Capítulo 156 — Consequências
A batalha contra a criatura continuava em um embate frenético. Nain e Elior, agora tão entrosados que seus movimentos pareciam coreografados, trocavam palavras de incentivo enquanto lutavam. Cada risada que escapava dos lábios de Nain, cada provocação leve de Elior, parecia aumentar a adrenalina no ar. Hope observava, seu coração acelerado entre a admiração e o receio.
A criatura, apesar de sua força descomunal, parecia estar perdendo a essência da batalha. Seus ataques se tornavam mais desesperados, e em um momento de fúria, ela lançou um golpe devastador em direção a Elior. Ele estava prestes a ser atingido, mas, em um movimento rápido e fluido, Nain se colocou à frente dele. O impacto foi brutal, a força da criatura enviando Nain para trás, mas ele se levantou rapidamente, sem um arranhão visível.
“Ei, garoto! Espero que você esteja pronto para se divertir um pouco mais!” Nain gritou, seus olhos brilhando com uma mistura de desafio e entusiasmo.
Elior não pôde deixar de sorrir. “Você não pode ficar com toda a diversão para si, Nain! Eu também quero brincar!”
No entanto, a situação estava prestes a mudar. A criatura, percebendo que seus ataques não estavam funcionando, começou a concentrar uma quantidade imensa de mana. O ar ao redor dela parecia se distorcer, como se o próprio espaço estivesse se curvando sob o peso de sua energia acumulada.
Hope sentiu uma onda de pavor envolver seu coração. “Nain! Elior! Ele está se preparando para algo maior!”
As palavras de Hope ecoaram como um alerta, mas Nain e Elior pareciam ainda mais animados com a possibilidade. “Deixe-a vir! Estamos prontos!” Nain declarou, sua voz ressoando com confiança.
Mas Elior, percebendo a seriedade da situação, olhou para Nain com um semblante mais sério. “Precisamos de um plano. Não podemos subestimar essa criatura!”
Então, a criatura, em um último ato de fúria, concentrou uma quantidade colossal de mana e disparou uma onda de energia devastadora em direção ao grupo.
“Elior!” Hope gritou, mas era tarde demais. Elior se lançou para frente, colocando-se entre a onda e seus amigos. O impacto foi brutal. A energia arrebentou parte de sua roupa e queimou sua pele, fazendo-o cair ao chão, gravemente ferido.
“NÃO!” Hope exclamou, seu coração despedaçado ao ver Elior no chão, a dor e o desespero transparecendo em seu rosto.
Nain, percebendo a gravidade da situação, não hesitou. Ele atacou com uma ferocidade impressionante, sua espada cortando o ar e decapitando a criatura em um movimento preciso. O corpo da besta caiu no chão, e um silêncio pesado pairou sobre o campo de batalha.
Nain se aproximou rapidamente de Elior, seu semblante agora grave. “Ei, garoto, você está bem?” ele perguntou, agachando-se ao lado dele.
Mana, visivelmente irritada, deu um soco na cabeça de Nain. “Você é um idiota! O que estava pensando? Deveríamos ter apenas matado a criatura em vez de fazer algo tão imprudente!”
Nain, surpreso, retirou sua máscara, revelando seu rosto marcado por uma cicatriz perto do olho. “Desculpe, princesas. Eu só… eu só queria proteger todos,” ele disse, a sinceridade em suas palavras.
Hope olhou para Nain, um misto de alívio e frustração em seu olhar. “Nain, você não pode se colocar em risco assim! Precisamos ser mais inteligentes em batalha.”
Nain abaixou a cabeça, se ajoelhando diante de Hope e Mana. “Desculpem-me, Princesa Mana e Princesinha Hope. Não quis ser imprudente.”
Mana suspirou, já se dirigindo a Elior, que estava se levantando lentamente, seu corpo começando a cicatrizar rapidamente. “Você está bem, Elior?” ela perguntou, um toque de preocupação em sua voz.
“Calma, só foi um golpe forte. Doeu um pouco,” Elior respondeu, tentando manter o espírito leve apesar da dor que ainda sentia. Ele olhou para Hope, um sorriso cansado se formando em seu rosto. “Pelo menos agora temos a criatura morta.”
Hope soltou um suspiro de alívio, vendo que Elior estava se recuperando. “Sim, mas precisamos ter cuidado. Isso foi apenas uma batalha; outras virão.”
A batalha havia chegado ao fim, mas o campo ainda carregava o peso da destruição. O corpo imponente da criatura jazia decapitado no chão, e a respiração ofegante de todos ecoava no ambiente silencioso. Hope, ofegante, observava a cena ao seu redor, sentindo a tensão lentamente deixando seus músculos enquanto a calmaria tomava seu lugar.
Mana, com seu olhar refinado, estava focado na relíquia que acabou de recuperar: a Coroa de Hades. O objeto, envolto em um brilho negro e pulsante, era incrivelmente antigo e carregava uma aura opressora, como se estivesse vivo. Feita de um metal negro polido, suas pontas eram afiadas como espinhos, e o centro da coroa abrigava uma joia vermelha pulsante, como um coração.
