Capítulo 12
24 de dezembro de 21XX, 19:00h — Em Algum Lugar Próximo ao Centro da Cidade.
O sol havia acabado de se pôr na Cidade Portuária, dando adeus ao dia e convidando a lua para governar a noite.
No céu, muito além da estratosfera, era possível observar as estrelas do centro da via láctea luzindo e, logo abaixo delas — disputando para ver quem possuía o maior brilho — as construções de ferro, e de concreto do centro comercial, cintilavam com suas luzes artificiais.
Cores de todos os tipos — fortes e vivas — derivadas das inúmeras decorações natalinas, enfeitavam cada aspecto da cidade portuária, com um estilo moderno e sofisticado.
E seja ele um estabelecimento local, as calçadas de pedra, ou, até mesmo, os pinheiros sintéticos — que haviam sido enfileirados, recentemente, nas áreas mais movimentadas — contribuía para deixar a região ainda mais iluminada e colorida.
Próximo da área comercial, fazendo divisa com as areias da praia, o mar estava calmo e pacífico naquela noite. E a medida em que as ondas do mar se moviam — trazendo consigo, o cheiro da maresia, do vento gelado e da água salgada — uma corrente de ar fria e úmida, circulava com tranquilidade pela região.
E nas ruas e calçadas próximas da praia, onde normalmente seria visto, durante o dia, diversas pessoas caminhando apressadamente — para chegarem a tempo em seus locais de trabalho — agora, durante a noite, essas mesmas ruas, estavam repletas de pessoas querendo se divertir.
E onde normalmente seria visto um cenário cotidiano — de uma megametrópole costeira, bem cuidada, preservada e rica — era somente quando o sol se punha, que a cidade de fato florescia, e podia, apresentar, todo o seu esplendor.
Em várias esquinas, era possível observar diversos restaurantes completamente cheios, enquanto que em outras, competindo com os seus concorrentes; casas noturnas realizavam shows ao vivo.
Uma ampla variedade de lojas, permaneciam abertas — com a intenção de captar o máximo de clientes que fosse possível naquele dia — ao passo que outras, satisfeitas com as vendas, encerravam o seu expediente.
E apesar da grande quantidade de pessoas visitando a cidade — todos interessados, em pelo menos uma atratividade local — não havia congestionamento nas ruas, e o fluxo de veículos, apesar de grande, era bem ordenado.
E seja uma família querendo comprar os seus presentes de última hora, ou, um grupo de amigos que havia acabado de se reunir para beber; todos podiam, de alguma forma, desfrutar dos prazeres, e da vista, que aquela região tinha para oferecer.
Porém, não muito longe do glamour e do brilho do centro da cidade; em meio às suas vielas, becos estranhos e espaços mal iluminados, também era possível observar — e interagir — com o lado escuro e completamente sujo da Cidade do Porto.
E diferente do aspecto familiar, e amigável, do seu lado colorido; neste local, o fedor do álcool, do sangue e de várias drogas pesadas, se misturavam com o cheiro de corpos humanos, que se reuniam, para solicitar, e desfrutar, de uma ampla gama de serviços.
Nos espaços reservados para os encontros sociais — onde os ratos disputavam comida e território com outros tipos de animais — também era possível observar, diversos vendedores de mercadorias roubadas, anunciando os seus produtos. Traficantes de drogas repassando os seus narcóticos e, prostitutas de todos os tipos oferecendo os seus serviços.
Disputas territoriais, entre gangues e traficantes, acontecia com frequência nesse período do dia. E apesar da forte presença da polícia na cidade — patrulhando as ruas com o seu armamento pesado e armadura blindada — nada disso impedia que a Cidade do Porto, se tornasse o palco de diversas intrigas.
Era muito comum, ouvir o som de vários tiros de um lado da rua, enquanto que do outro, um grupo de marginais, revoltados, chutavam o corpo moribundo de um viciado em drogas, que não havia conseguido, quitar a sua dívida da noite anterior.
Casos ainda mais pesados, envolvendo sequestros seguidos de morte; também aconteciam com uma certa frequência no lado escuro da cidade. E as vítimas desses incidentes, apesar de tudo, eram, em sua maioria, de pessoas que haviam sido enganadas com promessas e juras de amor eterno.
E seja por ignorância, ou uma completa má sorte, homens e mulheres de todas as idades — que ansiavam por atenção — eram, de certa forma, as principais vítimas desses esquemas ardilosos.
A verdade nua e crua era que: para cada metro quadrado de uma cidade viva, próspera e iluminada, também havia a mesma quantidade de área, para expressar o lado doentio, sujo e inóspito de sua sociedade.
E como se fosse para contrastar com os dois lados da mesma moeda; logo acima da cidade — um pouco abaixo do seu mar de estrelas — um véu escuro, e majestoso, pairava sobre ela.
Como se aquele lugar — e o planeta inteiro — fosse algum tipo de cenário para uma peça de teatro.
E a medida em que as pessoas viviam normalmente suas vidas — completamente alheias, sobre as forças ocultas que se esgueiravam entre elas — uma figura feminina adulta, de cabelos loiros e pele clara, observava, dentro de um carro, todos os aspectos daquela vista.
Que aos seus olhos, se parecia bastante com o cenário de um conto de fadas distópico e futurista.
— Belíssimo! — murmurou a mulher, encantada.
Intrigado com a reação inusitada de sua passageira, o rapaz que conduzia o volante, perguntou:
— A propósito, General Lumine. O que você achou da Imperatriz?
Após ouvir aquela pergunta, o coração da primeira disparou. E, com uma expressão exagerada de alegria, ela respondeu:
— Simplesmente divina!
Lumine levou as suas mãos até o rosto, excitada, e de maneira desequilibrada, acrescentou, enquanto esboçava um sorriso ligeiramente largo e distorcido:
— Lycoris Étoile, é de fato, a nova Inimiga de Toda a Criação! Eu pude observar, e também sentir; toda a sua natureza distorcida e egoísta!
A garota de cabelos dourados parou por um segundo, recuperou o fôlego e, com uma expressão que indicava fascínio, opinou:
— Ela realmente é digna, de reivindicar o título de: Deusa Imperatriz da Humanidade! Sob o comando dela, a nossa humanidade será capaz de evoluir e prosperar!
Um sorriso ainda mais sinistro tomou conta do seu rosto, e com a sua voz se tornando cada vez mais altiva, Lumine falou:
— Eu me pergunto, quantos universos vamos precisar queimar, até que o seu desejo distorcido seja saciado…
E enquanto ela saboreava aquele pensamento, completou, extasiada:
— Ah… eu não vejo a hora de servi-la!
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