Capítulo 13 - Homem de Negócios
Arco: Estrada da Ferro
Ser envolvido por uma luz azulada fez com que Haivor sentisse um desconforto no peito. Era a primeira vez que estava saindo como um aprendiz sem seu mestre ou Foton. O primeiro pedido, Esfinge tinha dito, era somente para entender como funcionava o sistema do Quadro.
O Quadro só fazia questão de mostrar quais pedidos estavam disponíveis. Quem deveria aprender era o próprio Haivor, e ele sabia disso. Amenizou a ansiedade do peito e fechou os olhos. Ele não tinha direito de sentir-se nervoso, tinha feito muitas coisas piores e perigosas.
Lidarei com isso.
Ao abrir os olhos, viu de cara um pilar de pedra alto o suficiente para fazer sombra sobre si. Estava ao lado de uma encosta verde, recheada de árvores e altos arbustos. A esquerda, um lago esverdeado com pedras na encosta.
Lembrava muito sua casa, mas tirando o ambiente claro e acolhedor, Senbom era carregado de pedras cinzas e obscuras, sem vida ou sem cores vibrantes. Os ventos também eram quentes ali. Em Senbom, se ficasse mais de dez minutos virados para o mar, pegaria alguma doença que te colocaria na cama por vinte dias inteiros.
Cross tinha pego quando desafiou o próprio corpo dizendo que era invencível. Haivor sorriu sozinho ao lembrar do irmão.
E a casinha vermelha construída quase dentro do lago, ligada a terra somente por uma ponte de madeira. A cor distinguia completamente do cenário ao redor, tirando a pilastra negra ao seu lado. Haivor foi em sua direção.
No meio do caminho, a porta se abriu e um homem saiu de dentro. Homem, não. Era um garoto. Cabelos encaracolados e porte físico franzino. Usava um colete de couro e uma camisa leve por baixo. A mesa aberta na ponte estava recheada de pratos e panelas com fumaça saindo de dentro. O rapaz se virou e o encarou.
– Ah, você deve ser o Enigma – gritou de onde estava, acenando. – Venha, por favor.
Haivor se aproximou. O cheiro da carne grelhada e da estranha mistura de verde em um dos pratos o encantou. Esperou que o rapaz puxasse uma cadeira e entregasse uma a ele. Se sentaram.
– Sou Marco, Marco Pollo.
– Enigma.
Não se cumprimentaram com as mãos. Haivor ainda se sentia meio deslocado com a posição do rapaz. O pedido dizia que era sobre uma viagem pela Estrada de Ferro, mas ele estava sentado prestes a comer.
Marco lhe entregou um prato de vidro e um garfo, começando a arrumar o seu próprio. Haivor imitou o rapaz e esperou que ele começasse a comer. A calma de Marco o impressionou porque no momento seguinte, fez uma pausa gratificante.
– A comida está deliciosa. Primeira vez que fiz uma peça tão boa. O que achou, Enigma?
– A comida? Está boa – falou sem confiança nenhuma. – Só não sou acostumado a comer assim.
Marco parou e o encarou radiante.
– E está acostumado a comer como? Os Adesir tem uma forma de comer diferente ou só você em particular?
Energético, o rapaz parecia com ele quando mais novo quando queria descobrir algo.
– Eu como duas vezes ao dia, fazendo pequenos lanches com pães. É uma forma de manter o corpo desacostumado com a satisfação. – Haivor mordeu o pedaço de carne com óleo por cima. – Mas, em Senbom, eu costumava fazer carne seca e jogava um pouco de tempero por cima.
– Senbom. – Marco encarou a mesa, um pouco centrado. – Essa não é a ilha sulista do Grande Continente?
– É onde eu morava – respondeu provando a salada. – Isso aqui é o quê?
– Alface, ora. – Marco riu. – Nunca provou salada antes?
– Nunca comi nada verde assim – Haivor assentiu. – E isso vermelho?
– Isso é tomate. E o resto é alface, pepino e palmito. – E apontou para uma panela com pedaços menores de carne. – Isso é bacon e essa outra panela é macarrão. Já comeu esses?
