Capítulo 55: Possessão Parasítica de Sangue
Uma possessão era o que estava acontecendo.
Mais especificamente, uma possessão parasítica.
Após se levantar completamente, o corpo do homem começou a se mover de forma rígida. Ao andar, suas pernas pareciam ter dobradiças enferrujadas.
Movendo a cabeça, o pescoço duro lentamente amoleceu. O mesmo aconteceu com os outros membros, apesar de seus dedos continuarem incapazes de realizar movimentos complexos.
Um pescoço, dois braços, duas pernas, porém existem vinte dedos e cada um deles possui três juntas, portanto a diferença na complexidade de controlar é evidente.
‘Meu sangue está correndo pelas veias deste homem e permitindo que eu o controle.’
Sim, Lucian estava “dentro” do corpo desse pobre ghoul, controlando-o. Tecnicamente o homem entrou em coma e seu cérebro está lentamente morrendo.
Por outro lado, Lucian estava mantendo os outros órgãos internos vivos, transportando todas as coisas necessárias para eles, mas o cérebro não era necessário nesta equação.
De fato, nenhum deles é, apenas o sangue sobrenatural que corria nas veias e artérias estava mantendo o corpo de pé.
Na verdade a situação atual era bem semelhante com um jinchuuriki – Lucian está dentro de um pequeno espaço de bolso que ele havia criado, e desse espaço de bolso ele soltava o sangue que estava sendo utilizado para o controlar esse corpo.
Pode-se dizer que a única diferença é que as bestas com cauda liberam chakra, enquanto ele libera sangue.
Mas essa situação de possessão não poderia se manter por muito tempo, além de que é altamente ineficiente.
‘Uma maneira seria devorar o cérebro dele e me colocar no lugar, assumindo o controle de todo o sistema nervoso, de forma similar com o Kenjaku de jujutsu kaisen ou os parasitas de kiseijuu.’ Lucian analisou em sua mente, pelo menos no momento seu controle sobre esse corpo ainda era insuficiente, ele nem mesmo conseguia falar por causa da incapacidade de controlar as cordas vocais, língua e boca com perícia o suficiente.
Esta habilidade é bem inútil para ele, porém ainda era um desenvolvimento de suas habilidades, a descoberta de uma possibilidade.
Por que ele iria querer possuir o corpo de alguém?
Se disfarçar? Ele já era capaz de controlar cada característica de seu corpo, fosse cor de pele, cor e comprimento do cabelo, cor dos olhos, cor e formato dos dentes, formato e quantidade de cálcio nos ossos, tudo para se disfarçar perfeitamente.
Obter o poder de alguém? Isso faria ainda menos sentido, devorar a pessoa seria a forma mais rápida e prática de fazer isso.
Talvez a realização de experiências seja a única utilidade dessa habilidade no momento.
Porém, verificar a capacidade de usar o sangue para controlar o corpo de outras pessoas ainda era algo muito interessante. Talvez para a criação de “marionetes”, em situações nas quais transformar a pessoa em um demônio não seria bom.
‘Na verdade isso seria muito viável, afinal, eu teria um controle maior sobre uma marionete do que sobre um demônio e sua criação pode ser mais barata em certas circunstâncias.’
Não importa o quão fraca seja a força do indivíduo, nem o quão cooperativo ele esteja, ainda existe uma quantidade mínima de sangue que é necessária para a transformação ocorrer, uma quantidade mínima de energia usada.
Por isso que todos os demônios sempre possuem pelo menos uma unidade de poder de sangue(1 BP). Foi assim que esse sistema de medição foi criado, definindo o mínimo possível de vitalidade que um demônio pode ter em circunstâncias normais como 1.
Claro, existem circunstâncias anormais, como um demônio criado de forma diferente dos outros como o Yushiro ou talvez um demônio que tenha sido privado de seus poderes.
Infelizmente, usar essa medição para quantificar a força de alguém vem se tornando cada vez mais impreciso. Afinal, baseou-se unicamente em demônios e quanto mais “sangue” eles possuem, mais poderosos eles são.
Humanos, por outro lado, podem se tornar tão poderosos quanto os demônios mesmo possuindo uma vitalidade “máxima” de 1 ponto. E ghouls com muito rc e alta vitalidade podem não ser fortes, assim como o Kaneki que inicialmente apenas tinha uma regeneração um pouco mais rápida que os outros.
