Índice de Capítulo

    Ponto de Vista de Saki:

    “CRACK!”

    O som da minha foice se partindo em duas destruiu meu coração. Eu lamentava minha perda, segurando seus restos metálicos em meus braços, enquanto Gilgamesh me olhava com um certo desprezo.

    — Por quê você fez isso! — gritei furiosa.

    — Você por acaso é idiota? — semanas já haviam se passado, de certa forma, me acostumei a sua forma de falar.

    — Depende do dia da semana.

    — Como pode não ter noção alguma da sua própria força?

    — É que ainda não me acostumei com o braço novo… — brinquei, cerrando meu punho esquerdo.

    Os últimos dias foram meio frustrantes. Além de ter que me acostumar com um braço novo, Gilgamesh fazia questão de não pegar leve em seus treinos. Tanto Akira quanto a Noelle despertaram sua Alma Ressoante através de ambientes e situações que estressassem o seu corpo, levando seus núcleos ao limite. No meu caso, eu só passei dias apanhando durante duelos sem sentido.

    — Essa sua foice não iria durar muito mais tempo na sua mão. Vou pedir para forjarem uma nova — disse o rei ao invocar sua armadura dourada — Enquanto isso, vamos para um último teste.

    Suas palavras me trouxeram uma breve preocupação. Mesmo após semanas em um intenso e exausto treinamento, não cheguei nem perto do meu objetivo.

    — E caso não funcione dessa vez?

    — Se acha que vou aceitar falhar assim, pode esquecer. Pra toda desvantagem, sempre vai existir uma vantagem! — Esbravejou como um verdadeiro rei.

    — Isso já virou questão de orgulho… — zombei da sua pose.

    — Nunca deixou de ser.

    Ponto de Vista de Noelle:

    Após um longo e exaustivo treino, aprendendo e dominando os mistérios da minha nova técnica, eu estava em casa com meus companheiros, conversando amigavelmente enquanto comíamos uns pães.

    “TOC! TOC! TOC!” alguém batia à porta.

    — Quem será? — Akira perguntou.

    — Pra vir aqui a essa hora, imagino que seja o Sr. Merlin — supus.

    Saki rapidamente se levantou e abriu o porta, deixando o mago Merlin entrar. Ele nos cumprimentou brevemente, falando em seguida:

    — Vocês tem visita!

    Merlin deu um passo para o lado, concedendo passagem para alguém que não víamos há muito tempo.

    Calmamente, um longo vestido vermelho passou pela porta e um ar nobre e elegante tomou conta do ambiente.

    — Há quanto tempo! — A Rainha Melissa nos cumprimentou de maneira informal, nos olhando cuidadosamente com seus olhos esmeralda.

    Nós três ficamos surpresos com sua presença inesperada. Nunca passou pelas nossas cabeças a possibilidade dela estar naquele lugar.

    Deixando as surpresas de lado, Melissa pediu para nos sentarmos, trazendo para si uma expressão angustiosa e preocupada.

    — Afinal, o que está fazendo aqui? — Saki perguntou.

    — As coisas não estão indo muito bem lá embaixo… — respondeu friamente.

    — Quê que tá rolando?

    — Tsc… por onde eu posso começar… — ela esfregava sua testa impacientemente.

    — É melhor se recompôr, senhorita. Enquanto isso, vou dar uma breve resumida — Merlin tomou a frente — Sendo bem franco, as coisas estão péssimas. Perdemos o Enchiridion, o Etheris, a localização do Noctyra continua desconhecida e o Aurexis foi roubado.

    A peso da culpa me esmagava pouco a pouco.

    — O Enchiridion e o Etheris eu já conhecia — Saki interrompeu — mas esses outros dois são novidades.

    — Os 4 são chamados de Livros Sagrados, Foram espalhados ao redor do mundo depois da guerra de 20 anos atrás — expliquei.

    — Perfeitamente — Merlin continuou — o problema maior é não saber quem tomou posse dos livros.

    — Não é todo mundo que sabe como usar os livros, se começarmos a investigar agora, talvez tenhamos tempo! — sugeri rapidamente.

