Capítulo 80: Lobo branco caolho.
Depois da última conversa, Ken deixou todos e partiu para seu destino.
“Não esquecer o que resta da sua humanidade, hein?”
Disse Erik, aquelas palavras ainda permanecendo profundamente em sua cabeça.
“Ken Wolff…”
Ele então falou seu nome, tentando de alguma forma se lembrar de onde havia ouvido sobre ele antes.
“!”
Foi então que depois de muita contemplação que os olhos de Erik se arregalaram e se iluminaram, finalmente lembrando-se sobre sua identidade.
“Einard, por acaso você se lembra dos rumores sobre ele?”
Einar, que estava ao seu lado, respondeu ao chamado de Erik.
“Falando a verdade, ele me parecia estranhamente familiar, mas como nada me via a cabeça, decidi ignorar. Mas parece que você de alguma forma se lembrou dele, verdade?”
A curiosidade então brotou em todos, até de Richard, então todos começaram a se aproximar de Erik.
“Sim, de fato, agora eu me lembro.”
Enquanto ele falava, seus braços tremiam. A ansiedade e a curiosidade brilharam ainda mais na mente das pessoas.
“Você por acaso se lembra do incidente que aconteceu com os sobreviventes do clã Wolff?”
“Clã Wolff?…Espera! Aquele rumor!?”
As palavras de Erik foram como um gatilho para Einard finalmente se lembrar do rumor.
“Espera, de que rumor estão falando?”
Perguntou Liv, curiosa pela reação de Einard. Mina e Richard também estavam curiosos.
“Foi algo que aconteceu no início deste ano, um rumor trago pelos comerciantes que atravessam o mar de Vinland para comercializar na ilha da nevasca. Havia um renomado clã que a muito havia caído, mas que ainda haviam alguns remanescentes que sobreviveram ao longo dos anos, tentando recuperar seu antigo poder. Mas infelizmente todos eles haviam sido mortos por uma outra força que estava crescendo. Os chamados de presas de lobo.”
Presas de lobo era um grupo criminoso que começou a crescer na ilha da nevasca, ostentando com cerca de duzentos membros, todos com núcleos de mana, alguns até eram capazes de manifestar aura de uma estrela, e o líder era um intermediário.
“Mas uma semana depois de terem morto todos os remanescentes do clã Wolff, em menos de um dia, todo o grupo havia sido destruído sem sobrar um único sobrevivente. Tudo causado por uma única pessoa.”
“!”
“!”
Todos ficaram surpresos pela revelação, mas Erik continuou.
“Os comerciantes que viram a cena diziam. ‘Lá estava ele, rodeado por dezenas de corpos ao seu redor, sua pele branca banhada em vermelho pelo sangue dos criminosos, seu cabelo platinado balançando pelo vento, refletindo o brilho cintilante das luas, e seu olhar feroz que nos observava com seu olho negro e o outro cego eram ferozes, capaz de fazer sua espinha arrepiar. Ele não parecia humano, parecia mais como um lobo sanguinário. Seu nome? Era Ken Wolff’.”
Erik repetiu as palavras que ouviu daquela época, parecia tão surreal que a maioria das pessoas não levaram a sério, e com o passar do tempo, foi algo que foi sendo esquecido pelas pessoas. Mas agora que Erik e Einard o viram, perceberam que não passava de um simples rumor.
“…”
Richard se lembrou das palavras de Ken depois de ter quebrado seus braços. Se ele quisesse, poderia tê-lo matado, e em um reino que respeitava apenas os mais fortes, ele teria a razão. A realidade da situação fez com que um enorme peso o dominasse.
“Ele até ganhou um apelido, não é mesmo?”
Perguntou Einard.
“Sim.”
Ganhar um apelido é um dos maiores orgulhos de Vinland, porque significa que você está sendo reconhecido como guerreiro.
Você ganha um apelido que corresponde de acordo com suas habilidades, ou através de um grande feito que captasse profundamente na mente das pessoas. Como o ‘juiz da morte’, que ganhou este apelido porque onde quer que ele passasse, deixava o rastro de morte dos membros do culto e deixava apenas as pessoas sequestradas vivas.
Mas embora Ken tivesse destruído uma grande organização, ninguém sabia como ele havia feito ou quais eram suas habilidades. Mas naquele momento, enquanto todos olhavam para ele, uma única coisa passava pelas suas cabeças.
“Lobo branco caolho.”
Disse Erik, e continuou.
“Este é o apelido dado a ele.”
Terminando, ele continuou olhando na direção em que Ken havia desaparecido.
“Pai, olha para isso.”
“Hm?”
Foi então que Joseph de repente se aproximou de Erik e o apresentou algo que estava em suas mãos, enrolando em um pano branco.
“O que é isso?”
Perguntou Erik.
“Bem…foi algo que Ken entregou para mim antes de partir.”
