Capítulo 32 — Dia de praia.
Chegando em casa com Humbra, Astéria encarava seu filho, se perguntando o porquê de suas roupas estarem manchadas de sangue.
Erguendo o balde para a mulher, o general entregou todo o seu e o trabalho de seu rei.
Piscando duas vezes, ela cruzou seus braços e apenas perguntou:
— Pode me dizer o porquê do sangue?
Sorrindo, Kevyn disse alegre: — Eu matei um demônio real!
Surpresa, Astéria suspirou. — Você não se sente mal por isso?
Mostrando seriedade, respondeu: — Hm? Não é como se eles fossem seres amigáveis, aquele demonstrou uma presença assassina, eu só me defendi.
— Não, não era isso que eu queria dizer. Ele era um ser vivo, os demônios são seres cientes e praticamente humanos, você mataria um semelhante seu?
Finalmente entendendo, um certo peso caiu sobre a mente do garoto que, abaixando a cabeça, respondeu: — Não… eu só… eu só pensei que ele estava tentando fazer mal…
Botando a mão atrás da nuca de seu filho e descansando sua cabeça em seu peito, Astéria o confortou: — Está tudo bem, você fez bem em se proteger. Aquele demônio estava matando algumas pessoas na região, mas lembre-se de procurar saber antes de sair atacando.
— Tá bom…
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Antes do almoço, Nick estava vendo qual encantamento usar para dar voz ao general de seu jovem mestre, mas, com um medo sincero, ela estava nervosa só de olhá-lo nos olhos.
Cozinhando, Kevyn finalmente estava aprendendo com sua mãe como o prometido. Estando com outras roupas, o garoto fazia o mesmo prato que fez no almoço com seus pais, mas dessa vez com Astéria ao seu lado.
— Você andou treinando? — perguntou Astéria, observando-o adicionando os temperos.
Mexendo na comida, Kevyn respondeu: — Claro, você me deu críticas e eu as absorvi.
Mantendo uma face neutra, a mulher se aproximou de seu filho e o abraçou por trás. — Você quem criou essa receita?
— Sim e não. Eu usei algumas referências, principalmente no fricassê de frango, mas eu decidi acrescentar creme de leite para facilitar a digestão e o frango em quadrados menores para a mastigação, fora, é claro, a mostarda, o molho de tomate e outros ingredientes.
Levemente levantando suas sobrancelhas, Astéria olhou para dentro da panela, perguntando: — E qual seria o nome?
Tampando a panela com sua respectiva tampa, Kevyn desligou o fogo de outra panela e a respondeu: — Talvez algo inglês vindo de Black-tail? O que você acha de strongoff?
— Strongov?
— Não, acho que… strong on off.
Soltando-o, Astéria deu alguns passos para trás e levou a mão até o queixo: — Hm… Blade, Humbra, Night… agora Strongonoff, você é péssimo com nomes, sabia?
Olhando para ela, o garoto soltou uma leve risada e respondeu: — Não vou mentir, mas acho que puxei você.
Dando de ombros, a mulher moveu a mão em seu queixo até seu campo de visão, suspirando e saindo da cozinha enquanto acenava. — Bem, agora é só você desligar o fogo. Posso afirmar que você puxou sua avó, mesmo que nem eu tenha conhecido ela.
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Na hora do almoço, todos estavam na mesa esperando para que Kevyn os servisse. Arrumando os pratos e servindo duas conchas de arroz para sua mãe e empregadas, serviu apenas uma para seu pai.
Passando para o principal, o garoto destampou seu strongonoff e serviu a mesma proporção de conchas de arroz.
Levando-o até a mesa, o aroma único se estendeu por toda a cozinha e, servindo os pratos, a beleza da comida encantou a todos sentados, sendo a primeira a falar, Améli:
— Eu me lembro quando você não sabia nem fazer um bife, parabéns.
Sorrindo, Kevyn serviu o último prato, o seu. Sentando, ele encarou Améli e agradeceu: — Obrigado, mas… a Kancernali não vai comer com a gente?