A espetada no bacon fez com que Haivor o analisasse.
– Isso parece salsicha.
– O gosto é bem diferente.
E realmente era. Era mais suculento e mais prazeroso, como se tivesse feito para se apreciar cada instante antes de engolir. E o macarrão se desfazia na boca quando a língua pressionava contra o céu da boca.
– Nem preciso perguntar se gostou.
Haivor estava chupando o macarrão quando o encarou, e soltou um sorriso.
– É muito bom.
Eles continuaram comendo, mas em silêncio. O apetite de Marco chegava a parecer insaciável. Ele mordia o bacon misturado com o macarrão, a carne da salada e o arroz branco, uma delícia que Haivor ainda não tinha provado também.
Eram tantas comidas que o aprendiz se perdia. Os dois continuaram até que Haivor fez uma pausa e suspirou, satisfeito. Marco deu mais três garfadas antes de afastar o prato. Ele bateu na própria barriga, com um sorriso bom.
– Meu pai sempre dizia que a melhor recepção para um colega de trabalho é um belo almoço. – Esticou a mão a mesa.. – Gostou de tudo?
– É melhor do que qualquer coisa que já comi. Agradeço a experiência. – Era relaxante estar sentado na beira do lago onde as árvores balançavam silenciosamente por uma brisa quente. – Você mora aqui sozinho?
Marco já estava pegando as panelas quando o olhou.
– Essa é a casa de campo do meu pai. É a única onde tem uma Torre Gravitacional. Então, fiquei esperando. Me ajuda a levar as coisas pra dentro?
– Claro.
Haivor pegou os pratos de salada e macarrão seguindo o rapaz. Entraram na casa humilde, toda feita da madeira com pouca mobília. A sala era unida a cozinha e as janelas todas abertas deixavam a luz do sol clareá-las.
Era simples, mas bem feita.
Colocaram tudo na pia e Marco passou a mão por cima, criando uma pequena nuvem jogando água nelas. Eles começaram a ser lavados sozinhos, e Haivor entregou o restante. Quando terminaram, voltaram para fora da casa.
– Agora que comemos, vamos falar dos negócios. – Marco pontou a cadeira e se sentaram. – O pedido que fiz a Torre Mágica foi um levado de forma estranha, eu sei. Por que alguém deveria caminhar pela Estrada de Ferro comigo? Deve estar se perguntando.
– Não é difícil de imaginar. – Haivor olhou para ele e depois para a casa. – Você é um diplomata.
As sobrancelhas de Marco se ergueram.
– Como descobriu?
– Sua casa fica afastada de qualquer centro porque nasceu no campo e não gosta de perder um pouco das suas raízes. A comida é boa, mas todas são carnes compradas recentemente, você não é consumista, e suas roupas são boas, mas não são da nobreza. – Haivor lera bastante sobre os costumes continentais em um dos livros deixados por mestre Grison. – Profissões que vão até a cidade e voltam são comerciantes, mas você não tem nada aqui pra vender além de si mesmo e de sua gentileza.
– Isso foi… perfeito. – Marco de uma risada divertida. – Eu nunca vi alguém ler os outros dessa maneira. Seus olhos e instintos são ótimos. Você é realmente um aprendiz de Adesir? Parece mais um mestre.
– É muita modéstia sua, mas não tenho nem um ano como aprendiz. Essa é a minha primeira vez usando os Pedidos, então, não sei como funciona muito bem.
Marco balançou os braços.
– Não se importe com isso. As pessoas que meus colegas nas cidades chamam sempre são uns almofadinhas, dizendo que são fortes e tudo mais, fico contente que tenha sido você quem veio. – Marco fez um mapa surgir em sua mão. – Não sou um Arcano nem nada parecido, mas sei usar os objetos mágicos.
– Poucos usam.
– Por isso, preciso de sua ajuda. – Ele esticou o mapa. As linhas no mapa eram grossas, dividindo cidades, vilarejos e as planícies fluviais. Apontando para um ponto afastado, dentro de um desenho de floresta e montanha, continuou: – Aqui é onde estamos. Esse é o feudo de Luzin, onde começa a Estrada de Ferro. Passaremos nas cidades de Uuta e o vilarejo de Rains. Encontremos um banqueiro e um comerciante local.
