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    A mão dela lentamente se abriu, revelando a moeda: “Deu cara, eu irei me juntar a vocês.”

    Vendo esse resultado, Kanao não demonstrou alegria ou tristeza, como se sua decisão não fosse a mesma que entrar na cova dos leões.

    Como se algo assim não fosse decisivo e acabaria afetando grandemente a sua vida futura.

    “Isso é bom, a Shinobu irá lhe apresentar o que você precisa saber e depois disso você poderá treinar sob os ensinamentos de Kokushibo.” Lucian sorriu e começou a dizer o que Kanao deveria fazer a seguir.

    Depois que ela assentiu Lucian virou-se para sair, Shinobu rapidamente o seguiu para fazer uma pergunta em voz baixa:

    “Você trapaceou?”

    “Só é trapaça se alguém ver acontecer”, ele respondeu antes de deixar apenas ela e Kanao no quarto.

    “… Pfff hahaha realmente é algo que ele diria.” Talvez aliviada depois de tudo o que aconteceu, com sua vingança finalmente concluída e com sua irmãzinha ao seu lado, Shinobu começou a rir alegremente.

    Provavelmente a primeira vez que ria com tanta alegria desde que sua irmã mais velha morreu. De fato, poderia fazer ainda mais tempo, talvez anos.

    Douma estava morto, sua irmã havia sido vingada… Não era mais necessário se preocupar constantemente com a ameaça dos demônios, até porque ela agora é um deles… E agora Kanao também havia se juntado.

    “Vamos Kanao, irei lhe apresentar a nossa nova casa.”

    ………..

    Lucian também sorriu feliz, afinal, a alegria de suas esposas é a alegria dele.

    Quanto a possibilidade da moeda cair coroa… não existia e mesmo que “existisse”, era impossível deixar que Kanao fosse embora. Essa nunca foi uma opção, ainda mais considerando que já estavam em outro mundo.

    “A forma mais fácil de garantir que não recusem é não perguntar.”

    Com essa questão resolvida, ele simplesmente foi para outro lugar dentro do castelo infinito para se encontrar com Akaza.

    Ambos ainda tinham uma coisa para fazer – criar uma arte marcial que funcionasse perfeitamente para demônios.

    “Mesmo que isso não seja realmente possível, a perfeição é algo muito abstrato…”

    Mas não está tão longe quanto pode parecer.

    Artes marciais humanas buscam evitar ferimentos e a fadiga, enquanto causam o maior dano possível atacando o oponente em pontos frágeis ou estratégicos.

    Artes marciais demoníacas poderiam buscar causar uma grande quantia de dano ignorando ferimentos e fadiga, ou seja, completamente abrindo mão da defesa e moderação.

    Praticamente funcionando de forma diametralmente oposta, uma buscando manter-se inteiro, enquanto a outra pode chegar ao ponto da automutilação para causar dano ao oponente.

    Vários demônios já demonstram total indiferença quanto ao fato de serem feridos ou não, porém isso ainda pode ser levado um nível adiante.

    “Akaza, você está pronto?”, perguntou Lucian, levantando os punhos e estralando o pescoço.

    “Esperei até demais.” Akaza também levantou seus punhos, ansioso para lutar.

    Eles estavam tentando criar uma nova forma de lutar e qual seria o melhor jeito de fazer isso senão lutando constantemente, assim como haviam feito nos dias anteriores?

    Trocaram socos e chutes com grande intensidade, não tomando ações defensivas ou evasivas, usando seus poderes regenerativos desenfreadamente.

    Ignorando a dor e o cansaço, pois são demônios e não sentem tais coisas… com apenas algumas raras exceções.

    Assim como pretendiam, mas isso ainda não era o suficiente, eles simplesmente estavam sendo como cães selvagens afetados por alguma doença.

    Eles ainda pretendiam aumentar os benefícios trazidos pela grande capacidade regenerativa – criar habilidades que se baseiam na auto destruição, na troca de partes do próprio corpo para multiplicar o dano causado.

    Fosse estender, comprimir, girar, torcer ou explodir. Das fáceis e comuns para demônios até as complicadas que não foram feitas por nenhum até o momento.

    ‘Pelos menos eu não lembro e nenhum demônio que torcia os braços para atacar… bem, eu acho que serei o primeiro.’

    Então os músculos de seu braço começaram a se torcer, comprimindo-se levemente, de forma um pouco similar a uma mola.

