Capítulo Extra 43 - Interferência Externa
Sedenta encarava Haakon com um sorriso malicioso, ela vestia o uniforme negro do exército de libertação com pequenas modificações, como um pequeno decote que realçava os atributos femininos dela.
— Ah, docinho, podíamos ter tanto tempo para brincar, uma pena que a situação não é das melhores. — Sedenta sorriu, pronta para ter uma nova vítima. Devido à neblina que cobria a ilha flutuante, a luz do sol ainda não havia tocado a sua pele, deixando-na em sua aparência feminina.
Eles se encaravam, esperando quem iria tomar a atitude e dar o primeiro golpe. Amélia se debatia, ainda presa pelo aperto de Haakon.
— Deixe ela comigo, quero provar meu valor… — Jaime tomou a frente, e expressou confiança com um sorriso.
Amélia se virou, o medo estampado em seus olhos, e olhou para trás. A visão a atingiu como um soco no estômago: Axel estava morto, seu corpo inerte no chão, a mandíbula destroçada e fragmentos de seu cérebro espalhados no mármore. Ela sabia, que se não fizesse nada, seria a próxima.
— Venha mais perto, garoto, eu não mordo — provocou Sedenta, lambendo os lábios com um sorriso predatório, seus olhos fixos em Jaime.
— Como devo chamar o nome da minha segunda vítima? — desafiou Jaime, confiante ao ponto de enfrentar a oponente apenas com as mãos. Ele se aproximou até ficarem a centímetros de distância, encarando-a com intensidade.
— Meu nome é Sedenta, mas não se iluda… Eu não serei a sua vítima. — Com um movimento rápido, ela puxou Jaime para um beijo.
Mas, antes que seus lábios se tocassem, Jaime foi tomado por uma fraqueza repentina e devastadora. A mão de Sedenta estava em seu pescoço, as unhas nas veias carótidas, o sangue escorria pelas mãos dela, e envolviam o corpo dela. Em poucos segundos, o corpo drenado caiu no chão. Enquanto Sedenta fazia uma espada de sangue petrificado.
— Como sempre, vocês são muito sem graça — zombou Sedenta ao limpar os dedos manchados com a língua, como se estivesse provando o sabor de uma refeição satisfatória. Ela ergueu a espada de sangue petrificado, que pulsava como se tivesse vida própria, e olhou para Haakon, ainda segurando Amélia. — Agora é a sua vez, grandão.
— Venha para mim! — Ele lançou Amélia no chão, agarrou seu machado e atacou Sedenta com intensidade.
Sedenta aparava os golpes com sua espada de sangue, sempre com um sorriso no rosto, ela começava a se divertir com a batalha. Porém, uma hora ela começou a se cansar dos golpes repetitivos de Haakon, e partiu para a ofensiva. O braço direito de Haakon caiu no chão, em um corte rápido e quase invisível feito por Sedenta.
Em vez da habitual face de dor, Haakon se alegrou com o ferimento, afinal, era tudo o que ele precisava para ativar sua habilidade.
— Está na hora de você conhecer algo melhor do que sua habilidade de sangue — falou ele, o braço se movia no chão, envolvido pelo sangue de Haakon que parecia ter vida própria. — Está na hora de conhecer meu ‘Sangue Fervente Borbulhante’!
— Veremos. — Sedenta divertia-se com a possibilidade de ter uma boa luta.
O corpo do berserker transpirava, e uma fina neblina o envolvia, como uma fumaça espectral. Ele desferiu um poderoso soco de canhoto contra Sedenta, e mesmo com o aparo dela, o impacto foi devastador. Sedenta sentiu um calor abrasador proveniente do corpo do herói, um calor capaz de destruir sua espada.
— Nem arranhou. — Ela tentava desestabilizar seu adversário, porém a arrogância dela provou ser um amargo erro.
— Será? — Sorriu Haakon, confiante em sua habilidade.
O braço direito de Haakon, arrancado por ela momentos atrás, voou como uma flecha em direção a Sedenta, acertando-a com um gancho poderoso no queixo. O impacto a jogou de costas no chão. Haakon a observava de cima, um sorriso de triunfo curvando seus lábios. Ele havia vencido.
Sem hesitar, o braço decepado flutuou de volta e se reconectou ao ombro de Haakon com uma rapidez sobrenatural, os músculos e ossos se juntando com um brilho vermelho intenso, o sangue caía no chão e fazia uma marca, tamanho era a sua temperatura. Não havia tempo a perder. Ele avançou sobre Sedenta, ainda caída, sua respiração pesada e entrecortada. Com uma expressão fria e cruel, Haakon ergueu a perna e a desceu com força sobre o peito dela, esmagando qualquer tentativa de reação.
Sedenta tentou levantar a cabeça, mas Haakon foi implacável. Seus pés pisotearam o rosto dela com uma fúria crescente, o som de ossos se quebrando reverberando pelo ar. Cada golpe era mais brutal que o anterior, o rosto dela deformando-se até não ser mais reconhecível. O sangue e fragmentos de carne se espalhavam a cada chute, enquanto Haakon continuava, cegado por uma violência desumana, até que restasse apenas uma massa disforme e ensanguentada onde antes havia uma face.
Quando finalmente parou, Haakon ofegava, as mãos ensanguentadas e os olhos vidrados. Ele sabia que não restava nada da arrogância de Sedenta, apenas uma lembrança distorcida da guerreira que fora.
Ele se voltou para Amélia, que estava ajoelhada alguns metros atrás, o rosto banhado em lágrimas e os olhos arregalados de horror. Ela tremia tanto que mal conseguia ficar de pé, seu corpo inteiro imobilizado pelo medo.
