Índice de Capítulo

    Já se perguntou quantas letras existem em um texto?  

    Já se perguntou quantos textos existem em um livro?  

    Já se perguntou quantos livros existem em uma saga?  

    Já se perguntou quantas sagas existem em uma vida?   

    Então como alguém pode pensar que pessoas podem ser definidas em apenas algumas palavras?  

    Oco ~ O trovador  

    BUM  

    O homem atirado chocou-se contra a parede de pedra da arena, caindo desacordado sem apresentar resistência alguma.  

    — In… incrível! — Exclamou Li. — Mal pude acompanhar com meus olhos! Não sabia que o Fynn era tão forte.  

    TSK  

    Matheus estalou os lábios.  

    — Só espero que ele não tenha matado aquele homem…  

    — Não esquenta, aquele cara deve estar bem…  

    O corpo que ainda estava preso a parede pelo choque caiu duramente no chão.  

    — Eu acho…  

    — Ah… já acabou? — Questionou Fynn, ainda na arena. — Ei, não vai anunciar minha vitória? — Perguntou ao narrador.  

    — Eh… claro… — respondeu gaguejando. — O vencedor da luta é Fynn Aster!  

    Após o anúncio do vencedor, a plateia lentamente saiu do transe gerado pela súbita vitória e começaram a se movimentar, alguns vaiavam, outros faziam comentários maldosos.  

    — Como podem deixar alguém como ele participar de algo tão grandioso?  

    — Esse homem deveria ter sido executado, que vergonha!  

    — O mérito dessa competição realmente diminuiu…  

    Saindo da arena, Fynn se dirigiu em direção onde o restante do grupo o aguardava.  

    “Está tudo bem… mesmo que me olhem diferente…” pensou, perdido em sua cabeça, nem mesmo notou um homem se aproximando rapidamente, acertando suas costas com tudo e o fazendo cambalear para frente.  

    — Ei, por que não me disse que era tão forte? — Disse Li, colocando o braço em volta de seu pescoço. — Nós treinamos juntos! Então quer dizer que estava pegando leve comigo?  

    — Ei, sai fora. — Soltando-se Fynn encarou o seu amigo, estranhando sua atitude.  

    — O que foi? Por que está me olhando com essa cara? — perguntou, estranhando-o de volta.  

    — Ah… nada…   

    — Sendo assim, vamos logo, os outros estão nos esperando.  

    — Certo… — respondeu, afirmando com a cabeça.  

    — Além disso… — Li sorriu, apertando seu punho. — Agora começam as lutas dos tenentes.  

    Afastando a nebulosidade de seus pensamentos, Fynn sorriu de volta.  

    — Temos que correr então.  

                                                                                                          

    — Eaí, perdemos alguma coisa?  

    Chegando juntos na sala, Li perguntou primeiro.  

    — Não, nada ainda — respondeu Matheus.  

    Quando Jihan saiu da sala correndo para encontrar com Fynn, ele ficou ligeiramente preocupado, mas vendo os dois chegando juntos para assistir à luta o deu um pouco de conforto.  

    — Ali estão eles! — Comentou Gloria.  

    Aproximando-se da janela, Li um homem de cabelo curto e grisalho, segurando uma lança longa em sua mão enquanto subia na arena.  

    — É o tenente daquele dia — observou Matheus.  

    — Vitra, ele me parecia bem forte, quem será que é seu oponente? — perguntou Li.  

    — Provavelmente alguém bem azarado… — disse a mulher latina. — Espera, quem é aquela pessoa?  

    — Aquele é… — lembrou. — Uma das pessoas que estavam no grupo de Wang Xu  

    No palco, um homem encapuzado caminhava em direção a Vitra, ao se aproximar, ambos trocaram algumas palavras que apenas os dois sabiam.  

    — Honestamente, me dá um gosto ruim na boca ter que lutar contra você — disse Vitra.  

    — Achei que éramos amigos, capitão…  

    — Eu não sou seu capitão! — o lanceiro bateu com a base da haste de sua lança no chão  

    Da plateia, o grupo tentava entender o que se passava.  

    — Estranho, ele me parece nervoso? Sobre o que será que estão falando sobre? — comentou Selene.  