    — Não… — a rainha se levantou, recompondo sua postura firme e virtuosa — É incerto e arriscado demais. O que podemos fazer é nos preparar para o pior e impedir que seja lá o que esteja prestes a acontecer.

    — É por isso que está aqui? — O mago perguntou.

    — Shryne não está em um bom momento para conflitos, nossas forças de elite estão escassas, alguns deles estão servindo em outro continente no momento.

    — Mas e a Elena e o Galliard? Eles com certeza seriam de grande ajuda — Akira questionou.

    — Eles… — Melissa hesitava em continuar, esfregando seu braço, receosa — Não estão disponíveis…

    — O QUÊ? COMO ASSIM? — gritei preocupada.

    — Já faz um tempo… — seu semblante triste retornara — Pouco tempo depois, quando Merlin me pediu para cuidar de vocês, Galliard desapareceu…

    Nós não conseguimos proferir uma única palavra, mas acredito que nossos olhos arregalados falaram o suficiente.

    — Eu tinha acabado de enviar Elena em uma missão importante, mais da metade dos meus cavaleiros estavam dando suporte a outro reino e no fim… eu me desesperei — contou com uma voz trêmula.

    — E por quê não nos contou? — eu levantei a voz, exaltada — Nós teríamos voltado para ajudar!

    — Era muito arriscado colocar vocês no meio de tudo isso. Tanto a Elena quanto vocês estavam em situações que não poderiam ser interrompidas. Atualmente, vocês são o meu último recurso.

    Nós suspiramos aliviados, afinal, sabíamos exatamente de quem estávamos falando.

    — E onde eles estão agora?

    — Eu não sei…

    — Como é?

    — Quando Elena retornou, eu mal pude terminar de explicar a situação. No momento que contei a ela sobre o Galliard, ela partiu sem nem pensar duas vezes.

    — Essa não… — enquanto eu e Saki estávamos preocupadas com a situação, Akira apenas perguntou calmamente.

    — E onde Mestre Elliot está?

    — Foi um dos que foram enviados para Antares. Faz cerca de um ano que não tenho notícias de ninguém.

    Melissa respirou fundo, erguendo sua cabeça, como uma verdadeira rainha e disse:

    — Felizmente, eu recebi uma pista — nós a olhamos esperançosos.

    Ponto de Vista de Saki:

    No dia seguinte, após a chegada da Rainha Melissa, nos reunimos no Salão Principal, tal qual a Liga da Justiça. No assento principal na ponta da mesa, Gilgamesh, antes mesmo de começarmos a discutir, disparou.

    — Que raro vê-la aqui — em um tom de zombaria e provocação.

    — Meu povo ainda está vivo — dando uma bela alfinetada em seu ego — não tenho como vir aqui sempre.

    — Não posso fazer nada se os que vierem depois de mim foram tão incompetentes — se defendendo.

    — De qualquer forma, mantê-los vivos é o motivo de eu ter vindo até aqui! — esbravejou, olhando para todos na mesa.

    Eu, Noelle, Akira, Mika, Merlin, Gilgamesh, Arthur e Atalanta, todos reunidos para ouvi-la.

    — Tá faltando uns 4 ainda, não quer esperar? — Mika perguntou.

    — Onde está Wukong? Ele não estava aqui? — Atalanta, com um olhar curioso, entrou na conversa.

    — Ele saiu, disse que foi atrás de alguns pêssegos já que os daqui acabaram — meu amigo, que estava sob seu treinamento, respondeu rapidamente.

    Confesso que estava com uma certa inveja. Mesmo nunca tendo ouvido falar sobre um “Rei Macaco”, sempre que Akira descrevia suas habilidades, era como se estivesse falando de um deus.

    — Ele sempre some quando é chamado! — meu mestre reclamou raivosamente, como sempre.

    — Estamos com sorte, não podemos desperdiçar tempo! — disse a rainha — Como alguns aqui sabem, a humanidade não está mais em posse dos 4 livros sagrados — todos os heróis na mesa ficaram levemente surpreendidos, com exceção de Gilgamesh — A perda desses artefatos pode significar o fim do mundo, o fim do Éden. Nossas vantagens são poucas, mas não poderemos contar com elas por mais muito tempo. Também não sabemos quem está por trás disso, não sabemos quantos estão envolvidos, suas habilidades e nem seus objetivos.