– Certo – Haivor gravou o mapa em sua cabeça. – Se vamos para esses dois lugares, por que três pontos foram marcados no mapa?
– Isso eu vou contar pelo caminho. Nossa função é crucial para que esses dois lugares não sejam atacados ou destruídos, no pior dos casos. – Ele estava sério. – Consegue me ajudar, Enigma?
– Farei o possível.
Marco assentiu, seguramente.
– Se não quiser descansar do almoço, podemos partir agora.
– Estou pronto a qualquer hora.
I
Caminhar pela Estrada de Ferro era como andar no meio de um ninho de pássaros. Apenas o cantarolar ressoava na metade do tempo. As árvores a esquerda subiam pela montanha e a esquerda o lago ainda dominava o horizonte.
Andando por quase três horas, eles ainda não tinham saído da ponta da Estrada. Marco não disse mais nada e pegou um dos livros armazenados em seu anel, começando a ler. Haivor respeitou seu momento e fez o mesmo, dividindo sua mente em ler em duas partes para ler e prestar atenção ao redor. Seguia o rapaz pelas costas.
Com o cair da tarde, o sol começou a se esconder pela borda do lago e sumir pelas florestas do outro lado. Marco continuou andando, mas parou quando a luz natural morreu. Haivor já tinha criado uma chama flutuante para iluminar o livro que também flutuava.
– Um Adesir realmente faz coisas incríveis – Marco desacelerou os passos para ficar ao seu lado. – O que está lendo? É interessante.
Haivor fez o livro se arrastar no ar junto da chama para que ele pudesse ler.
– É um estudo sobre divisão da área mental. Estou praticando nos tempos livres.
Atento e concentrado, Marco começou a ler rapidamente.
– Você conseguiria ler o livro e o ambiente ao mesmo tempo?
– Praticamente. Ainda é um estudo experimental, então não é concreto que alguém consiga fazer. – Haivor claramente não diria que conseguia. Faria Marco se assustar, como assustaria qualquer um. – Experimentos desse tipo são feitos por Adesir, mas é ótimo para aprendizes porque aprendemos a meditar e nos concentrar.
– Meu pai dizia o mesmo sobre meditação. – Ele devolveu o livro. – É muito complicado para eu entender, mas agradeço. Você tem como fazer uma chama dessas pra mim? Fica complicado de ler sem luz aqui.
– Certo.
Tocando a chama e arrastando o dedo no ar, a chama se dividiu. Seu brilho se manteve intacto. Marco sorriu ao vê-la se aproximando.
– É muito incrível. Consegue mudar de cor?
– Esse é outro estudo, se chama ‘Aquecimento em Camadas’. Pelo que parece, a chama tem camadas que podem ser ativadas depois de muito treino. – O vermelho mudou-se para um azul, mas seu brilho ao redor caiu gradativamente. – Dependendo da cor, seus atributos também mudam.
– Meu pai daria tudo para ver isso. Agradeço demais, Enigma.
Haivor não disse nada, mas Marco pegou seu livro e continuou lendo com um sorriso no rosto.
– Ah, outra coisa, tem uma pousada daqui a dois quilômetros. Vamos descansar lá.
– Certo.
Eles permaneceram andando.
A pousada ficou somente vinte minutos em linha reta. Viram de longe já que era a única coisa que brilhava no meio da escuridão. Sem lua no céu, a estrada era sombria, mas com as duas chamas, os dois chegaram lá sem dificuldades.
Quando se aproximaram do terreno da pousada, Marco o parou.
– Então, tenho que avisar sobre algumas coisas. Essa pousada é a mais distante do feudo, então, algumas pessoas não são exatamente pessoas. Não sei se teve contato com esse tipo de gente.
– São Não-Humanos? – Haivor via como Marco estava desconfiante. – Não se preocupe, sei falar com eles.
– Sabe?