— Junte-se a mim, prove o valor do ‘Olho de Tigre’! — ordenou com a voz autoritária.
Por um instante, a expressão de Amélia mudou. O terror absoluto em seus olhos foi substituído por uma expressão de surpresa… e esperança. Um sorriso surgiu em seus lábios trêmulos, mas não foi para Haakon que ela olhava. Confuso, ele se virou rapidamente.
Sedenta estava de pé atrás dele, seu corpo envolto por uma aura de sangue pulsante que se movia como se tivesse vida própria. O sangue ao redor dela flutuava e se contorcia no ar, reconstruindo seu rosto fragmento por fragmento, músculos se reagrupavam, ossos eram soldados, a pele refeita ao estado original. Ela estava inteira novamente, e os olhos vermelhos de raiva preenchiam sua expressão furiosa.
— Agora você me irritou. — Em um movimento rápido, Sedenta saltou para frente como um raio e agarrou Haakon pelo pescoço com uma força surpreendente. — Nunca fui derrotada, e assim será até o fim dos tempos! — Suas unhas afiadas se cravaram na pele de Haakon, exatamente como fizera com Jaime, o sangue começou a escorrer conforme a técnica de drenagem era feita.
— Acho que não, princesa — respondeu sem titubear e com a confiança elevada.
De repente, o corpo de Haakon começou a emitir um calor abrasador. O sangue que Sedenta drenava começou a borbulhar e ferver como magma vivo. A dor tomou conta dela instantaneamente, e Sedenta gritou enquanto suas mãos e braços, ainda em contato direto com o sangue escaldante, eram consumidos por queimaduras severas. O cheiro de carne queimada tomou o ar, e a dor a obrigou a soltar Haakon, e a recuar cautelosa para longe dele.
As queimaduras que cobriam seus braços começaram a cicatrizar rapidamente, e ela soltou um último sorriso, antes de avançar em seu golpe final. Haakon tentou segurá-la no ar, contudo, ela estava mais rápida que antes. Sem problemas, ela desviou e com um movimento preciso, cravou as unhas afiadas no pescoço dele. Desta vez, em vez de sugar o sangue para si, ela o o manipulou, dirigindo o sangue fervente de Haakon diretamente contra ele. O líquido borbulhante se espalhou, e como uma máscara letal cobriu o rosto de Haakon.
Ele começou a se debater, tentando em vão se livrar do aperto de ferro de Sedenta. Ela apertou ainda mais, os dedos penetrando a pele e a carne, mesmo quando suas próprias mãos começaram a se queimar, transformando-se em carne viva e exposta. Ela matinha a técnica em um esforço brutal para não sucumbir a vontade de remover os dedos e regenerá-los.
Aos poucos Haakon começou a perder as forças, o sangue fervente se infiltrava em suas narinas e descia por sua garganta, impedindo-o de respirar. Ele sufocava, o ar sendo lentamente substituído pelo líquido escaldante que invadia seu corpo. Seus olhos se reviraram, e sua luta desesperada se enfraqueceu, até que, finalmente, ele desabou no chão. O corpo de Haakon estremeceu uma última vez antes de ficar completamente imóvel, afogado em seu próprio sangue.
Sedenta, exausta, soltou os dedos do cadáver. Sua mão estava gravemente ferida, um único dedo sobrara, o indicador reduzido a um osso desgastado, exposto e enegrecido. Sem hesitar, ela se virou para o corpo de Axel, e, com um movimento rápido e brutal, começou a se alimentar de seu sangue. A energia vital pulsante revitalizou seu corpo, as queimaduras cicatrizaram e a carne devastada de sua mão começou a regenerar.
— Diga-me, garota — disse Sedenta, a voz fria e impassível enquanto lambia os últimos vestígios de sangue de seus lábios —, você viu alguém chamado Vítor? Cabelos escuros, uniforme escuro.
Amélia estava paralisada, o choque estampado em seus olhos. Sua mente não conseguia processar a cena à sua frente, a violência absurda e a indiferença predatória de Sedenta. Cada fibra de seu ser implorava para fugir, para esquecer aquele pesadelo e voltar para o conforto de sua casa, para o colo do seu gato e o abraço de sua família. Ela nunca quis estar naquele mundo, nunca pediu para ser arrastada de volta à vida. A morte lhe parecia um destino infinitamente mais gentil do que aquilo.
— Eu… eu o vi… — murmurou, a voz falhando enquanto as lágrimas corriam pelo rosto. Ela mal conseguia acreditar que as palavras estavam saindo de sua boca.
— Onde ele está? — insistiu Sedenta, a impaciência clara em seu tom.
Com mãos trêmulas, Amélia apontou para o outro lado da avenida, onde a batalha continuava sem trégua. O confronto entre os membros da guilda dos Dragões do Sol era brutal. A visão era de pura devastação: corpos jaziam espalhados como bonecos quebrados, o ar carregado pelo cheiro de morte, de carne queimada e sangue.
O massacre parecia não ter fim, causado tanto pelo ‘Olho do Tigre’ como por ‘Judas Imortal’. Todavia, o que ela não sabia, é que uma das culpadas de tudo aquilo, havia acabado de salvar a vida dela. Ao perceber a extensão do horror à sua frente, Amélia sentiu a última centelha de esperança desaparecer. E caiu de joelhos, em um chorro desesperado.
Sedenta | |||
Afiliação | ‘Exército de Libertação’ | Raça | Vampiro |
Alcunha | Nenhuma | Técnica Especial | Até a Última gota de Sangue’ |
Até a Última gota de Sangue | |||
Capacidade Ofensiva | B | Capacidade Defensiva | D |
Alcance | Corpo a Corpo | Resistência | C |
Versatilidade | A | Velocidade | B |
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