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    Linjos era um homem de quase trinta anos, com cerca de 1,77 metros de altura. Sua ampla túnica de mago tornava sua constituição um mistério, ele poderia ser uma montanha de músculos ou tão magro quanto um pedaço de pau. Ele tinha um rosto longo perfeitamente barbeado, um queixo fendido e um nariz aquilino.

    Seu cabelo era castanho, com tons de prata. Seus olhos castanhos estavam cheios de inteligência e preocupação. Lith quase conseguia ouvir seus pensamentos de pânico.

    “A julgar pela diferença no tratamento que Lark e Distar receberam, ele deve estar ciente de quão poderosa ela é no momento. Estou realmente curioso para ver como isso vai se desenrolar!”

    As sobrancelhas espessas do diretor se contorciam como vermes peludos, enquanto ele decidia como deveria encarar o acontecimento inesperado.

    “Ele também tem um núcleo de mana azul claro.” Solus observou. “Ele é mais fraco que Ainz, mas mais forte que qualquer um que conhecemos, exceto aquela vadia Linnea. Azul deve ser o requisito mínimo para a posição.”

    — Bem, isso é realmente constrangedor de dizer, cara marquesa, mas não sei se posso ajudá-la. — Linjos considerou a posição política de Linnea uma besteira. Ele se opôs ferozmente às suas moções e sugestões de política durante o último Conselho de Diretores.

    Mas ele havia perdido, mesmo que por uma pequena margem. As regras eram claras, ele só poderia seguir os regulamentos aprovados pela maioria do Conselho.

    — Bem, acredito que será mais fácil do que você pensa. — A marquesa sentou-se em uma poltrona, convidando Linjos a fazer o mesmo. Observar o diretor recebendo ordens em seu próprio escritório encheu Lith de alegria.

    “Gostaria que eu tivesse tanto poder que pudesse fazer todos eles dobrarem os joelhos! Nada mais de esconderijos, nada mais de mentiras. Apenas poder desenfreado!”

    — O que você quer dizer?. — Perguntou Linjos depois de se sentar atrás de sua mesa.

    — Veja, eu sou parcialmente culpada por toda essa situação. Se eu tivesse dito a verdade desde o começo, nada teria acontecido. Infelizmente, eu tinha meus próprios motivos, então espero que você entenda o quão confidencial é o que estou prestes a compartilhar com você.

    O interesse do diretor foi despertado e, embora Lith não tivesse ideia do que ela estava falando, ele era um mentiroso habilidoso o suficiente para saber quando ficar em silêncio e deixá-la trabalhar.

    — É claro que tudo o que você disser nunca sairá desta sala. Você tem minha palavra.

    — Veja bem, eu conheci Lith alguns anos atrás e fiquei tão impressionada com sua habilidade e talento que o aceitei como meu aprendiz. — Ela se aproximou da mesa, quase sussurrando.

    Ambos os homens ficaram surpresos com essa revelação.

    — Então Nerea na verdade ensinou a ele apenas o básico, na verdade fui eu quem transmiti os caminhos da magia a ele. O problema era, e ainda é, que minha família está sob o escrutínio de muitos olhos. Tenho muitos inimigos.

    — Então, para evitar que um deles o exterminasse antes que ele pudesse atingir seu verdadeiro potencial, decidimos manter tudo em segredo e deixar o mundo pensar que o Conde Lark e Nerea eram os que realmente estavam cuidando dele.

    — Isso explicaria muita coisa! — Linjos exclamou em choque. — Suas realizações são muito notáveis para alguém sem um histórico adequado. Também explica por que a Corte levou o assunto tão a sério, apesar do fato de que veio de um apelo de um nobre inferior.

    “Bem, foda-se você também, companheiro.” Lith pensou. “Conde Lark mais uma vez, você e eu teremos um problema.”

    — Exatamente. — A marquesa assentiu, passando-lhe vários papéis que ela tirou de um dos anéis que usava.

    — Eu ainda não posso pagar a verdade para ver a luz, você sabe o que aconteceu com minha filha. Então, eu realmente gostaria de evitar oficialmente forçá-lo a aceitá-lo com a autoridade que me foi confiada pelo Rei. Isso levantaria um rebuliço em vários níveis. Espero que você entenda minha posição e que esses documentos lhe darão força suficiente para defender sua posição, caso o Conselho tente repreendê-lo.

    Linjos leu os jornais e, em determinado momento, quase pulou da cadeira.

    — Foi ele quem curou sua filha e extraiu o veneno mágico que nossos laboratórios estão estudando atualmente? — Ele simplesmente não conseguia acreditar no que via.

    Os melhores curandeiros entre a equipe da academia Grifo Branco tentaram e falharam, enquanto um garoto deveria ter diagnosticado corretamente a natureza da doença e conseguido curá-la.

