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    O dispositivo que Ken havia utilizado por cima da roupa era um dispositivo mágico que lava e seca qualquer objeto no raio de seu alcance. Ela é muito utilizado por aventureiros, ou nobres quando percorrem longas distâncias.

    O motivo de Ken ter dado passos para trás quando apertou o botão, era porque o dispositivo não funcionaria perto de seu corpo por causa da habilidade anti propriedades.

    Mas mesmo depois de utilizar o dispositivo, Ken ainda podia sentir o cheiro de sangue e dos resíduos do sistema de esgoto nele. Não estava forte como antes, mas ainda estava lá. 

    Talvez uma pessoa normal não teria sentido o cheiro, mas não se podia dizer o mesmo de Ken por causa de seus sentidos aguçados.

    Mas Ken decidiu ignorar isso e começou a vestir, sem esquecer do bracelete e das correntes. Quando ainda estava preso na toca do inferno, nos primeiros meses, ele cagava e mijava na mesma sala suportando seu próprio mal cheiro durante meses, então ficar com uma roupa que cheirava meramente mal era suportável.

    Depois de terminar de vestir, Ken puxou seu cabelo para trás e com a fita o amarrou em um rabo de cavalo, depois terminou colocando seu tapa olho cobrindo a área de seu olho esquerdo.

    Tendo terminado de vestir, Ken começou a andar pela floresta procurando por uma área onde o solo estivesse seco. Quando encontrou, andou até uma arvore, sentou-se no chão e apoiou suas costas na arvore.

    O vento frio batia em seu cabelo, fazendo-o balançar ao ritmo do vento.

    Ele olhou para o céu, apreciando o brilho das luas cintilantes através das brechas das folhas das arvores, antes de fechar seu olho.

    “Huu…”

    Seu suspiro representava o cansaço acumulado em seu corpo, aliviado por finalmente poder aproveitar um descanso merecido.

    As informações que ele obteve ao torturar o líder da filial foram valiosas, uma delas foi sobre o plano de invadirem Appolonia e de torna-la um reino demoníaco, e de como aproveitariam esta situação para culpar Vinland, para então estourar uma guerra contra as outras nações. Mas como Ken vinha caçando todos membros do culto para além dos dez mil que seriam utilizados para o grande plano, tudo havia caído por água abaixo.

    Então, sem que Ken se apercebesse, havia salvado dois reinos e impedido que uma enorme guerra estourasse.

    Mas no final, não haviam celebrações ou aplausos repletos de gratidão pelas suas ações, apenas as escuras florestas repletas dos sons dos insetos rastejantes eram o que o recebiam.

    Mas Ken já estava acostumado com a vida de um lobo solitário que não tem expectativas de ninguém e que apenas confia em si mesmo.

    O chão era sua cama, o tronco das árvores suas paredes, as folhas seu teto, a escuridão criava seu manto, e seus companheiros eram as luas que cintilavam lá no alto céu.

    Tudo que lhe restava era passar mais uma noite e esperar por um novo dia, seguindo a direção que o vento lhe levasse.

    Mas antes de continuar seu descanso, Ken abriu lentamente seu olho.

    “Já é hora de aparecer, não achas?”

    No mesmo instante que disse estas palavras, uma lâmina afiada apareceu em sua garganta, segurada por uma pequena e fina mão.

    “Não te mexas.”

    Ken podia ouvir uma voz feminina, dona da adaga que apontava em seu pescoço.

    “Desde quando você sabia da minha presença?”

    Perguntou a voz feminina.

    “Desde o momento em que vocês me espiavam tomando banho.”

    “O quê?-!”

    Ela pareceu ficar um pouco abalada por estas palavras, mas Ken aproveitou esta chance para pega-la pelo pulso e puxa-la.

    “Kya!?”

