Capítulo 1222: Dispositivo Estranho

Flutuando no ar ao amanhecer, Shiro enviou seus sentidos para verificar se havia mais marionetes vindo em sua direção. Mas, pelo que parecia, eles teriam uma jornada tranquila.

‘Neste momento, minha magia está sendo limitada, então não posso depender muito dos meus nanobots’, pensou Shiro enquanto convocava Vinri e ajustava sua forma para a de um colar.

Usando Vinri como um meio, Shiro começou a reunir mana de criação entre as palmas das mãos antes de juntá-las. Quando as separou, quatro pequenos pássaros podiam ser vistos em sua mão.

Cada um dos pássaros era formado por uma energia azul luminosa que tremeluzia como fogo.

{Isso é uma invocação espiritual?} Nimue perguntou curiosamente.

“É semelhante, mas não exatamente. Você sabe que posso chamar os espíritos ao meu redor para aprimorar meus ataques ou feitiços, certo? Como isso usa mana de destruição, provavelmente será limitado, então decidi tentar com mana de criação. O resultado são esses Espíritos da Criação. Eles utilizam a mana de criação ambiente e me enviam informações. Também os misturei com a essência do vento, tornando-os invisíveis para a maioria dos feitiços de detecção, além de aumentarem sua velocidade”, respondeu Shiro, enquanto sua área de detecção aumentava cerca de 20% apenas com os pássaros ao seu redor.

Erguendo a mão, os quatro pássaros bateram as asas e começaram a voar em direções diferentes. Shiro os usaria como uma espécie de equipe de reconhecimento para entender melhor o mundo da criação: o quão grande era, o estado atual das pessoas, se havia deuses, rainhas ou grandes facções por perto, e assim por diante. Além disso, poderia obter um mapa e plantar marcadores de teletransporte.

De volta ao chão, ela começou a conduzir o grupo até a cidade de Hazen com a ajuda do homem com cicatrizes no braço, chamado Gazir, que era um pequeno caçador da vila.

“Antes de todas as marionetes tomarem conta, a cidade de Hazen era conhecida por seus estudos arcanos, mesmo para uma vila pequena como a nossa. Ouvi alguns rumores sobre a cidade, mas a maioria parecia exagerada, então não sei se são verdadeiros”, desculpou-se Gazir, e Shiro balançou a cabeça.

“Está tudo bem, não se preocupe. Qualquer tipo de informação é útil. Prefiro ter alguma ideia de como é a cidade.”

‘Depois de tudo, ela pode ter se tornado um desastre com essas marionetes vagando pelo mundo assim’, pensou Shiro.

{Se Hazen é realmente uma cidade famosa por sua proeza mágica, qual a probabilidade de terem sobrevivido neste mundo?} perguntou Nimue, incerta de como a magia funcionava naquele lugar.

‘Boa pergunta. Até agora, os batedores que enviei não detectaram nada. A maior parte da paisagem está cheia de marionetes que parecem não fazer nada. Elas nem mesmo giram as cabeças.’

{Você acha que elas estão sob ordens?}

Dando de ombros, Shiro não sabia o que pensar sobre o comportamento das marionetes. Mas, se não estavam fazendo nada no momento, ela as deixaria em paz. Claro, sempre havia a opção de resgatá-las, mas ela não queria chamar mais atenção para si antes de alcançar seu objetivo.

Após um dia e meio de viagem sem incidentes, os batedores finalmente encontraram uma cidade à distância. No entanto, estava completamente destruída, diferente do que Gazir havia descrito. Arranha-céus, antes altos, agora estavam em ruínas, com destroços espalhados pelas ruas. Nada lembrava a glória da cidade mágica.

“Isso não pode ser…” murmurou Gazir, incrédulo.

“Mas não deveria ter passado tanto tempo?! Por que a cidade sumiu?” ele gritou, enquanto Shiro percebeu algo que deveria ter perguntado antes.

“Gazir, responda uma pergunta para mim”, chamou Shiro. Gazir se virou para ela.

“Quanto tempo todos vocês ficaram presos como marionetes?”

Ao ouvir a pergunta, todos os civis que a seguiam congelaram. Alguns já suspeitavam, considerando o quanto a vegetação havia crescido, mas descartaram isso como sendo magia de alguém.

