Capítulo 16
— Em suas próprias palavras, ela disse: “Como a Deusa que representa a vida deste mundo, não aprovo o fato dele ter tirado uma vida. Mas como a Deusa que defende a vida de todos os seres deste mundo; eu o louvo por ter salvado a vida de sua filha!” — contou o motorista Carlos, relembrando do passado.
Os olhos do rapaz cintilaram por um instante e, com as palavras de sua deusa ecoando em seus ouvidos, ele acrescentou, emocionado:
— “Ele não será punido pela justiça divina! Então, cabe a vocês agora, decidirem se ele merece ser condenado pela justiça terrena. Porém, eu vos peço. Não… Suplico! Por favor, sejam misericordiosos com ele, tal como fui.”
— Interessante! — balbuciou Kaiserin, intrigada, com a escolha de palavras da deusa Edea.
— O meu julgamento levou vários meses até ser concluído — continuou Carlos. — Tanto Jhon, quanto várias outras famílias, que também haviam sido vítimas, de alguma forma, do assassino serial que matei, vieram depor a meu favor. Inclusive, aquele casal que havia conduzido até o Hospital.
Ele parou por um segundo, recuperou o fôlego e percebeu que as suas mãos tremiam.
— Então, quando chegou o dia da minha filha depor perante o tribunal, a atenção do mundo inteiro estava voltada para ela. E em seu relato, ela explicou, que até o dia em que fora atacada, não sabia que o seu antigo noivo, atuava no lado escuro da cidade. E muito menos, que era filho de um partidário corrupto do governo.
E na tarde em que a polícia divulgou, em todas as mídias, o retrato falado do suspeito; ela entrou em choque. E tudo o que conseguiu pensar, foi apenas em sair dali. Porém, no instante em que abriu a porta de sua casa, ela acabou se deparando com a única pessoa que não queria ver ali e, quando percebeu, já estava deitada no chão, com o seu corpo imóvel e o rosto latejando de dor.
E numa tentativa desesperada, de escapar de seu agressor, ela começou a gritar, e também a chorar, até que a sua voz ficasse rouca, e não pudesse sair mais. Depois disso, a sua mente ficou em branco e todas as suas forças lhe abandonaram. E foi quando estava prestes a desistir de tudo, que os seus olhos, fracos e turvos, me viram chegando!
O seu herói e pai!
Com o fim do seu depoimento, uma série de debates envolvendo o meu caso, acabou ganhando força na Cidade Portuária. E após diversas audiências, no decorrer de vários meses, fui declarado inocente! E todas as acusações que estavam em meu nome, logo foram removidas!
Agora, depois de todos esses anos carregando o peso da culpa, posso dizer novamente, e com a consciência tranquila, de que sou uma pessoa livre! — proclamou ele, grato pela vida.
— Então foi assim que a sua história seguiu, nobre Carlos — disse Kaiserin, satisfeita com o que tinha ouvido. — Foi de fato uma bela conclusão!
— E isso não foi tudo, minha Senhorita! — acrescentou o rapaz, sorrindo. — Foi graças a minha decisão, de ter me entregado para a justiça, ao invés, de ter fugido da cidade; que tanto o Parlamentar, quanto os seus aliados, foram todos investigados e presos!
Os olhos do motorista se iluminaram mais uma vez e, com uma expressão repleta de alegria, ele confessou:
— E além disso, recentemente, a minha filha tem conseguido se recuperar de seu trauma. E tudo isso é graças à dedicação inabalável de sua irmã mais velha, Patroa! E também, ao apoio contínuo de um certo rapaz, integrante da Máfia do Porto. Hahaha!
— E quem seria este nobre rapaz, senhor Galdino?! — disse Lycoris, sorrindo, enquanto esboçava uma expressão ligeiramente sinistra. — Espero que não seja o Mestre Jhon! Caso contrário, a minha Irmã fará picadinho dele!
