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    Enquanto marchavam cuidadosamente pela ponte, Theo ativou sua ressonância. Embora ele tivesse dito para si que deveria ativar a ressonância apenas em momento de urgência, o rapaz queria praticar o que viu na torre do xamã; uma forma de ativar a ressonância permanentemente.

    Os agentes continuaram caminhando calmamente para dentro da floresta. Quando entraram em contato com a névoa, nem Bastien se safou de ser atormentado por uma sensação horrível.

    Eles esperavam ser atacados apenas por invadir o local sagrado das fadas, no entanto, não aconteceu. Os agentes puderam caminhar por mais alguns metros, distância suficiente para a névoa se tornar mais densa. Chegou um momento que não dava para ver nem mesmo os próprios pés, sequer o chão abaixo deles.

    Todos se sentiram em uma areia movediça, porém, sendo agarrados por um terror imensurável no processo.

    Em dado momento, Theo teve a ideia de criar uma explosão de vento visando espantar a névoa. Contudo, a névoa se regenerou num piscar de olhos.

    — Tem algo errado — comentou Bastien, quase sussurrando. Apenas seu grupo escutou. — Não há nenhuma criatura nos atacando. 

    — Isso é muito estranho — confirmou Theo. — Já deveria ter ao menos algumas bestas nos atacando. Mas não tem…

    Os três agentes — Theo, Bastien e Jack — ficaram tensos e pensativos.

    Porém, o clima tenso foi quebrado por um dos defensores.

    — Líder Bastien! — exclamou. Sua voz estava abafada pela névoa, aparentando estar distante quando na verdade estava apenas há alguns metros na frente do grupo.

    O agente continuou gritando por Bastien desesperadamente. Tal grito chegou em Bastien apenas na quinta tentativa, quando o defensor sacrificou sua garganta em desespero.

    Ao escutar seu agente, Bastien ordenou para todos os grupos correrem na direção do grito. 

    Theo começou a criar vórtices de vento para criar um espaço, mesmo que a névoa se regenerasse rápido, eles conseguiam enxergar alguns metros à frente. Eles manteriam a sequência até chegar nos agentes.

    Quando se encontraram, Theo quase caiu de um morro, mas foi segurado por um dos defensores.

    — Que lugar é esse? — murmurou Jack, tentando entender a natureza.

    Eles se encontraram acima de um morro, tal qual descia para uma região inferior da floresta; diferente do que encontraram até agora, as árvores pareciam de contos de fada. Eram belas com folhas reluzentes, flores das mais diversas cores bordavam o ambiente e lhe entregava vida.

    No entanto, era um lugar aterrorizante.

    No limite da floresta, onde as árvores tomavam o campo de visão dos agentes, estava o causador desse terror. Uma armadura da mesma raça que os elimirions, os guardiões do pântano. Entretanto, ao contrário dos elimirions, aquele emanava uma luz verde. Sua armadura, ao invés de placas de metais elementares, era feita pela própria natureza; desde vinhas até tronco de árvores, como um guardião personificado.

    Ele estava sentado em um amontoado de pedras, apenas se apoiando numa longa espada cor de esmeralda. A postura era imponente o suficiente para intimidar Bastien e Jack, sufocando a resto. 

    Em seus pés, estirados pela floresta mágica, estava o rastro de sangue e os corpos dos agentes mortos. Um deles estava pela metade, cortado bruscamente ao nível da brutalidade ser notória.

    Uma gota de suor escorreu no rosto de Isak.

    — Foi ele? — perguntou Bastien.

    — Sim… — retrucou Isak, gaguejando e trêmulo.

    Theo segurou a espada com as duas mãos, colocando pressão no cabo.

    ‘Por que tanto medo? Ele é fraco.’ afirmou Nihaya, surgindo em frente a todos flutuando no ar.

    Rapidamente todos entraram em posição de combate, apontando suas armas e feitiços contra o djinn.

    Theo banhou sua lâmina com chamas e a ergueu contra Nihaya. Contudo, ele foi interrompido por Bastien.

    — Ele é um aliado — disse Bastien.

    — Aliado?! — Isak disse alterado. — Esse arrombado matou…

    — Eu sei o que ele fez. Mas, está do nosso lado.