Agora, refletindo sobre a questão, perceberam que poderiam ter se passado décadas ou até séculos.

Enquanto todos discutiam entre si, Shiro teve uma ideia melhor.

Respirando fundo, o mundo ao redor de Shiro começou a perder a cor mais uma vez, enquanto os detalhes se transformavam em linhas de código.

Concentrando-se no código de Gazir, Shiro estreitou os olhos e começou a observar seus “registros”. Assim como ela consegue ver a composição de objetos e modificá-los, também é capaz de visualizar a história de uma pessoa. No momento, a informação que ela pode acessar é um resumo geral, já que observar toda a história sobrecarregaria sua mente com os eventos da vida inteira dele até aquele momento.

‘Hmm… Está um pouco confuso porque, durante seu tempo como marionete, várias almas foram fundidas em um único ser. Mas acho que consigo obter uma estimativa aproximada’, Shiro pensou consigo mesma.

“78.”

“Perdão?” Gazir piscou, confuso.

“78 anos. Esse é o tempo que todos passaram dentro das marionetes. Não é de se admirar que a cidade esteja em ruínas”, Shiro suspirou, ouvindo muitos ao seu redor murmurarem em descrença.

Ela não podia culpá-los, já que 78 anos era um período muito longo. As pessoas que eles esperavam reencontrar poderiam já ter morrido ou se transformado em marionetes.

Instruindo todos a fazerem uma pausa, Shiro posicionou algumas sentinelas ao redor enquanto explorava a cidade sozinha. Ela não sabia se havia perigos ocultos, então viajar sozinha seria mais seguro.

Ao entrar na cidade, Shiro conseguiu imaginar a grandiosidade daquele lugar antes de ser destruído. Um rápido olhar nos códigos dizia tudo o que ela precisava saber, permitindo que recriasse a estrutura mentalmente.

{Que desperdício.} Nimue murmurou, e Shiro concordou.

“De fato. Honestamente, estou tentada a integrar algumas dessas estruturas em Asharia, já que elas se encaixariam muito bem.”

Sobrevoando a cidade, Shiro percebeu um sinal de energia estranho, embora fraco, vindo das ruínas soterradas. Franziu a testa e desceu até o local onde sentia o sinal.

Com um movimento da mão, ela concentrou energia nas palmas e criou um caminho para baixo com um único disparo.

Coof, coof!

Afastando a fumaça, Shiro avistou um dispositivo no fundo, algo completamente desconhecido para ela. Parecia avançado demais para a tecnologia da cidade, mas ainda assim inferior aos seus nanobots. Sua curiosidade foi despertada enquanto examinava o dispositivo, procurando por um botão ou algo que pudesse ativá-lo.

{O que você acha que é isso?} Nimue perguntou, curiosa, enquanto Shiro mexia no dispositivo.

‘Não sei. Estou escaneando com meus nanobots agora, e parece funcionar como um rastreador. Mas a composição é diferente de tudo que já vi.’

Entendendo que o dispositivo estava com pouca energia, Shiro canalizou parte de sua mana para alimentá-lo.

Com um lampejo de luz, um mapa holográfico apareceu ao seu redor, mostrando um ponto vermelho indicando onde estavam.

Piscando surpresa, Shiro não esperava ver um mapa completo do mundo, com zonas destacadas como mortais, perigosas, de perigo moderado e habitáveis.

“Bem, isso é certamente interessante…” Shiro murmurou.

‘Você acha que as pessoas que viviam aqui se mudaram para um desses abrigos seguros?’ Shiro perguntou, interagindo com o mapa.

No mapa, abrigos seguros, fontes de água potável e várias bases estavam marcados, além de “aglomerados” destacados nas zonas perigosas. Não havia muitas informações escritas no mapa, mas Shiro suspeitava que eram grandes concentrações das estranhas marionetes.

{Parece que está dividido em dois níveis: aglomerados e colônias. Você acha que as marionetes são basicamente formigas operárias glorificadas?} Nimue perguntou, enquanto Shiro dava de ombros. Ela não tinha informações suficientes para formular uma hipótese precisa.

Quando estava prestes a fechar o mapa, Shiro notou uma sequência de palavras nele.