Capítulo 69 – Exame simulado [3/3]
por SnowBearA cabeça de Sentar estalou para trás com o impacto, perdendo o controle de seu voo e deixando a presa ir. Para piorar as coisas, Lith estalou os dedos rapidamente em sucessão, gerando vários flashes de luz e estrondos perto da cabeça do Cron, deixando-o cego e surdo.
“Droga, eu levei meu tempo curtindo os gritos dela e é isso que eu ganho em troca. Eu não era Cron, mais como um alvo fácil. Agora eu nem sei qual direção é para cima. Se eu cair por causa de um filhote, o chefe nunca vai me deixar ouvir o fim disso.” Sentar pensou enquanto tentava parar sua queda.
Lith gostaria de continuar batendo no ferro enquanto ele ainda estava quente, mas a garota de cabelos pretos estava despencando como um tijolo. Amaldiçoando sua estupidez, Lith desceu com um movimento de balanço, primeiro para baixo e depois para cima, para evitar quebrar suas costelas durante a captura.
O resgate foi bem-sucedido, mas, a julgar pelo cheiro, Lith entendeu que estava aliviada do medo em vários níveis.
— O que diabos você estava fazendo? — Ele gritou no ouvido dela, pensando em quão ridículos aqueles momentos românticos em filmes de ação eram na vida real, logo depois que o heroi salvava a donzela em perigo.
Entre o cheiro e o perigo iminente, não havia espaço para romance e frases de efeito ternas. A única coisa que ambos queriam era um porto seguro e um banho quente.
— Você não conhece a primeira magia? Por que você deixou ela te arrastar como um saco de batatas? Mais importante, você conhece uma magia de voo?
Ela assentiu enquanto o segurava com força com os dois braços e pernas, como se estivesse tentando entrar em suas roupas.
— Então vá em frente e use-a! Meu feitiço não é para dois, eu só posso planar enquanto carrego você por aí. Quando essa coisa se recuperar, estaremos condenados. Faça alguma coisa, lembre-se de que eles estão nos observando!
Livre das garras do medo, ela percebeu que toda a equipe da academia estava assistindo à sua performance humilhante. A garota ficou roxa da cabeça aos pés por um segundo, antes de soltá-lo e entoar seu feitiço de voo.
— Vamos pegar os outros e recuar! Em campo aberto, estamos em grande desvantagem. — Lith disse.
Os dois rapidamente retornaram ao chão, colocando os outros três de pé novamente e literalmente chutando suas bundas para forçá-los a se recuperar do terror e fazê-los se mover.
— Voem, rápido! — Gritou Lith. — Não temos esperança de nos livrar deles a pé, mas fiquem perto do chão. O Cron vai nos transformar em picadinho se tentarmos lutar em seu elemento.
Para seus companheiros de equipe, as palavras de Lith soaram como as de um líder forte e experiente que tinha controle total da situação. A realidade, porém, como os Professores puderam avaliar enquanto davam tapas em seus próprios rostos, era que ele estava apenas lembrando-os do bom senso.
— O lote deste ano é horrível — Disse Scarlett em seu amuleto comunicador.
— Eles sempre estão no quarto ano. — Linjos respondeu com um suspiro.
— Lembre-se do nosso pacto, e não seja mesquinho. Eu quero o peso deles em carne, e eu quero dizer a coisa boa, sem ossos ou nervos. E diga aos seus servos para jogarem pelas regras, você não quer me ver ficando bravo.
Linjos tinha o comunicador em modo de conferência telefônica, para que todos pudessem ouvir. Os Professores não gostavam de ser chamados de servos, mas entendiam muito bem que na natureza selvagem os fortes governavam acima de tudo.
A ajuda do Scorpiocore garantiu que nenhum aluno seria seriamente ferido antes de ser resgatado. Além disso, um guardião tão poderoso defendendo a academia valia muito mais do que apenas carne.
Eles foram realmente abençoados por terem uma Besta Imperadora à disposição que era razoável o suficiente para ser útil, mas estúpida o suficiente para não entender seu verdadeiro valor.