    — Vai saber…   

    — Vamos entender quando começar.  

    — Participantes, em suas posições! — Pediu o apresentador. — De um lado, Vitra, tenente da Facção de Solaris, do outro Mario, tenente da facção de Ignis! Lutadores… comecem!  

    No grito de início, o homem de encapuzado retirou seu manto e o atirou para longe, revelando seu corpo. Mesmo coberto, seu porte físico já era visível, ele definitivamente não era tão forte, o que foi confirmado. Seus braços não possuíam armadura, estando libertos para movimentarem-se, apenas um torso de prata cobria seu peito.  

    — Vejo que mudou de armamento — comentou Vitra.  

    — Sim… — respondeu Mario, puxando as espadas que estavam presas em suas costas. Uma longa e uma curta. — Achei que combinava melhor comigo.   

    — Você nunca foi muito bom como lanceiro, de qualquer forma… tente me acompanhar!  

    A arena estava em silêncio. Mario e Vitra se encaravam, cada um em sua posição. Ao redor, os espectadores mal respiravam, absorvidos pela tensão que parecia irradiar dos dois combatentes.  

    Vitra manteve-se imóvel, sua postura ereta e tranquila. Segurava a lança com uma mão firme, mas sem demonstrar pressa. Apenas seus olhos, atentos, seguiam cada movimento de Mario, que estudava o adversário com um sorriso leve. O homem mais jovem, por outro lado, exibia um ar confiante, com uma pitada de provocação.  

    — Vamos, me mostre o quanto a lealdade de que tanto falava fez por você… o quanto sua dignidade vale.  

    — Dignidade é seguir os próprios princípios, Mario. Já você… parece ter esquecido o que isso significa — respondeu, sua voz tão firme quanto a lança em sua mão.  

    Mario deu de ombros, balançando a cabeça em uma risada contida.  

    — Eu segui meu próprio caminho. Diferente de você, que escolheu a segurança da mesma bandeira, dos mesmos rostos — replicou Mario, girando a espada média em sua mão, como se quisesse provocar ainda mais o lanceiro.  

    Vitra não cedeu à provocação. Em vez disso, ergueu a lança levemente e a firmou no chão, sinalizando com uma calma calculada que estava pronto.  

    — Então mostre-me o valor do seu caminho, Mario. Veremos se seus novos “princípios” são mais fortes que aço — disse ele, sua voz fria e controlada.  

    Percebendo a calma do lanceiro, Mario rapidamente avançou, com a espada média à frente e a curta preparada para qualquer brecha. Ele se movia com precisão, mas Vitra o manteve à distância, seus movimentos minimalistas, quase calculados demais para parecerem humanos. A ponta da lança parecia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, bloqueando os ataques rápidos e constantes de Mario e obrigando-o a mudar de ângulo constantemente. Cada golpe parecia animar ainda mais o espadachim, que forçava aproximações rápidas e repentinas, alternando entre as duas espadas, buscando uma brecha na defesa fria do oponente.  

    — Lento demais — comentou Vitra, quase em um sussurro, após desviar de um ataque.  

    Mario estreitou os olhos, claramente irritado. Forçado a tentar outras opções, desferiu um ataque lateral sorrateiro acertando a sua coxa, mas o homem girou a lança e a trouxe em um arco defensivo, fazendo com que o outro recuasse.  

    — Está ficando devagar, velhote! — provocou, apontando o sangue na lâmina  

    — A idade realmente é o maior oponente dos homens — sorriu, sem deixar-se afetar pelas palavras do seu antigo aluno.  

    Aproveitando a vantagem, Mario partiu para cima novamente.  

    — Vamos aumentar as apostas, Vitra! — Acelerando, o espadachim balançou suas armas na direção do lanceiro, do corte no ar de suas espadas, duas lâminas de ar voaram.   

    Vendo o ataque chegando, a ponta da lança do homem brilhou em vermelho, girando sua arma habilidosamente, desviou do primeiro ataque e, rebatendo o segundo, o contato dos ataques criou uma pequena explosão, defletindo o corte de ar.  

