Capítulo 67 – Exame simulado [1/3]
por SnowBearNas semanas seguintes, a vida na academia Grifo Branco se tornou mais agitada a cada dia. Após o feitiço Elevador, a Professor Nalear os fez aprender mais feitiços educacionais com dificuldade e restrições crescentes, colocando os alunos à prova em cada lição.
O professor Trasque começou a usar todos os aneis disponíveis no salão de treinamento, fornecendo aos alunos soldados bem treinados como parceiros de treino. Os soldados eram equipados com armaduras encantadas e usariam uma arma diferente para cada lição.
Os alunos, por sua vez, só podiam usar um elemento, com base no cenário que Trasque havia criado para cada sessão de treinamento. Após cada derrota, seus parceiros os ensinavam o trabalho de pés e apontavam seus erros.
As aulas de Mestre Curandeiro continuaram sem problemas. A divisão entre os favoritos do Professor Vastor e o resto da classe tornou-se tão grande que logo ninguém ousou ter esperança de que eles pudessem roubar os holofotes mais.
A única coisa que os outros alunos podiam fazer era tentar não ficar muito para trás e apostar em quem sairia por cima.
A maioria dos cursos de Mestre de Forja aconteciam em uma sala de aula. A Professora Wanemyre, ou um de seus assistentes, ensinava a eles como diferenciar runas com base nos elementos e como combiná-las para obter efeitos diferentes.
Solus estava entusiasmada com as aulas de Mestre Alquimista que ela continuava tendo e prometeu a Lith uma grande surpresa. Ela tinha terminado rapidamente de copiar seu livro e agora os dois iriam invadir a biblioteca da academia durante cada visita.
Quanto às aulas particulares, elas foram mais tranquilas do que Lith esperava. Depois de um mês, Quylla já havia dominado cinco tipos de magia silenciosa, enquanto Friya e Yurial estavam lutando com a quarta.
(NOTA: a primeira magia normal requer sinais de mão e palavras mágicas, a magia silenciosa requer apenas a palavra ou os sinais, a magia silenciosa perfeita requer apenas gestos para melhor direcionar e controlar os efeitos conjurados)
A velocidade de aprendizado de Quylla era assustadora, digna de alguém que conseguiu entrar na Grifo Branco sem um mentor. Lith suspeitava que ela era um gênio e a observava de perto.
Graças ao tônico, ela cresceu 5 centímetros e ganhou 10 quilos. Ela ainda estava magra, mas seu núcleo de mana já havia evoluído para ciano profundo.
Com o tempo, ele conseguiu ganhar a confiança deles, ou pelo menos era o que ele esperava. Lith decidiu ensinar a eles apenas magia silenciosa, guardando os segredos para a magia silenciosa perfeita e multi-conjuração para si mesmo.
Ele queria que eles fossem independentes dele, não dependentes, ou isso iria amortecer o crescimento e a autoconfiança deles. Sem mencionar que ele não tinha desejo algum de revelar segredos tão preciosos e não receber nada em troca.
Lith havia provado a eles que podiam confiar nele, agora cabia a eles retribuir o favor e mostrar sua utilidade.
Exatamente um mês após o início das aulas particulares, todos os alunos do quarto ano foram convocados pelo Diretor para o Salão Nobre, no andar térreo, logo após o café da manhã.
Vários Professores apareceram assim que o gongo que sinalizava o início próximo das aulas ressoou. Eles abriram vários Passos de Dobra, levando-os ao seu destino.
A mudança abrupta de rotina os deixou confusos. Eles começaram aquele dia como qualquer outro, preparando seus feitiços e livros para os cursos diários.
— Olá, meus queridos alunos. — Linjos disse quando os últimos Passos de Dobra fecharam.
— Espero que tenham aproveitado o café da manhã, já que será a última refeição decente que farão por um tempo. Pelo menos, se forem bons o suficiente. Hoje, vocês começarão o exame simulado, para se preparar para as finais do trimestre.
— Vocês serão divididos em grupos de cinco, de acordo com as especializações de sua escolha. Cada grupo será composto por dois atacantes, dois defensores e um curandeiro. Sua avaliação atual afetará como seu grupo será formado.
— A duração do exame é de uma semana. Ele será realizado na floresta que cerca a Grifo Branco. A única coisa que é exigida de você é sobreviver o máximo que puder.
