Capítulo 1182: Primeira Provação: Tempo

— O primeiro nível da Provação — disse Orthar — envolve apenas você, Mortis.

— Por que só eu? — perguntou Mortis.

— Porque você e Gravis não são iguais.

Gravis e Mortis franziram a testa.

Isso era um ponto sensível para eles, e teriam considerado uma provocação se qualquer outra pessoa tivesse dito isso.

No entanto, era difícil argumentar com um ser que sabia absolutamente tudo.

— Seu poder é praticamente igual, mas todo o resto não é — explicou Orthar.

— A convicção de Gravis está muito acima da sua, e se você também deseja se tornar poderoso, sua convicção precisa alcançar o nível dele.

— Por que você se importa? — perguntou Mortis de repente. — Pelo que ouvi, todo esse acordo com Gravis sendo uma espécie de mediador entre você e nosso pai inclui apenas Gravis, não eu.

— Você disse anteriormente que alguém que apenas persegue o poder não enfrentará problemas até se tornar um Magnata Celestial. No entanto, quando chegarmos a esse Reino, ele e eu já teremos nos separado em seres distintos. Afinal, só precisamos da Lei Verdadeira da Vida Senciente.

— Nesse ponto, ele é ele, e eu sou eu — disse Mortis. — Então, por que você se importaria se eu sobrevivo por muito tempo?

Orthar apenas olhou para Mortis.

— Você é ainda mais confiável do que Gravis, na minha opinião — disse Orthar.

Gravis ergueu uma sobrancelha, mas no fim, assentiu em compreensão.

Mortis geralmente era mais frio, mas também colocava a justiça acima de quase tudo. Orthar nunca havia se oposto a Mortis no passado, e com a mentalidade de Mortis voltada para a equidade, era muito provável que ele não se voltasse contra Orthar.

— Existe a possibilidade de que Gravis feche os olhos para um ataque repentino de seu pai, mas eu sei que você não fará isso.

— Estou usando Gravis como um seguro contra seu pai, mas quero usar você como um seguro contra Gravis.

— Se Gravis algum dia quebrar sua palavra sem uma boa razão, você não ficará parado, e Gravis sabe disso. Por isso, as chances de ele quebrar sua palavra serão várias vezes menores — explicou Orthar.

“Isso realmente me lembra o antigo Orthar”, pensou Gravis. “Ele tem seguros para seguros, só para estar preparado para todas as eventualidades possíveis.”

Mortis olhou para Gravis por alguns segundos.

Gravis não tinha certeza de que expressão fazer naquele momento.

— Compreensível — disse Mortis, voltando a olhar para Orthar.

— Babaca — murmurou Gravis.

Mortis e o Gravis atual vieram do mesmo Gravis, mas se desenvolveram em direções completamente diferentes. A essa altura, se ignorassem a aparência, ninguém sequer pensaria que os dois estavam relacionados. Eram simplesmente diferentes demais.

Então, obviamente, os dois também tinham desentendimentos.

Se alguém exagerasse as imagens negativas que tinham um do outro, Gravis pareceria um vadio descuidado e preguiçoso na mente de Mortis, enquanto Mortis pareceria um excessivamente sério e rígido seguidor das regras, que não conseguia tirar aquele pedaço de pau enfiado em seu traseiro, na mente de Gravis.

Claro, os dois eram muito próximos. Esses pensamentos eram, no máximo, pequenos aborrecimentos que tinham um com o outro.

— Certo, então o que você quer fazer? — perguntou Mortis a Orthar.

— Primeiro, o tempo que você esteve vivo precisa ser estendido. Gravis viveu milhões de anos a mais, o que lhe deu amplas oportunidades para refletir sobre si mesmo e sua vida, resultando na afirmação de suas crenças.

— Você não teve esses milhões de anos.

Gravis ergueu uma sobrancelha. Ele sabia que Orthar estava se referindo a Samsara.

Mortis nunca havia usado Samsara.

Por quê?

Porque ele não podia.

Samsara havia sido criada por Gravis para seu Raio Vazio, enquanto Mortis era feito inteiramente de Raio Celestial. Mortis não podia usar o Raio Vazio, mesmo que quisesse.

Por causa disso, ele também não podia usar Samsara.

