Capítulo 24 — Dia de compras com uma princesa.
Choramingando no refeitório, Mind batia na mesa com seu punho.
— Nããooo! Eu não pude ver ele lutando!
Uma elfa vampírica de cabelo branco tentava confortá-la, dizendo:
— Mestra! Você vai ter a chance de ver ele, não precisa ficar assim!
Sacudindo a menina, ela persistiu: — Kynory! Você não entende! Ele venceu o torneio! Eu queria tá lá para apoiar ele!
Ao ser chacoalhada, os óculos da elfa caíram sobre a mesa. Mostrando seu olhar carmesim e dando um cascudo em sua mestra, ela pegou seus óculos de volta. — Você já é adulta, deveria ser mais madura e entender que não deu.
Se recompondo, Mind suspirou. — Sensata como sempre, mas isso não vem ao caso, ele não me mandou nenhuma carta ainda.
— Não tem porquê estar preocupada, ele demora um pouco para escrever.
Revirando os olhos, ela cruzou seus braços. — Minha querida aluna, você é a mais curiosa quando ele conta alguma coisa.
Corando, as sardas de Kynory ficaram mais evidentes, mas, mantendo seriedade, respondeu: — Pode até ser, mas qualquer um adoraria saber o que o primogênito de Astéria passa em casa.
— Hehe… entendo, mas você tá corada?
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“Eu não podia estar aqui, nós deveríamos estar pelo menos com algum guarda com a gente, mas como o pai dela deixou ela me arrastar sem qualquer proteção?”, Kevyn estava desesperado por estar saindo sem sequer ter perguntado a Astéria primeiro.
Entrando em uma loja, Kelly pegou algumas roupas e já foi logo para o vestiário se trocar. Por mais que tenha sido arrastado até ali, o garoto até que estava se divertindo.
— Posso mostrar?
— Pode…
Saindo do vestiário, a princesa estava com uma saia longa e cinza, uma blusa formal preta de manga comprida e colarinho branco.
— O que achou? — Sorrindo, ela se inclinou em uma pose de superioridade.
Maravilhado, ele levantou suas orelhas, respondendo: — Você tá linda.
— Hehe! Obrigado, mas agora é sua vez!
— A-ah!
Andando um pouco pela loja, Kevyn lembrou do estilo de roupa que sua mãe usa, decidindo se espalhar um pouco, mas não só nela, como em Klei também.
Após selecionar as roupas, ele foi se trocar. Curiosa, Kelly esperou ansiosa.
— Eu não sei se ficou tão bom, mas tudo bem.
Saindo do vestiário, Kevyn estava com uma blusa canelada e uma calça jeans, ambas pretas. Levemente curvado, ele não fazia tanto contato visual, mas tentava esconder sua vergonha.
“Nossa, se ele fosse adulto, aposto que seria um g-… adulto”, se perdendo em sua imaginação, Kelly ficou quieta.
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O garoto coçou a cabeça e olhou para baixo, perguntando: — Ficou ruim?
— A-ah! Não! Tô só… admirando. — Mantendo um olhar fixo, ela olhou-o de cima a baixo.
“Isso é constrangedor”, aflito, Kevyn tomou uma postura mais envergonhada, não sabendo para onde olhar por não conseguir fazer contato visual com a princesa.
Mantendo uma face séria, Kelly se aproximou do garoto e disse: — Isso, agora levanta suas orelhas e faz miau enquanto você diz o quanto está envergonhado.
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“É isso o que eu faria, mas talvez eu não devesse por ele ser mais novo”, no fim, tudo não passou da imaginação da garota.
Se olhando no espelho, Kevyn pensou: “Essa blusa é que nem a da mamãe, mas ela é preta pelo terno do papai, a calça é… porque é legal, mas acho que adicionando alguns acessórios deve ficar ainda melhor”.
Se aproximando do garoto, a princesa perguntou com um enorme sorriso em seu rosto: — Você quer comprar?
— A-ah! Não, eu não posso.
— Ah… vai, é só um presente!
Tímido, Kevyn coçou a cabeça, dizendo: — Tudo bem… eu aceito.