— Não se preocupe, é um ambiente controlado, os Professores vão resgatá-lo caso algo dê errado. Alguma pergunta?
Várias mãos se levantaram, e a de Lith estava entre elas.
— Lith de Lutia, fale livremente.
— Achei que não haveria torneios ou competições. — Lith disse. — Por que essa mudança?
Linjos riu.
— Não é competição. A floresta é realmente grande, grupos diferentes serão enviados para áreas diferentes.
— As chances de dois grupos se encontrarem são quase zero e, mesmo que isso acontecesse, uma equipe que atrapalhasse outra seria imediatamente interrompida, com efeitos devastadores nas notas de seus membros.
— Esqueci de especificar que você será monitorado constantemente, então tome cuidado com o que fizer ou disser.
Sua voz ficou fria durante a última frase, procurando na multidão pelas figuras mais problemáticas. Então, ele apontou para uma garota.
— Histi Cawfor, fale livremente. — Lith a reconheceu, ela era uma das alunas com notas mais baixas na classe de Curandeiros.
— Essa configuração não é muito injusta? A floresta é um ambiente severo. Se os grupos são formados com base nas avaliações, não é como condenar aqueles que ainda estão lutando ao fracasso? — Ela estava, é claro, falando de si mesma. Não havia um único tópico em que ela tivesse brilhado, ainda.
— Você entendeu mal minhas palavras. — Linjos balançou a cabeça.
— Os grupos trabalharão em pé de igualdade. O que eu quis dizer antes, é que eles foram reunidos para que todos os grupos tenham a mesma classificação. Eu nunca permitiria um exercício tão inútil.
— Esta é uma oportunidade para vocês se socializarem e aprenderem a confiar uns nos outros. O teste é para toda a equipe, não para os indivíduos. Se o Reino alguma vez pedir sua ajuda, vocês não poderão escolher com quem trabalhar, precisarão de flexibilidade e solidariedade.
Murmúrios enchiam o ar, os alunos que acreditavam ser capazes já estavam xingando seus companheiros de equipe desprezíveis antes mesmo de conhecê- los, enquanto os oportunistas rezavam aos deuses para que lhes dessem alguém que os levasse ao sucesso sem esforço.
Todas as mãos se abaixaram naquele momento, então Lith levantou a sua mais uma vez, enquanto a seleção já havia começado.
— Desculpe, Diretor, uma última pergunta. Eu entendo que isso é um esforço de equipe, mas e se alguém cair para uma fera e for salvo por um professor? Ele pode voltar para a equipe, ou o grupo todo falha?
— Eles serão considerados como tendo ‘morrido’ e retornarão ao castelo. Se apenas um membro permanecer, o grupo é considerado eliminado. Desnecessário dizer que prejudicar seu próprio grupo é proibido. Vocês têm que resolver suas diferenças, não aumentá-las. — Linjos respondeu.
De repente o ar foi sacudido por um rugido furioso.
— O que você quer dizer com eu estar no mesmo grupo que esse lixo plebeu?
Curioso, Lith perguntou a Linjos o que estava acontecendo. O diretor explicou a ele que quem estava gritando era a melhor aluna da especialização Mago de batalha, e que ela estava se referindo a uma garota que estava bem atrás dela no ranking.
— Obrigada por apontar isso, jovem mestra. — Disse o Professor Binlow, o responsável pelas aulas de Mago de Batalha. A garota abriu um grande sorriso satisfeito. Finalmente algo estava indo do jeito dela.
— Menos cinquenta pontos por questionar ordens, e outros menos cinquenta por ter a coragem de dizer isso na minha cara! — Ele gritou com ela como um verdadeiro sargento instrutor, fazendo-a se encolher.
— Sem disciplina, não há vitória. Um líder arrogante que desrespeita seus soldados, só pode levá-los à derrota! Além disso, quem é o lixo? Você já lutou contra algo na vida? Como você sabe como ela reage ao perigo? Ou como você reage?
— Lutas de verdade são diferentes das classes, e geralmente aqueles que batem mais as gengivas são os primeiros a cair na batalha. Agora, cale a boca, a menos que queira perder mais cinquenta pontos!
Tendo perdido metade dos seus pontos de uma só vez, ela obedeceu.
