihaya tinha diminuído, focando apenas no éter.

    “Materialização…!” Nihaya se espantou.

    — Ártemis: Sagitta Lunae divinae Cervi.

    O éter, subitamente, se moldou numa flecha de vento que sugou a energia do ambiente que, mesmo sendo mana, foi convertida para éter. Em um milésimo, o feitiço se formou e fora atirado contra Nihaya em uma velocidade estrondosa.

    Por puro capricho e distração, Nihaya não percebera que a flecha de vento atravessou seu corpo. Seu sangue viscoso voou pelo ambiente até cair no chão de pedras.

    Caido ao chão com sua visão turva, ofegante e fragilizado, Nihaya cuspiu mais sangue no chão. 

    “Quando?” reclamou Nihaya, caído no chão. “A energia dele não tinha presença sequer para agir no ambiente. Ele sequer tinha força para materializar algo longe de suas mãos, não é? Esse desgraçado…”

    Olhando para Liam, o djinn entendeu.

    O general o olhava de cima, encarando Nihaya com desdém. Desprezando todo seu ser, fosse sua alma ou energia, Liam não sentia um pingo do medo que outrora presenciou. Aquele homem, ridicularizado em sua frente, realmente controlava aqueles tubarões tão “fortes”?

    Força. Esse conceito deixou novamente de fazer sentido para Liam.

    O mundo é dos fortes, dos poderosos. Ter poder é o ato de se impor, força é a capacidade de trazer seu poder à realidade. Isso sempre esteve na mente do amaldiçoado Le Fay. Mas… Por que quando estamos no trono, tudo parece ser em vão?

    Liam desejou ser poderoso o suficiente para se impor contra o djinn, uma lenda. No entanto, ele conseguiu isso com uma facilidade imensurável. No fim do dia, parecia que não importava para Liam; se desejasse algo, simplesmente iria até lá e realizaria. 

    “Apenas de entrar em contato com a minha energia… Ele aprendeu a refinar e condensar sua energia a este nível?!” concluiu Nihaya.

    — Vamos, tenho tempo para as suas baboseiras sobre o destino…!

    Liam foi forçado a esquivar para o lado. Uma sensação fria como uma lâmina tocou sua nuca a ponto de cortar a pele.

    Podendo encontrar um lugar seguro para se estabelecer, Liam olhou para onde estava e bateu de frente com sombras tomando forma. Dez armaduras surgiram das sombras, espalhando néter pelo ambiente e corrompendo a própria natureza.

    “Essas presenças…” Liam pensou, logo interrompido por um som agoniante.

    Um chicote de chama queimava suas costas sem parar, o som do chicote misturado às brasas ao seu redor atormentavam a mente de Liam.

    — Vossa suprema divindade do Tártaro almeja por tua presença no castelo infernal, Liam Mason. Venha conosco e você sairá ileso — disse uma armadura, asas etéreas tornavam aquele ser quase um anjo.

    Os olhos de Liam tremeram. Pela segunda vez em duas vidas o general teve medo da mesma fonte; a morte. Aquelas armaduras cheiravam a sombras. 

    Não às sombras projetadas pela luz, mas almas que vieram do submundo. Quando acidentalmente se encontrou com Caronte, Liam gravou aquela presença e cheiro enquanto espreitava por trás dos olhos de Theo.

    No entanto, ao contrário de Caronte ou qualquer outra alma… Aquelas sombras eram superiores a tudo e todos no mundo dos mortos, ficando abaixo apenas do rei do submundo.

    Nove das armaduras pertenciam aos “Espectros do Tártaro”, uma legião de espíritos guerreiros escolhidos pelo próprio rei do submundo. E, aquele que lhe causara mais medo entre todos, a sombra que te direcionou algumas palavras; um dos juízes do inferno, pessoalmente na frente de Liam.

    — Se renda — insistiu o juiz infernal, estendendo sua mão esquerda para Liam.

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