Arregalando seus olhos, Kelly não soube como reagir, pensando: “Ele aceitou bem mais rápido do que eu esperava!”
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Após Kelly pagar pelas roupas, ela comprou milkshakes para ambos e então eles foram para a praça que, com bastante neve e seu chafariz congelado, era aconchegante com tudo feito de mármore branco.
Sentados em um banco, a princesa pensou: “Isso é como um encontro! Ah- não! Eu… preciso lembrar que não podemos ficar juntos, ele é de uma família muito… controladora”, olhando para o garoto, ela sorriu. “É como se ele fosse meu irmão mais novo”.
Encarando seu milkshake após um gole, Kevyn não conseguia parar de pensar: “Eu nunca provei nada assim! O mundo esconde tantas coisas de mim!! Como podem esconder algo tão delicioso?! Eu vou confrontar a Améli! Eu não aceito que ela nunca me trouxe isso!”.
— Kevyn, você gostou de ter passado esse tempo comigo? — Sorrindo, Kelly encarou o chão.
— Óbvio! Mas sou eu quem deveria te perguntar isso, eu não te dei nada e nem fiz nada para retribuir tudo que você me deu.
Olhando para ele, ela bagunçou seu cabelo. — Desculpa se te fiz pensar assim, sua companhia é o bastante para mim.
De repente, duas vozes gritaram pela princesa, eram duas meninas aparentemente de mesma idade que ela.
Elas se aproximaram e uma das duas perguntou:
— Ah… quem é esse aí?
Puxando Kevyn para perto de si, Kelly respondeu: — Esse aqui é meu mais novo maninho.
Dando uma leve risada, a outra menina questionou: — E desde quando seu pai arrumou uma concubina draconiana?
— Tá bom, você venceu!
Soltando o garoto, a princesa e suas amigas ficaram conversando enquanto Kevyn observava, pensando: “Hm… amigos, certo? Eu não recebi nenhuma carta do Rey até hoje, mas ele nunca me falou de nada, ou que escrevia muito, mas falando nisso, eu tenho que escrever pra Mind”.
Após alguns minutos conversando, Kelly se levantou e acabou indo com suas amigas. Quieto, no banco, o garoto observou a neve cair.
“Night… aquele sentimento era… qual era? Eu me senti acolhido, mas tinha algo além…”, se levantando, Kevyn andou até o chafariz e se sentou em sua borda, encarando o céu. “Essa calmaria é tão boa, a Mind me disse que fez uma aluna, eu tenho evoluído, consegui vencer o torneio com facilidade, mas olhando bem agora, eu não tenho treinado muito”.
De repente, uma mão tocou o ombro do garoto, que, quando olhou, viu a silhueta de seu pai com um guarda-chuva. Sorrindo, Klei pegou-o no colo, dizendo:
— Oh! Como essas mulheres nos machucam e descartam! Olhe para você, meu pequeno, ficou aqui, largado, sozinho… como podes deixar que lhe fizessem isso?!
Dando uma leve risada, Kevyn desviou o olhar. — Às vezes é bom ter um espaço pra pensar. Tirando isso, eu sinto que não tenho evoluído recentemente.
Arregalando seus olhos, o homem começou a caminhar. — Evoluindo, é?
Colocando a cabeça no peito de seu pai, o garoto suspirou, respondendo: — A mamãe sequer foi ao torneio, talvez eu seja fraco demais para chamar a atenção dela.
Acariciando a cabeça de seu filho, Klei pensou: “Ele busca ficar mais forte? Que surpreendente! Já sei, já sei!”, se afundando em sua própria escuridão junto a Kevyn, o homem saiu em uma sala iluminada por velas vermelhas.
Após o susto de ter entrado no chão, o garoto estranhou a sala, perguntando:
— Que sala é essa?
— Você quer ficar mais forte?
— Sim.
Sorrindo, Klei soltou-o, deixando-o de pé, mas, tomando seriedade, perguntou: — Posso te ajudar, mas vai doer.
Encarando seu braço, Kevyn sorriu. Reencontrando seus olhos com os de seu pai, respondeu: — Eu não me impor-
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¹☁︎ — Quando ver 3 nuvens significa que é a imaginação de um personagem.
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