Lith acabou em um grupo de três meninas e um menino. Ele não conhecia nenhum deles, então tentou fazer o melhor para agir amigavelmente como fez com o grupo de curandeiros. No último mês, ele havia recuperado um pouco de suas habilidades sociais e perdido seu comportamento de Senhor das trevas.
Quando o Professor Trasque abriu os Passos de Dobra, ele estava pronto para seguir em frente, quando uma das garotas o agarrou pelo ombro, forçando-o a parar.
— Professor Trasque, você não nos disse quem é o líder. A cadeia de comando deve estar clara.
Lith colocou a mão na testa interiormente, enquanto Trasque, com sua habitual ousadia, fez isso abertamente.
— Bons deuses, você é surda ou o quê? Este é um exercício em grupo, entre pessoas que não se conhecem. Cabe a você decidir quem é o líder, e essa é uma escolha que não tem nada a ver com notas, status ou prestígio.
— Um líder não fica apenas dando ordens, ele também vai arcar com a responsabilidade se sua equipe falhar. Está claro? — Ele olhou para a garota mais próxima, antes de empurrá-los todos pela porta dimensional.
Uma vez dentro da floresta, todos os sentidos de Lith ficaram em alerta. Era um ambiente completamente desconhecido, ele podia confiar nos livros dentro da Soluspedia para reconhecer plantas e animais, mas eles eram de pouca utilidade para a sobrevivência.
Bestas mágicas não lhe dariam pontos por sua perícia, elas apenas tentariam destruí-lo, condenando-o ao fracasso.
Ele estava olhando para a casca da árvore, enquanto farejava o ar com seu sentido aguçado, tentando descobrir a natureza e o tipo de predadores locais, quando o pior barulho possível chegou aos seus ouvidos.
— Ainda temos que decidir quem está no comando. — Disse outra garota.
“Mas que merda! Como alguém pode ser tão cabeça-dura? Se eles continuarem assim, é melhor nos rendermos.” Ele pensou.
Todos os seus esforços para falar com eles sobre razão terminaram em fracasso. Eles o acusaram de tentar roubar os holofotes novamente, como durante as aulas comuns.
Lith até começou seu discurso dizendo que não tinha interesse em ser o líder. Ele só queria que eles ficassem quietos e começassem a se mover. Isso só os deixou mais irritados, gritando para ele parar de dar ordens.
Enquanto isso, a algumas dezenas de quilômetros de distância, o governante da floresta tirava seu primeiro cochilo matinal, roncando profundamente. Uma das gigantescas patas dianteiras estava pressionada contra seus olhos, protegendo-os da luz do sol enquanto aproveitava o calor da primavera.
Com cada uma de suas respirações, a energia do mundo entraria em seu corpo, nutrindo e fortalecendo o núcleo de mana, empurrando-o para a próxima evolução. Vários pequenos pássaros corriam em seu corpo enorme e enrolado, cantando ousadamente.
Nada ousaria atacá-lonenquanto estivesse no trono mais alto.
— Chefe! Chefe! — Um enorme Ry, sua altura na cernelha alcançando 2 metros, com pelo dourado contendo tons de vermelho e amarelo, aproximou-se galopando. Os pássaros não lhe deram atenção, continuando seus negócios.
— Acorde! É aquela época do ano de novo.
O corpo do Scorpiocore tremeu quando ele se levantou, subitamente alerta e lúcido.
— Oh deuses, não! Eu juraria que tinha filhotes até alguns meses atrás. Encontrar um companheiro decente é um aborrecimento! Não me faça começar a falar sobre quanto cuidado essas adoráveis bolas de pelo exigem. Obrigada, M’Rook, mas acho que vou passar direto. Preciso de um tempo de qualidade para mim.
Se uma alma humana viva pudesse assistir, ela veria uma pata de Ry em frustração.
— Não isso! Quero dizer que os filhotes de homem da montanha artificial invadiram seu território mais uma vez.
O Escorpião ficou de pé sobre suas quatro patas, esticando a coluna e as patas dianteiras com movimentos felinos, forçando os pássaros a voar para longe.
— Seu idiota, você deveria ter dito isso antes! — Ele rosnou, elevando-se acima do Ry como um adulto com uma criança.
— Finalmente um pouco de diversão! Alertem todas as tocas, declaro aberta a temporada de caça!