    Ela não suportou a força de Ken e foi arrastada a sua frente, um curto cabelo ruivo com uma trança apareceu em sua visão enquanto ela caía em seu colo. Ken passou seu braço esquerdo sobre sua barriga até pegar o braço direito dela, como se fosse um cinto, prendendo seus dois braços.

    Com o enorme tamanho de Ken ela parecia uma criança no colo de um adulto.

    “Ei! Me solta!”

    “Quem são vocês?”

    Mesmo nesta situação em que sua vida foi ameaçada, Ken mantinha uma expressão calma assim como seu tom de voz.

    “Quê? O que você quer dizer com vocês?…”

    “Eu sei que tem outra se escondendo atrás daquela arvore.”

    Com as palavras de Ken, outra pessoa apareceu por trás de uma arvore não muito longe a sua frente.

    “Solte ela.”

    Disse ela a pessoa que surgiu atrás da arvore, puxando uma flecha por um arco enquanto apontando na cabeça de Ken. Ela era uma bela mulher de longos cabelos marrons, na casa dos vinte e poucos anos.

    Mas Ken não se intimidou pela flecha e simplesmente moveu a mão direita sobre o pescoço da mulher em seu colo. Seus dedos eram longos e grossos, cobrindo todo seu pescoço.

    “Quebrar o pescoço dela é tão fácil quando partir um palito, então tenha cuidado para onde apontas esta coisa.”

    “!”

    A mulher em seu colo sentiu sua espinha arrepiar. O tom de voz de Ken era fria e seu olhar sobre a mulher de cabelo marrom era penetrante.

    “Seu!…”

    Ela podia sentir o olhar pesado de Ken e perceber que ele estava falando sério.

    ‘Ele com certeza não é normal. Uma pele anormalmente branca, um cabelo branco com um brilho platinado, e iris negros como a meia noite. Ainda mais, ele não olha para mim como um alvo, parece mais como um predador analisando sua presa. Como um lobo.’

    Pensou a mulher enquanto enfrentava a presença de Ken que desafiava a logica.

    Sua mão que pegava o arco começou a suar, e sua cabeça latejava ao de sentir o olhar pesando de Ken.

    “Tsk.”

    Não tendo escolha, ela desistiu e lentamente abaixou seu arco.

    “Quem são vocês?”

    Vendo que a situação havia se acalmado em certo ponto, Ken decidiu perguntar pela identidade delas.

    “…Tem um cartão de identidade no meu bolso traseiro, se você soltar um dos meus braços, eu poderei-Ei!”

    Enquanto ela falava sobre pegar seu cartão de identidade, Ken deslizou a mão sobre sua bunda, pegando-a de surpresa, e retirou um cartão prateado de seu bolso. 

    Tendo pego o cartão, no canto superior esquerdo tinha uma pequena imagem com o rosto da mulher de cabelo ruivo, depois leu seu conteúdo.

    ­­­===================

    [Nome: Almeria Valer.

    Raça: Humana.

    Sexo: Mulher.

    Idade: 25.

    Profissão: Aventureira.

    Rank: C

    Afiliação: Guilda ares.

    Especialidade: Assassina.]

    ======================

    Ken deu uma boa olhada no cartão de identidade e então chegou a uma conclusão.

    “Parece verdadeiro.”

    “Claro que é verdadeiro! Agora me solta!”

    Gritou a mulher no colo de Ken que tentava se soltar de seu aperto, o que acabava sem resultado.

    “Ainda não acabei o interrogatório.”

    Disse Ken.

    “O quê! Interrogatório!? Apenas me solta-”

    “Porque estavam me espionando no banho?”

    “!”

    A pergunta que Ken pegou-a de surpresa, mas então seu rosto ficou repentinamente vermelho.

    “…Bem…Isso…”

    “…”

    Como ela não parecia ter respostas, Ken decidiu olhar para a outra mulher.

    “!…”

    Mas assim que seus olhos se encontraram, ela desviou parecendo envergonhada.

    “…Ha…certo, eu falo.”