Sentindo na pele o olhar frio da garota, o motorista Carlos respondeu, dando risada:
— Não se preocupe quanto a isso, Patroa Lycoris. Hahaha! O coração do Patrão Jhon, pertence apenas a Ilustre Aqüorus!
— Então, quem é o rapaz, mestre Carlos?! ( •̀ ω •́ ) — perguntou Galatéia, cheia de curiosidade.
— Vocês irão vê-lo, ou nesse caso, revê-lo muito em breve! Hahaha! Tenho certeza de que todas vão ficar muito surpresas!
— Mal posso esperar pra saber quem é, senhor Galdino, rs! — disse Lycoris, tremendo de ansiedade, enquanto segurava a sua vontade de descobrir, ela mesma, a resposta por trás daquele mistério, com o seu comando: “A Vontade dos Criadores”.
Com o fim daquela conversa, o motorista Carlos atravessou um cruzamento, virou o carro numa rua arqueada, e adentrou no estacionamento do Centro Administrativo do Comitê Olímpico.
— Minha Patroa, chegamos! — informou o rapaz, sorrindo. — A madame Mikaela nos aguarda logo mais à frente!
Com o seu coração acelerado — e o rosto corado — a garota de cabelo preto e rosa, abriu a porta do carro, esboçou um sorriso amável e falou:
— Com a sua licença, senhor Galdino!
Em seguida, ela saltou para o lado de fora, tomou um impulso com as suas pernas e correu na direção de uma fonte d’água, que decorava os jardins daquele local.
— MAMÃE!!! — bradou ela, repleta de alegria, no instante em que seus olhos avistaram a silhueta da vampira.
E enquanto Lycoris abraçava alegremente o corpo de Lilith, Kaiserin, por sua vez, observava a garota com uma ligeira expressão distorcida.
“Ainda está muito cedo para você despertar, Mestra!”, pensou ela, sorrindo. “Por um instante, você quase se aproximou da verdade deste mundo, rs! No Universo Narrativo Canônico, o nobre Carlos, está de fato morto! Você não conseguiu salvá-lo! E além disso, você também morreu, enquanto tentava resgatá-lo…”
Os olhos de Kaiserin brilharam por um instante, e o seu rosto — que até então demonstrava classe — agora, adotava um tom mais sádico.
“Foi por causa de sua morte, Mestra, que a Máfia do Porto pegou em armas naquela noite! O conflito que aconteceu na cidade, foi justamente para vingá-la! Nunca houve um caso de processo para punir o Parlamentar, pois tanto ele, quanto os seus aliados, foram todos mortos por Jhon, e seus homens!”
E, com uma observação singular passando pela sua cabeça, a Serva de Lycoris pontuou, em pensamento:
“Irônico, não é mesmo, Mestra?! Até aquele momento, ninguém sabia que você era uma ‘Marionete da Grande Vontade’. E que apesar de tudo, era incapaz de perder a própria vida, rs.”
Ela voltou sua atenção para o alto e encarou — com os seus olhos cor-de-púrpura — o véu que cobria a Cidade do Porto.
“Ainda assim, o fato de você não ter conseguido salvar o nobre Carlos, permaneceu na sua mente… É por causa disso, que neste mundo, ele está vivo? Para trazer um pouco de paz, e alívio, ao seu pequeno coração partido?!”
Com as suas pupilas fixadas em uma estrela, ela acrescentou, esboçando um sorriso sinistro:
“Eu me pergunto, até quando essa mentira irá durar. E o que você irá sentir, quando finalmente descobrir, que tudo isso não passa de um sonho. Um pesadelo. Um Labirinto de uma Bruxa!”
Kaiserin levou as suas mãos até o rosto — saboreando aquele pensamento — e completou, enquanto observava a verdadeira face daquela estrela:
“Ah… mal posso esperar para descobrir isso, rs!”, disse, vislumbrando um Buraco Negro.
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