‘Espera… eu não deveria estar fazendo algo? Bem, agora que essa possibilidade foi testada é só continuar testando as outras.’ Embora Lucian possua uma natureza um tanto preguiçosa, o desenvolvimento de suas habilidades ainda o deixavam muito empolgado.
‘O próximo item da lista é o ji… vou deixar isso para outro dia.’
Então ele continuou brincando com esse “novo” corpo que ele havia obtido enquanto caminhava em direção aos outros ghouls.
‘Acho que vou dar um sustinho neles hehehe.’
“Não tinha nada na porta, parece que foi só o vento.” Uma voz estranha saiu de sua boca, parecia distorcida, como se houvesse mais de uma pessoa falando e como se as pregas vocais estivessem abrindo e fechando de forma descontrolada, ela começou baixa e ficou abruptamente alta.
“Você… está bem?”, um deles perguntou estranhamente, percebendo que havia algo de errado com seu companheiro.
“Que diabos! Olha o olho dele!”, outro gritou ao ver o olho homem “ressuscitado” movendo-se de um lado para o outro e girando constantemente.
“Há algo de errado com meu olho?”, o possuído perguntou, levando sua mão até seu olho e então arrancando-o.
Logo em seguida ele abaixou a cabeça ligeiramente e começou a analisar o olho que ainda pingava sangue: “Ele me parece estar muito bem.”
Quando sua cabeça se levantou, foi possível ver uma lacraia preta saindo de sua órbita ocular.
“Com certeza tem algo de errado com ele, preparem-se para lutar!” O terceiro, que até o momento não havia dito nada, exortou os outros e mostrou os dois tentáculos de sua kagune rinkaku.
Os outros, vendo isso, não perderam tempo e também liberaram suas kagunes, havia um koukaku e um ukaku, basicamente formando uma equipe em que um compensa a fraqueza do outro.
“O que há com vocês?” O possuído inclinou a cabeça confuso, porém as centopeias que continuavam saindo seu ouvido, o corvo que estava surgindo de sua órbita ocular e a lacraia que circulava em sua cabeça tornavam a cena sinistra.
A imagem da lacraia, de seu corpo se contorcendo e de suas cem pernas se movendo poderia causar um ataque nervoso em muitas pessoas, principalmente ao pensar que esse animal com pelo menos quinze centímetros saiu de dentro da cabeça de alguém.
As pequenas centopeias que saiam de seus ouvidos também formavam uma imagem nojenta.
Comparado com esses artrópodes que se contorciam e se empilhavam, o corvo ensanguentado saindo da órbita ocular parecia até fofo.
Porém a pergunta que prevaleceu foi: como esses animais poderiam estar e caber dentro da cabeça de uma pessoa viva?
Ignorando a pergunta do possuído, o ghoul com kagune rinkaku, que parecia ser o líder, tomou a iniciativa de atacar.
Seu deu um rápido impulso para frente, seu tentáculos colocando-se como um cone em sua frente, sua intenção de dar uma estocada era evidente.
“Ora, por que ficar tão agressivo?” O possuído abriu sua boca, cuspindo faixas vermelhas que se enrolaram no corpo do ghoul, o esmagaram e então puxaram para dentro de sua boca.
“Ahhhh!” O ghoul líder apenas pôde gritar brevemente ao encarar sua morte iminente.
Os outros ghouls ficaram petrificados com essa visão, como se esta fosse a última gota necessária para o copo transbordar, eles rapidamente recuaram para a parede oposta com medo estampado em suas faces.
“É o diabo, um demônio, um monstro!”
Ghouls não tem artrópodes e aves na cabeça, ghouls não cospem tentáculos, ghoul não engolem outros ghouls em uma mordida.
Somente algum tipo de demônio ou monstro vindo das profundezas poderia fazer essas coisas terríveis.
Bem, esses foram os últimos pensamentos dos dois amiguinhos antes que ambos morressem.
“Familiares ainda podem ser criados quando estou possuindo um corpo; o corpo possuído pode ser alterado em nível relativamente alto, apesar que a utilização de sangue como meio dessa alteração não é muito eficiente. Vou brincar com esse corpo por mais um tempinho… mas eu tenho que dar um jeito nessa voz.”
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