Índice de Capítulo

    — Matar Pator? — Nick repetiu, chocado. — Por quê?

    — Porque ele é o espião de Ardum — Wyntor respondeu friamente, sem se virar para Nick.

    — Como você sabe? — Nick perguntou.

    Wyntor olhou ao redor e viu várias pessoas observando-os.

    — Vamos conversar lá fora — ele disse, guiando o grupo para fora do grande armazém.

    Os três seguiram Wyntor em estado de choque.

    Depois de saírem do armazém, caminharam em silêncio de volta a Sonho Sombrio.

    Ninguém teve coragem de falar.

    Pator?

    Um espião?

    Aquele garotinho?

    Pator tinha talvez 14 anos.

    Ele sempre fora gentil com todos e sempre os apoiara com entusiasmo.

    Como ele poderia ser um espião?

    Que garoto de 14 anos teria coragem de atuar como agente duplo em algo tão sensível quanto a fabricação de Zephyx?

    A caminhada de volta a Sonho Sombrio pareceu durar uma eternidade.

    Eventualmente, os quatro passaram pelas portas da Sonho Sombrio.

    — Bem-vindos de volta! Como foram as compras? — perguntou um animado Pator.

    — Foram boas — Wyntor respondeu de forma neutra. — Conseguimos ótimos negócios.

    — Pator, pode cuidar do Horua por mais um tempo? Preciso de Nick e dos outros por um momento — Wyntor acrescentou.

    — Sem problemas! — Pator respondeu antes de se levantar e sair do armazém.

    No entanto, antes de alcançar a porta, ele parou para olhar para Jenny.

    — Algo errado, Jenny? — ele perguntou.

    — O quê? — Jenny respondeu, surpresa, como se tivesse sido despertada de um devaneio. — Não, nada está errado!

    Pator parecia preocupado. — Não deixe as coisas te afetarem, tá bem? — ele disse.

    — C-Certo — Jenny respondeu.

    Pator sorriu amplamente, assentiu e saiu do armazém.

    Quando a porta se fechou, Jenny soltou um suspiro trêmulo, e um olhar aterrorizado surgiu em seu rosto.

    Pensar no garoto alegre morrendo era difícil demais de suportar.

    — Me sigam — Wyntor disse de forma calma enquanto caminhava para a Unidade de Contenção que abrigava o Caixão Gritante.

    Os três o seguiram nervosamente.

    Wyntor digitou algo no console da Unidade de Contenção antes de abrir a porta de acesso dos funcionários.

    — Entrem — Wyntor disse enquanto entrava na unidade.

    Jenny e Trevor respiraram fundo.

    Eles não tinham ideia do que havia ali dentro, mas sabiam que tinha de ser um Espectro.

    Encarar um novo Espectro sempre era aterrorizante.

    — Não se preocupem — Nick disse. — É basicamente inofensivo. O Sonhador é muito pior.

    Trevor e Jenny apenas se entreolharam antes de entrar.

    Depois que os quatro entraram, a porta se fechou, e todos viram o Caixão Gritante.

    Trevor e Jenny olharam para ele, chocados.

    Era só um caixão?

    Era só isso?

    No momento, o Caixão Gritante estava apenas deitado no chão, sem fazer nada.

    — Jenny, o que você sabe sobre ele? — Wyntor perguntou sem olhar para ela.

    Jenny olhou para Wyntor com incerteza. — Você disse que ele come cadáveres.

    Wyntor assentiu. — Trevor, o que você sabe sobre ele?

    — Que ele grita muito — ele respondeu, enquanto a compreensão surgia em seus olhos.

    Nick e Jenny ainda não haviam percebido.

    Wyntor se virou para olhar seus três funcionários.

    — Eu contei a todos vocês detalhes diferentes sobre o Caixão Gritante — ele disse.

    — Nick sabe tudo, já que ele o capturou e trabalha com ele.

    — Trevor sabe que ele grita muito.

    — Jenny sabe que ele come cadáveres.

    — E Pator sabe que é um Espectro de Possessão.

    — Nenhum de vocês tem acesso às informações que eu passei para os outros, e mal têm tempo de se encontrar durante o dia para trocar informações. Além disso, eu disse a todos para não compartilhar essas informações com ninguém além de Nick.

    — Ardum disse que sabe que tenho um Espectro de Possessão, e apenas Pator sabia disso.

    — Portanto, Pator é o espião.

    Silêncio.

    Os três ficaram com expressões perturbadas.

    No entanto, era difícil acreditar que um garoto tão jovem fosse capaz de enganar todos de forma tão impressionante.

    Querendo ou não, os olhos de Jenny e Trevor pousaram em Nick.

    Nick também sabia tudo sobre o Caixão Gritante.

    Ele poderia ter vazado as informações.

    Nick respirou fundo.

    Naturalmente, ele percebeu as expressões dos outros e sabia o que estavam pensando.

    — Não é o Nick — Wyntor disse.

    Trevor e Jenny sentiram-se repreendidos e envergonhados.

    Afinal, Nick era seu chefe.

    Ainda assim…

    — Nick é burro e honesto demais para ser um espião — Wyntor disse.

    Nick coçou a nuca de forma desajeitada.

    Ele não era ‘tão’ burro.

    — Nick é ou o melhor manipulador do mundo ou nenhum manipulador — Wyntor disse. — Acreditem, eu submeti Nick a tantos testes que seria praticamente impossível ele ser um espião.

    Os olhos de Nick se arregalaram. — Testes? Não houve testes!

    — Perguntas sobre coisas cujas respostas nós dois já sabemos. Se você mente e alguém insiste, precisa continuar mentindo e manter essa teia de mentiras coerente e lógica. Fazendo perguntas continuamente, você acabaria escorregando se estivesse mentindo.

    — Pedir para explicar coisas enquanto está em uma situação muito emocional. Mentir exige muito esforço mental, e fingir emoções também. Fazer ambos ao mesmo tempo é extremamente difícil.

    — Também questionei constantemente sua moral e por que você acredita no que acredita.

    — Eu te testei por meses, Nick — Wyntor disse. — E estou bastante certo de que posso confiar em você com minha vida.

    Nick ficou chocado demais para responder imediatamente.

    — Isso parece irrealista — Nick disse.

    Wyntor apenas bufou. — Essas coisas foram enfiadas na minha cabeça desde os cinco anos. Hoje em dia, seria irreal não fazer isso com todos que conheço.

    — Mas você não percebeu que Pator era um espião? — Nick perguntou.

    Um momento depois, Nick se sentiu mal.

    Aquele comentário não foi apropriado.

    No entanto, Wyntor apenas suspirou.

    — Os sinais estavam lá — Wyntor disse, olhando para o Caixão Gritante de forma ausente.

    — Acho que os ignorei, já que ele tem sido meu servo nos últimos dois anos.

    — Ele era a única pessoa com quem eu podia conversar abertamente naquela mansão opressiva.

    Silêncio.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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