A porta da pousada se abriu. Um grande e verde orc saiu, ele tinha o dobro da altura de Haivor e Marco, usando um avental ao redor do corpo. Em suas mãos, uma tábua larga com alguns petiscos. Com um olhar vago, ele passou para a lateral da pousada, jogando a comida para o trio de cachorros que latiam de euforia.
– Vocês alugar quarto? – o Orc perguntou com dificuldade na língua humana, com a cabeça baixa envergonhado. – Mestre lá dentro.
Haivor respirou fundo e buscou a língua Ligariano.
– Viemos nos hospedar – disse em perfeito sotaque. – Não sei se você faz parte da tribo Kaishin, do norte, mas me corrija se eu estiver errado, por favor.
O Orc teve um baque de susto igualmente a Marco.
– Você fala Ligariano fluentemente – a dificuldade do Orc fugiu como as sombras perto da luz. Ele deu uma risada. – Faz tempo que não conheço um humano que fale de maneira tão fácil a nossa língua. Qual o seu nome?
– Enigma, e esse é meu colega, Marco Pollo, um diplomata. E o seu?
– Sou Haianashio, mas podem me chamar de Haia. Por favor, entrem. – Com um brandir de braço, deu passagem aos dois.
Dentro, as mesas estavam espalhadas como um bar, e as pessoas se sentavam tomando cerveja e comendo. Orcs, globins, alguns anões e um pequeno grupo de elfos no canto afastados dos demais. Somente um punhado de humanos, como eles dois, estavam no balcão gargalhando com uma garrafa de pura vodka.
Haia passou por eles indo direto para o balcão.
– Mestre – disse ainda em Ligariano – tem um Adesir aqui que fala nossa língua. Venha conhecê-lo, por favor.
– Um humano? – a voz era rouca e violenta, saindo de dentro da cozinha. Quando a porta se abriu, o baixo e gordo homem, com um bigode enrolando nas pontas, encarou ambos. – Qual desses fedelhos fala minha língua?
Haivor ergueu a mão.
– Eu falo fluente seis sotaques de Ligariano.
– Seis? – A gargalhada do homem chamou atenção de alguns convidados. – Eu já vi muita coisa, mas um humano descarado como você é novidade.
O homem subiu em um dos bancos atrás do balcão, ficando a altura deles. Haia, alto e musculoso, ficou somente ao seu lado observando.
– Quais sotaques? Desembucha, humano.
– Falo Ligariano Galgo, Jionai, Limior, Kaishin, Abreck e Tralto. – Enigma tinha facilidade com idiomas porque ler os livros com ‘Leitura’ era fácil. Gravar as palavras era simples, e depois ordenar na ordem certa para fazer sentido. Não era diferente de algumas línguas humanas que se dividiam entre idiomas mais complexos com outros alfabetos. – Eu me chamo Enigma, e esse é Marco.
– Ah, Marco – o baixinho ergueu as mãos, falando no dialeto comum. – Eu não tinha te visto aqui. Você está levando esse cara pra onde?
– Maestro Izhagi. – Marco fez uma pomposa reverência que Izhagui aplaudiu continuamente. – É sempre um prazer. Ele está comigo por uma viagem na Estrada de Ferro.
– E sabia que ele falava Ligariano tão fácil? – Izhagi ainda se divertia, não acreditando. – Você ainda não tem nem 30 anos, não é? Não tem como ter aprendido tudo isso.
– Maestro – Marco intercedeu rapidamente – acho que um pouco de bebida e um prato de salsichas seria melhor durante uma discussão. Por que não fazemos isso?
Rondando a barbicha com o dedo, Izagui cedeu ao pedido.
– Haia, três pratos de salsicha, batata frita e cerveja. – Encarou Haivor. – Bebe alguma coisa que não seja aquela vodka ridícula que os humanos bebem?
Haivor riu. O homem estava falando Ligariano justamente porque apontava com a cabeça para o grupo de pessoas atrás dele.
– O que sugerir, eu beberei.
Izhagi abriu a boca, maravilhado.
– Isso é perfeito. Haia, traga uma garrafa de Suco de Androga.
O Orc anotou tudo em um papel e entrou para dentro da cozinha. Os três se sentaram em uma mesa vazia. O dono da pousada claramente estufou a barriga e entrelaçou os dedos acima da pança. Salivou a boca um pouco e encarou os dois.