Disse Joseph despertando o interesse de Erik enquanto recebia o pano de suas mãos. Ele cuidadosamente desdobrou o pano para revelar o que estava cobrindo.
“!”
Ele imediatamente ficou chocado quando uma adaga de aparência estranha com a lâmina vermelha brilhante apareceu.
“Uma arma mágica!?”
Mas a primeira a gritar foi a Liv que espiava ao longe e rapidamente se aproximou.
“Arma mágica?”
Perguntou Joseph surpreso, que Liv respondeu.
“Sim, olhe para estas palavras escritas nas bordas da lâmina. São claramente gravuras mágicas, o que significa que esta adaga possui alguma habilidade mágica!”
Seus olhos brilharam com mais força enquanto explicava.
“Uma destas vale cerca de dezenas de moedas de ouro! Que grande achado!”
“O quê!”
Joseph ficou ainda mais chocado ao perceber o valor da adaga, depois ficou animado com as expectativas que vinham caso vendessem ela.
Mas Erik permaneceu calmo, pensando de maneira diferente.
‘Dezenas? Não. Nas mãos de uma pessoa certa, isto pode ser vendido por centenas ou até milhares de ouro. Com isso, não precisarei mais me preocupar com as dívidas e ainda posso elevar ainda mais meus negócios.’
Erik voltou a cobrir a adaga e voltou seu olhar para onde Ken havia partido.
‘Não importa quanto tempo passe, Ken Wolff. Quando voltarmos a ficar cara a cara, devolverei o favor que você me fez hoje cem vezes.’
Era engraçado. Por ter negado o dinheiro, Ken havia deixado algo melhor para ajudá-lo.
“Considere isto como um investimento.”
Disse Erik, sorrindo.
§§§§
Antigamente as construções do reino de Vinland eram consideradas rústicas, porque, como guerreiros, eles não ligavam muito para o desenvolvimento civil.
Mas com o passar dos anos as coisas foram mudando, e embora suas construções, como casas, edifícios e outras não fossem consideradas mais tão rústicas, ainda tinha a essência deles.
Cristenold é uma das cidades de Vinland que vinha se desenvolvendo mais neste factor, querendo abandonar o que as pessoas chamariam de rústico.
Edifícios de pedras e madeira se erguiam ao auto, estradas asfaltadas e postes de luz para iluminar a noite, facilitando e permitindo ainda mais a circulação das pessoas.
“Se você for por este caminho da direita, encontrarás o maior edifício da cidade, que é a câmara municipal.”
Uma criança andava enquanto apresentava a cidade para alguém, e este alguém era Ken, que cobria seu rosto com capuz. Como ele era novo na cidade, decidiu pagar para que alguém lhe apresentasse a cidade, o que a criança o fazia com orgulho.
Eles andaram por várias áreas, mas como Ken previa, não seria possível saber de tudo em um único dia se ficasse apenas andando, já que era uma cidade tão grande que habitava milhões de habitantes.
“Olhem as notícias.”
“Isto realmente aconteceu?”
Foi então que Ken parou depois de presenciar algumas pessoas paradas em um único lugar, enquanto olhavam algumas notícias penduradas na parede de um edifício.
Curioso, ele decidiu se aproximar para ver o que era.
“?”
Mas se surpreendeu quando viu um desenho de alguém de capuz, que escondia seu rosto com máscara de praga. E por cima do desenho estava escrito:
[Juiz da morte voltou a agir.]
Era uma notícia do dia anterior, mas ainda havia pessoas interessadas pela notícia, então ele leu.
[Os guerreiros de aura que haviam desaparecido a semanas surgiram no dia x. Dos quais dois dos quatro estão mortos. Esta é a declaração do sobrevivente chamado Bjorn:]
[Nós estávamos explorando nossos limites na floresta desconhecida quando fomos repentinamente capturados pelo culto demoníaco. Se não fosse pelo juiz da morte que invadiu a base deles e matou a todos, infelizmente não estaríamos aqui hoje. Mas, embora eu apreciasse que nos tenha salvo, ele também foi responsável por matar um dos meus companheiros. Embora eu admita que ele o tenha provocado primeiro, meu companheiro não merecia ter morrido daquele jeito.]
“…”
Os guerreiros na notícia eram os guerreiros que Ken havia encontrado enquanto eliminava os membros do culto demoníaco da 11º filial. Ele se lembra de ter arrancado a cabeça de um dos três, porque, se não o tivesse feito, também teria que matar os outros. O que ele queria evitar, porque não queria mais mortes desnecessárias.
Mas parece que isso fez com que eles guardassem ressentimentos contra ele.
“Hmph! Embora o juiz da morte tenha caçado os membros do culto demoníaco, o que o dá o direito de matar outras pessoas?”
Foi então que outras pessoas que também estavam vendo as notícias começaram a falar.
“Sim, e se ele também faz parte do culto demoníaco?”
“E Por que uma pessoa que faz parte do culto demoníaco estaria caçando eles?”
Alguém perguntou em questionamento.