    Mas depois de um tempo, ela soltou um suspiro e decidiu contar o motivo delas.

    §§§§

    Um bom tempo se passou com a mulher de cabelo marrom contar sobre o motivo delas terem espiado Ken tomar banho.

    “Então vocês estavam em uma missão para procurar quatro usuários de aura que haviam desaparecido, e quando me viram tomando banho no riacho, me acharam suspeito, e, portanto, decidiram m espionar?”

    “Isso…”

    Disse a mulher de cabelo marrom concordando, mas sem conseguir olhar nos olhos de Ken.

    “…”

    “…”

    Ela podia sentir seu olhar questionador mesmo sem olhar para ele, o que a estava deixando bastante desconfortável.

    “…Que seja.”

    Ken sabia que havia algo mais na história e que ela não havia contado tudo, mas como ele mesmo sabia mais ou menos o que era, decidiu soltar a mulher de seu aperto.

    “!”

    Quando ela sentiu seu corpo livre, rapidamente pulou para onde estava sua companheira. Então, com certa cautela, ela fez uma para Ken.

    “Então…quem é você?”

    Ken começou a se levantar, enfiou a mão no bolso do manto e retirou um cartão prateado. Depois jogou ela na mulher ruiva.

    Ela pegou o cartão e viu seu conteúdo.

    ====================

    Nome: Ken Wolff.

    Raça: Humano.

    Sexo: Homem.

    Idade: 24.

    Profissão: Mercenário.

    Rank: C.

    Afiliação: Nenhuma.

    Especialidade: Artista marcial.

    Embora a idade atual de Ken fosse 21, ele decidiu se identificar com 25.

    “Um mercenário rank C…”

    Disse a mulher de cabelos ruivos enquanto analisava a autenticidade do cartão de identidade.

    “Ken Wolff? Espera, onde foi que eu ouvi este nome? E pela sua aparência…”

    Foi então a mulher de cabelo marrom começou a achar familiar o nome de Ken e de sua aparência. Ela sabia que já tinha ouvi falar em algum lugar, mas não conseguia encontrar a informação em sua cabeça.

    “terminou?”

    “!”

    “!”

    Mas então Ken apareceu repentinamente na frente delas sem que se apercebessem, pegando-as de surpresa. Ele pegou o cartão na mão da mulher e o guardou de volta no bolso.

    “Agora que o mal-entendido foi resolvido, me despeço.”

    Depois de dizer estas palavras, Ken deu meia volta e começou a andar.

    “Espere!”

    “?”

    Mas a mulher ruiva pegou em seu manto e pediu para que parasse. Parado, Ken olhou para ela, seu olhar perguntando o que ela queria.

    “Você não vai para a cidade?”

    “…Cidade?”

    Perguntou Ken.

    “…”

    As duas pareciam ficar ligeiramente surpresas pela sua pergunta, mas decidiram continuar.

    “A cidade fica do lado contrário de onde você vai. São cerca de uma hora de distância, você não gostaria de vir com a gente?”

    “…E porque eu iria com vocês?”

    Perguntou Ken achando seu pedido suspeito. Embora o olhar delas não indicasse nada disso, ainda estava com a guarda alta.

    “…Nós queremos nos desculpar pelo nosso desrespeito.”

    “Sim, embora estivéssemos em uma missão, foi errado da nossa parte ter espionado você no…banho. Se tiver algo que possamos fazer para compensar, estamos mais de acordo em conceder.”

    “…Serio?”

    Diante da oferta das duas mulheres, Ken soltou um leve sorriso de seus lábios.

    “Neste cado, estou precisando recarregar minhas baterias, vocês poderiam me ajudar.”

    “?”

    “?”

    Ambas pareciam não entender o que Ken queria dizer, mas nesta noite elas experimentariam em primeira mão o significado daquelas palavras.

    §§§§

    O sol da tarde batia forte, seus raios de luz atravessando a janela do quarto de um edifício, caindo nos olhos de alguém.

