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    A luz do sol brilhava sobre a academia, mas a atmosfera era pesada. Embora a batalha tivesse terminado, seus efeitos ainda podiam ser sentidos por toda parte. Os corredores antes cheios de vida estavam agora marcados por fissuras e destroços. Alunos e professores, todos visivelmente feridos e exaustos, tentavam se recuperar da devastação que as forças das trevas haviam deixado para trás.

    Os danos à estrutura da academia eram profundos: torres desmoronadas, salas inteiras reduzidas a escombros e pátios transformados em campos de batalha. O cheiro de terra revirada e mana queimada ainda pairava no ar. Mais do que as marcas físicas, havia uma ferida mais profunda, invisível, nos corações daqueles que lutaram e perderam amigos e colegas. As perdas foram dolorosas.

    Na grande sala de assembleia, onde normalmente eram realizados os encontros mais formais, o clima era de pesar. Professores, alunos e outros membros da academia se reuniram, suas expressões sombrias refletindo o estado de espírito coletivo. Alarik, o mestre da academia, estava no centro do salão, pronto para se dirigir a todos. Ele havia convocado uma reunião urgente para discutir os danos e as consequências da batalha.

    Alarik era conhecido por sua força e sabedoria, mas naquele dia, mesmo ele parecia desgastado. Seus olhos carregavam o peso de incontáveis decisões difíceis e sacrifícios. Ele olhou para o auditório, observando os rostos cansados e abatidos, mas também viu a determinação que ainda persistia em cada um deles.

    — Quero agradecer a todos por estarem aqui hoje — começou Alarik, sua voz grave e séria. — Sei que muitos de vocês estão feridos, alguns física e outros emocionalmente. As cicatrizes desta batalha não desaparecerão tão cedo. Mas é preciso que entendamos a gravidade do que aconteceu e o que isso significa para o futuro da nossa academia… e do mundo.

    Houve um silêncio absoluto na sala. Todos os olhares estavam voltados para Alarik. O som de respirações controladas e murmúrios de fundo eram as únicas coisas que quebravam o silêncio incômodo. Alguns alunos ainda estavam tentando entender a magnitude do ataque que haviam sofrido. Para muitos, esta havia sido a primeira vez em que enfrentaram as trevas de frente.

    — Perdemos muitos amigos e colegas — continuou Alarik, sua voz ficando mais grave. — O número de mortos e feridos é maior do que qualquer um de nós poderia ter antecipado. As forças das trevas que enfrentamos não eram apenas poderosas, mas organizadas. Tivemos traições dentro de nossos próprios muros, algo que nunca esperávamos. O professor Mark, que todos conheciam e respeitavam, estava sob o controle de um demônio antigo.

    Os murmúrios cresceram entre os alunos. O nome de Mark ainda causava choque e descrença. Muitos haviam estudado com ele, confiado nele, e agora a revelação de que ele havia sido manipulado pelas trevas deixava todos confusos e traídos.

    — Para aqueles que não sabem, Yuki foi quem enfrentou Mark e o demônio que o controlava — continuou Alarik, fazendo uma pausa para que a informação pudesse ser absorvida. — Ele lutou bravamente, mas está em coma agora, exausto além de seus limites. Graças ao seu sacrifício e à coragem de todos aqui, conseguimos restaurar a barreira de luz e expulsar as trevas por enquanto. Mas não nos enganemos. Essa vitória teve um custo elevado.

    Sofhia, que estava sentada na frente, olhou para baixo. O nome de Yuki era doloroso de ouvir naquele momento. O jovem estava em coma há dois dias, e seu estado permanecia incerto. Ela se sentia impotente, incapaz de ajudá-lo, mesmo tendo lutado ao lado dele. As memórias de vê-lo cair, exausto e ferido, ainda a assombravam.

    — As trevas não desapareceram completamente — continuou Alarik, quebrando o silêncio que pairava após mencionar o estado de Yuki. — Elas ainda estão à espreita, e as informações que conseguimos reunir indicam que há algo maior em jogo. Marco, o mago das trevas que fugiu com o demônio, fez um movimento estratégico. Ele não foi derrotado; apenas recuou, e isso significa que ele vai voltar… e quando voltar, precisamos estar prontos.

    Os olhos de Alarik brilharam com uma mistura de determinação e tristeza. Ele sabia que essa não era a última batalha. A ameaça era muito maior do que qualquer um poderia imaginar, e as defesas da academia, apesar de restauradas, estavam enfraquecidas. O poder de Marco e do demônio ainda era uma sombra iminente que se estendia sobre todos eles.

    — Muitos de vocês lutaram até o limite de suas forças, e alguns de vocês podem estar se perguntando se foi suficiente. Deixem-me dizer: foi. Cada um de vocês deu tudo de si, e por isso nossa academia ainda está de pé. Mas isso não significa que podemos nos acomodar. A batalha pode ter terminado, mas a guerra está longe de acabar.

    Alunos e professores trocaram olhares silenciosos. O ambiente estava carregado de tensão e luto, mas também havia uma sensação de urgência. Eles sabiam que não tinham tempo para se recuperar completamente. A ameaça das trevas era como uma tempestade que pairava no horizonte, sempre pronta para se intensificar.

    — Precisamos reconstruir — disse Alarik, sua voz firme. — Não só fisicamente, mas emocionalmente. Precisamos estar preparados para o que está por vir. Isso significa treinar mais, fortalecer nossas defesas, e, acima de tudo, confiar uns nos outros. Não podemos permitir que o medo e a desconfiança cresçam entre nós. Marco e o demônio queriam nos dividir, e quase conseguiram. Mas enquanto estivermos unidos, eles não vencerão.

    Alarik fez uma pausa, observando as reações ao seu redor. Mesmo no meio do luto e do cansaço, ele viu um brilho de esperança nos olhos de muitos. Eles sabiam que o caminho à frente seria difícil, mas também sabiam que não estavam sozinhos.

    — Vamos honrar aqueles que perdemos — continuou Alarik. — E vamos proteger aqueles que ainda estão conosco. Não deixaremos que as trevas tirem mais de nós. A academia vai se recuperará, e nós lutaremos novamente, se necessário.

    Quando ele terminou, o silêncio dominou a sala. Todos absorveram suas palavras, sabendo que, embora o pior parecesse ter passado, o futuro ainda era incerto. Mas havia uma certeza: eles não recuariam. Yuki e tantos outros haviam sacrificado tanto para proteger a academia, e nenhum deles deixaria que isso fosse em vão.

    Sofhia levantou-se lentamente, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ela sabia que Yuki estava em coma, mas também sabia que ele não gostaria que ela desistisse. Ela olhou para o céu através de uma janela quebrada e fez uma promessa silenciosa: **continuaria lutando, por ele, por todos**.

    A academia, marcada e ferida, começava a se levantar das cinzas.

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