Após encerrar a comunicação, Scarlett exibia um sorriso maroto em seu focinho felino.
“Imbecis, não me importo com a carne, eu faria isso até de graça. Suas lições idiotas me permitem treinar as feras mágicas em táticas anti-magias. Eles nos usam como parceiros de treino, mas esse é um jogo que os dois podem jogar.
Outro bônus é que quando os alunos do quinto ano treinam na floresta, eu fico atualizado sobre as táticas que eles empregam e os feitiços que eles ensinam. Aposto que eles dormem muito melhor à noite, acreditando que sou um monstro idiota que só quer comida na barriga.”
Enquanto isso, M’Rook entrou na briga e rapidamente alcançou o grupo de Lith usando magia do ar para se mover mais rápido e seu olfato para seguir seus rastros.
Lith estava à beira das lágrimas, essa experiência foi um desastre completo. Ele estava farto de brincar de babá, mas que escolha lhe restava? Ele diminuiu o ritmo, se separando do grupo e aparecendo ao lado do Ry.
Uma rápida troca de magias se seguiu, onde Lith nunca permitiu que M’Rook se aproximasse dele. Ele continuou se movendo em todas as três dimensões, ganhando uma vantagem tática, já que a besta mágica estava contando apenas com suas pernas para manobrar.
Lith não estava tentando prejudicá-lo, ele usou apenas magias de nível um e dois em rápida sucessão com o objetivo de arruinar o foco do oponente e desacelerar seus movimentos.
“Quem diabos é esse filhote?” Pensou M’Rook, rangendo os dentes em crescente frustração.
“É como se ele tivesse aprendido a lutar com um Ry, ele antecipa quase todos os meus movimentos. Mas isso é impossível!” Na floresta de Trawn, as orelhas do Protetor estavam queimando.
Lith usou uma névoa fina para detectar lâminas de vento invisíveis que se aproximavam enquanto se movia sem padrão para evitar raios. Depois de tropeçar em um monte conjurado, M’Rook finalmente perdeu o controle, pulando com toda a sua força tentando pegar o filhote com suas mandíbulas.
“Imbecil! Era isso que eu/ele estava esperando! Você não pode desviar no ar!” Lith e Scarlett pensaram como um.
— Lanças Xeque-mate! — Gritou Lith, liberando a magia de nível três armazenada em seu anel. Após vários experimentos, ele aprendeu que podia armazenar até mesmo magias verdadeiras carregadas, desde que não excedesse a capacidade do anel.
Portanto, ele foi capaz de lançar seu feitiço mais poderoso em sua versão fortalecida em uma fração de segundo.
— Vai se foder! — M’Rook choramingou quando dezenas de lanças de gelo tão grossas e longas quanto pequenas árvores o cercaram de todas as direções, antes de colidir contra seu corpo.
A massa deles era grande demais para desviá-los com uma simples barreira de ar, e o fogo precisaria de tempo para derreter tanto gelo antes de torná-lo inofensivo. Desesperado, M’Rook usou seu ataque mais forte, Tornado flamejante, em si mesmo.
Ao combinar suas melhores magias de fogo e ar, M’Rook usou os ventos fortes para desviar as lanças de seus pontos vitais, esperando que as temperaturas escaldantes suavizassem suas extremidades mortais.
Quando o Tornado desapareceu, M’Rook estava vivo e bem, mas seu corpo estava espancado e golpeado com incontáveis pequenos ferimentos. Entre o feitiço e seu pelo grosso, as lanças não conseguiram perfurar, mas ainda assim atingiram como um caminhão.
Lith não estava lá para se gabar ou para dar outro golpe, ele já havia retornado ao grupo gritando instruções triviais.
— Usem a primeira magia da escuridão, Ocultar, seus idiotas! Vocês acham que o nariz de um Ry é para decoração? Escondam seu cheiro, agora!
Ele tirou algumas roupas velhas do seu bolso, transformando-as em pedaços com magia do ar e borrifando-as com o suor que havia esquecido de jogar fora da corrida para a primeira aula do Professor Vastor.