“Não sei, mas é suspeito alguém agir assim enquanto esconde seu rosto.”
“Sim, alguém deveria tomar uma atitude e agir contra ele, antes que ele comece a caçar mais pessoas como aquele guerreiro de aura.”
“Sim, tens razão, o reino deveria tomar uma atitude.”
Mais e mais pessoas começaram a tomar partido contra o juiz da morte. Então, sentindo que não fazia mais sentido continuar ali, Ken começou a se afastar, depois se virou para o menino e perguntou.
“Que estalagem você me recomendaria?”
“Hm? Conheço uma muito boa, me segue.”
Ken então começou a seguir o menino, mas depois de algum tempo, Ken parou novamente enquanto olhava para longe. O menino também parou e seguiu seu olhar.
Ao oeste, fora das muralhas da cidade, estava uma enorme montanha bem próxima da cidade, que parecia chegar até nas nuvens.
‘Sempre esteve ali?’
Ken até se surpreendeu depois de ter visto a montanha, porque mesmo sendo tão grande, não o havia visto. Normalmente algo assim seria a primeira coisa a chamar a atenção.
“O monte da neve azul chamou sua atenção?”
Perguntou ele.
“Monte da neve azul?”
“Sim, é uma das atrações turísticas mais famosas da cidade, existe até uma lenda urbana.”
“…”
Ken não se importou muito com a lenda urbana, mas a criança continuou.
“Diz a lenda que existe um antigo castelo que se esconde em uma das florestas do monte, mas, misteriosamente, todos que o encontravam acabavam morrendo misteriosamente.”
A criança cantava animadamente sobre a lenda mais famosa da cidade, o que fazia pessoas de longe a visitarem.
“Se todos morriam, como ficaram sabendo?”
Perguntou Ken, olhando para a criança
“…”
Mas com a pergunta repentina de Ken, a criança ficou sem saber o que responder, mas então ele se virou e começou a andar.
“Va-vamos seguir nosso caminho, por ali.”
Disse ele, fugindo da pergunta.
Mas antes de segui-lo, Ken voltou novamente seu olhar para o monte.
‘…Estranho. É a primeira vez que vejo este monte. Mas, por alguma razão me parece familiar.’
Ken não sabia o porque, mas sentia uma estranha sensação de familiaridade com a montanha. Ele ficou parado por um tempo, depois fechou o olho analisando suas memórias. Mas depois de cerca de cinco minutos, voltou a abrir.
‘Não tem relação alguma com as memórias dos portadores do emblema. Estranho.’
Quando Ken sentia algo familiar no ambiente, normalmente era causado pelas memórias dos antigos portadores, mas desta vez era diferente.
Situações como esta deixavam Ken extremamente sensível, porque ele sabia que toda vez que sentia algo estranho, coisas inesperadas aconteciam.
Mas ele desviou o olhar da montanha e voltou a andar.
‘Resolverei mais tarde. Por enquanto, devo encontrar uma estalagem.’
Decidindo deixar para outro dia, Ken decidiu seguir a criança que o estava esperando pacientemente e então continuaram a andar.
Depois de cerca de dez minutos, os dois estavam parados na frente de uma estalagem que tinha cerca de cinco andares.
“Esta é a estalagem ‘nuvem de beirada’, uma das mais famosas da cidade. Aconchegante e com preços agradáveis. Então não precisas te preocupar.”
“Obrigado.”
Ken agradeceu e então jogou uma moeda de bronze para a criança, que o recebeu animadamente.
“Obrigado, até mais.”
Depois dele ter se despedido, Ken entrou na estalagem e imediatamente andou até a recepção.
“Boa tarde, em que posso ajuda-”
“Quanto por três dias?”
Perguntou Ken, cortando sua fala.
“…Três moedas de prata.”
Ken não pensou muito quando tirou as moedas de prata e colocou por cima do balcão. Recebendo o dinheiro, a mulher retirou uma chave da prateleira e entregou para Ken.
“Quarto trinta e três.”
Disse a recepcionista.
Ken pegou a chave, mas antes de subir, decidiu falar algo.
“Durante estes três dias, não me contate ou envie alguém. Apenas entre em contato no quarto dia. Entendeu?”
“…Certo.”
Embora um pouco relutante, ela concordou.
Então, tendo pego sua aprovação, Ken decidiu subir na escadaria para seu quarto. Cada andar tinha dez quartos, então seu quarto ficava no quarto andar.
Depois de chegar no quarto andar, Ken andou até a porta [33], enfiou a chave na fechadura, o abriu e entrou.
O quarto estava escuro e as cortinas estavam fechadas.
Mas Ken não se importou, retirou a roupa da parte superior, os braceletes que tinham a magia de selo de peso, retirou suas boas e então se jogou na cama. Não demorou muito para seus olhos se fecharem e ele cair no sono.
E assim, três dias se passaram, sem Ken acordar em nenhuma delas.
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