Capítulo 2: Armadilhas Invisíveis
O som estridente do alarme ainda reverberava nos ouvidos de Ryuu, mesmo após ter desconectado o capacete VR. Ele estava acostumado a situações de alta pressão, mas a sensação de que havia sido jogado em uma armadilha era nova. Ele precisava se acalmar, pensar com clareza, e traçar seus próximos passos. Mas a mensagem da Red Queen não saia de sua mente: “O verdadeiro jogo está apenas começando.”
Enquanto passava uma mão pelo cabelo desgrenhado, Ryuu se levantou e foi até a pequena cozinha do apartamento, onde preparou uma xícara de café forte. Ele precisava estar alerta. A KairoCorp não era apenas uma corporação qualquer; eles tinham recursos quase ilimitados, e se soubessem que Phantom estava atrás de seus segredos, ele poderia ter problemas que iam muito além do mundo digital.
Com o café em mãos, ele se sentou novamente à frente de seus monitores e começou a analisar os logs da sessão anterior. Algo estava errado desde o início. Red Queen o havia colocado diretamente na linha de fogo, algo que raramente acontecia tão cedo em uma missão. Normalmente, ele teria mais tempo para se infiltrar e mapear o terreno, mas desta vez, a segurança da KairoCorp o encontrou quase instantaneamente.
Ele revisou o código que usou para invadir o sistema. Tudo parecia estar em ordem, mas então notou algo incomum — uma linha de código que ele não havia colocado lá. Era uma espécie de beacon, um sinalizador que transmitia sua localização no espaço cibernético. Alguém o havia inserido sem que ele percebesse.
“Merda…”, ele sussurrou, sentindo a raiva crescer. A Red Queen o havia vendido. Mas por quê? E, mais importante, quem realmente estava por trás desse jogo mortal?
Ele decidiu que precisava de respostas. A primeira coisa a fazer era rastrear a origem da mensagem da Red Queen, mas isso seria complicado. Quem quer que fosse, sabia esconder seus rastros. Mas Ryuu não era chamado de Phantom por acaso. Se havia uma pista, ele a encontraria.
Ele iniciou uma série de protocolos de rastreamento, tentando seguir o rastro da mensagem até sua origem. Os primeiros saltos eram fáceis de seguir, passando por servidores de proxy comuns e redes ocultas. Mas logo o caminho começou a ficar cada vez mais obscuro, levando-o para as profundezas da dark web, onde cada bit de informação era protegido por camadas de criptografia e armadilhas digitais.
Depois de horas de trabalho, ele chegou a um impasse. A última pista o levava a um servidor em uma localização física desconhecida, protegido por um firewall que ele nunca havia visto antes. Era como tentar atravessar uma parede sólida sem ferramentas. Ele sabia que forçar a entrada poderia alertar seu inimigo, então optou por outra abordagem.
Ryuu preparou um worm digital, uma criatura de código que poderia se infiltrar no sistema e coletar informações sem ser detectada. Era uma medida temporária, mas daria a ele uma vantagem estratégica. Ele lançou o worm, cruzando os dedos para que ele pudesse encontrar algo útil.
Enquanto esperava o worm fazer seu trabalho, Ryuu decidiu investigar o que havia conseguido na breve incursão ao sistema da KairoCorp. Ele puxou os dados do projeto de controle mental que havia baixado. Apenas olhar para o código já era o suficiente para fazer seu estômago revirar. Não era apenas uma teoria maluca; era algo muito real e muito perigoso.
O algoritmo parecia ser capaz de influenciar diretamente as ondas cerebrais humanas, induzindo emoções, pensamentos, e até mesmo comportamentos específicos. E a KairoCorp estava prestes a lançá-lo em uma escala global, disfarçado como uma nova tecnologia de entretenimento em VR. Era a ferramenta perfeita de controle em massa, capaz de transformar qualquer pessoa em um fantoche.
“Então é isso…”, Ryuu murmurou para si mesmo. Ele havia se envolvido em algo muito maior do que um simples roubo de dados. A missão agora tinha implicações morais e éticas que ele não podia ignorar.
De repente, um alarme suave piscou em um dos monitores. O worm havia retornado com informações. Ryuu abriu o arquivo e viu que ele havia conseguido capturar parte de uma comunicação interna, algo que parecia ser uma ordem direta para rastrear e capturar hackers de elite. Mas o mais surpreendente era o nome do remetente.
“Red Queen – Diretor de Segurança, KairoCorp.”
Ryuu congelou. Red Queen não era apenas uma contratante qualquer; ela era uma peça-chave dentro da própria KairoCorp. Tudo fazia sentido agora. Ele havia sido manipulado para ser uma isca, uma distração enquanto a verdadeira operação se desenrolava em outro lugar.
Mas por que ela o avisou? Por que permitir que ele soubesse que o jogo estava apenas começando?
As perguntas se acumulavam, mas Ryuu sabia que não tinha muito tempo para encontrar respostas. Ele estava em um campo minado, e cada passo em falso poderia ser seu último. A única certeza que ele tinha era que estava envolvido em uma batalha onde a linha entre aliados e inimigos era fina e perigosamente borrada.
Ele se levantou, tomou um gole de café frio e começou a preparar seus sistemas para o próximo passo. Se Red Queen queria brincar, ele estava mais do que disposto a jogar. Mas desta vez, seria em seus próprios termos.
Enquanto digitava uma sequência de códigos, uma nova mensagem apareceu na tela, vinda de um remetente anônimo.
“Phantom, você não está sozinho. Há outros observando. Seja cuidadoso.”
Ryuu arqueou uma sobrancelha. Outros? Ele salvou a mensagem e apagou os rastros, preparando-se para o que vinha a seguir. O jogo mortal havia começado de verdade, e a partir desse ponto, não havia mais volta.