    A parte superior de seu corpo estava nu revelando sua pele branca como papel. Ele abriu os olhos ao sentir o desconforto da luz do sol batendo nele. Seu olho direito era negro como a meia noite, e seu esquerdo estava fechado.

    A pessoa era o Ken.

    Levantando-se da cama meio sonolento, Ken se aproximou da janela e puxou ligeiramente a cortina para ver através dela.

    “?”

    Os raios do sol bateram mais forte em seus globos oculares, mas assim que se acostumou, começou a apreciar a paisagem fora do quarto.

    Ele estava no segundo andar de uma pousada. Vários edifícios de pedras e construções de madeira apareceram em sua visão. A movimentação das pessoas já estava no seu auge, e as lojas já abertas mantinham um fluxo de clientes já regulares.

    As pessoas andavam de um lado para o outro sobre o chão pavimentado da cidade, onde também carroças estavam sendo puxadas por cavalos.

    “Já devem ser uma da tarde.”

    Quem deduziu o tempo em que acordou, ao analisar a atmosfera e o fluxo de movimentação das pessoas.

    “Hm…”

    Ouvindo um doce gemido, Ken olhou para trás olhar para trás. Por cima da cama com lenções brancos, duas mulheres se encontravam dormindo abraçadas, uma delas tinha um longo cabelo marrom, e a outra um curto cabelo ruivo.

    Elas eram as mesmas mulheres que Ken havia encontrado na floresta noite passada.

    “…”

    Memorias da noite anterior passaram em sua cabeça. Quando chegaram na cidade, ficaram um tempo bebendo na pousada antes de alugarem um quarto para os três, uma coisa levou a outra e então acabaram por ter uma noite selvagem até a madrugada.

    Ken não as obrigou nem as ameaçou, foi uma relação consensual onde cada um satisfez a luxuria do outro.

    ‘Mas e pensar que ainda eram virgens.’

    Mas o fato que mais surpreendeu Ken era que ele tinha sido o primeiro delas.

    Ken estava ciente da sua nova aparência anormal que obteve depois da técnica de modificação corporal. Alto, uma pele branca como papel e um cabelo branco platinado. Embora seu rosto não tivesse mudado muito, parecia mais selvagem, seus olhos toraram-se mais cerrados, suas sobrancelhas ligeiramente frangidas e dentes mais poderosos e afiados.

    As pessoas, principalmente as mulheres pareciam atraídos por ele. Mesmo quando ainda estava na ilha da nevasca, Ken não teve problemas em encontrar mulheres para poder restaurar sua energia vital, depois da luta que teve com Dono que o esgotou.

    ‘Graças a elas consegui restaurar minha energia vital até 80%. Se quiser restaura-la por completo, precisaria de mais algumas noites.’

     As mulheres virgens têm a energia yin ainda puro, o que são perfeitos para Ken. Mas quando têm relações sexuais com diferentes homens, a energia yin vai perdendo sua pureza, portanto prostituas estavam fora de questão para ele.

    Durante o ano todo Ken já havia realizado o desejo de qualquer homem, jovem e saudável. Que é dormir com diversas e belas mulheres.

    ‘Mas…porque sempre sinto este vazio?’

    Talvez seja por estar dormindo com mulheres apenas para restaurar sua energia vital e não por um motivo emocional, Ken sempre sentia um vazio em seu peito, tornando-o tão frio como uma noite de nevasca. Não era algo que passar noites com belas mulheres conseguiram preenche-lo ou aquece-lo, como agora.

    Ken voltou seu olhar para as mulheres na cama. Seu olhar era indiferente, assim como uma pessoa olha para um estranho qualquer passando na rua.

    Não havia desejo ou um sentimento amoroso por elas. Apenas aquele vazio de sempre.

    *Toc, toc, toc.*

    “?”

    Foi então que leves batidas na porta do quarto chamaram sua atenção.

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