    E com o soco que ele desferiu, toda a força acumulada nessa “mola” foi liberada, conforme suas fibras musculares torciam-se novamente, voltando ao seu estado original em alta velocidade.

    Como consequência de suas ações as fibras romperam-se violentamente, também rasgando a pele e fraturando os ossos.

    Do outro lado desse confronto, o corpo de Akaza foi dilacerado pela grande força que percorreu seu corpo, aumentando a pressão interna e fazendo com que ele explodisse.

    Desta forma sobrando apenas as pernas dele, enquanto os tecidos de sua parte superior estavam espalhadas pelo chão e lentamente se transformando em cinzas volantes que logo desapareceram.

    Felizmente, desde que todas as células não sejam destruídas e/ou a conexão entre o corpo e alma não seja quebrada, os demônios continuam se regenerando.

    Antigamente uma luz solar ou objetos imbuídos com luz sola poderiam cortar a essa conexão, matando um demônio de forma efetiva. Em demônios mais fracos, um grau significativo de danos físicos pode ocasionar a morte, porém naqueles que são poderosos, mesmo uma massa de células relativamente pequena é suficiente para a regeneração. Por outro lado, uma toxina suficientemente poderosa poderia impedir a reprodução das células e matá-las.

    Claro, a utilização de poderes sobrenaturais também é capaz de matar demônios, assim como Lucian é capaz de desativar a regeneração de qualquer demônio.

    Quanto maior for a força de um demônio, mais forte é sua alma. Existe uma relação inversamente proporcional – quanto mais forte for a alma, menor a quantidade de células necessárias para se manter vivo.

    Portanto, esse ferimento, que seria o suficiente para matar demônios fracos, poderia ser facilmente regenerado por Akaza.

    As pequenas rachaduras nos ossos de Lucian desapareceram em um piscar de olhos, logo em seguida suas fibras musculares cresceram e se entrelaçaram, reconstituindo os grupos musculares que haviam sido destruídos.

    Em aproximadamente um segundo seu braço estava completamente renovado, sua pele tão branca e macia quanto sempre.

    Por outro lado, Akaza ainda iria demorar mais um tempo, afinal, facilidade não é velocidade.

    ‘Eu deveria ter ataque na parte inferior do corpo dele… ele é incapaz de falar sem uma boca.’ Lucian suspirou um pouco entediado enquanto se sentava no chão e cronometrava quanto tempo Akaza demoraria para terminar sua regeneração.

    “…”

    A partir das pernas uma coluna vertebral começou a se formar, com escassos músculos para manter a coluna reta enquanto um crânio surgia.

    Células tronco foram liberadas, enchendo o crânio e diferenciando-se para formar um cérebro e dele estendeu-se um nervo óptico junto com músculos, uma massa vermelha então tornou-se um globo ocular, devolvendo a visão para Akaza.

    Com a parte mais complexa, o cérebro, já regenerado, seguiu-se os outros constituintes da cabeça, o líquido vermelho vazou pelos orifícios do crânio, convertendo-se em músculos e pele. Os cabelos logo cresceram, retornando ao tamanho no qual estavam anteriormente.

    Depois da maior prioridade ter sido concluída – a regeneração da cabeça – as outras partes começaram a se regenerar também.

    A partir da coluna vertebral costelas começaram a se crescer, ao mesmo tempo fibras musculares se estendiam de suas pernas, ligando-se às novas costelas e gradualmente fechando a caixa torácica e abdômen.

    Com a cabeça e o torso regenerados, demorou apenas alguns segundos para que os braços também se curarem completamente.

    “Você realmente bateu com força, praticamente senti meu corpo sendo evaporado” Akaza comentou enquanto se espreguiçava e movia seu corpo, como se estivesse tentando ficar confortável com sua parte superior recriada.

    “Isso prova que estamos perto de ter sucesso, já conseguimos criar um soco que sacrifica o braço em troca de causar uma destruição massiva, embora ainda seja possível melhorar a condução da força.” Lucian assentiu, destacando o quão eficaz aqueles soco haviam sido.

    “Agora devemos criar variações com maior dispersão ou maior concentração. Um para ser ataque em ‘área’ e um para ser ataque penetrante.”

    E como eles ainda tinham muito trabalho a fazer continuaram lutando por muito tempo, felizmente, esse não era um trabalho tedioso.

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