– Marco, ultima vez que veio disse que ia ficar em casa por uns seis meses. O que houve? A comida não estava boa?
– Estava ótima, Izhagi. Sua comida é sempre maravilhosa. Estou somente aqui porque recebi um pedido de ajuda com alguns problemas burocráticos sobre dois lugares. Não queria ter que me envolver de novo em política feudal, mas o rei Luzin não gosta de amarrar as próprias botas.
– Aquele verme insolente – Izagui bufou com desdém. – Quando os não-humanos vieram pra cá, ele fez todo aquele show por três anos só pra aumentar o imposto em cima da gente. Pagar duas moedas de ouro a mais é um roubo. Sabe disso.
– Eu estava lá, não estava?
Marco parecia um homem completamente diferente na frente de Izhagi. Haivor não via mais a hesitação nos olhos dele. A mudança corporal e o modo de falar, exatamente parecida quando Mestre Grison estava na presença de outros Adesir; firme e sério.
– Não podemos fazer nada agora – Izhagi contrapôs. – Haia está trabalhando aqui agora desde que o irmão dele foi chamado de volta pra tribo do norte. Ele é mais forte, mas também é bem atrapalhado. Enigma, conhece algum outro Orc?
– É a primeira vez que vejo tantos não-humanos presentes. – Deu uma olhada ao redor. – É fascinante como o mundo é grande.
– Normalmente, um humano fica meio desequilibrado quando vê esses caras todos juntos. De qualquer forma, pode agradecer ao Marco por conseguir apreciar essa visão. – Ele abriu os braços como se toda a pousada estive entre eles. – Isso aqui é tudo graças a esse grande homem de negócios.
Marco sorriu abanando a mão.
– Foi um esforço coletivo.
– O rei Luzin não gosta muito de vocês – Haivor disse ainda olhando ao redor. – Como conseguiu fazer ele aceitar a pousada?
– Não gostar é pouco. Aquele filha da putinha do Luzin odeia qualquer criatura que não seja humana. Esse lugar, como alguns outros espalhados pelo feudo, são um acordo de paz entre ele e nós.
– Tentei argumentar com o rei que ele está sendo irracional porque os humanos são uma ferramenta bem rígidas. – Marco recebeu Haia com uma pausa. O Orc colocou a comida e bebida na mesa, depois voltou ao balcão. – Então, disse que se ele contratasse não-humanos para trabalhos mais ardilosos, ele seria recompensado no futuro.
– Todo mundo sabe que Luzin odeia a gente, mas também odeia perder para o feudo de Agamora.
Marco abriu ambas as mãos para Haivor.
– Juntamos o útil ao agradável, e agora eles possuem acesso a andar pelo feudo, pelo menos nas estradas. Algumas cidades ainda não deixam que eles entrem. Essa é uma luta para outro dia.
Os dois eram amigos antigos, isso Haivor entendia. O fato de que Marco ajudava não-humanos era justamente porque conhecia bem aquele povo, e mesmo assim, ainda não tinha coragem suficiente em ficar em um recinto com eles.
Era irônico demais.
– Agora, Enigma – Izhagi ergue o pequeno copo com um líquido vermelho. – Verei do que você é capaz. Pegue sua bebida e faça um brinde, a qualquer coisa. Depois, beberemos e comeremos como reis.
Vindo rapidamente do balcão, Haia chamou seu mestre.
– Fecho tudo para a noite?
– Feche e venha beber, Haia. Não é todo dia que faremos isso.
Ele ergueu o copo até onde conseguiu.
– Um brinde a minha vitória.
Marco fez o mesmo.
– Um brinde aos direitos.
Haivor levantou o seu até o alto com os dois esperando.
– Um brinde a Estrada de Ferro.
Izhagi deu uma gargalhada seca.
– Que porra de brinde é esse? – e virou tudo de uma vez.
Haivor girou o copo pra boca e deixou tudo descer rasgando sua garganta. Foi o primeiro copo de um longa noite, uma que estava apenas começando.
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