Capítulo 1019: Poder da Senciência e Morte

O que?

Arc não tinha chance de vencer?

Isso nem mesmo seria uma luta?

A batalha insuperável que Gravis esperava enquanto estava no mundo superior acabou por não ser sequer uma batalha.

Por quê?

O fator mais significativo para isso era a Lei da Senciência.

O que a Lei da Senciência fazia?

Se alguém observasse a diferença entre uma vida simples e um Cultivador poderoso, veria rapidamente que a diferença se resumia à senciência.

Em certo sentido, a senciência incluía a capacidade de manipular e compreender o ambiente ao redor. Um ser não senciente não seria capaz de olhar para o ferro e pensar em uma forma de transformá-lo em uma arma.

Um ser não senciente também não seria capaz de entender por que o ferro é duro ou de onde ele vem.

Em essência, um ser não senciente não poderia compreender Leis, e isso era o mais importante.

Então, o que a Lei da Senciência fazia?

Ela podia impedir a ativação de todas as Leis no mesmo nível ou abaixo dele, incluindo as Leis do próprio usuário.

Se Gravis ativasse a Lei da Senciência, tudo dentro do alcance de seu Sentido Espiritual não seria capaz de usar Leis de nível oito ou inferiores.

Todas as Leis de nível sete se tornariam inúteis.

Todas as Leis de nível oito se tornariam inúteis.

Arc teria apenas três Leis que poderia usar:

Primeiro, seu Raio Celestial, que era uma Lei de nível nove.

Segundo, sua Lei do Verdadeiro Mundo, que superava a Lei da Senciência em poder, tornando-se imune à sua influência. Afinal, ela já incluía a Lei da Senciência.

É claro, Arc não poderia usar essa Lei em sua luta.

Terceiro, Leis de Forma. As Leis de Forma funcionavam de forma diferente das Leis normais. As Leis de Forma eram ativadas dentro do próprio Espírito e eram liberadas por movimentos precisos.

Uma Lei normal precisaria se manifestar no mundo real, mas uma Lei de Forma não usava o mundo como meio para ser liberada, mas sim os movimentos precisos em conjunto com o Espírito.

Portanto, se Arc e Gravis lutassem, Arc só poderia lutar com sua Lei de Forma.

Claro, o mesmo seria válido para Gravis e Mortis.

Essa luta inteira se tornaria um combate corpo a corpo violento.

Esse era o poder da Lei da Senciência.

Se Gravis estivesse sozinho, Arc teria uma chance maior de vitória. Certamente, o corpo de Gravis estava mais otimizado para esse tipo de batalha, mas Arc tinha uma quantidade insana de experiência.

Era muito possível que Arc pudesse prever os ataques de Gravis antes mesmo que ele os concebesse.

Esse era o poder de ter vivido e observado seres por bilhões de anos.

Além disso, Arc seria capaz de recuperar sua Energia e Energia Vital ao acessar os recursos de seu mundo.

Isso significaria que Gravis precisaria terminar a luta em um único golpe.

Tal luta seria devastadoramente desafiadora para Gravis, mas não impossível.

Foi por isso que o Opositor aceitou as condições.

Seria difícil, mas ainda possível.

Além disso, o poder de Gravis seria elevado a níveis ridículos, já que ele seria forçado a compreender a Lei da Senciência no mundo superior.

E então, Mortis apareceu.

Arc poderia lutar contra Gravis em um um-contra-um, mas e se houvesse dois Gravises?

Arc não seria mais o favorito.

Na verdade, suas chances de vitória caíram de 90% para apenas 10%.

Mortis foi o elemento que mudou tudo.

Após ouvir as palavras de Gravis, Arc apenas sorriu.

— Acho que você está se superestimando um pouco — disse Arc. — Concordo que minhas chances de vitória são menores que as suas, mas dizer que isso nem seria uma luta já é exagero.

SHING!

Uma lança negra apareceu na mão direita de Arc.

Então, ele a apontou para Gravis com um sorriso.

— Não me subestime — ele disse.

Gravis e Mortis apenas olharam para Arc com expressões complexas.

— Você está certo — disse Gravis. — Contudo, você só está certo se não incluirmos a Lei Maior da Morte.

Arc levantou uma sobrancelha. — O que isso tem a ver com qualquer coisa? — perguntou. — Sua Lei da Senciência também bloqueará a Lei Maior da Morte.

— Não, não bloqueia — disse Gravis.

Os olhos de Arc se arregalaram de surpresa.

— Não bloqueia? — ele perguntou. — Como e por quê?

— A Lei da Senciência foi criada pelo Céu mais elevado — explicou Gravis. — Contudo, a Lei Maior da Morte não foi.

— Não foi? — Arc perguntou, surpreso.

Isso era novo!

Arc sabia que o Céu mais elevado havia criado todas as Leis. Portanto, assumiu que também havia criado a Lei Maior da Morte. Fazia sentido.

Mas não?

— Não, ela não se originou deste Cosmos — disse Gravis.

Ele não culpava Arc por não saber disso. Sim, Arc era incrivelmente antigo e, sim, ele era o Céu Superior mais poderoso.

No entanto, Arc havia estado preso em seu mundo por toda sua vida, e Gravis tinha quase certeza de que o Céu mais elevado não era alguém ou algo que revelava seus segredos para todos.

Tudo o que Arc sabia sobre o Céu mais elevado provavelmente vinha de observar suas ações e tentar entender suas motivações.

Arc não conhecia a Lei Maior da Morte, o que significava que também não conhecia sua origem.

Ele sabia que ela estava conectada ao Caos Primordial, mas isso podia significar muitas coisas.

— A Lei Maior da Morte não é uma Lei deste Cosmos, mas do Caos Primordial — explicou Gravis.

