Capítulo 90 - O fogo negro avança
“Toda magia tem um ciclo: um ponto de criação e um ponto de dissipação. O que dá poder à lâmina hoje pode torná-la fraca amanhã. O equilíbrio está em compreender o momento certo de transformar, o instante preciso em que a magia deve mudar de forma para que a batalha não seja perdida.”
— Discursos do Grande Explorador Zandar, Vol. sobre magia.
O campo de batalha se tornava cada vez mais caótico. Harley e Ivana lutavam lado a lado com seus movimentos sincronizados. Os dois guerreiros encontravam formas de se adaptar, resistir e contra-atacar.
O dragão expelia cada vez mais labaredas de fogo sombrio que avançavam como rios ardentes, destruindo tudo em seu caminho. As chamas continuava quebrando várias das barreiras de energia, criando novas aberturas onde as sombras se precipitaram como um enxame descontrolado.
Harley sabia que precisava ser mais rápido do que nunca. Ele se movia em um ritmo frenético, correndo pelas passagens que ainda estavam intactas, reconstruindo as defesas onde podia, enquanto sua adaga cortava as sombras que se aproximavam.
Ivana, por sua vez, utilizava o caos a seu favor. Ela continuava se esgueirando pelas sombras, movendo-se com uma precisão impressionante. Ivana parecia ser a sombra dentro das sombras, um predador que se movia silenciosamente e atacava sem hesitação.
— Dragão, destrua-os com todo o seu poder! — gritou a Guardiã Sombria com raiva — Não deixe nada para trás, varra-os deste mundo com todo o seu poder!
O dragão, ao receber a ordem, abriu suas asas imensas, gerando uma rajada de escuridão sufocante. Canalizando todas as suas energias, expeliu uma chama negra avassaladora, sabendo que, após aquele ataque, o fogo lhe faltaria por um longo tempo.
Harley sabia que precisava fazer algo para conter aquela fúria. Ele concentrou toda a sua energia em um único momento, sua adaga emitindo uma luz ofuscante enquanto canalizava poder suficiente para erguer uma muralha.
A barreira surgiu, e por um instante pareceu ser o suficiente para conter o fogo negro. No entanto, essa muralha era, na verdade, um conjunto de várias barreiras sobrepostas, criadas para resistir ao máximo à investida brutal do dragão.
Mas o fogo concentrado era implacável. Uma a uma, as camadas da barreira começaram a se quebrar. A primeira estremeceu sob o impacto das chamas, rachando e desmoronando.
A segunda camada resistiu por mais alguns segundos, mas logo cedeu, seguindo o mesmo destino. Harley sentiu a força de seu próprio poder começando a fraquejar.
Foi então que Ivana, percebendo o perigo iminente, agiu sem hesitar. Usando sua habilidade de transitar entre as sombras, ela se moveu rapidamente pelo campo de batalha, emergindo das trevas próximas a Harley.
Com um gesto ágil, ela agarrou seu aliado momentâneo e, antes que a última barreira fosse destruída, envolveu-os em um véu de sombras.
As chamas do dragão explodiram onde Harley estivera segundos antes, mas a dupla já havia desaparecido. Ivana os havia levado para outro ponto do campo, usando as sombras como uma passagem secreta, longe do alcance direto do ataque destrutivo.
Eles reapareceram em uma área mais segura, e Harley, ofegante, olhou para Ivana com gratidão.
— Você me salvou — disse ele, com um brilho de reconhecimento nos olhos.
— Ainda precisamos um do outro, é simples assim — respondeu Ivana friamente, lembrando que a sobrevivência dos dois dependia dessa colaboração temporária.
A Guardiã Sombria observou com desagrado o dragão cambalear, suas forças exauridas. Sem hesitar, ela ergueu as mãos para o alto e canalizou uma poderosa onda de Energia Sombria, que se espalhou em direção à criatura enfraquecida.
A energia envolveu o dragão como uma tempestade negra, penetrando em suas escamas e infundindo-o com um novo poder.
O impacto foi imediato: o dragão rugiu, suas asas se abriram com vigor renovado, e suas escamas começaram a pulsar com uma escuridão ainda mais profunda.
Ele cresceu diante dos olhos da mulher de pele escura e de seus oponentes, seus músculos se expandindo, enquanto espinhos afiados surgiam ao longo de sua pele, formando uma armadura natural.
Harley usou o pouco tempo que tinha para erguer inúmeras barreiras finas que apesar de frágeis serviriam para confundir os inimigos e ocultar a sua localização. Ele sabia que precisava manter o dragão e a Guardiã ocupados por tempo suficiente para que Ivana pudesse continuar abatendo as sombras.
E foi nesse momento que decidiu tentar algo novo. Em vez de apenas tentar se defender, Harley decidiu usar a própria força do dragão contra ele.
Ele começou a guiar os ataques do dragão, erguendo novas barreiras e aparecendo nestes locais específicos para direcionar as chamas negras para áreas onde criaturas feitas de sombra se concentravam.
Cada ataque do dragão agora se tornava uma arma contra o próprio exército da líder sombria, e Harley começou a usar isso para seu benefício, transformando o fogo destrutivo em uma ferramenta para enfraquecer as forças inimigas.
Enquanto isso, Ivana mantinha uma ofensiva implacável. Aproveitando-se da distração criada pelos ataques do dragão, ela usou sua habilidade de transitar pelas sombras, desaparecendo em uma e reaparecendo em outra, aproximando-se cada vez mais da Guardiã Sombria. Seu objetivo era claro: encontrar uma brecha na defesa da líder.
Ivana movia-se, atravessando a escuridão como se fosse parte dela. Cada transição a levava mais perto de seu alvo, até que, finalmente, ela emergiu a uma distância curta, o suficiente para maximizar o impacto de seu poder.
Concentrando-se, Ivana liberou uma onda sonora devastadora, direcionada à líder dos guerreiros feitos de sombra, cujo estrondo ecoou pelo campo de batalha. O ataque visava desestabilizar a líder das sombras, interrompendo sua concentração e criando uma oportunidade crucial para mudar o rumo da batalha.
As sombras posicionadas ao redor da Guardiã Sombria reagiram instintivamente ao ataque de Ivana, movendo-se em um piscar de olhos para defender sua líder. Cada uma delas se lançou na frente da onda sonora, recebendo o impacto direto e sendo destruídas no processo.
O estrondo ecoou, e as sombras se dissiparam em uma névoa escura que se desfez no ar, mas a Guardiã permaneceu intocada. Ivana, ao perceber que seu ataque havia sido frustrado pelo sacrifício dos guardiões sombrios, não hesitou.
Em um movimento rápido, ela deslizou para dentro de uma sombra próxima, desaparecendo antes que pudesse ser atacada. Ela reapareceu em um ponto distante do campo de batalha, protegida pela escuridão, pronta para recalcular sua estratégia e encontrar outra oportunidade de ataque.
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