Capítulo 81 - Prelúdio do Torneio Mortal?
“O deserto do Mundo Sombrio é um campo de provas para a coragem e a determinação. Em suas areias, cada passo é uma batalha e cada batalha, um teste do espírito indomável.”
— Discursos do Grande Explorador Zandar, Vol. sobre possíveis dimensões.
Harley avançava pela vastidão do deserto, uma miríade de pensamentos tumultuando sua mente. Isabella, sua recente companheira, agora pairava como uma incógnita em seus pensamentos.
A dúvida ecoava em sua mente: seria aquela Isabella uma mera criação destinada a iludi-lo, uma ilusão hábil em enganar seus sentidos? Seria possível que ela nunca tivesse existido verdadeiramente, ou estaria ela perdida ou até mesmo morta em algum recanto obscuro deste mundo desolado?
Em meio a esses questionamentos, o jovem persistia em sua jornada pelo deserto aparentemente infinito, onde cada grão de areia testemunhava o peso de suas incertezas.
Enquanto Harley se imergia na busca por respostas sobre Isabella, um silêncio constante e opressivo pairava ao seu redor neste mundo mortal. A quietude, antes incomum, estendia-se como um manto de estranheza sobre a paisagem desolada, transformando a atmosfera em algo além de uma simples luta desesperada pela sobrevivência.
Cada passo dele ecoava na ausência de sons, adicionando uma camada adicional de inquietude à sua jornada através desse ambiente hostil e enigmático. O mundo, que antes parecia pulsar com o ruído da vida, agora permanecia em um estado de quietude perturbadora, sutilmente intensificando a sensação de estranheza que envolvia cada momento da sua busca.
Após uma longa caminhada, algo inesperado saltou aos olhos de Harley, mas não se tratava de um monstro, de um ataque ou de um novo inimigo, pelo menos à primeira vista.
No horizonte, revelava-se uma série de formações geométricas artificialmente produzidas, inicialmente confundindo-se com montes distantes, mas, à medida que se aproximava, revelavam-se como os restos de uma cidade abandonada.
A visão intrigante capturou a atenção do jovem. O cenário desolado estendia-se diante dele, sem sinais aparentes de vida ou civilização, mas aquela cidade erguia-se como um testemunho do que um dia fora.
As incertezas misturavam-se ao vazio da paisagem, e Harley sentia o peso das perguntas sem resposta. A sensação de incongruência o envolvia, como se estivesse dançando nos limites tênues entre a realidade e as ilusões que o cercavam.
O perigo permanecia como um companheiro fiel, sempre oculto e à espreita, pronto para surgir. Como uma sombra sinistra à espreita, cada descuido poderia ser uma oportunidade para a ameaça se manifestar. A incerteza permeava o ar, envolvendo sua percepção e provocando questionamentos sobre a verdadeira natureza do mundo ao seu redor.
Estaria Harley ainda sob o efeito das antigas ilusões que o assombraram, ou estaria agora envolto em novas artimanhas, tramadas para testar sua resiliência e sanidade? A cada passo adiante em direção da desolada cidade abandonada, a tensão aumentava, transformando a jornada do jovem em um labirinto de incertezas, onde a linha entre realidade, perigo e engano parecia cada vez mais sutil.
Ele permanecia vigilante, seus sentidos alertas a cada momento, procurando vestígios de movimentação ou qualquer sinal de perigo nos recantos da desolada cidade. À medida que as construções ganhavam nitidez, a cena revelava um passado de glória agora reduzido a ruínas.
As muralhas outrora imponentes, que serviam como defesa à cidade, estavam desmoronadas, testemunhas silenciosas de um evento catastrófico. O guerreiro imaginou se aquelas defesas majestosas foram derrubadas por um ataque inimigo ou sucumbiram a uma guerra devastadora.
À medida que suas passadas ecoavam pelas ruas outrora movimentadas, o silêncio continuava envolvendo Harley como um manto, interrompido apenas pelo sussurro do vento entre as fachadas em ruínas.
Ele percorreu construções que, embora parcialmente destruídas, ainda mantinham uma beleza decadente. Escombros e destroços contavam histórias de um passado grandioso, agora obscurecido pelo pó do tempo.
Adentrando mais profundamente na cidade, com as duas adagas seguradas firmes nas mãos, ele deparou-se com vestígios antigos que narravam a história de uma batalha intensa. Marcas por paredes destroçadas, fragmentos de armaduras e armas quebradas pelo chão; todos esses elementos indicavam uma luta gigantesca que deixara cicatrizes profundas na cidade.
Os vestígios pareciam remontar a um passado distante, no entanto, essa constatação não mitigou a sua inquietação. Avançando com cautela entre as ruínas, ele examinou meticulosamente cada detalhe, seus sentidos aguçados mantendo-se em estado constante de alerta.
