Índice de Capítulo

    “O tempo é um escultor implacável, moldando nossas vidas com suas mãos invisíveis. A cada segundo, somos convidados a escolher entre a estagnação e a transformação, entre a inércia e o crescimento.” 

    Fragmentos da Libertação, de Nostradamus.


    Com uma precisão letal, a arma perfurou uma das cabeças do dragão, atravessando o construto de energia que a mantinha firme. Para sua surpresa, em vez de sangue, uma luz mágica escapou do ferimento, jorrando como um rio de energia pura. Era como se ele tivesse aberto uma fenda no poder místico da criatura.

    A cabeça extra do dragão começou a se dissolver, desintegrando-se em partículas de energia que foram sugadas pela adaga. A criatura alada, antes com duas cabeças, agora estava reduzida a uma. 

    Harley observou, atônito, enquanto a adaga brilhava com uma intensidade sobrenatural, crescendo em poder a cada momento que absorvia a magia do dragão.

    Mas a besta não estava pronta para ceder. Em um movimento desesperado, o dragão cortou seu próprio pescoço com uma das garras afiadas, interrompendo o fluxo de energia que estava sendo drenado pela adaga. O rugido que se seguiu reverberou por toda a caverna subterrânea, cheio de ódio e dor.

    Os olhos do dragão brilharam com uma fúria incandescente. Com um urro bestial, ele desencadeou uma onda de energia mágica, quebrando os constructos de energia branca que o aprisionavam. Harley sentiu o chão tremer, as pedras vibrando sob o impacto da liberação de poder.

    A criatura, agora livre, começou a avançar, suas garras esmagando qualquer coisa em seu caminho. As criaturas menores foram destruídas sem piedade, enquanto ele abria espaço suficiente para estender suas gigantescas asas. 

    Com um movimento majestosamente violento, o dragão desdobrou suas asas, criando uma tempestade de vento que lançou Harley pelo ar.

    O impacto da queda deixou Harley atordoado. Ele caiu no chão, seus pulmões lutando por ar. Cada batida das asas do dragão criava uma onda de destruição, varrendo tudo ao seu redor. 

    A besta alada, agora ferida por seu próprio ato de mutilação, voava para longe, mas não sem deixar uma marca. Do corte em seu pescoço, um líquido verde e viscoso escorria, pingando no chão como um lembrete dos ferimentos que havia sofrido. Seu rugido, cheio de vingança, ainda ecoava pelo subterrâneo.

    — GRRRAAAHHH! — o som atravessou o espaço, uma promessa de que o confronto estava longe de terminar.

    Harley lutou para se levantar, sua mente ainda impactada com a intensidade do combate. À distância, o filho do líder dos Dragões de Sangue observava tudo com olhos calculistas. Ele havia analisado a luta e, sem sinais de vitória fácil, decidiu recuar.

    Mas Sergio não sairia sem causar mais estragos. Para garantir sua fuga, ele ativou as sombras que o cercavam. As três entidades, antes paralisadas, começaram a vibrar.O silêncio que pairava foi quebrado por um clarão violento de energia, quando duas delas concentraram suas energias transferindo-a para a formação de uma única sombra. 

    A energia delas explodiu repentinamente, liberando Isabella, que estava presa junto com uma das criaturas feitas de sombra. A libertação, no entanto, veio com um preço. 

    A força da explosão desintegrou parte do campo de batalha, destruindo monstros ao redor, mas deixando-a gravemente ferida. O corpo da mulher caiu ao chão, imóvel, sua respiração ofegante e seu corpo vulnerável.

    Harley parou. Sua ex-noiva de infância, estava gravemente ferida, caída no campo de batalha. As criaturas ao redor começavam a cercá-la, prontas para terminar o serviço que a sombra havia começado.

    Do outro lado da caverna, Sergio riu com malícia. Ele havia jogado com as emoções de Harley, como sempre. Sabia que o jovem guerreiro ficaria dividido, incapaz de decidir entre a vingança ou salvar Isabella.

    — Vá, Harley, salve sua pequena donzela — provocou o provável futuro líder dos Dragões de Sangue, sua voz carregada de sarcasmo — Você sempre foi fraco demais para fazer o que é necessário.

    O riso ecoou pelas profundezas do subterrâneo. Harley sentiu sua raiva crescer, mas a indecisão o consumia. Ele olhou para a garota, depois para Sergio. Seus olhos refletiam a tensão interna, o conflito que agora tomava conta de sua mente.

    “Corro para resgatar a mulher que me traiu e pode estar me levando para uma armadilha, ou sigo em frente para destruir o inimigo implacável que tanto persigo?” — a decisão paralisava Harley, com o peso de ambos os caminhos pairando sobre ele como uma sombra inescapável.

    O filho do líder do clã Dragões de Sangue sabia exatamente o que estava fazendo. Ele o havia encurralado emocionalmente, criando uma armadilha perfeita.

    Harley respirou fundo, tentando controlar o pânico que o dominava. Se ele escolhesse salvar-la, estaria abrindo mão da oportunidade de derrotar seu inimigo de uma vez por todas. 

    “Mas e se fosse uma armadilha? E se salvar Isabella o colocasse diretamente nas garras de Sergio, destruindo qualquer chance de vitória?”

    Ele se agachou, hesitante, os olhos indo da mulher ferida para o adversário odiado, que começava a recuar lentamente, certo de sua vitória psicológica. Cada segundo que passava parecia uma eternidade.

    — O que vai ser, Harley? — Sergio zombou — Vingança ou redenção? 

    Harley apertou as adagas em suas mãos, sentindo o suor escorrer por sua testa. A dúvida o corroía. Ele sabia que qualquer escolha poderia ser fatal. O peso de sua decisão pressionava seu peito, tornando a respiração difícil.

    O tempo parecia parar. Os rugidos distantes do dragão e o riso de seu rival se misturavam ao som de sua própria respiração pesada. Ele precisava decidir. Agora.

    E então, no auge de sua indecisão, a paralisia precisava ser quebrada.

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