“Nain,” Mana chamou, com sua voz calma, mas carregada de autoridade. “Leve isso para Azrael.”
Nain, ainda com sua máscara cobrindo o rosto, se moveu, sua figura imponente se destacou em meio ao cenário devastado. Ele olhou para a coroa com uma mistura de fascínio e respeito, entendendo a magnitude do artefato diante dele. Sem dizer uma palavra, ele pegou a relíquia cuidadosamente, segurando-a com ambas as mãos. O poder que emanava do objeto era palpável, fazendo o ar vibrar ao redor.
“Entendido”, respondeu Nain, com voz grave e segura. “Deixe comigo.” Ele começou a recitar um antigo encantamento, e lentamente um círculo mágico brilhante começou a se formar sob seus pés. As runas esculpidas no chão giravam em uma coreografia precisa, iluminando-se com uma luz azulada que preenchia o espaço ao seu redor. Antes de desaparecer, Nain olhou uma última vez para o grupo, seu olhar pousando em Hope e Elior. “Cuidem-se.” E, em um flash de luz, ele se foi, teletransportando-se para entregar a coroa a Azrael.
Hope, Elior, Aiden e Mana ficaram em silêncio por alguns momentos após a partida de Nain, absorvendo o que acabou de acontecer. O peso da batalha ainda pairava sobre eles, mas agora que havia recuperado a relíquia, seu próximo passo era claro: retornar à facção humana e relatar o ocorrido.
O caminho de volta foi tranquilo, mas repleto de reflexões silenciosas. O que foi enfrentado era um lembrete do perigo que continuava a espreitar cada missão. A criatura que quase os derrotou era poderosa, e que Elior quase perdeu a vida era um sinal claro de que, por mais fortes que fossem, ainda precisavam estar preparados para qualquer eventualidade.
No dia seguinte, Elior estava deitado em uma cama de hospital na facção humana. O quarto era pequeno, mas iluminado, com janelas amplas que deixavam a luz do sol entrar. O cheiro estéril típico do hospital preenchia o ar, e o silêncio era cortado apenas pelo ocasional som de passos do lado de fora.
Elior olhou para o teto, seus pensamentos girando em torno da batalha e do que estava por vir. Sua regeneração já havia tratado da maior parte dos ferimentos, mas, mesmo assim, os médicos da facção não o deixaram sair. Era irritante, mas ele sabia que era por preocupação. Ainda assim, a sensação de estar preso ali o deixava inquieto.
A porta do quarto se abriu silenciosamente, revelando Mana. Ela entrou com uma postura confiante, mas havia um brilho de preocupação em seus olhos. Seu olhar o examina rapidamente, como se estivesse avaliando o estado dele antes de qualquer palavra ser dita.
“Como você está?” ela disse, aproximando-se lentamente da cama.
Elior convidou, tentando parecer despreocupado. “Melhor. Já estou praticamente curado. Mas eles ainda não me deixam sair”, respondeu, tentando trazer leveza à situação.
Mana, no entanto, não parecia satisfeito. Seu olhar se tornou mais sério, e ela cruzou os braços, como se estivesse prestes a dar uma bronca. “Você foi imprudente.”, disse ela, uma preocupação evidente em sua voz. “Com esse corpo… você não deveria estar usando seu poder assim. Se algo tivesse dado errado, sua regeneração não poderia ter sido suficiente.”
Ele sorriu, desta vez um pouco mais sincero, apreciando a preocupação que ela mostrou por ele. “Eu sei,” admitiu. “Mas, de alguma forma, sabíamos que ficaria bem. E nós precisávamos acabar com aquilo.”
Mana suspirou, aproximando-se mais da cama. Ela hesitou por um segundo antes de deitar suavemente a cabeça no peito de Elior, sentindo o calor e o ritmo constante de sua respiração. Era um gesto íntimo, mas naquele momento parecia necessário. Ela fez essa conversa para criticar seus próprios medos.
Elior, instintivamente, começou a acariciar os cabelos de Mana, o movimento suave e reconfortante. Mas, enquanto fazia isso, seu olhar parecia se perder, ficando distante, como se estivesse em outro lugar, em outro momento. O silêncio entre eles era confortável, mas carregado de pensamentos não ditos.
Depois de alguns minutos, Mana, com a voz quase em um sussurro, perguntou: “Por quanto tempo mais tudo isso vai durar?”
Elior ficou em silêncio por um momento, sua mão ainda acariciando seus cabelos. Ele sabia que ela não estava falando sobre a batalha recente.
“Tudo vai depender de Noir”, respondeu ele, sua voz baixa e pensativa.
Ela suspirou e encostou a cabeça novamente no peito dele, sentindo o ritmo de sua respiração acalmá-la. O peso de suas responsabilidades parecia aumentar a cada dia, e o futuro nunca pareceu tão incerto.
Elior continuou a acariciar seus cabelos, mas, em seu coração, sabia que os dias de calmaria eram contados. Noir era a chave para o próximo passo, mas o que ela decidiria ainda era um mistério.
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