    — E qual é a grande sorte, Madame? — Gilgamesh interrompeu — desembucha!

    — O Aurexis: O Livro da Sabedoria. Nós temos sua localização exata.

    — Aonde, exatamente?

    — Na cidadela… — disse receosa.

    Gilgamesh se manteve em silêncio por um momento, analisando a situação, enquanto o Rei Arthur a respondia.

    — Eu treinei pessoalmente os guerreiros responsáveis por aquela prisão. A divisão de magia e tecnologia deveria ter percebido e nos alertado caso a presença do livro fosse detectada.

    — Se isso não for uma clara prova da sua incompetência, só pode significar uma coisa — mais uma vez interrompeu — Nossas tropas foram comprometidas.

    — É a minha teoria — a rainha continuou — Seja lá quem fez isso, é habilidoso o suficiente para ultrapassar a resistência mágica dos guardas e realizar um controle mental.

    — A cidadela tem mais de dois mil e quinhentos guardas — Atalanta comentou — controlar tantos vai além de ser “habilidoso o suficiente”!

    — Por quê tantas pessoas pra proteger uma única prisão? — perguntei.

    — Não faz ideia do tipo de coisa que vai parar lá… — ela respondeu.

    — Eu fui até a cidadela e senti a presença do livro e também… estava tudo estranhamente quieto.

    — Isso não é bom… — Arthur murmurou preocupado.

    — Nós podemos ir até lá! — Noelle enfim deu o ar de sua graça — Se acharmos o livro, podemos rapidamente recuperá-lo e trazê-lo de volta. Além disso, eu acho que sei com quem estamos lidando.

    — Mas quem? — Melisso perguntou, surpresa.

    — Um velho conhecido…

    — Por mim tudo bem! — Atalanta disse com um sorriso despreocupado — acho que é hora de mostrar o que fizeram nas últimas semanas, não é?

    — Estou de acordo — Arthur assentiu com a cabeça.

    — Muito bem — Merlin sorriu.

    — Posso liderar a missão, vou servir com- 

    — ESTÃO DE SACANAGEM COM A MINHA CARA? — Gilgamesh gritou enfurecido ao bater na mesa — Vocês entendem a gravidade da situação? Vão deixar algo assim na mão de amadores?

    — O que foi? — respondi com um certo deboche — até onde eu sei, você que aceitou me treinar. Por acaso está duvidando da sua própria capacidade?

    — Ela tem um ponto — Arthur, assim como os outros na mesa, o provocaram também.

    — Tsc! — ele cedeu — Façam como quiser!

    — Por mim, tudo bem! — Akira respondeu relaxado, sem temor algum.

    — Faz um tempo que eu não esmago a cara de alguém! Vamo logo! — gritei eufórica.

    — Só tentem não matar ninguém — Melissa pôs a mão em meu ombro por um segundo — eles ainda são apenas humanos — sorriu confiante.

    Enfim, decidida nossa próxima missão, saímos do salão principal, imediatamente nos deparando com o lindo pôr do sol alaranjado. Ao passar pelas gigantescas portas, senti uma presença estranha atrás de mim. Eu olhei para trás rapidamente, desconfiada, mas não avistei nada fora do comum. Dando mais uma olhada, acima do salão, no ponto mais alto, havia um jarro de barro, perfeitamente posicionado no meio do telhado.

    — Saki, vem! — Mika chamou com um grito — vamos partir amanhã de manhã, vamo passar no bar antes! 

    — Ah! Já vou! — eu dei um pequeno trote até os alcançar, chegando ao lado da minha amiga.

    — O que foi? — ela perguntou devido a minha parada repentina.

    — Aquele jarro sempre esteve ali? — perguntei, olhando novamente para o jarro de barro no teto.

    — Não que eu me lembre… — ela respondeu, deixando uma pulga atrás de nossas orelhas…

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