— Este Cosmos é a culminação da Energia. Vida, mundos, matéria, elementos, Espíritos, almas, tudo é feito de Energia.

— Contudo, a Energia é apenas uma parte do Caos Primordial. O Caos Primordial é uma mistura de muitas forças diferentes, mas, até onde eu sei, apenas a Energia pode ser usada para criar matéria e vida.

— Quando falo sobre Morte, não me refiro ao fim da vida. Se eu fosse escrever essas palavras, ‘Morte’, referindo-se à força do Caos Primordial, seria escrita com letra maiúscula, enquanto ‘morte’, o fim da vida, seria escrita com letra minúscula. São duas coisas diferentes.

— Em nossa percepção, morte é o oposto de vida, mas Morte, com letra maiúscula, é o oposto da Energia.

— A Lei da Senciência só pode influenciar Leis baseadas em Energia. Ela não pode influenciar Leis que não são baseadas em Energia.

— Até onde sei, a Lei Maior da Morte é a única Lei existente que não é baseada em Energia. Podem haver outras no Caos Primordial, mas não posso ter certeza — explicou Gravis.

Arc ouviu Gravis atentamente.

Essa foi a primeira vez que Gravis ensinou algo a Arc, e não o contrário.

Sempre fora Arc ensinando Gravis, mas agora, era Gravis quem ensinava Arc.

Arc olhou para o chão com uma expressão séria.

Se isso era verdade, ele realmente não teria chance de lutar.

Contudo, ele precisava saber mais uma coisa para ter certeza.

— O que a Lei Maior da Morte pode fazer? — ele perguntou.

Ele não conhecia a Lei, e nunca tinha visto ninguém usá-la. Portanto, também não sabia o que ela fazia.

— Estenda um dedo para o lado — disse Gravis.

Arc obedeceu sem hesitação. Ele conhecia Gravis e sabia que Gravis não usaria essa oportunidade para matá-lo com um truque.

SHING!

Gravis balançou levemente seu sabre e cortou o dedo de Arc.

Assim que o dedo foi cortado, ele desapareceu.

Isso não parecia diferente de quando qualquer Cultivador atacava alguém.

No entanto, os olhos de Arc se arregalaram de choque.

Duas coisas importantes haviam acontecido e o deixaram atônito.

Primeiro, Gravis não apenas cortou uma parte de seu corpo, mas também uma parte de seu ser.

Isso significava que o Reino de Arc havia caído, ainda que ligeiramente.

Se Gravis conseguisse cortar metade do corpo de Arc, algo que, em circunstâncias normais, poderia ser curado em instantes, Arc perderia metade de seu poder.

A segunda coisa que aconteceu foi igualmente chocante.

Arc não conseguia regenerar seu dedo!

Gravis não apenas cortou uma parte do Reino de Arc, mas também uma parte de sua existência.

Tudo era feito de Leis, incluindo Espíritos e corpos.

Quando a Lei Maior da Morte cortou o dedo de Arc, ela também aniquilou as Leis pertencentes a ele.

O que isso significava?

Isso significava que, aos olhos do mundo, Arc era um ser com nove dedos.

Era como se ele nunca tivesse tido dez dedos.

Em essência, Arc já estava totalmente curado.

Seu corpo estava em sua condição máxima.

Infelizmente, sua nova condição máxima consistia em apenas nove dedos.

Toda a Energia Vital no Cosmos não poderia curar algo que já estava saudável.

Após alguns segundos, Arc franziu o cenho ao olhar para onde seu dedo havia estado.

CRRRR!

Nos três segundos seguintes, Arc conseguiu crescer um novo dedo.

Mas como?

Bem, Arc conhecia a Lei do Mundo Vivo, que incluía a Lei da Vida.

Arc podia criar vida.

Ele podia remodelar e recriar seu corpo como quisesse.

Em essência, Arc não estava se curando, mas crescendo um dedo completamente novo.

Algo assim era impossível para qualquer um que não conhecesse a Lei da Vida.

Apenas a Lei da Vida poderia alterar verdadeiramente o corpo dessa forma, pelo menos de maneira consciente.

Bestas ainda podiam remodelar seus corpos ao alcançarem um novo Reino.

No entanto, um humano ficaria preso para sempre com seu corpo atual se fosse atingido pela Lei Maior da Morte.

Se Gravis cortasse o braço esquerdo de Exar com a Lei Maior da Morte, Exar não conseguiria recuperá-lo até compreender a Verdadeira Lei da Vida. Afinal, Exar era humano.

Arc também não conhecia a Verdadeira Lei da Vida, mas seu corpo ainda não havia sido elevado a um nível que exigisse essa Lei para ser manipulado.

Arc ainda estava no Reino Imperador Imortal no Pináculo, e esse Reino ainda estava incluído na Lei Maior da Vida. Assim que ele se tornasse um Deus Estelar, precisaria da Verdadeira Lei da Vida.

Essa revelação mudou tudo.

Arc sabia que, assim que Gravis o atingisse, ele precisaria se concentrar em regenerar seu corpo.

Algo assim não era fácil e poderia ser uma grande distração em uma luta.

Além disso, mesmo que Arc conseguisse regenerar seu corpo com a Lei da Vida todas as vezes, seu Reino ainda cairia devido aos ferimentos.

Assim que Gravis e Mortis ferissem Arc o suficiente, ele se tornaria um Imperador Imortal de Circulação Maior Avançada.

Nesse ponto, ele estaria indefeso.

Arc agora entendia completamente que isso realmente não seria uma luta.

Ele não tinha chance de vencer.

Arc suspirou enquanto guardava sua lança.

— Ah, que saco — ele disse.