Capítulo 698: Passeio Pelas Lembranças

Gravis visitou sozinho seu antigo local de trabalho. Ele não precisava de Orthar ou Yersi para essa tarefa. Orthar, por sua vez, aproveitou a oportunidade de dois dias com a loja fechada para percorrer a cidade em busca de mais materiais. Normalmente, ele precisava sair às pressas para buscar materiais durante os momentos de menor movimento, já que a Gravitas consumia recursos de maneira impressionante. Esse período de folga era ideal para reabastecer.

Enquanto isso, Yersi decidiu passar os próximos dois dias com seus avós e relaxar. Ela e a mãe de Gravis se davam muito bem. A mãe de Gravis era especialmente afeiçoada à mentalidade humilde e acessível de Yersi, não se incomodando nem um pouco com sua aparência de ‘máquina de matar’.

Gravis entrou no prédio e olhou para o corredor familiar. Era por esse mesmo corredor que ele passava para ir às aulas como Assistente de Pesquisa. Ele ainda se lembrava de cumprimentar a recepcionista toda vez que vinha acompanhado de seu melhor amigo.

Qual era o nome dele mesmo?

Gravis não conseguia se lembrar do nome desse amigo. Já fazia tempo demais, mas ele ainda se recordava de como se sentiu quando o amigo morreu no primeiro exame prático.

Claro, isso era esperado. Algumas pessoas pensariam que a alta taxa de mortalidade era apenas para assustar os novos alunos. Afinal, que empresa permitiria que seus recrutas morressem?

Mas esse pensamento era ingênuo. O mundo do cultivo era cruel, e poucos conseguiam voltar do mundo inferior. Se não conseguissem passar por esses exames práticos, não teriam esperança de retornar ao mundo mais alto.

Felizmente, as famílias recebiam um pagamento único e generoso quando os alunos se inscreviam. Esse pagamento era de três Pedras Imortais.

Generoso?

Para famílias de origens fracas, três Pedras Imortais eram uma fortuna. Essas famílias não podiam nem mesmo pagar por técnicas de cultivo adequadas para seus filhos, e, mesmo que pudessem, o treinamento oferecido por essa poderosa empresa era obviamente melhor. Afinal, o negócio da empresa era fazer com que o maior número possível de pessoas ascendesse, e eles eram muito bons nisso.

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Com essas três Pedras Imortais, as famílias poderiam dar a outro herdeiro um começo poderoso ou melhorar suas próprias vidas. Três Pedras Imortais representavam uma riqueza imensa.

No mundo inferior, Gravis havia usado Pedras Espirituais para comprar tudo o que precisava. Ele ainda lembrava que precisava de menos de 6.000 Pedras Espirituais para alcançar o Reino de Formação Espiritual.

Mas três Pedras Imortais equivalem a três milhões de Pedras Espirituais, o equivalente à riqueza de uma Seita Elemental inteira no mundo inferior. Isso mostrava o quanto três Pedras Imortais significavam para essas famílias.

— Posso ajudar? — perguntou a recepcionista, ao notar Gravis perdido em pensamentos.

Gravis rapidamente balançou a cabeça para sair da nostalgia. — Sim — disse ele com um sorriso educado, enquanto convocava o token de jade e a entregava à recepcionista. — Estou aqui para encontrar alguém.

A recepcionista assentiu com um sorriso e verificou a ficha. Quando viu o conteúdo, seus olhos se arregalaram de surpresa. Este era um convidado importante!

Ela se levantou. — Por favor, me acompanhe — disse, conduzindo-o por um corredor.

— Claro — respondeu Gravis, seguindo-a.

Enquanto caminhava, Gravis usava seu Espírito para observar as salas ao redor. Ele sabia que, se a empresa quisesse impedir sua investigação, bastaria isolar as salas, algo que não custava Pedras Imortais e poderia ser feito com um simples pensamento.

Ele viu várias aulas onde jovens cultivadores eram ensinados. Isso o encheu de nostalgia.

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Logo, Gravis reconheceu um rosto familiar.