    Nihaya suspirou insatisfeito, levando seus braços para cima. Acima de sua cabeça, ele moldou a mana atmosférica em uma pequena esfera de energia. Em um movimento ligeiro, o djinn abriu seus braços e explodiu a esfera numa névoa contra os agentes.

    Centenas de informações entraram na mente de todos.

    Theo abaixou sua espada e desconjurou as chamas.

    “Mephys?” pensou Selina. “Arcontes… Domínio?”

    Todas as informações sobre o que estava acontecendo foram compartilhadas com os agentes. Como um djinn, isso era um fundamento fácil para Nihaya.

    — Então… Dois desses generais, ou… Emissários já foram mortos pelos titãs — disse Bastien, ainda confuso pela quantidade de informações.

    ‘Exatamente’ afirmou Nihaya. ‘Aquela armadura é apenas o guarda do Emissário deste bosque.’

    — Ele tem a presença de um grau sete. Ainda inferior a você, Bastien — disse Jack.

    ‘Vocês irão gastar suas energias contra esta armadura. Porém, não posso a matar ou ajudar vocês agora. Se eu fizer, Cepheus irá me encontrar e findará com a morte de vocês.’

    — Então, o que sugere? Darmos a volta?

    ‘É impossível. Assim que pisarem no bosque, o guardião irá avançar contra vocês. Não importa a distância.’

    Bastien balançou as adagas em suas mãos, pensando em uma alternativa.

    ‘O loirinho consegue vencer.’ afirmou Nihaya.

    Todos ficaram pasmos, principalmente Isak. Theo era o mais fraco na classificação de Vagus, aquela afirmativa não fazia sentido algum.

    Mas, para Jack e Bastien fazia. Principalmente para Selina e Aidna. Para esses quatro, a simples classificação não servia de nada além de uma posição social. Eles já viram muitos agentes, ditos de grau um, vencerem monstros ou agentes de grau superior.

    Theo era um deles. Sim, ele não derrotou diretamente a harpia de grau quatro, mas ajudou em sua derrota. Além de suportar um confronto direto com Selina, uma agente de grau seis.

    Naquele mundo, a força não demonstrava o quão forte alguém é, mas suas capacidade de aplicá-la na realidade.

    Todos os quatro sabiam que Theo estava acima do grau três, principalmente após seu combate contra os espectros. Ainda assim, um grau três ou quatro é uma formiga para uma criatura de grau sete que tem apenas o desejo de morte.

    Mas, de certa forma, Theo não o temeu. Se temesse, não conseguiria sequer mexer seus músculos, assim como foi contra os tubarões. Porém, ele estava pleno na presença daquele monstro.

    Logicamente, era um benefício de sua atual essência. Theo estava puro diante do mundo, com certeza havia subido mais alguns degraus na Escada Iluminada. 

    Luanne desejava que Theo despertasse apenas a essência básica e inicial, porém, naquele momento ele já estava entrando nas águas intermediárias. Faltava apenas um gatilho para despertar sua própria consciência, e o jovem tinha certeza que esse despertar seria resultante de uma luta contra alguém superior.

    — Eu vou. — Theo afirmou, com sua voz plena.

    — Tem certeza? — Bastien queria testar sua confiança, mas não foi necessário.

    — Sim. Afinal, a morte é uma data fechada, né? Se eu tiver que morrer, então assim será. Mas, se for pra ficar vivo, vamos ver o que o destino me aguarda.

    Nihaya sorriu.

    ‘Nos vemos mais tarde, Liam Mason.’ Nihaya se comunicou mentalmente com Theo.

    O jovem arqueou suas sobrancelhas para o djinn, embora este já tivesse desaparecido por completo.

    — Nós ficaremos com ele — disse Selina, acompanhada por Aidna e a conjuradora da terra.

    — Certo… — murmurou Theo, alongando seu braço esquerdo enquanto apoiava a zweihänder no corpo. — Vocês matem esse tal Emissário — ordenou para Bastien.

    — E você aquela armadura — retrucou com uma ordem.

    Os dois se cumprimentaram.

    Sem pensar duas vezes ou processar a presença do guardião, Theo se jogou em direção ao bosque.

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