    Como um dançarino, os movimentos dos pés de Vitra eram delicados e precisos. Girando em 180 graus, o homem pisou fortemente no chão, furando o ar com sua lança e liberando de sua ponta uma torrente de chamas que avançou vorazmente contra Mario, que erguendo suas lâminas em um arco, desferiu outros dois cortes de vento contra o fogo, desfazendo-o.  

    — Sua força também diminuiu, capitão. Alguns anos atrás eu não teria conseguido parar seus ataques com tanta facilidade! — Provocou novamente. — Deixe-me mostra uma coisa que aprendi no meu tempo fora…  

    Mario, com as lâminas firmes em suas mãos, concentrou-se e deixou que a mana do vento fluísse por seus braços. Uma leve brisa começou a circular ao redor de suas espadas, crescendo em intensidade até envolver as lâminas em correntes de ar afiadas e ondulantes. As espadas, agora imbuídas de mana elemental, ganhavam um brilho sutil, quase como se o próprio ar ao redor delas tremesse e cortasse a atmosfera.  

    Vitra, do outro lado, observou o movimento de Mario sem deixar transparecer qualquer surpresa. Seu olhar permaneceu frio, mas uma leve chama se acendeu em seus olhos. Calmamente, ele canalizou sua mana, e o cabo da lança começou a irradiar um calor crescente, que se estendia para a ponta. Logo, chamas ardentes envolveram a lança, dançando ao redor dela em ondas, como serpentes de fogo. Cada movimento que ele realizava, fazia com que as chamas brilhassem mais intensamente, e o calor se espalhava, tornando o ar ao redor opressivo.  

    Mario sorriu, claramente provocado pelo desafio, e avançou primeiro. Com um rápido movimento de braço, ele cortou o ar, e uma lâmina de vento foi disparada na direção de Vitra, como uma foice invisível que varria a arena. O homem mais velho, no entanto, girou a lança envolta em fogo com um movimento ágil, desfazendo a lâmina de vento e espalhando faíscas ao redor.  

    Matheus, Li e o restante do grupo observavam atentamente a luta calculada. O menor desvio de atenção poderia fazer com que perdessem o resultado.  

    — Acha mesmo pode me vencer com isso? — Vitra murmurou, intensificando as chamas em sua lança.  

    Mario, no entanto, viu sua chance. Ao recuar, ele deslizou para trás em um impulso gerado pela mana de vento, ganhando distância enquanto preparava o próximo movimento. Com um giro ágil, ele ergueu as lâminas em um arco e cortou o ar com força, liberando duas lâminas de vento simultâneas que se cruzaram no caminho, criando um redemoinho de energia que voou na direção de Vitra.  

    Firmando o pé no chão e, com um movimento preciso e calculado, Vitra canalizou mais mana de fogo. Ele girou a lança em um círculo completo, criando uma parede de chamas que colidiu com o redemoinho de vento. O impacto das energias opostas gerou uma explosão que abalou a arena, levantando areia e poeira ao redor dos dois.  

    — Que isso, não consigo ver nada! — reclamou um dos espectadores.  

    — Acabou?   

    Em meio a nuvem de pó que cobria sua visão, Mario desapareceu. O lanceiro aumentou ainda mais sua concentração, tentando encontrar o seu antigo aprendiz.   

    — Droga… — sussurrou para si, tendo seu queixo levemente levantado pela lâmina que encostava em seu pescoço. — Um artefato?   

    Ao seu lado, Mario, coberto pelo manto que havia atirado para o canto da arena anteriormente estava de pé.  

    — Não posso revelar muito mais do que isso, sabe muito bem que eu ganharia de qualquer forma — declarou.  

    — A juventude é realmente assustadora.  

    Com a poeira abaixando, ambos os participantes se revelaram para os espectadores que ficaram momentaneamente em silêncio.   

    — In.. Incrível!   

    Com a primeira pessoa quebrando o silêncio, a plateia explodiu em aplausos, maravilhada com o espetáculo que acabava de presenciar. Mario se afastou, deixando Vitra no centro da arena, com um último olhar respeitoso para aquele que, outrora, fora seu mentor.   

    — O vencedor dessa batalha, é Mario, da facção de Ignis! — anunciou o apresentador. — Fiquem atentos, foi só o primeiro round do nível dos Tenentes, simplesmente innnnnnnncrivel!   

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