Capítulo 11
Crack, crack, crack
A respiração de Fidelis ficou suspensa, quase como um murmúrio contínuo. Seus olhos inquietos e nervosos percorriam o ambiente ao redor. Hakan, segurando gentilmente seu queixo, murmurou suavemente:
— Está tudo bem, Reese.
Enquanto acariciava devagar o lábio inferior dela, apertou-a mais firme contra si.
— Se estiver nervosa, envolva seus braços ao redor do meu pescoço e feche os olhos.
Seguindo suas palavras, Fidelis passou os braços ao redor do pescoço dele e o abraçou com força, sem hesitar. Com o rosto enterrado no ombro de Hakan, ela fechou os olhos firmemente. Sentindo o toque delicado do corpo e a tensão da mente dela, Hakan não conseguiu evitar que os cantos de seus lábios se curvassem em um sorriso discreto de satisfação.
Crack crack
O som se aproximava cada vez mais, enquanto os braços de Fidelis ficavam mais rígidos.
[… Ah… onde?]
Uma voz assustadora, sombria, quase dolorida, ecoou pelo ambiente. Algo rastejava pelo corredor destruído. Uma figura de olhos vermelhos brilhando em meio a uma mancha negra se arrastava pelo chão. Quando o monstro misterioso, com os olhos girando, encontrou o olhar de Hakan, ele soltou uma risada perturbadora.
[Ali… ali… você está aí?]
Tum, tum, tum.
Os dentes da criatura batiam incessantemente, enquanto sua enorme boca se abria e fechava repetidamente. Atrás dela, um corpo alongado, semelhante a um verme, serpenteava pelo corredor. Apesar da aparência repulsiva do monstro, os pensamentos de Hakan estavam focados apenas em Fidelis. Como um predador à espreita, o monstro avançava lentamente em direção aos dois.
Cruck, cruck
O som era como articulações sendo forçadas, rangendo contra si mesmas. O grande monstro tomou o espaço do salão, empurrando seu rosto grotesco na direção de Hakan.
[Coma, é uma presa.]
Ao abrir sua boca larga, dois braços emergiram de sua garganta. Entre os braços longos e disformes, uma coisa sem rosto, composta apenas de dentes, começou a surgir.
Creck, crack, crenck
Outro monstro apareceu, rangendo os dentes enquanto avançava lentamente. Ele estendeu as mãos, tentando agarrar o rosto de Hakan, mas, de repente, suas mãos foram decepadas, caindo ao chão. O monstro, com sua boca grotescamente aberta em um sorriso macabro, observou as mãos caídas com seus olhos brilhando em vermelho.
[Oh… m…]
— Quem.
Com um gesto horizontal, Hakan criou um vento forte que cortou o monstro de cima a baixo.
[…?!]
Sem entender o que havia acontecido, a criatura olhou para seu corpo dividido, soltando um grito aterrorizante.
[Ahhhhhhhhh!]
Desta vez, o corte foi vertical. A criatura caiu em quatro partes, espasmos agitando os pedaços espalhados enquanto sangue jorrava no chão. Quando outra criatura, observando a cena, tentou avançar, Hakan deu um soco no ar. Apesar de estar fora de alcance, a criatura foi esmagada como se algo invisível a tivesse atingido.
[Ki…Ik…]
Um a um, os monstros desapareceram, transformando-se em cinzas negras. Hakan, satisfeito, não explicou nada a Fidelis, que ainda estava agarrada a ele de olhos bem fechados. Aproveitou o momento, sentindo-a dependente de seu pescoço como um porto seguro.
Mesmo sem mais sons perturbadores ao redor, Fidelis não ousou abrir os olhos. Só quando sentiu Hakan andando pelo corredor, começou a abrir os olhos com cautela.
— …?
Tudo estava em silêncio.
— Você os machucou?
— Sim.
Quando Fidelis se afastou um pouco, Hakan sorriu, carregando um traço de pesar em sua expressão.
— … mas por que não me contou?
— Porque, quando você me abraça, eu me sinto tranquilo.
Sem palavras, Fidelis fechou os lábios, sem saber como responder. De alguma forma, compreendia que isso o ajudava a manter a calma.
— Foi o seu abraço firme que me deu forças para protegê-la, Reese.
— … acho que você tem me ajudado desde o começo.
Com um sorriso tímido, Fidelis coçou a bochecha.
— Você talvez tenha esquecido, mas foi você quem enfrentou todos os monstros e fantasmas até agora.
— Graças a você, não tive muito trabalho.
Baixinho, Hakan murmurou algo para si mesmo enquanto esboçava um sorriso travesso. Ele sabia que, apesar do medo, Fidelis era incrível ao enfrentar os monstros.
— Foi pura coincidência…
— Talvez no início, mas não com aquele esqueleto segurando a foice.
Dando-lhe um leve tapinha na cabeça, continuou:
— É um elogio, então aceite de bom grado.
— Sim, obrigada.
— Eu é que agradeço.
Sussurrando em tom baixo, Hakan depositou um beijo suave no dorso da mão de Fidelis. Ela ficou paralisada por um instante, enquanto ele sorria com os olhos semicerrados.
— Reese.
Com sua voz grave e envolvente, Hakan tentou ocultar a vontade de continuar. Fidelis, corando intensamente, desviou o assunto apressada:
— Abra logo essa porta!
Rindo de sua reação, Hakan cedeu.
— Certo, vamos lá.
Ao abrir a porta, Hakan parou subitamente, sua expressão ficando séria.
— Reese?
[Clique… desativar… desativar…]
A voz macabra e familiar ecoava novamente, trazendo o mesmo terror que da primeira vez. Um monstro grotesco, armado com uma lâmina longa, arrastava algo pesado pelo chão.
Fidelis cobriu a boca com as mãos, tentando abafar o grito que ameaçava escapar.
— Feche os olhos, Reese.
Mesmo em meio ao pânico, a voz calma de Hakan foi suficiente para que ela obedecesse. Enquanto lágrimas escorriam por seu rosto, Hakan enfrentava o monstro que avançava.
Com um único movimento, ele reduziu a criatura a nada, limpando o salão de qualquer ameaça. Segurando Fidelis ainda trêmula, acariciou gentilmente seu cabelo.
— Reese, pode abrir os olhos.
Quando ela o fez, encontrou a expressão calorosa de Hakan.
— Você… o derrotou?
— Sim.
Fidelis soltou um suspiro aliviado, encostando-se mais uma vez em seu protetor.
Hakan não podia negar que, com Fidelis ao seu lado, sentia forças que nem sabia ter. Ela era seu porto seguro, assim como ele era o dela.

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