Então, Lith jogou os pedaços ao vento, na esperança de criar várias pistas falsas para as feras mágicas seguirem.
“Não quero ser o Lith da situação, mas não acho que seu grupo vá durar uma semana.” Solus riu da própria piada.
“Não brinca, Sherlock. Aposto que seremos eliminados amanhã.”
“Amanhã é muito cedo. Minha aposta é a aniquilação total em três dias.”
“Aposta feita.”
Eles continuaram voando por cerca de dez minutos, antes de se sentirem seguros o suficiente para fazer uma pausa. O grupo havia encontrado uma pequena colina, com cerca de dez metros de altura. Com as costas apoiadas em algo sólido, eles finalmente puderam recuperar o fôlego.
Lith examinou os arredores com a Visão da Vida, permitindo-se relaxar somente após não encontrar nada mais forte do que uma fera normal nos arredores.
— Quantas horas você acha que se passaram desde o início do exame? — Perguntou o garoto, olhando ao redor como um rato encurralado.
— Menos de uma. — Lith respondeu depois de verificar a posição do sol.
— Mas pareceu muito mais tempo. — Disse a mais alta das garotas de cabelos pretos. Todas elas tinham uma expressão abatida, não havia nenhum traço restante de seu orgulho autoritário anterior.
Lith levou o dedo indicador aos lábios, lembrando-os de ficarem quietos, então começou a circular ao redor da colina. Os outros quatro prontamente o seguiram, formando uma única linha.
“Aww, seus filhotes são tão fofos, Mamãe Ganso.” Solus disse.
Lith deu uma volta completa, verificando se havia cavernas. Eles tiveram sorte, não havia nenhuma. Uma caverna natural era um recurso muito conveniente para ser deixado vago, e ele não podia se dar ao luxo de afastar a vida selvagem com o risco de ser exposto.
Depois de escolher um local sem grama ou trepadeiras, ele usou magia da terra para criar uma caverna artificial, condensando o solo poroso e endurecendo-o o suficiente para sustentar o teto improvisado.
Ao mesmo tempo, Lith ergueu pequenos pilares de pedra para sustentar toda a estrutura. Não era muito, mas ainda era grande o suficiente para todos se sentarem e descansarem confortavelmente. Enquanto os outros o olhavam atordoados, ele adicionou mais pilares ao longo das paredes.
Ele não era engenheiro e preferia prevenir do que remediar.
O menino caminhou em direção a Lith com um grande sorriso e estendendo a mão.
— Não vou tocar em nenhum de vocês até que se limpem adequadamente. Sugiro usar magia das trevas, ela limpará a sujeira e removerá o cheiro.
Depois que todos foram purificados, Lith usou a primeira magia para fechar a entrada com uma camada grossa de terra e iluminar o interior da caverna. Então, ele fingiu lançar um feitiço enquanto ativava Silêncio, gerando um pequeno domo de ar.
— Graças a isso, nenhum som ou cheiro pode escapar, então podemos conversar livremente. Eu diria que nossas apresentações já deveriam ter sido feitas há muito tempo. Eu sou Lith, de Lutia, e supostamente sou o curandeiro. — Sua voz estava exalando sarcasmo.
Vários quilômetros de distância, Termyn e M’Rook finalmente coletaram todos os pedaços de pano, destruindo-os para não serem mais influenciados pelo cheiro forte. Sentar pousou perto deles, pronto para reportar.
— Não consigo encontrá-los em lugar nenhum. É como se tivessem desaparecido.
— O mesmo. — Respondeu M’Rook. — Fora essas coisas, não consigo mais sentir o cheiro delas. Chefe, precisamos da sua bugiganga.
Scarlett zombou.
— Isso seria injusto! É você contra eles, estou apenas curtindo o show. Vocês vão esperar até depois do meio-dia antes de retomar a busca. Vocês precisam de um tempo para se curarem adequadamente, e eles merecem um pouco de descanso.