    — Peço desculpas por ser rude mais uma vez, mas todos os depoimentos vêm de seus familiares. O Conselho certamente objetará que isso é apenas um estratagema para forçá-los. Essa história é simplesmente inacreditável. Vá para a próxima página, por favor. — Ela nem se importou em esconder o sorriso.

    A segunda página também era uma declaração. Ainz era uma das testemunhas, e ele havia relatado tudo o que tinha visto durante aquele dia. Em sua declaração, Ainz fez uma avaliação profissional das habilidades de Lith, apontou e descreveu os vários feitiços pessoais que ele o havia testemunhado usando.

    Linjos ficou completamente pálido.

    O testemunho de Ainz era juramentado, assim como os outros, mas, vindo de um mago, tinha um significado completamente diferente do de um nobre.

    Duvidar de sua palavra era o mesmo que chamá-lo de mentiroso e incompetente, cujas consequências seriam terríveis.

    Apesar de ser tão jovem, seu talento e poder eram inquestionáveis. Além disso, o Grifo Negro se tornaria um inimigo jurado de qualquer um que tentasse manchar a reputação de seu gênio.

    Um insulto tão pesado poderia até levar Ainz a desafiar pessoalmente quem ousasse questionar seu julgamento, e não havia Diretor que quisesse enfrentá-lo em confronto direto, fosse um duelo mágico ou uma competição de inteligência.

    Os dois documentos eram mais que suficientes para desafiar a vontade do Conselho sem repercussões, mas Linjos não era o tipo de homem que agia por impulso.

    — O fato de eu poder não significa que eu deva fazer isso. — Ele ponderou.

    “Não importa o que eu faça, enfrentarei uma reação diferente, seja da Marquesa ou do Conselho. Do ponto de vista político, não há muita diferença, e isso torna minha decisão muito mais fácil.

    Se esse garoto é realmente tão talentoso, seria um crime contra a magia seguir cegamente as ordens daqueles velhos chatos. Lembro-me bem de como eles se opuseram a que eu me tornasse Diretor, alegando que eu era muito jovem e muito ‘radical’ para a posição.

    É hora de dar-lhes uma lição. Suas bundas enrugadas estão enraizadas em suas cadeiras há tanto tempo que eles se esqueceram da paixão que ensinar magia requer.

    Aceitei a posição que a Rainha me ofereceu porque fiquei enojado quando vi como as academias estavam sendo reduzidas a burocratas. Eles negligenciam seu dever de nutrir verdadeiros talentos e bajulam aqueles que já são poderosos em troca de pequenos ganhos políticos.”

    A marquesa esperou pacientemente. Ser atenciosa era um ponto positivo em seu livro, apenas idiotas e cachorrinhos de colo iriam correr em direção ao perigo sem pensar.

    — Ficarei feliz em receber seu discípulo em minha academia, mas somente se ele atingir os requisitos mínimos. Sob minha orientação, não há favoritismo no Grifo Branco.

    Tanto a Marquesa quanto Lith não tinham objeções. Lith havia sido instruído sobre o teste de admissão por Nana bem antes de sua visita ao Grifo Relâmpago. Além disso, antes de ir ao Grifo Branco, ele havia pedido confirmação à Marquesa.

    A admissão de Nana havia acontecido décadas atrás, algo poderia ter mudado ao longo do tempo, mas, pela experiência de Distar, a estrutura do exame ainda era a mesma.

    O diretor Linjos usou seu amuleto de comunicação para reunir os chefes de todos os departamentos mágicos na sala de testes. Lith estava curioso para explorar a academia, mas o diretor abriu outra porta dimensional, levando-os diretamente ao seu destino.

    Era uma grande sala quadrada, com cada lado de trinta metros de comprimento, que parecia esculpida em um único pedaço enorme de pedra. As paredes, o chão e o teto eram todos lisos, sem vãos, exceto por uma porta.

    As únicas peças de mobiliário eram várias cadeiras alinhadas contra uma parede, onde a Marquesa, o Diretor e os chefes de faculdade se sentavam assim que saíam de várias portas dimensionais.

    Lith sentiu um novo respeito por magos falsos. Comprimir o espaço com tanta facilidade, permitindo movimentos instantâneos, era algo além de seus sonhos mais loucos.

    Quando todos os sete chefes chegaram, o diretor disse:

    — Mostre-nos o básico.

    Ele estava pedindo para Lith mostrar sua proficiência com magia doméstica, a base de todas as magias.

    “Se você soubesse o que está perdendo…” Lith sorriu interiormente.

    Lith respirou fundo, estimulando seu núcleo de mana ao máximo. Ele ficou em pé, estendendo sua mão direita para cima, bem acima de sua cabeça, gerando uma esfera de luz branca deslumbrante do tamanho de uma castanha.