Era um cultivador no Meio do Reino Unidade, com expressão entediada, ensinando uma turma de adolescentes.

Era o antigo professor de Gravis!

Ele se lembrou de como aquele professor havia sido o responsável por contar sobre a morte de seu amigo. Também se lembrou de como ele havia suprimido sua Aura de Vontade antes do exame prático final. Mas isso era compreensível. Gravis mantinha sua Aura de Vontade ativa o tempo todo, e, hoje, se alguém usasse a Aura de Vontade contra ele, também tomaria isso como um ato de agressão.

“Qual era o nome dele mesmo?” Gravis pensou, franzindo a testa. “Acho que começava com M”, refletiu, coçando o queixo.

— Está interessado nas nossas aulas, senhor? — perguntou a recepcionista à frente de Gravis. — Posso explicar mais sobre elas, se quiser.

Gravis apenas sorriu. — Não é necessário. Eu mesmo participei de uma delas — respondeu.

A recepcionista parou de andar. — Você participou? — perguntou, surpresa. — Mas eu não o reconheço. Tenho uma boa memória.

Gravis mostrou seu Anel de Obsidiana. — Me chamo Gravis — disse ele.

— Oh! — exclamou a recepcionista, lembrando-se imediatamente do jovem de antigamente. No início, ele era tímido e nervoso, mas se transformou em uma máquina de matar fria e inatingível.

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Aquele jovem sobreviveu? E agora era um Imortal?

— Desculpe por não reconhecê-lo antes, Gravis — disse ela, agora mais amigável. — Ainda me lembro de você, mas você mudou muito. O que aconteceu?

Gravis riu um pouco, perdido nas memórias. — Retornei rapidamente e obtive meu Emblema de Pesquisador Adepto. Infelizmente, alguém na Comunidade do Céu o roubou, tornando impossível meu retorno aqui. Mas, graças ao meu histórico, isso não foi um problema.

— Eu poderia ter comprado um novo de qualquer comerciante, mas não havia necessidade. Meu pai foi quem me enviou ao próximo Mundo intermediário — explicou.

A recepcionista suspirou. — Nunca gostei dessa política. Jovens cometem erros. Impedi-los de continuar só porque perderam algo me parece extremo demais, mas o que posso fazer? Sou apenas uma recepcionista.

— Bem, às vezes há políticas ruins — brincou Gravis.

Eles conversaram sobre os velhos tempos até chegarem a uma porta. A recepcionista a abriu e indicou para Gravis entrar.

Gravis agradeceu e entrou.

Ele se viu em uma área enorme e caótica. No início, ficou surpreso com a aparência do lugar, mas, ao inspecioná-lo com seu Espírito, ficou chocado.

Era a melhor Área de Compreensão de Leis que já havia visto!

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A sala era relativamente plana, com 10×10 quilômetros. Em um canto havia um lago de lava, com outro lago de lava ainda mais quente ao lado. Em outro canto, Gravis viu dois tipos diferentes de água. Havia até uma quantidade absurda de minérios e materiais.

“Há tantas Leis demonstradas aqui!” pensou Gravis com os olhos arregalados. “Há até várias Leis de nível três! Isso é absolutamente insano!”

Ele observava as áreas com surpresa quando ouviu uma voz.

— Ei, novato! — alguém lhe transmitiu enquanto se teleportava à sua frente. — Você está atrasado! Os outros já estão esperando!

Gravis olhou para a pessoa. Era um homem de meia-idade no final da Circulação Menor Avançada do Reino Imortal.

— Desculpe, mas acho que…

— Nada de desculpas! — o homem gritou, interrompendo Gravis. — Não aceito atrasos na minha aula!

WHOOOOM!

Então, o homem constritou o Espaço ao redor de Gravis e o puxou em uma direção. Ele também invocou seu Avatar, e Gravis percebeu que ele era composto das três forças primordiais: Espaço, Tempo e Gravidade. Um Avatar bastante poderoso.

Os olhos de Gravis se estreitaram, e ele invocou seu próprio Avatar.

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