— E como eu deveria adquirir essa experiência? — perguntou Mortis.

Orthar apontou para Mortis.

De repente, os olhos de Mortis se arregalaram de choque.

Mortis estendeu a mão direita, distraído.

BZZZ!

Raios negros, desprovidos de Leis, apareceram em suas mãos. Era o Raio Vazio!

Quando Gravis viu o Raio Vazio, ficou um pouco surpreso.

Ele esperava que seu Raio Vazio fosse único para ele, mas rapidamente percebeu que era lógico que Orthar pudesse usá-lo. Afinal, Gravis havia criado o Raio Vazio a partir da ausência de Leis. Orthar não poderia fazer o mesmo?

Mortis pegou seu sabre e, um segundo depois, a área ao redor de sua lâmina tremeu em ondas cinzentas, todas refletindo diferentes realidades percebidas.

Como Gravis sabia usar Samsara, Mortis também sabia.

— Você quer que eu use Samsara? — perguntou Mortis, olhando novamente para Orthar.

— Correto, mas preciso fazer algumas outras coisas antes disso — explicou Orthar.

Então, Orthar estendeu sua mão direita para Mortis e a fechou em um punho.

O corpo de Mortis se enrijeceu e congelou, com uma expressão chocada surgindo em seu rosto.

Gravis olhou para Mortis com os olhos semicerrados.

— Se ele tentar algo, eu intervenho — a voz do Opositor soou nas mentes de Gravis e Mortis.

Gravis apenas assentiu.

Então, Orthar puxou seu braço direito para o lado.

BANG!

O corpo de Mortis tremeu, mas, após um segundo, ele recuperou o controle sobre si mesmo.

Enquanto isso, Gravis olhava, chocado, para o lugar ao lado de Mortis.

Ao lado de Mortis, agora havia uma Estrela multicolorida, brilhando em infinitas imagens coloridas de diferentes realidades.

Essa era a Estrela de Gravis.

Mortis olhou para seu próprio corpo, que havia parado de brilhar, chocado.

Eles dois sabiam o que isso significava.

Mortis não estava mais conectado a Gravis.

Mortis era seu próprio ser!

— Isso é apenas temporário — disse Orthar. — Quero que você alcance a liberdade com seu próprio poder, mas, por enquanto, preciso separá-los.

— Porque, se você morrer, sua morte afetará o crescimento de Gravis, e eu não posso permitir isso.

Mortis olhou para Orthar com ceticismo.

— Se eu morrer? Quer dizer que você não sabe? — ele perguntou.

— Posso calcular o futuro, mas não até os menores detalhes dentro da escala de milhões de anos. Há simplesmente cálculos demais para serem feitos de uma só vez — explicou Orthar. — Só posso fazer uma suposição bem fundamentada, mas essa suposição não é confiável. Minhas previsões já se mostraram erradas mais de uma vez.

— Então, existe uma chance de eu morrer — disse Mortis lentamente.

— As chances são relativamente altas — Orthar afirmou. — No entanto, prefiro assumir esse risco agora do que arriscar que você não esteja por perto quando Gravis finalmente alcançar o poder necessário para cumprir seu dever no futuro.

Então, Orthar estalou os dedos.

SHING!

Uma pessoa apareceu no salão, com olhos vazios. Ele era um homem de cabelos grisalhos e vestia as vestes da Seita Estígia Sombria.

Além disso, ele era um Deus Ancestral.

Quando Gravis viu o Deus Ancestral, respirou fundo.

Gravis sabia que poderia passar por uma Samsara de alguns milhões de anos, mas Mortis?

Mortis nunca havia passado pela Samsara antes.

Mortis poderia passar mais de cinco milhões de anos vivendo uma vida que não era sua.

Agora, Gravis entendia por que Orthar não tinha certeza se Mortis sobreviveria.

Mortis olhou para o Deus Ancestral com os olhos semicerrados.

Mortis não estava nervoso, o que era lógico. Afinal, alguém que nunca havia passado pela Samsara não saberia o quão aterrorizante ela era.

— Você pode começar quando quiser — disse Orthar.

Gravis apenas olhou para Mortis, incerto.

Mortis ergueu seu sabre e atacou sem hesitação.

E então, Mortis entrou em sua primeira Samsara.