    Sua audição aguçada já conseguia ouvir alguns comentários sussurrados.

    — Magia de luz silenciosa perfeita. Trivial, mas eficaz. — Disse um dos Chefes.

    — Vamos torcer para que ele faça algo melhor, tenho tanta papelada no meu escritório… — Comentou outro.

    Lith sorriu abertamente, movendo o braço no sentido horário, e quando chegou às duas horas, uma bola de fogo vermelha brilhante apareceu.

    — Dois tipos de magia silenciosa perfeita! Nada mal, para um plebeu.

    — Elenco duplo, finalmente algo interessante.

    O braço de Lith continuou se movendo em um movimento fluido, não dando tempo para eles conversarem. Às quatro horas, uma pequena nuvem de tempestade apareceu. O público começou a se interessar.

    — Elenco triplo aos doze anos?

    — Que porra é essa? Triplo silêncio perfeito…

    O braço chegou às seis horas, e uma mancha de pura escuridão começou a consumir a luz ao redor, pulsando com fome. Tanto o Diretor quanto a Marquesa já tinham entendido o que era, mas enquanto a Marquesa tinha visto Lith em ação, Linjos ficou chocado.

    — Não poderia ser de Silverwing…

    Às oito horas, rocha, poeira e sujeira se condensavam em uma pequena pedra redonda, enquanto às onze horas uma pequena bolha de água mudava constantemente entre os estados gasoso, líquido e congelado.

    — Pelos deuses! Hexaconjuração com magia silenciosa perfeita!

    — Isso é quase o Hexagrama de Mana da Magus Silverwing.

    — O último aluno que conseguiu fazer isso…

    O diretor deu uma cotovelada no chefe do departamento, forçando-o a ficar quieto. O interesse de Lith foi despertado. Por que interrompê-lo? A identidade do aluno era um segredo?

    “Não existe quase.” Pensou ele.

    Seu braço não parou, na segunda volta de sua mão, os pontos únicos de energia se conectaram por tentáculos de poder, formando um hexagrama perfeito inscrito em um círculo.

    Por meio das conexões compartilhadas, a energia começou a circular, até que os elementos individuais desapareceram, deixando apenas um hexagrama dourado flutuando no ar.

    Essa foi a razão pela qual Nana foi aceita naquela época, e ela passou isso para Lith.

    O Hexagrama de Mana de Lochra Silverwing era um feito raro, que apenas um mágico entre cem era capaz de realizar. Era um exercício que demonstrava não apenas maestria sobre todos os elementos, mas também uma compreensão profunda do fluxo de mana.

    Enfatizava a força mental e o foco de seu conjurador. Era uma regra não escrita que qualquer um que fosse capaz de conjurar o Hexagrama de Mana era automaticamente admitido, mesmo que fosse um escravo.

    Depois disso, Lith começou a lançar feitiços mágicos falsos o mais rápido que podia. Agora ele tinha que provar sua maestria e controle sobre os três primeiros níveis de magia para pular os anos de iniciante.

    Ele deveria lançar pelo menos vinte magias de nível um, mas ele executou trinta. Ele poderia ter feito mais, mas ele decidiu evitar exageros.

    Lith já havia estudado e memorizado todos os recordes do Grifo Branco. Se os gênios pontuavam 110/100, 90/100 era um resultado perfeitamente bom para ele.

    Ele não queria ganhar muitos holofotes, apenas o suficiente para ter seu talento reconhecido e talvez transformar alguns professores em seus patrocinadores. Dessa forma, ele seria capaz de passar os próximos dois anos em um ambiente calmo e pacífico.

    Ele estava lá para aprender, não para lutar. Lith parou em magias de nível três, ir além seria muito perigoso. Ele não só teria exposto muito talento, mas também correria o risco de pular o quarto ano.

    Os cursos de especialização começavam no quarto ano, e Lith queria permanecer na academia tempo suficiente para assimilar tudo o que ela tinha a oferecer sobre forjaria, e talvez até mesmo cura. Sem mencionar que ele ainda precisava de patrocinadores poderosos.

    Quando ele terminou, não houve aplausos ou felicitações, mas os magos convocados se amontoaram, começando a discutir descontroladamente. Seus “sussurros” eram altos o suficiente para que, mesmo com sua velha audição, Lith ainda conseguisse ouvi-los.

    — Excelente desempenho. — A marquesa deixou o grupo assim que a discussão começou, ela não tinha lugar ali.

    — Obrigado. — Lith fingiu estar cansado e com falta de ar.

    — Você acha que eu estou dentro?

    — Com certeza, a menos que o céu e a terra virem de cabeça para baixo.

    Nota