— A-ahr… meio q-
Interrompendo Améli, Klei respondeu: — A Kancernali é uma pessoa muito focada no trabalho, acho que ela foi cuidar de algumas coisas, mas ela vai provar sua comida, não é mesmo? — Olhou com deboche para Astéria, que respondeu:
— Sim.
Misturando um pouco da comida, Kevyn encheu sua colher e então falou: — Tudo bem, então, vamos comer.
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Após o almoço, Klei levou Kevyn para brincar na praia, sendo então, a primeira vez que o garoto viu seu pai sem camisa.
De protetor solar e óculos de sol, o homem e ele encaravam o horizonte quase infinito do oceano.
— Veja, olhe, consegue ver?! Ó, veja como seu pai é musculoso!!! — disse, fazendo uma pose de fisiculturismo.
Olhando em sua direção, Kevyn não conseguia enxergá-lo porque Klei estava… refletindo a luz do sol! Após alguns instantes, seus olhos conseguiram se acostumar com tamanho brilho. “ARH, MEUS OLHOS! Mesmo assim, ele é mais forte do que pensei, sempre jurei que ele fosse magrelo, mas até que ele é minimamente musculoso”, pensou Kevyn, enquanto ria de seu pai e o respondia: — Exagero seu, você brilha mais do que é musculoso.
Indo para o oceano, o homem olhou para seu filho, erguendo a mão em sua direção e dizendo: — Venha, quero ter uma lutinha com você.
— Haha! Até parece que você vai vencer! — Correndo em direção a seu pai, o garoto saltou para cima dele.
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Derrotado… ele boiava na água, após alguns minutos, caído, destruído… Kevyn tinha sido totalmente magnífico em humilhar seu pai em uma guerra de água.
Por mais que tenha perdido, o homem sorriu e… “Eu não acredito que deixei ele me vencer”, pensou, voltando seus pés para a superfície da areia e encarando seu filho.
— Kevyn.
Levantando suas orelhas, o garoto encarou-o. — Hm?
— Você ainda acha que sua mãe é tão ruim? — Conforme a maré batia em seus corpos, Klei demonstrou uma seriedade tão profunda que a única coisa que podia ser ouvida era a colisão das ondas.
— Não mais.
Por minutos, os dois se encaravam. Aos olhos de seu filho, um homem que traz o caos onde toca.
Nos olhos de seu pai, um garoto com o mesmo olhar daquela que quase o subjugou.
Maré colidindo, zumbidos no ouvido, uma voz então foi ouvida:
— O que vocês dois estão fazendo se encarando?
Ao olharem em direção, viram Astéria de biquíni e, caindo na gargalhada, Klei debochou:
— Eu não acredito que tô vendo isso! HaHawhaHawhwhah!!!!!!!!
Abrindo um guarda-sol, a mulher prendeu-o na areia, forrou uma toalha de praia e se deitou.
Após ser ignorado, Klei apenas parou de rir e andou em direção à areia, indo até sua esposa e encarando-a.
— O que aconteceu?
Olhando para ele e não conseguindo enxergá-lo com tanta luminosidade, Astéria apenas respondeu: — Nada, apenas pensei que estivesse ansioso para brincar com o garoto.
— Não é essa questão, eu só senti uma leve sensação ruim.
— Isso não faz sentido, mas o que você achou?
Olhando-a dos pés até voltar ao contato visual, o homem respondeu: — Você não combina com um biquíni.
— Entendo.
Olhando para seus pais, Kevyn os ignorou e encarou o horizonte, vendo um colossal monstro marinho, soltando um esguicho d’água.
Sentindo mãos agarrando sua cintura, antes que pudesse reagir, a pessoa o ergueu no ar, dizendo:
— Kevyn soube que matou um demônio real. — Reconhecendo a voz, o garoto percebeu que era Aradam. — Você está forte, acho que em breve vamos nos separar para seu treinamento, já conversamos sobre o ex-guarda real Daniel, não é?
Estando de costas para ela, Kevyn fechou seus olhos e respondeu: — Eu tenho que buscar um objetivo mais perto.
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