Capítulo 40: O valor de uma vida

Enquanto ele pensava nesse assunto, ele olhou para o tipo de lugar onde ele estava.

‘Deve ter milhares de pessoas aqui. Se apenas nesse lado da cidade já tem tanta gente, quão grande deve ser a população total que vive fora das muralhas? Milhões, talvez.’

Com essa observação ele desenvolveu uma nova idéia sobre os pensamentos do lorde da cidade.

Tristan continuou seu caminho andando pelas ruas tortas e apertadas. Seu primeiro ponto de investigação seria os bosques onde os cadáveres mais próximos haviam sido encontrados. Mas de repente ele ouviu o som de gritos.

Os sons vinham de longe e uma multidão de pessoas estava se afastando desesperadamente da direção de sua origem.

Ele franziu a testa e esperou mais alguns segundos, ele decidiu evitar correr em direção a ameaça desconhecida e esperou enquanto analisava a situação.

Os gritos pararam, mas a multidão de cidadãos ainda estava agitada.

‘Se fosse um monstro atacando a cidade os gritos teriam continuado, parece que não há uma ameaça lá para mim no momento.’

Depois de assumir que ele poderia lidar com o que estivesse naquela direção, ele correu e fez um pulo alto em cima de uma pequena casa de madeira velha. Nessa situação ele demoraria muito para atravessar as ruas lotadas de pessoas desesperadas, então ele decidiu usar um caminho alternativo.

Ele começou a correr e pular por cima das casas torcendo para que as tábuas não quebrassem embaixo dele. As vezes quando tinha casas com mais de um andar no caminho dele, ele entrava pelos buracos que deveriam ser janelas, assustando os moradores brevemente, com sua velocidade ele era apenas um borrão para eles.

Depois de deixar muitas pessoas confusas com sua aparição inesperada. Ele finalmente estava perto de chegar no local que ele estava procurando, ele rapidamente notou o que havia acontecido.

Ele viu membros arrancados, pedaços de carne espalhados pelo chão e uma bagunça sangrenta por toda a parte.

‘As bestas já chegaram aqui?’, Ele estava surpreso com a rapidez que as bestas conseguiram chegar dentro da cidade.

‘E por que ninguém notou quando eles chegaram nas favelas?’, Ele achou essa situação um pouco estranha.

Ele examinou a visão nojenta a sua frente, pela quantidade de membros ele assumiu que apenas uma pessoa havia morrido, os cabelos brancos e a pele enrugada indicaram para ele que era alguém com idade avançada.

[Tyrannical Eye]

Tristan usou sua habilidade de diagnóstico e uma luz dourada se espalhou pelo chão.

‘Garras afiadas, finas e curvas.’

A lua saiu do dos pedaços de carne e começou a ir em direção ao chão.

Ele rapidamente notou as pegadas da criatura, uma imagem tridimensional apareceu em sua mente, ele estudou o formato da pata e a profundidade que o chão foi derfomado. Isso permitiu que ele estimasse o peso e altura da criatura.

‘Parece patas de gato.’

Ele começou a andar em volta do lugar, mas ele não foi capaz de descobrir da onde a criatura veio, então ele olhou para cima.

‘Isso veio pelos telhados das casas? Se esse for o caso então deve ser uma criatura ágil, leve e com boas habilidades furtivas já que ninguém notou um monstro cruzando a cidade.’

Depois de um tempo investigando ele notou sons de passos, ele estava sozinho nessa área já que todos os outros haviam fugido.

‘Quem teria coragem para vir aqui?’

Ele notou um adolescente masculino de olhos e cabelos castanhos, com cerca de 15 a 16 anos, ele estava usando roupas amarelas muito familiares para Tristan.

“Dusk! O que aconteceu aqui?”

“Jaeng? Oi.”

Ele reconheceu o outro colega da seita que havia decidido sair das muralhas.

Quando Jaeng se aproximou e viu a cena a sua frente ele parou e colocou a mão na boca, seu rosto ficou pálido.

Tristan olhou para Jaeng que parecia que iria vomitar a qualquer momento e disse em um tom monótono:

“Um monstro invadiu a cidade.”

Jaeng virou seu rosto, e respirou profundamente por alguns segundos.

“O que? Como ninguém notou? Por que os patrulheiros nos bosques não avisaram?” Depois de se recuperar um pouco ele perguntou para Tristan.

“Esse monstro parece ter boas habilidades furtivas e pelas pegadas que eu achei parece que só um entrou na cidade por enquanto.”

“Não sei para onde isso foi.”

‘Uhm, estranho, o monstro entrou na cidade, matou apenas uma pessoa e saiu.’ O comportamento da criatura estava fazendo algumas perguntas aparecerem na mente de Tristan.

“E agora o que faremos?”

“Temos que avisar os guardas. Aquela fera pode ter retornado para sua tribo, talvez ele guie os outros para cá.”

Eles caminharam em silêncio de volta ao portão do lado sudoeste da cidade.

Depois de um tempo, para surpresa de Tristan, Jaeng decidiu falar com ele.

“O que você acha que o lorde da cidade vai fazer em relação às pessoas de fora das muralhas?” Ele perguntou com preocupação notável em sua voz.

“Nada.” Tristan respondeu dando de ombros.

“Provavelmente essas pessoas terão que contar com a própria sorte delas.”

Ouvindo isso Jaeng falou com um pouco de raiva em sua voz,

“Mas por que? O lorde definitivamente precisa das pessoas do exterior da cidade, quem mais iria fazer os trabalhos braçais, como cortar madeira, minerar ou cuidar das plantações? Os nobres nunca fariam isso e o lorde da cidade deveria saber disso!”

Tristan soltou um suspiro e falou,

“Olha para seu redor. O que você vê?”

As sobrancelhas de Jaeng levantaram em confusão, ele olhou ao redor sem entender o motivo da pergunta dele.

“Uhm, casas, terra, pessoas …” Tristan interrompeu ele e falou,

“Isso aí, pessoas. Veja quantas pessoas tem nesse lugar.”

Ele notou que seu companheiro não havia entendido o que ele estava dizendo então ele decidiu detalhar mais.

“O que mais tem fora das muralhas são pessoas, o lorde da cidade realmente precisa dessa gente. Mas ele não precisa de todos. Mesmo que 70% das pessoas aqui fora morram, algumas centenas de milhares ainda restariam, o lorde ainda teria gente mais que o suficiente para manter o centro da cidade estável.”

“Além disso, uma única tribo de monstros não conseguiria matar tanta gente, ou até isso acontecer demoraria muitos meses. Por que ele iria arriscar a vida de seus guardas enquanto o lugar que ele realmente se importa não está ameaçado? Por enquanto ele não tem motivos para se preocupar com as pessoas de fora das muralhas, ele pode simplesmente esperar e ver se o grupo de feras migra para outro lugar enquanto ele reforça a proteção no centro da cidade caso alguma besta decida avançar para onde não deve.”