Fragmentos de um quebra-cabeça do passado estavam dispersos, e ele se esforçava para unir as peças enquanto mantinha um olhar atento a qualquer sinal de perigo iminente.
Em sua jornada pela cidade desolada, Harley encontrou uma praça central onde, surpreendentemente, uma fonte ainda jorrava água cristalina. Era como se esse pequeno oásis resistisse ao tempo, um lembrete frágil da vitalidade que uma vez pulsou ali.
O tempo foi passando e a ausência crescente de perigo mantinha o jovem inquieto, ele, agora ascendendo uma colina de escombros, obteve finalmente uma visão panorâmica da cidade. Aquela cidade, agora imortalizada em sua memória, narrava a história de uma queda que, de uma grande devastação.
Uma vez gloriosa, ela se apresentava como um testemunho da fragilidade das civilizações diante das tempestades da história. Enquanto seus olhos ainda exploravam meticulosamente possíveis focos de perigo ou regiões que poderiam ameaçar sua vida, Harley mantinha sua mente em constante estado de alerta, ciente de que a aparente quietude poderia esconder ameaças inesperadas.
Contudo, esse breve momento de contemplação foi abruptamente interrompido pelo desejo urgente de pôr fim à espera, de lançar-se no desafio e enfrentar o perigo, algo que se solidificou no rugido resoluto de Harley:
— Grrrrrrr!
Seu grito ecoou pelas ruas silenciosas da cidade desolada. O jovem, inconformado com o persistente silêncio que o cercava e impaciente diante da cautela que marcava seus passos até então, desafiou o vazio com um rugido.
— Vamos, saia! Vamos acabar com isso! — Gritou ele, sentindo a ansiedade crescer diante do prolongado período de espera, alimentando sua impaciência com a incerteza do que o aguardava.
A cidade, antes mergulhada na quietude, pareceu ecoar com a intensidade de sua voz, e Harley sentiu a expectativa do perigo iminente, rompendo a tranquilidade aparente das ruínas.
O silêncio permaneceu, sem resposta ao desafio. O jovem, após um dia inteiro de busca por mantimentos sem nenhum sinal de perigo, e seu grito indicava que ele havia perdido completamente a paciência. Harley desejava chegar ao fundo da situação.
A coisa que mais detestava era navegar por incertezas ou terrenos instáveis, como costumavam ser os pântanos próximos de seu clã destruído. Nada era mais desconfortável do que dar passos sem a certeza de afundar ou não, questionando se a paisagem era uma armadilha cuidadosamente elaborada para prender sua atenção e provocar um descuido, impedindo-o de prosseguir.
Sua última batalha fora incrivelmente intensa, cobrando um preço alto em seu equilíbrio mental. Era possível que alguns resquícios ou sugestões mentais ainda não estivessem totalmente desativados ou assimilados, e esse grito impulsivo e desprovido de estratégia indicava essa possibilidade.
Harley sentia as consequências da exaustão mental e emocional, uma sombra que persistia mesmo após o término da batalha.
Enquanto examinava atentamente os arredores em busca de qualquer movimento, finalmente uma figura à distância capturou sua atenção. Uma mulher, envolta por uma aura luminosa, flutuava em sua direção com uma constância impressionante, trazendo consigo uma majestade que parecia transcender a decadência ao seu redor.
A mulher de pele negra exibia um porte aristocrático, evocando uma presença imponente. Seus cabelos encaracolados caíam em cascata, uma coroa natural que realçava sua beleza. Vestida com trajes exuberantes e magníficos, ela emanava uma aura soberana. O olhar firme e confiante denunciava sua arrogância e poder inabaláveis.
Com um gesto gracioso da mão, a mulher, ainda à distância, lançou sua habilidade de manipulação de sombras, fazendo com que estas emergissem instantaneamente nas proximidades de Harley. Num instante, sombras ganharam forma e substância ao seu redor, uma manifestação sinistra e obediente, prontas para executar os desígnios da mulher misteriosa.
A cena se desenrolava diante do jovem, revelando a extraordinária habilidade da mulher. Em sua mente, a dúvida pairava: seriam aquelas sombras uma construção impregnada de energia mágica semelhante à feita com sua adaga?
Ou seria um exército particular convocado pela mulher, criado momentaneamente para a batalha? Ou ainda, seriam manifestações das almas aprisionadas nos destroços da cidade destruída? Seriam entidades com vontade própria ou meros objetos inanimados, como os bonecos que ele próprio podia criar?
Como uma regente sombria, ela habilmente começou a utilizar essas sombras como extensões de sua vontade, moldando-as conforme sua conveniência. O enigma persistia, e Harley encontrava-se diante de uma ameaça que transcendia as fronteiras do conhecido.
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