Índice de Capítulo

    Retornando para seu lugar de descanso, um pequeno espaço cercado por densas árvores. Ele colocou sua mochila no chão, cavou um buraco e fez uma pequena fogueira dentro. Pegou alguns pedaços generosos de carne de veado e os colocou para assar. Tristan tampou uma parte do buraco com folhas e galhos, deixando apenas uma pequena abertura.

    Ele aproveitou aquele tempo para olhar seu mapa. Embora não soubesse exatamente onde estava, considerou que deveria estar a cerca de metade do caminho para conseguir sair daquela maldita floresta.

    Suspirou.

    ‘Se eu não gastasse tanto tempo investigando esse lugar e procurando por uma rota segura, eu poderia atravessar essa floresta em apenas três dias.’ Entretanto, ele não tinha outra escolha além de seguir o método mais cauteloso. Sabia que andar descuidadamente por aquele lugar poderia significar o fim para sua vida.

    ‘Eu tenho que terminar isso rapidamente, preciso aproveitar que o território do veado está vazio.’ Conseguir uma carne macia e um núcleo laranja não foram os únicos motivos que fizeram Tristan arriscar sua vida em um combate com um inimigo tão forte. Essas coisas tiveram um grande peso em sua decisão, mas houve outro motivo ainda mais importante: o fato de que ele simplesmente não tinha outra opção. Às vezes, uma fera ou um grupo de bestas assumia o controle de um pequeno lugar naquela floresta, tornando-se líder daquele território até que fossem eliminados pelo próximo líder — o que acontecia com muita frequência.

    Nos últimos dias, ele investigou aquele lugar e descobriu que, para prosseguir, precisaria eliminar um desses líderes. Depois de muita observação, julgou que o veado de fumaça seria o mais fácil para ele derrotar.

    ‘E mesmo assim, eu não teria conseguido fazer isso sem a ajuda dos javalis.’

    Com a morte do veado, o território dele logo seria ocupado por outra besta.

    A barriga de Tristan roncou. Ele esfregou-a, tentando acalmar sua fome até a próxima refeição.

    ‘Se eu não estivesse com tanta fome, eu teria corrido direto para fora daqui.’

    Antes, ele havia considerado se seria melhor sair daquele território primeiro. No entanto, estava sem comer há bastante tempo. O risco de desmaiar por causa da fome, caso um perigo inesperado aparecesse, era real.

    Outra coisa que preocupava sua mente era a coisa mais perigosa naquele lugar: a falta de água.

    A ausência completa de chuvas não foi uma surpresa para ele, já que tinha lido sobre esse estranho fenômeno no seu **Fragmento Divino**.

    No entanto, ele não achou água em lugar algum. Antes de entrar naquele lugar, tinha esperanças de que poderia haver alguma fonte de água escondida e que ele poderia encontrá-la seguindo os animais naquela floresta. Infelizmente, isso também se provou inútil. Ele seguiu diversos tipos diferentes de criaturas, mas nunca as viu beberem nada além de sangue. Suspeitava que as bestas daquele lugar haviam evoluído para sobreviver exclusivamente comendo umas às outras.

    As plantas naquele lugar tinham algum tipo de bolsas membranosas em suas raízes, contendo um líquido escuro e pegajoso. Quando Tristan provou aquilo, sentiu um gosto podre e ferroso, tornando impossível para ele ingerir.

    Mesmo reunindo toda a água que conseguia carregar e racionando-a desde o dia em que entrou naquela floresta, estava começando a achar que não teria o suficiente para sair dali.

    Seu metabolismo, acelerado pelo cultivo de Luz, só tornava tudo pior. Toda a água que tinha estava em sua mochila, e ele torcia para que fosse suficiente.

    Seus pensamentos foram interrompidos por um cheiro delicioso. Ele olhou para a fogueira no buraco e notou que sua carne agora tinha uma aparência apetitosa. Pegando a carne, ele mordeu sem esperar que esfriasse. Seus lábios secos foram molhados pelos sulcos da carne.

    Ele decidiu não colocar sal nem outros temperos para não aumentar sua sede. Mesmo assim, acreditava que aquela era uma das carnes mais saborosas que já havia experimentado. Havia um intenso sabor de carne defumada.

    ‘Essa textura é tão macia! Completamente diferente da carne horrível daqueles malditos javalis.’

    Tristan saboreou sua refeição com avidez.

    Em apenas alguns segundos, ele já havia terminado o primeiro pedaço. Seu estômago agora estava mais calmo, mas ele ainda não estava satisfeito.

