Capítulo 247: Desordeiros

— Nick — chamou Wyntor com uma expressão irritada ao entrar no escritório de Nick. — Preciso de você.

Ao ver a expressão de Wyntor, Nick franziu o cenho. — O que houve?

— Os dois ainda estão reclamando e se recusam a ceder — respondeu Wyntor.

As sobrancelhas de Nick se ergueram surpresas. — Ainda?! — ele exclamou.

Wyntor assentiu. — Não sei se estou pensando demais, mas isso parece suspeito.

— Imagine um dos seus colegas mais próximos ou amigos morrer no trabalho. Provavelmente levaria alguns dias, ou pelo menos algumas horas, para você processar isso. Não acho que começaria imediatamente a reclamar de não querer trabalhar ou de querer um novo Espectro.

— Se eu estivesse no lugar deles, ficaria calado e trabalharia com o Cavalo de Sangue por pelo menos alguns dias. Se ainda tivesse problemas depois disso, procuraria uma maneira de lidar com a situação aos poucos.

— Mas eles não querem trabalhar com o Cavalo de Sangue nem uma única vez! — gritou Wyntor, irritado.

— Até eu trabalhei com ele! — acrescentou.

Sim, Wyntor já tinha trabalhado com o Cavalo de Sangue.

Embora Wyntor não fosse um Extrator, ele ainda era um Novato Intermediário, e, se a Sonho Sombrio pudesse arcar com isso, definitivamente ajudaria a fortalecer o poder do CEO.

Um CEO mais poderoso era mais inteligente, mais difícil de matar e podia viver mais tempo.

Os CEOs nunca estavam entre os Extratores mais fortes do Fabricante, mas eram pelo menos de poder médio.

Por isso, Wyntor trabalhava com o Cavalo de Sangue de vez em quando.

— Você realmente acredita nisso? — perguntou Nick, com o cenho franzido. — Talvez eles sejam apenas absurdamente irracionais.

Surpreendentemente, Wyntor não respondeu imediatamente.

Em vez disso, coçou o queixo, pensativo.

— Talvez — disse. — Nós compramos os três dos Laboratórios Ghosty. Talvez eles apenas tenham nos enviado uma leva ruim?

— Eles definitivamente têm o que é necessário para serem Extratores. Afinal, já trabalharam com vários Espectros sem grandes incidentes.

— Mas também é possível que sejam espiões.

— Espiões? — perguntou Nick.

Wyntor assentiu.

— E se eles só quiserem ver o maior número possível de Espectros para criar um perfil? Aprender tudo sobre como lidar com nossos Espectros pode salvar vidas quando outro Fabricante os contratar.

Wyntor suspirou.

— Ou eles são apenas TÃO irracionais. De qualquer forma, temos que resolver o problema.

Nick franziu o cenho. — O que você quer que eu faça?

Wyntor olhou diretamente nos olhos de Nick. — Se eu tivesse o poder, faria isso eu mesmo.

Nick já sabia o que Wyntor estava prestes a dizer.

— Preciso que você os derrube.

As sobrancelhas de Nick se ergueram.

— Achei que queria que eu os matasse — disse Nick.

— O Sonhador vai fazer isso — respondeu Wyntor.

— Ah — murmurou Nick, olhando para a mesa com uma expressão desconfortável.

Silêncio.

— Não podemos simplesmente demiti-los? — perguntou Nick.

— É isso que eles querem — disse Wyntor. — Pelo menos, é o que eu presumo. Não consigo ver outra razão para agirem de forma tão incômoda e problemática depois que um deles morreu.

— Agora que sabem tanto sobre nossos Espectros, provavelmente querem ser demitidos e, depois, entrar em outro Fabricante com as informações que coletaram.

— Eles sabem que teriam que devolver todo o equipamento se pedissem demissão, além de ficarem endividados, e é por isso que querem usar essas informações para obter uma boa oferta de outro Fabricante.

— Pelo menos, é o que estou supondo.

— Nick, se não quisermos ser atropelados pelos nossos próprios funcionários, precisamos dar o exemplo.

— Eles concordaram em trabalhar com o Sonhador. Tenho isso por escrito.

— Se alguém perguntar, posso simplesmente mostrar o contrato, e a causa da morte deles também será condizente.

Nick respirou fundo.

Ele se lembrou de Pator.

— Tudo bem — disse Nick.

Felizmente, isso era diferente da vez em que Nick precisou matar Pator.

Primeiro, esses eram adultos.

Segundo, eram Extratores.

Terceiro, eram idiotas.

Quarto, Nick era mais velho e mais maduro agora.

E, por último, ele não estava matando diretamente.

“Eu acho que preciso me acostumar com isso — pensou Nick com um suspiro.

Wyntor assentiu. — Obrigado, Nick. Sinto muito por ter que pedir isso.

— Tudo bem — respondeu Nick, levantando-se lentamente. — Faz parte do trabalho, imagino.

Um momento depois, Wyntor e Nick deixaram o escritório de Nick e entraram no de Wyntor.

Assim que entraram, viram dois jovens sentados em cadeiras em frente à mesa de Wyntor.

Um deles olhou para Wyntor com o cenho franzido. — Senhor, não nos sentimos confortáveis em ficar sozinhos no seu escritório assim.

Wyntor foi até sua mesa e sentou-se.

Enquanto isso, Nick fechou a porta do escritório e esperou em frente a ela.

— Por quê? — perguntou Wyntor.

— Porque não queremos ser desnecessariamente suspeitos de mexer em documentos confidenciais — respondeu o mesmo jovem. — Não estamos acusando de nada, mas e se o senhor se lembrar errado de como um papel estava colocado e assumir que mexemos em algo?

Wyntor apenas riu.

— Este escritório está sob vigilância constante. Eu ia verificar as gravações depois da nossa reunião de qualquer forma. Se tivessem mexido nas minhas coisas, trabalhariam com o Caixão Gritante nos próximos dias — disse Wyntor casualmente.

— Ah, esqueça, então — disse o mesmo jovem.

Enquanto isso, Nick estreitou os olhos.

Ele sabia muito bem que o escritório de Wyntor não estava sob vigilância, o que significava que ele estava blefando.

E, claro, funcionou.

Como um João Intermediário, os sentidos de Nick eram superiores aos de um humano comum, e, mesmo que os dois jovens fizessem o possível para esconder, Nick percebeu alguns sinais de medo e pânico neles.

— Mesmo assim, achamos que nos deixar sozinhos aqui é desrespeitoso e humilhante! — reclamou novamente o mesmo jovem, mesmo tendo acabado de dizer que estava tudo bem.

“Estão tentando ser demitidos antes que Wyntor verifique as tais gravações?” pensou Nick.