Capítulo 188 - É possível mudar o destino?
Harley sentiu o peso do silêncio na pele ao avançar com Milenium, o Cônsul e os soldados pelo terreno irregular da caverna. Eles haviam finalmente chegado. Em meio ao vento frio que soprava pela base secreta, ele reconhecia a paisagem com uma sensação inquietante de algo que já tinha experimentado.
Tudo estava exatamente como na visão que invadira sua mente anteriormente. Cada pedra, cada contorno da estrutura diante deles, cada ruído… tudo correspondia ao que ele já havia experimentado.
Enquanto avançavam, um emaranhado de dúvidas retumbavam em sua mente:
“Será que realmente tinha presenciado o futuro? Seria mesmo inevitável?” — sem respostas continuam se perguntando:
“Poderia ele, de fato, escapar do futuro sombrio que presenciara? “Poderei alterar o futuro? Morrerei aqui?” — as palavras giravam dentro dele como um eco desesperado.
À frente, a base secreta se impunha como uma cicatriz aberta na paisagem, com suas fortificações cortando a penumbra da caverna.
Em formação de ataque, os guerreiros da Academia de Batalha Tradicional o observavam, figuras que todos pensaram terem desaparecido para sempre na explosão realizada pela Guardiã Sombria. Mas ali estavam eles, o sacrifício uma farsa para este retorno calculado.
Sem precisar de confirmação, Harley sabia que Sergio Romanov o aguardava ali e logo apareceria em sua frente. Sentia, de forma visceral, que o confronto final estava próximo, onde vidas se entrelaçariam. Onde todas as contas, enfim, seriam acertadas.
Ao primeiro vislumbre dos guerreiros inimigos confirmavam e seguiam o mesmo desenrolar do que ele já tinha presenciado. Tanto na sua provável antecipação do futuro como agora, Doravan não estava visível em nenhum lugar.
Os inimigos posicionados eram os mesmos rostos que vira na visão em sua visão: guerreiros que todos pensavam estar mortos, mas que agora estavam ali, prontos para lutar sob o comando de Sergio se tudo continuasse acontecendo como em sua vivência anterior.
Cada um deles, assim como seu grande inimigo que acabara de aparecer e estava dirigindo-se para a frente do exército, trazia o olhar frio e determinado, sombras de um passado que Harley preferia que tivesse permanecido enterrado.
Mas ali estava novamente seu grande inimigo, como um predador que novamente se erguia das cinzas, pronto para fazer o sangue correr e tomar o que julgava ser seu por direito.
Por um instante, o jovem Ginsu percebeu a presença de Milenium ao seu lado, seu olhar fixo na formação inimiga à frente.
O Cônsul não parecia o comandante que conhecera, em meio a sussurros rápidos com os soldados, movia-se de forma quase automática, como se, em algum nível, também soubesse que as chances de sucesso eram mínimas.
O cansaço dos guerreiros, a superioridade numérica dos inimigos e a desvantagem do território reforçavam o peso dessa convicção silenciosa, criava uma atmosfera sufocante, que parecia sussurrar o fracasso iminente.
Harley prendeu a respiração por um momento, absorvendo a cena que se desdobrava à frente. Aquilo era o que ele vira, o que o jovem temia. A dúvida se enroscava em sua mente:
“Até que ponto ele era capaz de mudar aquele futuro?”
Cada detalhe parecia conspirar para arrastá-lo a um destino que o jovem Ginsu sentia ser inescapável. E novamente tudo estava se repetindo.
Em meio ao silêncio, um estalo rompeu o ar. Antes que pudessem se dar conta, uma chuva de flechas mágicas desabou sobre eles. Harley lançou-se para o lado, rolando no chão e buscando cobertura atrás de uma rocha.
Os soldados sob o comando do Cônsul fizeram o mesmo, formando fileiras defensivas, mas o ataque era intenso, incessante, como se o próprio ar estivesse contaminado pela fúria dos inimigos.
Ao erguer a cabeça para verificar o movimento de seus companheiros, viu Milenium acionar um equipamento que conjurava um escudo cintilante que absorvia as flechas, mas até ela parecia abalada pela quantidade de ataques que se lançavam contra eles.
O Cônsul estava ao lado, seus olhos fixos na figura de Sergio Romanov, que os encarava de cima, empunhando uma adaga negra idêntica à dele. Ostentava o símbolo com um orgulho quase brutal, como se o passado, em vez de uma ferida, fosse uma glória estampada na lâmina escura.
Harley pressionou os punhos contra o chão, buscando controlar a adrenalina que o tomavam:
“Eu vi isso” — pensou — “Eu já vi tudo isso acontecer.”
Mas dessa vez, ele se recusava a ser apenas uma peça inerte, presa ao desenrolar dos eventos.
“Precisava fazer algo diferente.” — pensou, com uma determinação quase desesperada nascendo em seu interior.
Sentiu a energia ferver dentro de si, e ao olhar novamente para o inimigo, algo dentro dele despertou.
— Preparem-se! — sua voz ecoou forte — Eles não são invencíveis!
As palavras pareceram reforçar a confiança dos soldados ao seu redor, mas o jovem Ginsu não tinha certeza se estavam realmente preparados para o que enfrentariam. A linha de defesa inimiga era densa.
Se tudo se repetisse a explosão estava próxima.
Avançaram, e a batalha se intensificou. Harley lançou-se em uma série de ataques, destroçando a linha de defesa que se erguia contra eles. Mas conforme avançava, uma sensação de mal-estar tomava conta de si. Pois ele tinha pouco tempo para mudar a realidade e evitar a sua morte.
Outra vez, o grito de Milenium atravessou o campo de batalha, trazendo consigo a angústia de um destino que se repetia. Harley girou o corpo e a viu ser lançada para trás pela explosão de energia, assim como em sua visão.
Tudo acontecia como em sua visão do futuro, e o sentimento de impotência o consumia, como se estivesse preso a uma realidade inescapável.
Seu corpo foi jogado como uma boneca, e ela caiu ao chão com um baque surdo. O jovem Ginsu correu até ela, o coração disparado, os pensamentos um turbilhão sabendo que a explosão estava cada vez mais próxima
— Milenium! — ele gritou, mas ela apenas moveu a cabeça, abrindo os olhos com dificuldade.
— Não… não pare — murmurou ela, com a voz enfraquecida igual a que tinha em sua lembrança — Eu… vou ficar bem. Apenas… siga em frente.
“Mas como posso seguir?” — pensou, sentindo o peso de cada passo arrastá-lo ainda mais para o destino que tentava evitar.
O medo o esmagava, como se cada centímetro adiante fosse uma condenação. Mas parar não era uma opção. Parar era aceitar o que ele mais temia.
“Não me entregarei à morte. Não temerei a explosão!” — pensou, tentando transformar o medo em força.
Harley avançava pela linha de combate, os estrondos das primeiras explosões ecoando atrás de si como já tinha experimentado. Os fatos eram iguais e provavelmente o fim deveria ser o mesmo.
À distância, Harley avistou Sergio Romanov, imóvel, como se tivesse esperado por toda uma vida por esse momento. O meio sorriso no rosto de Romanov parecia confirmar a expectativa do confronto final.
Harley cerrou o punho com força. Se o destino estava traçado e a morte o espreitava, faria de tudo para que Romanov o acompanhasse na queda antes da última explosão.
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