    Quando estava prestes a pegar outro pedaço, seus olhos detectaram algo.

    Algo se movia em direção ao seu acampamento!

    Tristan olhou para trás. Ele viu uma coisa comprida e vermelha esticando no ar, o que lhe trouxe uma sensação familiar.

    Logo, percebeu que aquilo não estava mirando nele, mas em sua mochila.

    ‘Não!’

    Seu coração congelou.

    Ele se moveu o mais rápido que conseguia e pulou com o braço estendido em direção à sua mochila.

    Mas a coisa vermelha foi mais rápida. Com apenas um toque, sua mochila parecia ter sido grudada naquilo.

    Ele viu sua mochila voando para longe dele, impotente.

    Virando o rosto para a direção em que sua mochila estava indo, viu a fonte de seu infortúnio: uma criatura pequena, de pele branca e rosada, olhos azuis, grandes orelhas, rabo pontudo e pernas longas.

    Aquela estranha figura tinha uma aparência semelhante à de um coelho e uma salamandra.

    ‘Bastardo!’

    A salamandra-coelho, com sua mochila presa na língua, lançou um olhar zombeteiro para ele, virou-se e fugiu em um pulo alto.

    Tristan estalou a língua.

    ‘Não importa para onde você vá, eu não irei deixar você escapar!’

    Ele perseguiu a criatura.


    Tristan estava correndo atrás da besta há algum tempo. Não fazia ideia de onde estava e temia entrar no território de algum ser perigoso, mas não podia parar. Precisava recuperar sua mochila a qualquer custo.

    A criatura pequena era veloz e conseguia atravessar grandes distâncias com seus saltos.

    Graças à sua visão, nunca a perdeu de vista, já que conseguia notar até as mínimas alterações que aquilo causava no ambiente.

    Quando Tristan atravessou alguns arbustos, viu algo que achava ser impossível naquele lugar. Ele quase pensou que tudo poderia ser um sonho.

    ‘Um lago?’

    Não importava o quanto olhasse, tudo o que via era um pequeno lago. Sua água parecia extremamente pura; achava que nunca tinha visto uma água tão cristalina antes.

    ‘Como diabos tem um lago aqui?’

    Sua boca se encheu de saliva. Sentiu uma vontade quase irresistível de pular naquele lago.

    Tristan cerrou os olhos.

    Ele não viu o coelho em lugar algum, mas viu que sua mochila foi deixada perto do lago.

    Um sentimento de desconfiança cresceu em seu coração. Resistindo à tentação, começou a pensar em como tudo aquilo era estranho. Focou sua atenção nos detalhes daquele lugar.

    Havia uma plataforma circular de terra no centro da formação de água. O solo ao redor do lago estava coberto por raízes verdes.

    ‘Esse lugar está completamente exposto, mesmo assim não há nenhuma besta aqui. É óbvio que aquele maldito me atraiu de propósito.’

    ‘Isso é muito suspeito.’ Um sorriso de escárnio apareceu em seu rosto.

    ‘Aquela coisa acha que eu cairia em uma armadilha tão óbvia? Aquele lago deve estar envenenado ou amaldiçoado.’

    Tristan decidiu ignorar o lago e apenas recuperar sua mochila.

    Ele achou curiosa a capacidade da besta de atraí-lo para uma armadilha.

    Com passos cautelosos, caminhou pisando nas raízes. Tristan se aproximou da mochila, mas antes que pudesse alcançá-la, algo no solo se moveu. Um pequeno fragmento de terra, menor que um grão de arroz, se agitou — um movimento quase imperceptível, mas que Tristan percebeu com seus olhos amplificados pelo cultivo da Escuridão.

    Ele olhou para o solo ao redor e viu mais pequenos movimentos.

    ‘Droga…’ pensou, preparando-se para reagir.

    Ele decidiu sair dali, preocupado com uma possível ameaça desconhecida.

    Pisando no chão com força, preparou-se para pular para fora.

    Mas, naquele momento, as raízes ao redor do lago começaram a se mover, como se tivessem vida própria. Em um instante, elas se ergueram, prontas para atacá-lo. Uma delas prendeu seu pé, enquanto outras chicoteavam o ar em sua direção.

    [Dark Blade]

    Antes que as raízes despedaçassem seu corpo, ele as cortou com sua lâmina preta.

    Então, como se fosse uma resposta à sua resistência, todas as raízes ao redor do lago se ergueram, formando uma floresta de braços gigantes e tortuosos.

    Um grande casulo de folhas surgiu no centro do lago, abrindo-se como uma flor vermelha — uma orquídea monstruosa.


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